Estudando o Espiritismo

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sexta-feira, 31 de maio de 2013

O complexo de vítima

O complexo de vítima

Autopiedade, incapacidade fantasiosa, cárcere auto imposto, castigo, culpa, lamentação, resignação e reclamação. E tudo isso como se tivesse arrastando correntes com pesos de chumbo por onde passa. Esse é o retrato daquele que carrega em si o complexo de vítima.

Um perfil preocupante, justamente por fazer o indivíduo crer que não é capaz de ter a própria vida nas mãos. Buscam então através das reclamações que alguém se compadeça e os ajudem a mudar a própria vida. Alguns até se compadecem e tentam, mas existem coisas que ninguém realmente pode fazer por nós. Outros tantos sentem pena, repulsa, desprezo e aversão. O que só aumenta a sensação de ser um “coitadinho” realmente.
Numa psicoterapia temos que trabalhar para devolver à vítima a responsabilidade pela própria vida. Fazê-la compreender e experimentar outras formas de funcionamento que podem ser muito mais gratificantes. Ela precisa sim de um salvador, mas esse salvador não será encontrado fora, apenas dentro de si. Em termos psicológicos, é preciso resgatar toda a projeção que ela faz no mundo externo e devolvê-la ao seu domínio de direito. Só fica a mercê do mundo externo quem ainda não se deu conta das forças que possui no mundo interno. No fim das contas o algoz número 1 da vítima é ela mesma.

Aglair Grein - Psicanalista

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Dar de graça o que de graça recebemos

Dar de graça o que de
graça recebemos

“Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expeli os demônios; dai de graça o que de graça recebestes.” (Jesus – Mateus, X: 8.)


O que de graça recebemos da Providência Divina é a mediunidade e é a essa faculdade que Jesus se referiu quando informou nossa obrigação de dar de graça o que de graça recebemos.

A mediunidade é inerente ao ser humano, com maior ou menor intensidade todos nós a possuímos. Trata-se da possibilidade que temos de entrar em contato com o mundo espiritual, mais propriamente com os Espíritos, essa “multidão de testemunhas que nos cerca”, como bem sentenciou Paulo de Tarso.

Uma vez que a morte verdadeiramente não existe, pois o que morre é somente o corpo, sendo que continuamos a viver em outra dimensão, a espiritual, é muito natural que entre os que estão vivendo num corpo físico e aqueles que estão fora dele haja o desejo e o interesse em manter contatos, pois que o vínculo entre aqueles que se amam permanece. A morte física não é capaz de matar o amor, a afinidade e a sintonia que mantêm ligados os que se buscam pelos laços da afetividade.

Assim sendo, pela mediunidade, os “vivos” da Terra se comunicam com os “vivos” do mundo espiritual e nisso vemos a grandeza, o esclarecimento e o consolo que as Leis Divinas proporcionam aos homens.

Portanto, fazendo uso da mediunidade, nas suas mais variadas formas, conforme podemos verificar em “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, temos imensas possibilidades de ajudar aqueles que caminham conosco pelas longas e muitas vezes pedregosas estradas da vida. Isso, obviamente, sem segundas intenções, sem interesses materiais, sem cobrar coisa alguma.

Aquele que conta com força magnética e com a ajuda dos bons Espíritos possui condições de socorrer enfermos, faça isso por amor à humanidade, se propondo, de forma desprendida, a aliviar a dor e os padecimentos daqueles que sofrem neste mundo.

Aquele que possui a palavra fácil e a inteligência desenvolvida, com o auxílio dos benfeitores da espiritualidade, divulgue a verdade, fale sobre as lições imorredouras de Jesus Cristo, espalhando consolo e esperança por onde andar.

Aquele que escreve com agilidade e competência, contando com a presença de emissários de Deus, produza páginas de orientação, de esclarecimento e contribua para a elevação cultural do povo, pois o Cristo, sabendo dessa necessidade, disse: “conhecereis a verdade e ela vos libertará”. (Jesus – João *: 32.)

Aquele que tem mãos ágeis e coração sensível, estimulado pela ação amorosa dos “amigos de mais além”, produza alguma peça ou realize algum serviço que possa atender às necessidades dos irmãos que passam pela vida em situação de carência e penúria, observando principalmente crianças, adolescentes e jovens que caminham, muitas vezes, sem perspectivas para o futuro.

De graça recebemos o incentivo e os recursos oriundos da Providência Divina, nas mais variadas formas, e, de graça, devemos distribuí-los em nosso derredor.

Quem procurar por qualquer benefício ou favorecimento pela distribuição das dádivas que vêm de Deus, por agir na contramão dos ensinamentos cristãos, responderá, mais cedo ou mais tarde, perante o tribunal da própria consciência e amargará o peso doloroso do reflexo da irresponsabilidade cultivada.

Doemos de graça o que de graça recebemos, sem qualquer interesse pessoal... Esse é o caminho. Reflitamos...

"De Graça Recebestes, de Graça Dai"


A mediunidade é uma faculdade concedida por Deus às criaturas, que nada pagam por ela.
Por isso, quando desenvolveu a mediunidade no seus discípulos e os mandou trabalharem com ela em favor da humanidade, Jesus lhes disse: "De graça recebestes, de graça dai". (Mt.10).
O Mestre não somente recomendou o exercício gratuito da mediunidade, Ele o exemplificou, nada cobrando dos discípulos pelo desenvolvimento mediúnico que neles promoveu e jamais cobrando nada de ninguém por qualquer das obras espirituais que realizou, inclusive as curas.
E, ao expulsar os vendilhões do Templo de Jerusalém, deu enérgica demonstração de que não se deve comerciar com as coisas espirituais, nem torná-las objeto de especulação ou meio de vida.

Porque o exercício da Mediunidade não deve ser cobrado.
O trabalho que fazemos na vida terrena é com o corpo ou com o intelecto e a paga que recebemos por ele se destina à nossa sobreviência corpórea, ao atendimento das nossas necessidades materiais. Como cada qual tem sua capacidade ou aptidão, todos podem trabalhar e ganhar o seu pão de cada dia ( com exceção das crianças, dos idosos, dos muito deficientes ou enfermos).
O trabalho com a mediunidade é uam situação muito diferente.
Trata-se de uma faculdade que:
-enseja um trabalho que é espiritual e só se realiza com o concurso dos espíritos desencarnados;
-tem por finalidade fazer o intercâmbio entre o plano material e o espiritual, promovendo o esclarecimento, a ajuda mútua e a fraternidade entre os encarnados e os desencarnados;
-precisa estar ao alcence de todos os seres humanos em geral mas só pode ser exercida por médiuns, que são minoria na Humanidade.
Se a mediunidade for comercializada ou profissionalizada, eis o que poderá acontecer:
1) Os pobres poderão ter dificultado ou impedido o acesso ao esclarecimento, conforto e ajuda espiritual.
"Deus quer que a luz chegue a todos; não quer que o mais pobre dela fique privado e possa dizer: não tenho fé, porque não a pude pagar; não tive o consolo de receber encorajamentos e os testemunhos de afeição dos que pranteio, porque sou pobre."
2) O médium estará recebendo a paga pelo trabalho dos espíritos, o que é imoral.
No transe mediúnico, somos intermediários mas os espíritos é que falam, escrevem, ensinam, produzem fenômenos. Como vender o que não se originou de nossas idéias, pesquisas ou qualquer outra espécie de trabalho pessoal?
Como receber pelo trabalho dos espíritos uma paga em coisas materiais, que só a nós beneficia e não a eles?
No caso de serem espíritos familiares e amigos, não nos repugna expô-los para, com isso, lucrar alguma coisa material?
3) Teremos de assegurar resultados, mas não o podemos fazer, pois, amediunidade é uma faculdade fugidia, instável, com a qual ninguém pode contar com certeza, já que não funciona sem o concurso dos espíritos. Ora, os espíritos, quando bons, não se prestam ao comércio mediúnico, pois não irão concorrer para a cupidez e ambição do seu intermediário; e, quando maus, também não gostam de ser explorados e nem sempre querem atuar. "Explorar a mediunidade é, portanto, dispor de uam coisa de que realmente não se é dono. Afirmar o contrário é enganar a quem paga".
4) Atrairá para junto do médium espíritos inferiores.
Como os bons espíritos não se prestam a esse comércio e se afastam, os que ficam junto do médium mercenário são espíritos levianos, pseudos sábios ou até malévolos mas, no mínimo, ignorantes.
O médium que vende seu trabalho mediúnico expõe-se à influência dos espíritos inferiores, dos quais se fez comparsa e cúmplice, e com isso compromete sua situação espiritual, presente e futura.
5) Lançaremos descrédito sobre a mediunidade.
Quando nos fazemos pagar pelo exercício mediúnico, acarretamos descrédito sobre nós mesmos e para o intercâmbio espiritual. Isto traz grave prejuízo para o progresso moral da humanidade, pois, desacreditando da manifestação mediúnica, a humanidade perde sua fonte de informações, conforto e ajuda espritual.
"A mediunidade séria nunca pode constituir uma profissão, isso a desacredita moralmente". Esse tráfico, degenerado em abuso, explorado pelo charlatanismo, a ignorância e a credulidade dos supersticiosos foi o que levou Moisés a proibi-la. O Espiritismo, compreendendo a feição honesta do fenômeno, elevou a mediunidade ao grau de missão".
Observemos que "paga" não é somente o dinheiro mas tudo aquilo que represente remuneração, lucro, vantagem, interesse puramente pessoal, satisfação da vaidade e do orgulho.
Quando um médium da seu tempo ao público, dizendo que o faz no interesse da causa espírita ma snão pode dá-lo de graça, perguntamos com Kardec:
"Mas será no interesse da causa ou no seu próprio que o dá? E não será porque ele entreve aí uma ocupação lucrativa? Por este preço, encontram-se sempre pessoas devotadas. Porventura haverá somente este trabalho à sua disposição?
"Quem não tiver com que viver, procure recurso fora da mediunidade. Se quiser, consagre-lhe materialmente o tempo disponível. Os espíritos levarão em conta o seu devotamento e sacrifício, ao passo que se afastam de quem dela faça escabelo.
"À parte estas considerações morais. não contestamos de modo nenhum que possa haver médiuns interesseiros honrados e conscienciosos, porque há pessoas honestas em todas as profissões; mas se convirá, pelos motivos que expusemos, que o abuso tem mais razão de estar com os méduins pagos do que junto àqueles que, olhando sua faculdade como um favor, não a empregam senão para prestar serviços gratuitamente".
Kardec está com a razão. E podemos aduzir que a gratuidade dos serviços no meio espírita tem assegurado o afastamento das pessoas interesseiras e mal intencionadas. O desprendimento e o desinteresse exigidos valem, pois, como um dispositivo de segurança para o movimento espírita.

A remuneração espiritual
Todo o bem que fazemos, porém, sempre tem sua recompensa espiritual. Afirmou Jesus que "digno é o trabalhador do seu salário". E a lei de ação e reação sempre dá às criaturas segundo as suas obras.
Assim, o médium que exerce sua faculdade como Jesus recomenda, sem interesses materiais ou egoístas, não deixará de receber um natural salário espiritual, pois conseguira consequências felizes como estas:
-pagar sua dívidas espirituais anteriores pelo bem que ensejar com seu trabalho mediúnico, e adquirir méritos para novas realizações;
-acelerar o próprio progresso, pelo desenvolvimento que lhe ven do exercício de sua faculdade e do conhecimento que adquire sobre a vida imortal;
-convívio com bons espíritos e a proteção deles, em virtude da tarefa redentora a que se vincula.



Livros consultados:
De Allan Kardec:
-"O Evangelho Segundo o ESpiritismo", cap XXVI;
- "O Livro dos Médiuns", 2ª parte, cap. XXVIII e XXXI, item X.

DAÍ DE GRAÇA O QUE DE GRAÇA RECEBESTE (Mateus, 10: 8)

DAÍ DE GRAÇA O QUE DE GRAÇA RECEBESTE (Mateus, 10: 8)
 
Relembrando um pequeno trecho dos ensinamentos do Cristo, quando nos alerta para não vendermos nada do que nos foi dado de graça.
Quando nos referimos a este trecho, é que temos observado em algumas Casas Espíritas a cobrança de taxas (*) em algumas atividades, especificamente, na realização de seminários.
Há grandes eventos ocorridos fora das Casas Espíritas, com despesas para promovê-lo e divulgá-lo, objetivando levar o conhecimento espírita de forma a atingir maior número de pessoas. No entanto, há também as instituições que nenhuma despesa extra contrai para realizar pequenos eventos e ainda assim cobram por ele, direcionando o lucro obtido indevidamente para despesas e necessidades da Casa. Ora, despesas da Casa Espírita deve ser supridas pelos sócios. 
Na verdade se cobra muito o estudo por parte do espírita, mas por outro lado, lhe é privado o direito do aprendizado devido à cobrança de taxas nos eventos.
Não estamos aqui sendo coniventes com o espírita que não gosta nem de ler e muito menos de estudar, até mesmo porque, o mesmo é portador do livre arbítrio.
O que tentamos mostrar no item citado, ou seja, seminário, é a grande dificuldade de ter em mãos, a quantia cobrada pelas Casas Espíritas, onde são realizados os eventos, dificultando para muitos o acesso. ▲

Carlos Roberto

(Carlos Roberto é vinculado ao Núcleo Espírita Joana D’Arc, Rua Augusto Reinaldo, 115 – Curado II – Jaboatão/PE).

Dai de Graça - Slides

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Dai de graça o que de graça recebestes

Dai de graça o que de graça recebestes - 19/03/2011 - Edu Medeiros - Um Amigo do Bem

Será realmente possível vender ou mesmo cobrar monetariamente pelo uso de algo que nos foi dado de graça sem afetar a nossa moral, a nossa ética ou a nossa capacidade de praticar a caridade?
A resposta é NÃO e foi dada por Jesus Cristo, conforme consta no Novo Testamento - Mateus – Cap. X, versículo 8: “Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.”.
Por mais que possa parecer inadmissível, há pessoas que cobram ao praticarem a mediunidade, se bem que em muitos casos a cobrança existe pelo fato de se encomendar “um trabalho espiritual” visando o mal do próximo, fato que gerará graves consequências na “Lei Divina de Causas e Efeitos”, como também existem pessoas que cobram por uma simples cirurgia mediúnica, uma limpeza espiritual através da infusão de ervas ou banhos específicos, uma imposição de mãos (mais conhecido como passe mediúnico), uma fluidificação de água, uma comunicação com o mundo dos desencarnados ou ainda uma sessão de desobsessão que é equivalente a uma sessão de descarrego para os evangélicos ou um exorcismo para os católicos.
Como está escrito no capítulo XXVI do Evangelho Segundo o Espiritismo é preciso curar as doenças para dar gratuitamente alívio aos que sofrem, assim como é necessário dialogar com os espíritos endurecidos para ajudar gratuitamente a propagação da fé, pois Deus concede benefícios e atua com misericórdia sem custo financeiro, donde nenhuma criatura imperfeita está apta a colocar preço à sua Bondade, Justiça ou Clemência.
De que forma então é possível identificar um local em que há a prática da caridade através da mediunidade e que verdadeiramente esteja difundindo as palavras de Cristo? A resposta passa necessariamente pela NÃO COBRANÇA de quaisquer valores, ou seja, sempre que tivermos que pagar algum valor, mesmo que não seja moeda corrente (dinheiro), com certeza as pessoas que dirigem o local não estão aliadas com bons espíritos. Caso a gente procure um local desses, perceberá que um problema que parecia simples de resolver pode se transformar em uma tremenda perturbação espiritual, como por exemplo, o popularmente conhecido “encosto”, pois os espíritos levianos estão sempre prontos para responder a tudo que se lhes pergunte, sem se preocuparem com a verdade. A primeira condição para se assegurar a benevolência dos bons espíritos é a humildade, o devotamento, a abnegação, e o mais completo desinteresse moral e material.
A mediunidade é uma missão à qual, se for o caso, deve ser dedicado o tempo de que se possa dispor materialmente. Os espíritos levam em conta o devotamento e o sacrifício do médium.
A mediunidade não é a mesma coisa que a capacidade adquirida pelo estudo e trabalho, ou seja, é uma missão e “MISSÃO DADA É MISSÃO CUMPRIDA”, como dizem os militares, grupo do qual este colunista faz parte.
Não é uma arte, nem uma habilidade e, por isso, não pode tornar-se uma profissão: não existe senão com o consentimento dos espíritos; e se estes se ausentarem, não há mais mediunidade.
Não há um só médium no mundo que possa garantir a obtenção de um fenômeno espiritual no momento que ele quiser, ou seja, “o telefone só toca de lá para cá”.
Explorar a mediunidade é algo abominável, pois a mesma é divina, e deve ser praticada RELIGIOSAMENTE, especialmente a de CURA, onde o médium curador transmite o fluido salutar dos bons espíritos, não possuindo o direito de vendê-lo, pois aquele que não tem do que sobreviver deve procurar em outras fontes, menos na MEDIUNIDADE.
Edu Medeiros - Um Amigo do Bem, 19/03/2011.
Artigo publicado no Jornal JC Regional de Pirassununga/SP - Edição de 19/03/2011.

DAI DE GRAÇA

DAI DE GRAÇA
(O que de graça recebeste)

            Uma das coisas que mais admiram as pessoas que vão pela primeira vez na Casa Espírita é a absoluta isenção de pagamento em qualquer atividade que transcorra neste ambiente (alguns insistem em pagar pelo benefício que tenham recebido, apesar da veemente recusa do trabalhador espírita).

            Em um mundo onde tudo é negociável, alguns não entendem como podem existir pessoas que, abdicando de seu tempo, sua família, seus afazeres e lazeres, dedicam-se a uma causa nobre e às necessidades de desconhecidos pelo simples prazer de ajudar, sem esperar nenhuma vantagem financeira.

            Quando Jesus disse (Mt 10,8) "Restituí a saúde aos doentes, ressuscitai os mortos, curai os leprosos, expulsai os demônios. Dai gratuitamente o que gratuitamente haveis recebido", ensinou que todos que desejam servi-lo, devem fazer de forma desinteressada, proporcionando alívio aos que sofrem, ajudando na propagação da fé e da esperança, não devendo jamais fazer desta atividade um meio de comércio, nem de especulação, nem meio de vida.1

            A expulsão dos mercadores do templo (Mc 11,15 a 18; Mt 21,12 e 13) simboliza recriminação de Jesus ao comércio e tráfico das coisas santas, pois Deus não vende as suas bênçãos, não dando a nenhum homem o direito de negociar em Seu nome.

            Assim, Allan Kardec enfatiza que também a mediunidade deve ser exercida de forma santa e gratuita, pois é um dom que Deus concedeu aos homens para auxiliá-los no esclarecimento, consolo e evolução - sua e dos outros.

            Divaldo Franco, Raul Teixeira, Yvone Pereira, Chico Xavier são exemplos de médiuns que exerceram e exercem a mediunidade com Jesus, desinteressada de qualquer benefício, doando todos os direitos autorais das obras psicografadas a entidades beneficentes e instituições de caridade. Chico Xavier, com mais de 400 obras mediúnicas, sempre viveu de forma humilde e pobre, primeiro com o salário de servidor público, depois com a aposentadoria a que teve direito.

            Kardec alerta que "procure, pois, aquele que carece do que viver, recursos em qualquer parte, menos na mediunidade; não lhe consagre, se assim for preciso, senão o tempo de que materialmente possa dispor. Os Espíritos lhe levarão em conta o devotamento e os sacrifícios, ao passo que se afastam dos que esperam fazer deles uma escada por onde subam"2

            Desta forma age a Sociedade séria, que se dedica ao estudo do Espiritismo e ao amparo dos necessitados (do corpo e da alma), não permitindo qualquer forma de comércio ou cobrança nas atividades em seu domínio. O espírita, seja qualquer função que exerça nesta sociedade (presidente, palestrante, passista, médium), não recebe remuneração alguma por sua atividade, realizando-se, conscientemente, apenas por amor ao próximo.

            As Sociedades Espíritas são mantidas no seu aspecto material pela colaboração livre e espontânea de seus associados e simpatizantes (que vêem nesta contribuição uma possibilidade de exercerem a caridade) e da venda de livros que tem por objetivo ser uma fonte de renda e, mais importante, como divulgação doutrinária.


1KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 127 ed. Rio De Janeiro: FEB, 2007. cap. XXVI. Itens 1 e 2.
2Ibidem. Item 10, último parágrafo.

Dai de graça o que de graça recebeste

1- Como podemos entender o que Jesus quis dizer quando falou "Dai de graça o que de graça recebestes" ?

Toda a prática espírita é gratuita, como orienta o princípio moral do Evangelho: “Dai de graça o que de graça recebestes”.

A mediunidade é uma faculdade concedida por Deus às criaturas, que nada pagam por ela.

Por isso, quando desenvolveu a mediunidade no seus discípulos e os mandou trabalharem com ela em favor da humanidade, Jesus lhes disse: "De graça recebestes, de graça dai". (Mt.10).

DAR DE GRAÇA
Primeira situação: Dar de graça o que recebeu de graça - Existe contrapartida, ou seja, o beneficiado do "receber de graça" praticou e/ou pratica o "dar de graça"

Segunda situação: Cobrar pelo que recebeu de graça   - : Não existe contrapartida, ou seja, o beneficiado do "receber de graça" não praticou e/ou não pratica o "dar de graça"

Terceira situação: Dar de graça o que não recebeu de graça, ou seja, dar de graça aquilo que conseguiu obter com seus próprios esforços .

2- O que é então, que temos nesse mundo mas não é nosso ?

a)Primeiramente nosso corpo. Ele é um empréstimo de Deus, que nos permite habita-lo para podermos aprender.

b) Depois temos os bens materiais, como dinheiro de família.

3- Porque o exercício da Mediunidade não deve ser cobrado?

Trata-se de uma faculdade que:

-o trabalho que é espiritual e só se realiza com o concurso dos espíritos desencarnados;

-tem por finalidade fazer o intercâmbio entre o plano material e o espiritual, promover o esclarecimento, a ajuda, fraternidade entre os encarnados e os desencarnados;

4- Se a mediunidade for comercializada ou profissionalizada, eis o que poderá acontecer?

a) Os pobres poderão ter dificultado ou impedido o acesso ao esclarecimento, conforto e ajuda espiritual.

b) não quer que o mais pobre dela fique privado e possa dizer: não tenho fé, porque não a pude pagar; não tive o consolo de receber encorajamentos .

c) O médium estará recebendo pelo trabalho dos espíritos, o que é imoral.

d) no transe mediúnico, somos intermediários mas os espíritos é que falam, escrevem, ensinam, produzem fenômenos. Como vender o que não se originou de nossas idéias, pesquisas ou qualquer outra espécie de trabalho pessoal.

e) Quando nos fazemos pagar pelo exercício mediúnico, acarretamos descrédito sobre nós mesmos e para o intercâmbio espiritual. Isto traz grave prejuízo para o progresso moral da humanidade, pois, desacreditando da manifestação mediúnica, a humanidade perde sua fonte de informações, conforto e ajuda espritual.

4) Quando mediunidade é cobrada atrairá para junto do médium espíritos inferiores?

Como os bons espíritos não se prestam a esse comércio e se afastam, os que ficam junto do médium mercenário são espíritos levianos, ignorantes.

O médium que vende seu trabalho mediúnico expõe-se à influência dos espíritos inferiores, dos quais se fez comparsa e cúmplice, e com isso compromete sua situação espiritual, presente e futura.

5) Qual a vantagens do exercicio da mediunidade gratuita em favor da humalidade?

A remuneração espiritual - Todo o bem que faz, tem sua recompensa espiritual. Afirmou Jesus que "digno é o trabalhador do seu salário". E a lei de ação e reação sempre dá às criaturas segundo as suas obras.

Assim, o médium que exerce sua faculdade como Jesus recomenda, sem interesses materiais ou egoístas, não deixará de receber um natural salário espiritual, pois conseguira consequências felizes como estas:

-pagar sua dívidas espirituais anteriores pelo bem que ensejar com seu trabalho mediúnico, e adquirir méritos para novas realizações;

-acelerar o próprio progresso, pelo desenvolvimento que lhe vem do exercício de sua faculdade e do conhecimento que adquire sobre a vida imortal;

-convívio com bons espíritos e a proteção deles, em virtude da tarefa redentora a que se vincula.

6-   Preces pagas, como é visto na ótica espírita?

          A prece, é um ato de Caridade, um impulso do Coração. Fazer pagar um ato de se dirigir a Deus.

     Em favor de outros, é transformar-se em intermediário assalariado. A prece torna-se então, uma fórmula cuja extensão é proporcional a soma recebida. Deus não vende os benefícios que concede. A razão, o bom senso, a lógica dizem que Jesus, a perfeição absoluta, não pode delegar a criaturas imperfeitas, o direito de fixar um preço para a sua justiça.

          A justiça é de Deus, como o Sol que é para todos.

         As preces pagas tem um outro inconveniente; É que quem paga, isto é, quem as compra, as mais das vezes, se julga dispensado de orar, porque se considera quites, uma vez que as pagou.

          Não será reduzir a eficácia da prece ao valor da moeda corrente?

7-  Eles vieram em seguida a Jerusalém, e Jesus, entrando no templo, começou por expulsar dali os que vendiam e compravam; derribou as mesas dos cambistas e os bancos dos que vendiam pombos: - e não permitiu que alguém transportasse qualquer utensílio pelo templo. - Ao mesmo tempo os instruía, dizendo: Não está escrito: Minha casa será chamada casa de oração por todas as nações? Entretanto, fizestes dela um covil de ladrões! - Os príncipes dos sacerdotes, ouvindo isso, procuravam meio de o perderem, pois o temiam, visto que todo o povo era tomado de admiração pela sua doutrina. (S. MARCOS, cap. XI, vv. 15 a 18; - S. MATEUS, cap. XXI, vv. 12 e 13.), Como explicar atitude de Jesus?,

R- Jesus expulsou do templo os mercadores. Condenou assim o tráfico das coisas santas sob qualquer forma. Deus não vende a sua bênção, nem o seu perdão, nem a entrada no reino dos céus. Não tem, pois, o homem, o direito de lhes estipular preço.

Obs: O purgatório originou o comércio escandaloso das indulgências, por intermédio das quais se vende a entrada no céu. Este abuso foi a causa primaria da Reforma, levando Lutero a rejeitar o purgatório.

8- Como é visto dizimo?

           Nunca ouvi fala que Jesus cobrava para curar as pessoas, para dar uma palavra de consolo, para alimentar os que tinha fome.
ELe mesmo sempre dizia: dai de graça o que de graça
recebeis.
         Ele veio ensinar o amor, a caridade, o perdão, veio ensinar os verdadeiros valores do espírito, enquanto hoje certas “religiões”, pregam que pra receber a graça de Deus voce tem que dar uma parte do seu pagamento. Isso é um absurdo. Tem pessoas que o pagamento não da nem pra levar uma vida com dignidade, pra sustentar os filhos, e tem que pagar dizimo?

9 - Todo o serviço espiritual é gratuito no centro Espirita?

O verdadeiro centro espírita não cobra nenhuma orientação ou ajuda espiritual de seu público, nem condiciona o recebimento de curas ou salvação às doações.

Todo local que cobra dinheiro, favores ou exige qualquer coisa ou favor material devido à ajuda espiritual prestada não é um centro espírita.

10- Na sua opinião, por que o médium deve evangelizar-se?

Emmanuel, em O Consolador, respondendo a questões afirma: “(...) A maior necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo, antes de se entregar às grandes tarefas doutrinárias, pois, de outro modo, poderá esbarrar sempre com o fantasma do personalismo, em detrimento de sua missão. “O primeiro inimigo do médium reside nele mesmo".

Freqüentemente é o personalismo, a ambição, a ignorância ou a rebeldia no voluntário desconhecimento dos seus deveres à luz do Evangelho, fatores de inferioridade moral que, não raro, conduzem à invigilância, à leviandade e à confusão dos campos improdutivos.
Contra esse inimigo é preciso movimentar as energias íntimas pelo estudo, pelo cultivo da humildade, pela boa vontade, com o melhor esforço de auto-educação, à claridade do Evangelho”.



11- Como pode ser encarada a mediunidade séria?

A mediunidade séria não pode ser nem será jamais uma profissão, mesmo porque, e sobretudo no seu aspecto de concessão como prova, é uma faculdade essencialmente móvel e variável. Não é, portanto, a mesma coisa que a capacidade adquirida pelo estudo e pelo trabalho, da qual se tem o direito de usar.

12- Sobre a Meduinidade curador pode ser cobrada?
Sobretudo, a mediunidade curadora é que jamais deveria ser explorada, pois, como nenhuma outra, requer, com mais rigor, a condição de desprendimento e a capacidade de renúncia santificante. O médium curador é o veículo para a transmissão do fluido salutar dos Bons Espíritos e, nestas condições, jamais tem o direito de o vender.

Conclusão final:

vejo que meu sorriso, meus braços, meus ouvidos….tudo recebi de graça. A gente sempre se esquece que algumas coisas que possuímos nós não precisamos comprar, materialmente falando.

 Logo posso muito bem, sorrir sem que seja preciso receber um sorriso de volta. Quantas vezes no caixa do supermercado, ou em qualquer lugar, nosso sorriso de simpatia e cordialidade é recebido com gestos e respostas mecanicamente ditas, sem qualquer sentimento.

Posso abraçar e transmitir boas energias, sem que receba de volta a mesma. Posso apenas ouvir a quem precisa, sem interesse, mesmo que não me ouçam. Posso sim, doar meu amor fraterno, amar as pessoas mesmo que não me amem. Quão difícil é ver qualidades e respeitar aqueles que divergem de nós, que não simpatizam conosco.

 Isso sem falar em tantos outros dons que cada um tem, como a paciência, a alegria espontânea, a compaixão. Você conhece alguém que quando chega, vai logo envolvendo a todos e contando histórias engraçadas, alegrando o ambiente e fazendo a vida de todos mais leve? Eu conheci alguns nas mocidades deste meu Brasil.

 Conheço pessoas capazes de “adivinhar” que um amigo precisa de ajuda e simplesmente aparecer ou liga sem mais aquela, só pra ver como estamos. E aí nós desabafamos, conversamos e ficamos muito melhor, depois do contato com este amigo.

 Se doar sem esperar nada de ninguém, nem mesmo de Deus. Sim! Achar que por ser legal, caridoso, prestativo tenho certos privilégios com o Todo Poderoso; como não ter as dificuldades naturais da vida, que servem para o nosso crescimento… ledo engano.

 Só aí, quando menos espero, vou receber o que todos querem, mas poucos têm….a FELICIDADE E PAZ VERDADEIRA!

 PRÁTICA ESPÍRITA

· Toda a prática espírita é gratuita, como orienta o princípio moral do Evangelho: “Dai de graça o que de graça recebestes”.

· A prática espírita é realizada com simplicidade, sem nenhum culto exterior, dentro do princípio cristão de que Deus deve ser adorado em espírito e verdade.

· O Espiritismo não tem sacerdotes e não adota e nem usa em suas reuniões e em suas práticas: altares, imagens, andores, velas, procissões, sacramentos, concessões de indulgência, paramentos, bebidas alcoólicas ou alucinógenas, incenso, fumo, talismãs, amuletos, horóscopos, cartomancia, pirâmides, cristais ou quaisquer outros objetos, rituais ou formas de culto exterior.

· O Espiritismo não impõe os seus princípios. Convida os interessados em conhecê-lo a submeterem os seus ensinos ao crivo da razão, antes de aceitá-los.

· A mediunidade, que permite a comunicação dos Espíritos com os homens, é uma faculdade que muitas pessoas trazem consigo ao nascer, independentemente da religião ou da diretriz doutrinária de vida que adotem.

· Prática mediúnica espírita só é aquela que é exercida com base nos princípios da Doutrina Espírita e dentro da moral cristã.

· O Espiritismo respeita todas as religiões e doutrinas, valoriza todos os esforços para a prática do bem e trabalha pela confraternização e pela paz entre todos os povos e entre todos os homens, independentemente de sua raça, cor, nacionalidade, crença, nível cultural ou social. Reconhece, ainda, que “o verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza”.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Amor com amor - Adenáuer Novaes

“De graça recebestes, de graça dai.” Mateus, 10:8.

Os objetivos que traçamos para nossa Vida determinam o modo como passamos por ela e como sentimos as experiências vivenciadas. Sempre que esses objetivos polarizarem conhecimentos ou aprendizados incompletos, necessitaremos vivenciar seus complementos. Se objetivamos, por exemplo, ganhar sempre, teremos, em dado momento, que aprender a lidar com o perder. Se intencionarmos agredir alguém, necessariamente passaremos pela dor com que atingiríamos o outro a fim de aprendermos a lidar com o que nos opõe, e, dessa forma, nos educarmos. O que vem ao nosso encontro é aquilo que precisamos aprender e, muito precisamente, é algo que sintoniza com nosso mundo interior. O interno atrai o externo, e, na maioria das vezes, o determina.

Quando endereçamos algo para alguém, receberemos de volta o que emitimos de acordo com o  objetivo que empregamos inicialmente. Se vendermos algo a alguém ou trocarmos um objeto por outro ou por dinheiro, não teremos o objeto inicial de volta, mas aquilo que nos propomos a buscar com o resultado da operação. Mesmo que seja um objeto semelhante ao primeiro, lidaremos antes com a energia do meio utilizado para a troca. Nossos objetivos últimos são balizas mestras para a Vida. Quando usamos a malícia nas relações que estabelecemos com o mundo, teremos de volta, em resposta, a mesma malícia que empregamos. Somente lobos caem em armadilhas para lobos. A medida que o mundo usa para nos medir é resposta à mesma que utilizamos para com a Vida.

Dar de graça o que de graça recebeu é agir na Vida como gostaria que o universo respondesse para  consigo. É atuar no mundo com uma certa dose de inocência e ingenuidade características de quem tem puro o coração. Não é a inocência e ingenuidade dos tolos, mas a pureza e consciência de quem sabe o que quer para si sem subtrair do outro.

Do ponto de vista psicológico, o efeito dessa forma de agir é o mesmo que ocorre quando abrimos nossa percepção da realidade, enxergando melhor as alternativas diante de um conflito. Essa atitude para com a Vida impede que os mecanismos de defesa sejam acionados como fuga à realidade, dando-nos melhores condições psíquicas frente aos problemas e desafios do cotidiano.

Quando se fala em gratuidade, imediatamente se pensa em dinheiro, em recursos financeiros e na própria subsistência. Muitas pessoas têm problemas financeiros, o que as coloca em situação difícil diante da necessidade de adquirir meios de se manterem. Isso dificulta uma melhor percepção do significado de viver as experiências de ter ou não ter dinheiro. Caso não vivêssemos sob a pressão de buscar recursos para a sobrevivência, entenderíamos que ambas as situações (riqueza ou pobreza) se assemelham. Elas nos possibilitam aprendermos as leis de Deus. Ter ou não recursos são estados externos a serem enfrentados, que nos capacitam a lidar com a gratuidade do universo a nosso favor. Quem já aprendeu a lidar com as duas formas e suas nuances, certamente não terá dificuldades no campo financeiro. Saber lidar com dinheiro é também não acreditar que tudo deva ser feito de graça. Tudo tem seu preço. Caso não paguemos por algo, alguém o estará fazendo. Receber de graça é responsabilidade maior do que imaginamos.

Para começar a aprender a lidar com recursos, vamos iniciar reduzindo a nossa natural cobiça em obtê-los e o desejo arquetípico de ganhar sempre e exclusivamente. Vale dizer, trabalhar o nosso egoísmo arquetípico, ampliando o significado do repartir e compartilhar. Participando dos processos naturais de competição para obtenção de recursos com a mente voltada para a solidariedade e o desejo de que os outros também obtenham sucesso.

Esse egoísmo ancestral decorre da excessiva valorização que atribuímos ao ego e seus processos de aquisição de poder. Isto funciona automaticamente como um padrão repetitivo de pensar e sentir. De tanto agirmos em proveito próprio acabamos por acreditar que a psiquê funciona dessa forma. É um padrão típico de comportamento que funciona como um comando, porém que pode ser modificado.

O nosso estado de espírito e nosso desejo em compartilhar o que ganhamos ou adquirimos pelo  esforço pessoal, possibilita a que nos habilitemos a receber da Vida, enfrentando menores dificuldades em obter novamente os recursos de que precisamos para viver. Quanto mais se cobiça, mais dificuldades se terá em obter o que se deseja.

Isto vale para recursos financeiros como para o relacionamento a dois. Quanto mais se quer ter a posse, mais dificuldades se apresentam na relação. Quem ama liberta, desejando a felicidade própria e, principalmente, a do outro. O desejo de posse, ou a vontade de obter vantagem, aprisiona a psiquê num processo de autopreservação que dificulta a percepção da Vida, alienando o ego da possibilidade de desenvolver-se. Buscar o progresso pessoal é dever de todos e tarefa inalienável,porém deve-se receber da Vida o que ela oferece em troca dessa atitude.

É sempre importante perguntar-se o porquê não se obteve o que se desejou. É sempre oportuno colocar-se na posição de quem não mereceu ou não soube desejar. Dessa forma, ninguém é responsável pelas perdas e derrotas a não ser o próprio indivíduo. Os outros que participaram ou desejaram nossa derrota, ou mesmo, atuaram conscientemente contra nós, são meros instrumentos da nossa necessidade em aprender a administrar perdas.

Dar de graça o que de graça recebeu é objetivar que a lei de Deus aja conosco como estamos agindo  com a Vida que Ele nos deu. Não há mérito em ganhar se não aprendemos a obter. Não há sentido em obter algo se não para aprender alguma lei de Deus. Obter por obter, mesmo por meios lícitos, não é o sentido de viver.

A nossa psiquê age por compensação. Muitas vezes, queremos obter materialmente para compensar o vazio espiritual que criamos em nós. A imaturidade espiritual promove a necessidade de compensação pela aquisição de valores amoedados. Certas afecções psicológicas, tais como a angústia, o ciúme, a raiva, a inveja, dentre outras, muitas vezes, são compensadas com a necessidade de alimentar-se em demasia, com a pressa em atirar-se às compras, ainda que sem recursos, com a valorização da posição social, com a ocupação de um cargo mais importante, com a prepotência e o autoritarismo, etc.

A gratuidade é uma forma de se viver melhor e num estado de espírito harmônico e preparado para  os dificultadores naturais da Vida. Dar de graça não significa ser perdulário ou premiar a ociosidade alheia; é, em realidade, predispor a psiquê a aprender a lidar com as perdas e os limites do Espírito.

Dar de graça o que de graça recebeu é utilizar a energia psíquica que temos em favor do nosso crescimento, em favor do outro em nossa Vida e em favor do próprio universo. Essa energia, a serviço da cura, é fator que contribui para a felicidade pessoal e do outro em nossa Vida. O ser humano em sua trajetória evolutiva acumula o potencial de curar a si mesmo e o de auxiliar seu próximo a crescer.

O bem que se tem é o bem que se faz. A gratuidade que recebemos da Vida é aquela que nós mesmos fizemos no passado reencarnatório como também a que fazemos hoje.

A atitude psicológica de dar de graça o que não se sabe como se obteve ou como chegou às nossas mãos, significa estar sempre disponível para continuar recebendo os mesmos recursos doados.

Fazer o bem gratuitamente alicerça no psiquismo o sentido de viver a Vida como um dom de Deus.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

A Tal da Resiliência


Lucieli Dornelles

Eu lembro com muita clareza, há alguns anos, quando ouvi falar no título deste post pela primeira vez.
Resili… o quê?
Resiliência, respondeu um amigo. Uma das palavras mais bonitas do dicionário.
- Como assim? Continuei, curiosa.
- Ser resiliente é ter a capacidade de se adaptar a um momento de adversidade. De crescer e de se tornar alguém melhor depois de passar por uma situação difícil.
resilience
Na física, o dicionário explica que resiliência tem a ver com flexibilidade. É a propriedade que um determinado corpo tem de recuperar a forma original após sofrer um choque ou uma deformidade. É a capacidade de se adaptar e evoluir positivamente.
Na vida real, eu poderia resumir em uma palavra: superação.
- Superar problemas, oras, mas isso eu já faço o dia inteiro, você pode ter pensado.
E é, né? A gente enfrenta o trânsito, o mau humor das pessoas, os nossos medos, as nossas angústias. Nos viramos em dez pra fechar as contas e pagar tudo direitinho no final do mês. Educamos nossos filhos, cuidamos da casa, preservamos o nosso relacionamento. Viver é superar, eu diria.
Mas o ponto onde eu quero chegar, o da tal da resiliência, ultrapassa uma simples superação. Tem a ver com transformação, com uma reforma íntima mesmo. Com algo que mexe com a gente, toca na ferida e promove uma mudança verdadeira, uma mudança pra melhor.
Confessemos: quantas vezes nos pegamos tirando lição nenhuma de uma fase difícil? Lembrando dela como uma pequena dor qualquer do passado? Quantas vezes olhamos pra uma situação do presente e percebemos que estamos tomando as mesmas atitudes e repetindo os mesmos erros de tempos atrás? Dá pra perceber como é tênue a linha que separa uma coisa da outra?
Resiliência. Será que somos capazes de sair, de fato, pessoas mais amadurecidas e preparadas de um acontecimento doloroso? Conseguimos nos tornar flor em meio ao deserto? Não seria muito mais fácil se acomodar diante da fraqueza? Fingir que o mundo só é cruel com a gente? Ô.
Admitir que estamos no fundo do poço, hoje tenho certeza, também é um ato de coragem. Principalmente quando demoramos a encontrar escadas pra sair de lá. Ser resiliente assusta, inquieta, aguça o nosso lado mais ansioso. Queremos respostas. Queremos crescimento imediato. E a vida é mais, bem mais do que isso.
Que tal então nos contentarmos em mudar as nossas atitudes, quando não conseguimos mudar as circunstâncias?
Que tal pararmos pra pensar nas mil e uma chances de crescimento que talvez tenhamos deixado escapar durante a vida?
Que tal?

sábado, 18 de maio de 2013

Gerúndio: “melindrando”; particípio: “melindrado”


Gerúndio: “melindrando”; particípio: “melindrado”

Author: Velhinho


Defendemos certa ocasião que a indignação poderá ser fruto de nossa autoridade… Face o exposto, consideremos ser lógico que alguns estudos ou reflexões tenham origem em observações de comportamentos um tanto inadequados, nossos ou de outrem, que nos levem, primeiro a policiar-nos ou envidarmos esforços visando um auxílio mútuo.

… São Luís nos orienta através de resposta à pergunta que lhe é feita: “Ninguém sendo perfeito, seguir-se-á que ninguém tem o direito de repreender o seu próximo? ‘… cada um de vós deve trabalhar pelo progresso de todos e, sobretudo, daqueles cuja tutela vos foi confiada. Mas, por isso mesmo, deveis fazê-lo com moderação, para um fim útil, e não, como as mais das vezes, pelo prazer de denegrir. Neste último caso, a repreensão é uma maldade; no primeiro, é um dever que a caridade manda seja cumprido com todo o cuidado possível.’”

… Consideramos muito tênue a linha das razões que separam o melindrado do melindrador, visto que – ambos em recuperação – estão inseridos numa caminhada de aprendizados e acertos, vacilos e reabilitações. Atentemos, pois, que:

Somos todos Funcionários Públicos de um Divino Governador e em fazendo parte de seu secretariado, precisaremos seguir com todo o cuidado possível suas Divinas Orientações. Que nossos proventos não se calquem em esculachos, pitos ou repreensões punitivas, mas se revistam da mais misericordiosa compreensão e fraternidade;
Muitas vezes, chegamos à Casa de Socorro, Trabalho e Oração, afoitos, querendo mostrar serviço. A despeito da hierarquia que fraternalmente oriente os serviços dessa Casa, não frustremos as boas iniciativas desses irmãozinhos cheios de boas idéias e, se o fizermos que seja dentro da mais imaculada caridade;
A prolixidade que possa ocorrer no desenvolvimento de determinados assuntos, as fórmulas um tanto desgastadas em momentos de preces ou reflexões, poderão instalar a insatisfação, fragilidades e até a deserção de companheiros de jornada;
A simplicidade, a modéstia no trajar, a afetuosidade de nossos gestos e a brandura de nossas palavras, cativarão, sem dúvida os irmãos trabalhadores oriundos das camadas sociais mais estreitas;
Quando a moderação – a compreensão dentro de parâmetros da caridade fraterna – se torna escassa, a mácula se estabelece, denegrindo a ambas as partes em questão;
É chegada a hora de nos determos ante estes dois personagens – ofendido e ofensor – e refletir; juízos à parte, o que vale é o entendimento e, se necessários, o humilde pedido de desculpas de um visando o repatriamento do outro…
Todos nós trabalhadores, iniciantes ou mais experimentados, internados neste Planeta, porque doentes, buscamos na Espiritualidade Amiga das Casas Espíritas, o impulso para um grande salto e sabemos que este é o roteiro certo. Jamais poderemos prescindir, entretanto, da compreensão, do conforto, do ânimo, do incentivo e do fortalecimento da mão amiga do encarnado que conosco ombreia, para podermos frutificar. Este estímulo, este consolo, longe de envaidecer-nos, trabalhará pelo nosso progresso, na medida em que nos proporcionará a coragem necessária para manter nossas mãos na charrua.

No gerúndio ou no particípio – melindrando ou melindrado -, outrora mocinhos e bandidos somos todos agora tais qual figurantes imperfeitos em plena ação, que iniciamos uma filmagem e não pretendemos deter-nos ante a nobre pretensão de nos tornar bem-aventurados os misericordiosos neste cenário que a Vida Maior nos inseriu.

Neste palco, onde agora desejamos antonimizar-nos para fortalecidos e fortalecedores, poderemos, com a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, com a assistência de nossos queridos Mentores, e com a compreensão das partes, reverter nossas atuações e passar a desempenhar papéis principais numa Grande História de Superações.

(Sintonia: ESE, Cap. X, item 19 – Evangelho no Lar, em 3 de março de 2011).

(Matéria publicada, na íntegra em O Clarim, maio 2012).

Melhorando Relacionamentos

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Convivência pacífica


Convivência pacífica

Muitos Centros Espíritas estudam alternativas de organogramas e arranjos administrativos como forma de melhorar a eficiência de suas atividades, o que fazem corretamente. Mas é solução parcial. Além dos aspectos administrativos, há que se considerar primordialmente a necessidade constante de estruturação da espinha dorsal do Centro Espírita, que é a relação pessoal entre seus trabalhadores e os laços de amizade que os devem unir e se tornar cada vez mais apertados.

O quadro harmonioso da convivência entre os membros da Casa Espírita deve ser colorido com as cores do trabalho, da solidariedade e da tolerância, pois, conforme Emmanuel nos diz: “Viver é de todos, mas a convivência é o fator que nos ensina a compreensão e a solidariedade de uns para com os outros.” 1

A convivência pacífica entre as pessoas, por certo, é uma questão de maturidade do senso moral, sendo, portanto, uma conquista de cada um, fruto de esforço e exercício diário de edificação dessa virtude. Somente adquirindo os valores da convivência pacífica atingiremos a condição de manter relacionamentos pessoais estáveis, duráveis, promissores, responsáveis, fraternos.

A busca comum do aprendizado e o empenho de todos no exercício das lições espíritas é o grande elemento de aproximação de todos nós num Centro Espírita, fatores que propiciam e incentivam a convivência. E, uma vez juntos, ali reunidos, a solidariedade e a tolerância devem ser nossas companhias comuns. Tornar-se útil, ser gentil, bondoso e respeitoso, são instrumentos valiosos para fazer de nossa presença uma contribuição para o êxito da convivência pacífica, o que significa dizer que a proposta da convivência pacífica deve ter início com compromisso perante a própria consciência e seguir, como desdobramento, em nossas atitudes diárias na Instituição (claro que todo esse arrazoado se aplica em todos os momentos de nossas relações humanas, na sociedade, na família, etc.).

Em todas as atividades de um Centro Espírita, cada um precisa estar se perguntando como agir o mais adequadamente em face das orientações doutrinárias para que, quando diante de problemas, as soluções possíveis possam ser buscadas sob a ótica espírita e não segundo ponto-de-vista de fulano ou beltrano. Nas deliberações de uma organização espírita, deve preponderar o pensamento de Allan Kardec.

É interessante de se observar uma reunião de diretoria de Centro Espírita. Quase sempre se discute a pauta pretendida à luz do que pensa cada um dos participantes, mas quase nunca esse colegiado procura, em conjunto, encontrar o pensamento eminentemente kardequiano para o que se apresenta para o debate e a deliberação. Claro que se nessas reuniões houver enorme luta para que preponderem as opiniões pessoais, nem sempre transcorrerá em clima de harmonia, e, por conseguinte, nem sempre há de terminar bem.

Quando de nossa participação em reuniões de trabalho, do colegiado, de diretoria, de conselhos diretivos, ou outros momentos que sejam, exercitar espontaneamente o respeito, a tolerância, a compreensão, a fraternidade. Não se pode conceber reunião em Centro Espírita, ou outra organização espírita, onde faltem esses elementos básicos da convivência pacífica.

Também não se pode conceber quem se diga trabalhador espírita e fique: de rixas com outros membros da Casa; cheio de melindres para com tudo e para com todos; com rancores e mágoas intermináveis para com esse ou aquele companheiro de lida; eternamente de mau-humor, tratando os demais com descortesia, com deselegância, com deseducação, com grosserias; tecendo pré-julgamentos sobre quem quer que seja; fomentando disse-me-disse-me sobre qualquer pretexto; de pancadaria verbal contra os demais obreiros; fazendo críticas destrutivas em conversas de boca a ouvido pelos cantos da Casa.

É preciso, portanto, saber falar e saber ouvir. Saber fazer e saber dar oportunidade a que outros também o façam. Saber orientar e saber acatar orientações. Saber atender quem chega e saber procurar atendimento, quando for o caso. Saber colaborar e saber aceitar colaboração.

Até porque, a rigor, sabemos como faz falta a solidariedade e a tolerância, em torno de trabalho sério mais em benefício da Casa e da Causa espírita, do que em benefício pessoal!

Como faz falta a amizade entre os membros de um Centro Espírita!

Como faz falta o Espiritismo bem estudado e bem compreendido entre os espíritas!

Como faz falta o sentimento de afeto pelo Centro Espírita que freqüentamos!

E, se persistirem tantas carências assim, a união fraterna de todos se apresentará num tempo ainda muito distante.

E a falta de união significa falta de unidade orientativa, o que quer dizer que a Casa está dividida, e, casa dividida rui, na afirmativa de Jesus.

Como medida profilática, recordemos Bezerra de Menezes: “Solidários, seremos união. Separados uns dos outros, seremos pontos de vista. Juntos, alcançaremos a realização de nossos propósitos. Distanciados entre nós, continuaremos à procura do trabalho com que já nos encontramos honrados pela Divina Providência.” 2

Em resumo: sabemos como construir clima de convivência pacífica, e sabemos que a construção é trabalho de cada um, cujo início não pode ser postergado. Logo, só nos falta vontade de assim fazer.

Afinal, todos necessitamos de compreensão e de tolerância, cabendo-nos distribuir tais valores na medida exata em que esperamos um dia recebê-los de alguém em momento próprio.

1. XAVIER, Francisco Cândido. Emmanuel, Convivência, CEU, S. Paulo, 1ª ed., 1984, introdução.
2. Bezerra de Menezes - Psicografia de F. C. Xavier - Mensagem de União “Unificação” nov.-dez./1980.

A CONVIVÊNCIA NA CASA ESPÍRITA REFLEXÕES


A CONVIVÊNCIA NA CASA ESPÍRITA REFLEXÕES e APONTAMENTOS com BASE nas INSTRUÇÕES de ALLAN KARDEC
Postaremos as Instruções de Allan Kardec que nosso Irmão Jerri tomou como BASE para REFLEXÕES E APONTAMENTOS.
Em sequência postaremos: o título, o número da página e a citação de Allan Kardec.

(Nosso Irmão Jerri Roberto de Almeida foi muito feliz ao escolher o tema que aborda A Convivência na Casa Espírita. Editora fergs. Livro que recomendamos a leitura e estudo).

As intrigas, página 53: “Mas pouco a pouco isso se extingue, a febre se acalma, os homens passam e as ideias novas ficam. Espíritas, elevai-vos pelo pensamento, olhai vinte anos para a frente e o presente nãos vos inquietará”. Allan Kardec – Falsos irmãos e amigos inábeis – Revista Espírita, março de 1863.
Na página 53 “O erro está no fazer-se que a observação redunde em detrimento do própximo, desacreditando-o, sem necessidade, na opinião geral. Igualmente repreensível seria fazê-lo alguém apenas para dar expansão a um sentimento de malevolência e à satisfação de apanhar os outros em falta”. Evangelho Segundo o Espíritismo, capítulo X, ítem 20.

A síndrome dos melindres, página 57: “Convidamos todos os adeptos sinceros a se porem em guarda, evitando as armadilhas que lhes poderiam estender”. Allan Kardec – Falsos irmãos e amigos inábeis. Revista Espírita, março de 1863.

Ensaio sobre a tolerância, página 63: “O verdadeiro caráter da caridade é a modéstia e a humildade, e consiste em não ver superficialmente os defeitos alheios, mas em se procurar salientar o que há de bom e virtuoso no próximo. Porque, se o coração humano é um abismo de corrupção, existem sempre, nos seus mais ocultos refolhos, os germens de alguns bons sentimentos, centelha viva da essência espiritual”. Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espíritismo. Capítulo X, ítem 18.

Na página 63: “O exemplo é o mais poderoso agente de propagaçã”. “O que vos aconselho antes de mais nada e sobretudo, é a tolerância, a afeição, a simpatia de uns para com os outros e também para com os incrédulos”. Comunicação de Allan Kardec na Sociedade Parisiense, na sessão de 30 de abril de 1869. Revista Espírita, junho de 1869.

Na página 66: “Aqui na Terra, onde ninguém é infalível, indulgência recíproca é uma consequência do princípio da caridade que nos leva a agir para com os outros como gostaríamos que os outros agissem para conosco”. Allan Kardec, reuniões espíritas de Lyon e Bordeaux. Viagem Espírtia de 1862.

O papel dos dirigentes, página 69: “Os que não se creem infalíveis e não depositam confiança absoluta em suas próprias luzes, se sentem necessitados de um ponto de apoio, de um guia, ainda que apenas para ajudá-los a ca minhada com sefgurança”. Allan Kardec – Obras Póstumas – O chefe do Espiritismo.

Na página 73: “Esse desgosto, a maior parte dos chefes de grupos ou de sociedades, como eu, tem experimentado, e os concito a fazer como eu, isto é, a dispensarem os médiuns que antes constituem um entrave que um recurso. Com eles estamos sempre pouco à vontade, temerosos de ferí-los com as mais insignificantes ações. Allan Kardec – Discursos Pronunciados nas Reuniões Gerais dos Espíritas de Lyon e Bordeaux. Op. Cit. p. 61).

Convivência na Casa Espírita


Convivência na Casa Espírita

Salvo raras exceções, o homem permanece insensível ao inadiável processo de despertar da consciência. Por causa dessa postura, persiste, voluntariamente  ”adormecido” em relação aos objetos essenciais da sua existência. Via de regra, cria “álibis fictícios” na tentativa de justificar para os outros a morosidade com que assimila e vive as verdades transcendentes.
Aliás, a própria tentativa de justificar-se para os outros, no ensejo de conseguir aprovação alheia acerca da conduta, já é, por si só, uma demonstração gritante de imaturidade. O homem amadurecido espiritualmente sabe que a aprovação ou a reprovação do seu código de conduta moral deve vir da sua consciência, que, por sua vez, deverá estar em sintonia com as Leis Divinas.
A simples vinculação com algum credo religioso está longe de conseguir fazer com que o homem deixe em definitivo a indolência, cultivada por séculos. Tampouco essa vinculação fará com que ele modifique seu “estado de espirito”, já que o liame com homem com Deus se dá através de mudanças profundas no “cerne do próprio ser”, e não tão somente porque o mesmo ostente o título religioso.
Indubitavelmente, o espírita não foge à regra e, apesar da avalanche de obras literárias e da multiplicação das Casas Espíritas, em sua maioria, os adeptos da terceira revelação não logram encontrar o seu Deus interior da verdadeira transformação íntima.
Em se tratando do assunto em pauta, crio que os espíritas andam totalmente esquecidos de Paulo, quando alertou: “Uni-vos para serdes fortes”.
Essa história, – desculpe-me a franqueza – de que o trabalhador espírita, por amor à causa, deva tornar-se um pugnador pela pureza doutrinária, sendo levado, por essa razão, a atritar-se com o companheiro de caminhada, é, no mínimo, absurda. Divergências de ideias não podem conduzir a dissensões.
O suposto amor à causa espírita que conduz ao desentendimento e à agressão verbal não é amor, é desequilíbrio.
Quem se coloca na posição de “guardião” da pureza doutrinária, e por causa disso fere os corações mais sensíveis, não é defensor da Doutrina; na verdade, é um pretensioso.
Quem discute, por achar que suas ideias devem ser acatadas pelo grupo de trabalho, por serem melhores, pode ser um erudito, mas, acima de tudo, é um arrogante.
Quem acredita ter autoridade para cercear a comunicação deste ou daquele espírito, nas reuniões de intercâmbio mediúnico, em verdade, ainda está preso ao seu catre de preconceitos.
E o mais importante a ser dito nesse momento: quem despreza o “espírito de equipe”, nas atividades doutrinárias, dá demonstração clara e irrefutável de que ainda não entendeu quase nada da mensagem espírita.
Para que não nos percamos, apenas em considerações pessoais, recorremos novamente a Vicente de Paulo. Na mensagem onde afirma que só seremos fortes, se nos mantivermos unidos, ele também orienta:
“Para vos tornardes invulneráveis aos dardos envenenados da calúnia e da negra falange dos espíritos ignorantes, egoístas e hipócritas, faz-se necessário que uma indulgência e uma benevolência recíprocas presidam as vossas relações, que os vossos defeitos passem despercebidos, que somente as vossas qualidades sejam notórias. A chama da amizade pura deve iluminar e aquecer os vossos corações.”
Como vocês sabem – prosseguiu Klaus em sua exposição – o espírita atualmente, quase sempre está alheio a essas recomendações. Em linhas gerais, o espírita prefere:
- trabalhar isolado, para que não tenha que dividir os “holofotes” com alguém;
- nos bastidores das agremiações espíritas, ressalta com ênfase e até com prazer os defeitos alheios, ao mesmo tempo que deixa passar despercebidas as qualidades alheias;
- é doce e amável quando está doutrinando um espírito desencarnado, mas ríspido e sem paciência para com os confrades da Casa Espírita;
- recomenda a tolerância nas exposições evangélicas, mas se mostra intolerante com a menor contrariedade.
Infelizmente, meus caros, a chama da amizade que, segundo Vicente de Paulo, deve iluminar e aquecer os corações, está se apagando e, por causa disso, muitas agremiações espíritas já começam a caminhar na escuridão. Estão “frias” e sem “vida”, justamente porque a chama está se apagando. Com todo respeito, nossos irmão espíritas deveriam substituir a legenda tão comum nas Casas Espíritas: “O silêncio é uma prece” por “O sorriso ou o abraço é uma prece”. Uma prece de louvor à amizade, ao bom relacionamento, até porque o silêncio exterior nem sempre traduz o silêncio interior.

Livro Contato Imediato, Cap. 3, Espírito José Lázaro, psicografia de Agnaldo Paviani.

curso de convivência fraterna

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As dificuldades de convivência na casa espírita - palestra de Nazareno Feitosa

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As diviculdades de convivência na casa espírita - palestra

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A CONVIVÊNCIA NA CASA ESPÍRITA


A CONVIVÊNCIA NA CASA ESPÍRITA


"O livro nos fala, fundamentalmente, do valor da convivência na casa espírita que, sendo fiel aos postulados kardequianos, logrará atender aos seus deveres maiores em consonância a função regeneradora da Doutrina dos Espíritos junto à humanidade.
            Na manutenção dos relacionamentos humanos na casa espírita, fica evidente na obra, que o “calcanhar de Aquiles” está em nossas próprias imperfeições que, por sua vez, podem prejudicar a missão institucional do centro espírita através de ações que as materializam no labor, quando a nossa sombra interior ainda predomina em nossos comportamentos.
            O autor também nos alerta quanto às “rachaduras” que favorecem a ação espiritual perturbadora no âmbito de nossas instituições, destacando dentre as posturas aflitivas adotadas: o ciúme, as intrigas, as disputas internas, os melindres e os corrosivos ressentimentos. Entretanto, não deixa de apontar os saberes necessários à superação dessas problemáticas através da perfeita comunhão de vistas e sentimentos, da cordialidade recíproca que deve nortear a nossa convivência e da presença predominante da caridade cristã, além do desejo real de instrução e melhoramento individual dos que fazemos parte do quadro de colaboradores dos grupos espíritas.
            Recordemos que, como alternativa à humanidade sedenta de espiritualidade e,  por vezes, perdida num deserto de sentido existencial aparentemente insolúvel nos discursos do materialismo científico, tanto quanto, na ilusão do formalismo religioso, o Espiritismo vem re-ensinar o Cristianismo do Cristo, comunicando os meios práticos de sua aplicação no planeta interno e na práxis social."

Vinícius Lousada
Mestre em Educação, escritor e expositor espírita

Melindre na casa espírita - pps

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Relações Humanas no Centro Espírita


Relações Humanas no Centro Espírita

Xerxes Pessoa de Luna

Na dinâmica de funcionamento de uma Instituição Espírita, um dos elementos fundamentais a ser considerado é, indubitavelmente, o relacionamento humano interpessoal de seus integrantes, pois sendo a Casa Espírita um ambiente de paz, fraternidade, concórdia e amor, está a exigir de todos nós uma postura comportamental compatível com estes requisitos, a fim de que suas finalidades junto à criatura humana não venham a ser comprometidas por qualquer tipo de desarmonia. A ausência de testemunho, neste sentido, poderá abalar a unidade da Instituição, além de enfraquecer a ação transformadora espírita desenvolvida pela Casa; daí devermos envidar todos os esforços no sentido de que nossa convivência com os companheiros de jornada se faça sempre de forma saudável, pois é inconcebível que, por questões de ordem pessoal, muitas vezes motivadas pelo orgulho e a vaidade, comprometamos os bons serviços prestados pela Casa junto a nossos irmãos encarnados e desencarnados.

Sabemos que todos os trabalhadores de um Centro Espírita são criaturas animadas do desejo comum de bem servir à causa do Cristo à luz dos preceitos espíritas, entretanto, também é sabido que cada um traz consigo suas realidades e experiências individuais e isto, por vezes, constitui motivo de discordância no grupo de trabalho. Todavia, na qualidade de espíritas, deveremos estar atentos para o fato de sermos cada um de nós seres em diferentes faixas evolutivas e que estas diferenças são situações naturais que não devem servir de pretexto para nos separar e sim para nos unir em nossos propósitos de crescimento individual e coletivo, na medida em que nos auxiliamos uns aos outros. Neste sentido o exercício da paciência, da humildade, do respeito aos sentimentos alheios, do controle emocional, da cortesia, da disciplina e de tantos outros valores nobres da alma humana se faz imperativo.

É muito natural que num grupo de trabalho as pessoas discordem, contudo, essas discordâncias devem contribuir para o crescimento do grupo e não para seu esfacelamento. Se assim agirmos aboliremos de uma vez por todas, nessas ocasiões, as figuras dos vencidos, dos vencedores e dos melindres, pois que prevalecerá o bom senso, a unidade da Casa e a coerência doutrinária. Nos momentos em que os conflitos se fizeram inevitáveis, mantenhamos a serenidade, a ética e o respeito humano, buscando sempre, no diálogo, o entendimento, a concórdia e, acima de tudo, mantenhamo-nos fiéis à causa e à Casa que nos acolhe, preservando-as sempre de quaisquer danos. Atentemos para o conselho do apóstolo Paulo (Efésios, 4:1-3):

"Exorto-vos a que leveis uma vida digna da vocação a que fostes chamados, com toda humildade, mansidão e paciência. Suportai-vos uns aos outros na caridade. Esforçai-vos por preservar a unidade do Espírito no vínculo da Paz."

Urge que nós, espíritas, paremos e reflitamos acerca da forma de nos relacionarmos uns com os outros em nossas Instituições. Não nos esqueçamos de que a reforma cristã do homem é a grande meta espírita. Fazê-lo feliz, justo, fraterno, amoroso e bom consigo mesmo e com seu semelhante é o objetivo de toda Casa Espírita; daí devermos envidar todos os esforços no sentido de que em nossas searas de trabalho o clima de convivência humana esteja sempre em consonância com tão nobres propósitos doutrinários a fim de que Nosso Senhor Jesus-Cristo, ao chegar, encontre a obra pronta.

Dificuldade na Casa Espírita


“Espiritismo na cabeça é informação.
No coração é transformação”.


Uma das coisas mais complexas no cotidiano de uma Casa Espírita é administrar as diferenças comportamentais entre os trabalhadores. Aqui e ali, por um motivo ou por outro, pipocam os atritos e melindres, muitas vezes encobertos pelo silêncio em nome da “caridade”mas evidentes nos olhares atravessados, nos recadinhos indiretos e, não raro, no afastamento inexplicável daquele companheiro que parecia tão entusiasmado... Quando chega a este ponto é que a guerra de persona já atingiu o seu ponto máximo.
Não desanimemos. Onde há gente há problema. Graças a Deus!... Porque conviver significa oportunidade impar de crescimento. É preciso apenas saber identificar, respeitar e integrar as diferenças, repensando o conceito ilusório de que para figurar no seleto rol dos “escolhidos”, todos têm que estar aptos e disponíveis, todo o tempo, a todo o tipo de tarefa na Casa Espírita. Esteriótipos solapam a autenticidade e favorecem a hipocrisia.


Somos diferentes e isso obedece a um propósito Divino. Aquilo que é fácil pra mim já não é para o outro e vice-versa. Sabemos que é a diversidade das flores que confere harmonia e beleza a um jardim, porém tudo passa pelo paisagista, que traçou canteiros, combinou cores e formas, considerando, sobretudo, os níveis de resistência e fragilidade de cada planta para então dispor a sua localização. Também na Casa Espírita pessoas com personalidade, maturidade e aptidões diversas podem conviver harmonicamente em sua diversidade, mas o “paisagismo” cabe aos dirigentes.
Pensemos em nossos grupos. Sempre encontraremos neles um trabalhador tipo “pau pra toda obra.” Dinâmico e disponível, este irmão é perfeito para tarefas práticas. Mas não o chame para reuniões de planejamento porque ou não vai comparecer ou vai cochilar.
Já o tipo“certinho”é racional, organizado e faz questão de tudo “preto no branco”. Quem melhor para a administração? Afinal, formalizar e controlar é com ele mesmo.
Tem também o“artista”. Afeito ao lúdico, ele não dispensa a música, o teatro e outras manifestações de arte em tudo o que faz. Sua sensibilidade enche as reuniões comemorativas daquela emoção e entusiasmo tão necessários para levantar o ânimo. Ideal para trabalhar com jovens e crianças, este companheiro sacode a mesmice, motiva a equipe e estimula como ninguém a integração fraterna.
Temos ainda o introspectivo, o extrovertido, o afoito, o ponderado, o questionador, o acomodado, o “modernoso”, o conservador e por aí vai. E quem de nós se aventuraria a discorrer sobre a maior ou menor importância desse ou daquele trabalhador, conforme os perfis aqui relacionados?
Na verdade, todos são insubstituíveis e indispensáveis em suas peculiaridades porque - enquanto não conseguimos ser perfeitos – o segredo é nos valer das próprias imperfeições para potencializar o trabalho. Enquanto uns sonham outros ponderam, uns planejam outros concretizam, uns organizam outros adornam. E lá vamos nós. Lidando com as diferenças e garantindo a continuidade da obra. Enquanto isso vai se aprendendo a ceder, a ser voto vencido, a discordar sem “rosnar” e tantos outros exercícios de reforma íntima.
Ninguém espere mar de rosas. Impossível não haver conflito onde existe diversidade. Aqui é aquele companheiro veterano que rejeita as sugestões dos recém-chegados porque se julga o detentor absoluto da experiência; Ali é outro que chega querendo mudar tudo, desconsiderando aqueles que ali já estavam muito antes da sua chegada, construindo o que ele encontrou; Acolá é aquele que quer colocar o mundo dentro da Casa Espírita; Mais além é aquele outro que quer tirar a Casa Espírita do mundo... E outros tantos desafios.
Cabe às lideranças observar, intervir e pacificar. Administrando conflitos prevenimos cisões, pois as relações são a viga mestra dos grupos e quando abaladas tudo vem abaixo.
Uma forma eficaz de prevenir é realizar constantes avaliações das atividades. Mas avaliar não é colocar os companheiros no paredão. Avaliar é reunir a equipe periodicamente para analisar o que está sendo feito, em clima de leveza e fraternidade, discutindo dificuldades e possibilidades com vistas a manter ou corrigir a rota onde for preciso.
 Mas é também imprescindível repensar as decisões de cima para baixo. Não raro a diretoria decide e os demais trabalhadores executam, sem que de alguma forma tenham sido consultados enquanto elementos fundamentais para as realizações. Questionar nem pensar, sob pena de inclusão imediata no tratamento de desobsessão, diante da afirmativa paternalista que “– o nosso irmão está precisando muito de preces”... Esta é a impiedosa pena de descrédito “caridosamente” imputada àqueles que ousam “subverter” a ordem vigente. Estrategicamente, neutraliza-se a ovelha rebelde para apascentar o rebanho.
Diante disso a gente se pergunta: Quando é que nós espíritas vamos conseguir distinguir autoridade de autoritarismo? Quando é que vamos deixar de medir o valor dos companheiros pelos cargos que ocupam ou pelos títulos que ostentam? Quando é que vamos parar, enquanto dirigentes, de usar os trabalhadores por mão de obra passiva para projetos personalistas? Quando deixaremos de tomar questionamentos legítimos como “influência de obsessores”? É urgente abandonar tais heranças reacionárias do passado e avançar para a postura ética e fraterna que se espera de uma liderança espírita.
Um verdadeiro líder busca sempre o entendimento amoroso - em nível individual ou coletivo – quando os problemas surgem. Em momentos de crise não silencia, nem impõe, dialoga. Omissão por medo de provocar ruptura é um equívoco. Se não criamos coragem de intervir junto aos conflitos, contribuiremos para que se avolumem. Quando menos se espera, lá estão eles, substituindo o saudável prazer de estar junto pela obrigação do compromisso assumido “do lado de lá”, esvaziando grupos e corações.
Liderança é responsabilidade. É ter claro o papel que nos compete como mediadores e aglutinadores; Como irmãos de caminhada e não como “donos das almas” ou “da causa”, porque senão, à menor contrariedade, vamos ser os primeiros a fazer as malas e sair por aí atrás do utópico grupo ideal e - o que é mais grave - arrastando conosco ou deixando para trás “seguidores” divididos e desnorteados.
As chances de acertar são infinitamente maiores quando nos dispomos a exercitar esse tal amor, que não é algo tão longínquo assim; Que começa pela valorização dos pontos positivos do outro, em detrimento dos negativos que possa ter; Pelo exercício da tolerância, não por amarmos todos de forma igual - porque isso não acontece nesse estágio em que nos encontramos - mas por reconhecer em nós muitas mazelas a serem toleradas.
Se não buscarmos nutrir pelos companheiros esse amor possível, continuaremos a brincar de espírita bonzinho e, no fundo, só nos aturando, assim como qualquer profissional no seu ambiente de trabalho. Mas se existir afeto, a gente cede aqui, cede ali ou não cede -porque existem coisas que não dá para transigir -  mas diz o que tem que dizer de forma firme, porém cuidadosa e assim, lembrando Jesus, vamos conversando com o nosso irmão em reservado “e se ele vos entender”- diz o Mestre - ”então tereis ganho o vosso irmão”.
Difícil?... Mas quem foi que disse que é fácil evoluir?... E que se evolui sem conviver?
Pensemos nisto.

Joana Abranches



segunda-feira, 13 de maio de 2013

Reforma Íntima


Reforma Íntima

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O que é a reforma íntima apregoada pelo Espiritismo?
Reforma íntima é o processo de aprimoramento do homem. O conhecimento do Evangelho do Cristo e das verdades reveladas pelos espíritos leva-nos a rever o conceito que temos da vida. Somos quais náufragos refugiados provisoriamente em uma ilha, mas com retorno certo para o nosso país de origem – o mundo espiritual. As coisas da Terra passam a ter para nós uma importância relativa, ou seja, os bens materiais são utilidades necessárias à nossa sobrevivência e devem ser usados com parcimônia, em nosso benefício e da coletividade, porque dependemos uns dos outros. As agruras e sofrimentos daqui são suportados com mais resignação e coragem, pois sabemos que têm seu termo com a viagem de volta – o desencarne. Compreende-se que o amor ao próximo não é simplesmente uma proposição religiosa, mas uma lei regulando a vida dos seres e determinando a nossa própria felicidade, porquanto recebemos na mesma medida em que damos.
Ao contato dessas novas informações, estabelece-se em nós uma luta, porque o Cristo disse que não veio trazer a paz, mas a espada. E é exatamente assim: perdemos a nossa paz. Não a verdadeira, mas a ilusória, que significa acomodação, indiferença. Passamos a guerrear conosco mesmo. Temos agora novas lições a seguir, mas o homem-velho, orgulhoso, egoísta e vingativo ainda teima em permanecer em nós. Como no dizer do apóstolo Paulo: O Bem que quero fazer não faço, mas o mal que não quero, esse eu faço. A nossa consciência até então tranqüila já não nos deixa dormir sem refletir nos erros que cometemos sucessivamente. Passamos a nos arrepender das atitudes infelizes e para nosso sossego buscamos a reconciliação com quem ferimos. Isso tudo é para nós muito desgastante e doloroso. Para evitar outros erros e novos sofrimentos, estabelecemos uma ação preventiva, vigiando a nossa conduta, dedicando-nos mais à oração e às leituras sadias, abandonando vícios e hábitos perniciosos. Esse é o primeiro passo da reforma íntima.
Daí entra-se numa segunda fase, que decorre do ensinamento evangélico de que devemos fazer ao próximo todo o bem possível, tudo aquilo que desejamos para nós mesmos. Em razão dele também o lema espírita: Fora da Caridade não há salvação. Por outras palavras, não basta simplesmente não fazer o mal, não errar, mas é preciso fazer o bem. Quem não faz o bem, automaticamente está fazendo o mal por omissão, causa de tanta miséria e ignorância no mundo. Ciente disso, o candidato disposto à auto-reforma abandona o comodismo, vence a inércia e lança-se ao trabalho de ajuda às crianças abandonadas, à velhice desamparada, aos miseráveis e aos doentes. Já é um grande passo. Mas ainda assim, o bem em nós é quase um dever, que nem sempre cumprimos de boa vontade. Fazemos a caridade porque sabemos que deve ser assim, que é o melhor, que haverá uma recompensa divina, mesmo que seja ele espiritual.
Finalmente, a reforma íntima chega ao seu final quando fazer o bem torna-se um prazer. É uma ação incorporada à nossa personalidade, manifestando-se espontaneamente, sem que por ela esperemos qualquer recompensa. Então, já não seremos mais meros aprendizes, mas servos do amor de Jesus na grande obra de implantação da paz nos corações.
Autor: Donizete Pinheiro
Livro: Respostas Espíritas – Edições Sonia Maria – 1ª Edição – Capítulo: 27 São Paulo – 1997

sábado, 11 de maio de 2013

Busca interior - palestra de Divaldo


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A busca da iluminação interior - Divaldo


A busca da iluminação interior
Escrito por Divaldo Franco  
Queridos irmãos, queridos irmãos: nossos votos cordiais de muita paz.

Estive meditando a respeito de um tema para conversarmos no encerramento da pauta deste dia, conforme vimos fazendo nos últimos anos, e lembrei-me da vida agitada que todos vivenciamos, dos desafios que enfrentamos, da correria contra o relógio, das contrariedades mal absorvidas, das angústias não exteriorizadas, e ocorreu-me a idéia de reflexionarmos juntos em torno de um assunto de muita importância, qual seja a iluminação interior.

Normalmente nós, os espíritas, estamos empenhados em levar a mensagem a todos aqueles que se nos acercam, tanto quanto àqueloutros que estão à distância, que seriam os gentios, conforme eram designados nos dias de Jesus em Israel.

As atividades multiplicam-se, os problemas surgem e não nos lembramos de atender às necessidades de nossa vida interior. Jamais tivemos na Terra dias de tantas dificuldades emocionais, de tantos tormentos espirituais quanto atualmente, isto porque estamos atravessando a etapa da grande transição, que ainda não atingiu o seu clímax, mas que nos está levando a situações penosas, conflitivas e angustiantes. Necessitamos – penso – de fazer uma pausa para reflexionarmos em torno da nossa própria situação perante a Consciência Cósmica, recordando-nos de uma indagação que fez o confessor fráter Leone a São Francisco, quando ele estava capinando o jardim à porta do monastério:

Se você soubesse, meu Pai, que iria morrer hoje, o que faria?

Ele respondeu, suavemente:

Continuaria capinando o meu jardim.

Essa reflexão tem me chegado à mente todos os dias e, numa autoanálise, procuro observar como estaria, caso a pergunta me houvesse sido feita, se continuaria tranquilamente fazendo aquilo que estava realizando, e surpreendo-me ao constatar quanto ainda necessitaria fazer, a fim de poder viajar em paz.

Assim pensando, anotei algumas reflexões mentais, iniciando-as por uma história da autoria de Rabindranath Tagore, o poeta indiano, Prêmio Nobel de Literatura, que deixou mais de mil poemas, tido pelos que o leem como insuperável em razão da beleza com que vestia as suas mensagens...

Narrarei a história de Tagore com a minha própria emoção, o que não será certamente uma cópia fiel daquilo que escreveu.

Tratava-se de um místico muito famoso no sul da Índia, de nome Upagupta. Upagupta tornou-se uma verdadeira lenda pelo ser que era e pela mensagem de que se fazia portador. Certo dia, chegando a uma cidade muito populosa, em plena primavera, deteve-se, à porta de entrada da muralha que a circundava, para melhor aspirar o perfume das flores e, fascinado pela sombra generosa de um velho carvalho, optou por repousar sobre a grama, e adormeceu. Estava, portanto, nesse estado de tranquilidade e inconsciência, quando percebeu algo, e abriu os olhos. Teve uma visão quase mirífica. Ali estava uma jovem de beleza ímpar, que lhe sorria de maneira encantadora. Percebendo-o desperto, ela falou-lhe:

Desejo convidar-te para que venhas à minha casa. Eu sou vendedora de perfumes... Favoreço o encanto das ilusões aos meus convidados. Resido perto daqui, num quase palácio, onde recebo meus hóspedes. Hoje é o dia em que celebro o meu aniversário, permitindo-me a gentileza de escolher o parceiro para as minhas alegrias. Já recusei um sacerdote, um guerreiro, e, no entanto, elejo-te a ti. Tu virás?

Upagupta olhou-a, deslumbrado, e respondeu-lhe muito suavemente:

Gostaria tanto de ir!... mas hoje eu não posso...

A jovem, que não estava acostumada a recusas, recuou um pouco, e o interrogou:

Por que não? A todos que me buscam as carícias, eu cobro por alguns momentos de prazer uma verdadeira fortuna, enquanto que a ti não pedirei nada. Existe algo em ti que me fascina! Eu não saberia explicar-te. Por essa razão, volto a inquirir-te: Virás?

Naquele momento ela se houvera afastado um pouco, e Upagupta sentando-se, olhou-a, fascinado pela sua beleza terrena, respondendo-lhe algo melancólico:

Infelizmente, hoje, eu não posso. Nada obstante, eu atenderei ao teu convite na primeira oportunidade, quando irei ter contigo.

Ela sorriu, canhestra, e lhe respondeu:

Por que hoje não podes? Tu sabes que nós, as mulheres que vendemos prazeres, somos como as mariposas, que são devoradas pela chama em torno da qual voluteiam. Eu não tenho amanhã. Todas as minhas emoções e expectativas de gozos e alegrias são deste momento. Vem! Deixa-me dizer-te que descubro o fascínio que há em ti: são os teus olhos! Eles irradiam suave claridade que me envolve, e por isso, digo-te: Eu te amo. Vem, por favor. Nunca disse a homem algum que o amava. A todos eu vendi lascívia, mas a ti eu não cobrarei nada, repito, porque te amo!

Upagupta baixou os olhos negros e, ao abri-los, respondeu-lhe enternecido:

Mas hoje eu não posso. Um dia, que não está longe, eu atenderei ao teu convite.

A jovem mulher levantou-se, estremunhada, blasfemando, e desapareceu por detrás da porta imensa...

Dois anos depois, era outono, quando Upagupta voltou àquela mesma cidade. Não mais havia as flores, nem o carvalho venerando estava belo, mas quase despido. Aquela entrada, onde antes medravam tantas flores miúdas e perfumadas, agora se transformara em depósito de lixo da cidade... Animais em decomposição, monturo e dejetos, odores pútridos, significando, talvez, o também outono da vida...

Ele recordou-se da vendedora de ilusões, quando percebeu algo entre as latas de lixo. Atraído por movimentos estranhos, observou um corpo deformado que se cobria de trapos e, sem delongas, conseguiu alcançar-lhe com as mãos a cabeça que balançava sobre os ombros, exsudando pus. Em contato com os dedos, os cabelos se liberaram. Ele abaixou-se, enquanto tentava erguer o corpo ferido, e falou-lhe em tom coloquial:

Eis-me aqui! Eu venho agora atender ao teu convite.

Aquele corpo ferido recuou, tentando fugir, enquanto uma voz atribulada, estrugiu, indagando:

O que queres de mim? Se vieste comprar perfumes, não os tenho mais para vender e, se vieste por compaixão, é tarde, foge! Porque se eles, os meus perseguidores, souberem que estás comigo, também te perseguirão de forma inclemente. Deixa-me morrer em paz!

Não posso! – respondeu o missionário. Não há muito, me convidaste para o banquete na tua casa, e eu te disse que iria depois...Eis-me aqui, pois que cheguei agora.

O ser infeliz recuou ainda mais, a cabeça bamboleava sobre os ombros magros, que eram chagas vivas, o rosto coberto por lepromas, os olhos como duas crateras transformadas em depósito de pus, e todo o corpo ulcerado, era tudo o que restava da sofrida mulher.

Ouvindo-o, ela recordou-se e indagou-lhe, atormentada:

Por que demoraste tanto? Eu te esperei durante esses dois anos que passaram, e tu não vieste! Agora é tarde para nós dois. Vê-me: estou em decomposição embora viva, não sirvo para nada. Foge, eu te peço. Eu te agradeço, porque vieste, mas agora foge...

Havendo-se reclinado sobre ela, estendeu-lhe os braços fortes e musculosos, ergueu-a até ao tórax e estreitou-a num terno abraço.

Ela tremia, febril. Com uma das mãos, ele limpou-lhe os olhos ulcerados, enquanto a sofredora tentava escondê-los, e então retrucou-lhe:

Eu te houvera prometido que viria depois. E aqui estou.

Infelizmente, chegaste tarde demais. Desde aquele dia, eu que não tinha alegria de viver e fingia, depois que te conheci perdi também a falsa postura de prazer. Nunca mais fui a mesma. Toda noite eu colocava no peitoril da janela do meu quarto uma lâmpada acesa para que clareasse o teu caminho na expectativa de que virias, e não chegaste nunca. Agora...

Agora – interrompeu-a, generoso – aqui estou. Vem comigo, deixa-me levar-te nos meus braços.

E erguendo-a entre os ventos frios outonais, ele adentrou-se pela porta da cidade. Recordando-se da frase que ela dissera, balbuciou-lhe ao ouvido:

Não estranhes o meu procedimento, mas eu também te amo. Agora eu descubro nos teus olhos uma estranha claridade que me induz a amar-te. Se o teu corpo não serve mais para nada, dorme, dá-me a tua alma, e eu a encaminharei ao Soberano Senhor da Vida.

A mulher, tremendo e chorando, repousou no ombro de Upagupta, e liberando-se do corpo em decomposição iluminou-se.

A tradição a respeito da iluminação interior praticamente se inicia com Sidartha Gautama. Depois das longas peripécias, quando ele se sentou à sombra de uma árvore bodhi defronte de um rio e mergulhou no mundo íntimo interior para meditar, iluminou-se. Dias mais tarde, um jovem discípulo, vendo-o meditando, comoveu-se e ficou contemplando-o. Quando ele abriu os olhos, o jovem indagou-lhe:

Mestre, tu és Deus?
Não, não sou.
Então, tu és um anjo?
Não, também não sou. Por que me perguntas?
Porque brilhas, mestre! Por que brilhas?
Porque estou desperto, consciente da verdade. Todo aquele que encontra a verdade adquire brilho interior.

A iluminação faz parte dos ensinamentos de Jesus, por exemplo, quando Ele propõe: Busca primeiro o Reino de Deus e a Sua justiça, e tudo o mais te será acrescentado.

Buscar primeiro o Reino de Deus e Sua justiça é o grande desafio que todos devemos enfrentar, qual aconteceu com Paulo, que após fazê-lo e consegui-lo, declarou: Já não sou eu que vivo, mas o Cristo que vive em mim.

A iluminação interior recebeu, ao largo da História, inúmeras denominações como: Messias, Cristo, paz interna, Paz de Deus que está além da compreensão, Consciência Cósmica, satori, samadhi ou moksha, fana... Gurdjieff, o grande psicólogo russo, costumava dizer que era uma autorrealização, a consciência objetiva, e Carl Gustav Jung denominou-a como o estado numinoso, quando nos enriquecemos de luz.

O que é, porém, a iluminação interior? Não se trata de um estado alterado de consciência, de paranormalidade, nem de mediunidade, ou de outra qualquer faculdade intelectiva. Trata-se de uma atividade de autoconscientização, é a revelação da verdade do Ser (Deus, Ser Cósmico, Ente Supremo), também é a busca do vir-a-ser... E, por isso mesmo, está ao alcance de todos os indivíduos, que não devem postergar a sua conquista.

Dizia Lao-Tsé:

Quem conhece os outros é um sábio, mas quem conhece a si mesmo é um iluminado.

Porque é muito fácil conhecer os outros, mas, para se autoconhecer, é indispensável realizar essa iluminação, que não passou desapercebida a Allan Kardec, conforme nos recordamos, e que se encontra na questão 919 de O Livro dos Espíritos, quando ele interrogou aos benfeitores da Humanidade:

Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?

Não se tratava de qualquer meio prático, mas daquele mais eficaz. Como consequência, a resposta foi incisiva:

Um sábio da antiguidade já vo-lo disse: “Conhece-te a ti mesmo.”

E Santo Agostinho, que deu a resposta, comentou, numa bela página de filosofia ética, que podemos sintetizar:

Fazei como eu. Toda vez quando buscava o leito para o repouso, procurava revisar os meus atos daquele dia. Quando me dava conta dos erros, de imediato, no dia seguinte procurava reabilitar-me. E, quando estava certo, procurava seguir adiante...

Tratava-se de um exame de consciência. E por que exame de consciência? Allan Kardec, igualmente, teve a preocupação com essa consciência, ao interrogar as mesmas Entidades, conforme a questão 621 da citada obra – Onde está escrita a lei de Deus? – E recebeu como resposta: Na consciência.

É a segunda resposta mais sintética da filosofia espírita. A primeira é a resposta à questão de número 625, quando ele perguntou: Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem para lhe servir de guia e modelo? – Jesus – foi a resposta.

Desse modo, a iluminação interior é uma conquista que não devemos postergar. Ainda mais, porque os outros veem em nós o que não é habitual encontrar-se em outras pessoas...Pelo fato de sermos espiritistas, buscando restaurar o Cristianismo em nossas vidas, apresentamos um comportamento diferenciado daquele que caracteriza o cidadão convencional do mundo, porque lutamos para superar as paixões ignóbeis, capitaneadas pelo egoísmo, para a superação dos vícios, para a eliminação da sombra. É necessário que enfrentemos a nossa sombra para poder dilui-la, que realizemos esse eixo ego – self, para lograrmos, ainda, segundo Jung, a individuação, isto é, tornarmo-nos ser integral e não um qualquer, como aqueles que estão no mundo semeando os costumes infelizes, as perturbações... Havendo encontrado Jesus, já pusemos a mão na charrua e não mais olhamos para trás.

Como será possível realizar essa iluminação interior? Existem vários métodos. Ela pode vir suavemente, a pouco e pouco, mediante o trabalho incessante do bem, através da oração, da meditação, da reflexão profunda, ou através de insight. De um momento para outro ela irrompe e domina o nosso íntimo.Eu tenho uma experiência muito curiosa e algo ridícula... Quando eu era criança, nordestino, e cantava o hino à Bandeira Nacional, porque era obrigatório nas escolas fundamentais, no trecho que diz a verdura sem par destas matas, eu muito me comovia.

Eu era apaixonado pelo Brasil por causa da verdura sem par destas matas, porque verdura, no interior do Estado da Bahia, onde eu nasci e vivia, era alface, couve, hortelã, pimentão etc. Eu reflexionava: Deus meu, como é possível matas de repolho, coentro etc.? Para mim, era demais. Então cantava com entusiasmo e orgulho, e, nesse momento, o peito parecia estourar, porque eu nascera em um país de tal riqueza.

Passaram-se os anos, e mesmo adulto continuei com a falsa interpretação. Certo dia, andando, subitamente tive uma iluminação: Meu Deus! Não é verdura, é verdura, são as matas verdes... Ah, que decepção! A minha iluminação foi para baixo. Então, podemos experienciar muitas vezes a iluminação, até mesmo em torno dos nossos equívocos.

Esse insight é o despertar da consciência, que nos proporciona a percepção do que somos, mas também do que poderemos lograr, deixando um pouco de lado a indumentária fantasiosa da humildade que, às vezes, não passa de um verniz aparente. Quantos indivíduos que se interrogam e concluem: Quem sou eu? Eu não sou nada, eu sou um lixo!

Esse conceito pessimista e depressivo nada tem a ver com humildade. Recordo-me de Jesus, o ser mais humilde que esteve na Terra, e nunca se considerou lixo.

Após tal conclusão, descobri-me como filho de Deus. E comecei a me sentir honrado em ser filho de Deus, trabalhando para corresponder à gênese sublime.

Recentemente li um livro escrito pelo Dr. Dean Hamer, um grande estudioso da genética do comportamento,. Que se intitula O Gene de Deus.

Depois da decodificação do genoma humano, ele constatou, com a sua equipe de pesquisadores nessa área, que o nosso DNA possui cerca de trinta e cinco mil genes – quando se pensava que eram cem mil – e um desses genes, ele definiu como sendo o gene de Deus: o VMAT2. O Dr. Hamer, com a sua equipe, pesquisou mais de dez mil gêmeos idênticos e constatou que gêmeos nascidos nas Filipinas – um sendo mandado para a Austrália, o outro para a Nova Zelândia, ou outro lugar qualquer – acreditavam em Deus.

As experiências foram longas e eles constataram que crer em Deus é um fenômeno genético. Ter uma religião é um fenômeno sociológico. Temos a religião dos nossos pais, da família, do meio social, da educação. Jesus referiu-se a essa questão de forma interrogativa: Não está escrito que vós sois deuses? Portanto, podeis fazer tudo que eu faço e muito mais, se quiserdes. Então, é necessário que desenvolvamos esse Deus interno. Também o Dr. Hamer diz que a nossa fé é natural, é espontânea, sendo científica, mesmo quando fé natural. Aliás, Allan Kardec estabeleceu que Fé inabalável só o é a que pode encarar frente e frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.

Reflexionemos: estamos neste edifício, tranquilos e confiantes. Ninguém pediu a planta para ver se ele tinha segurança. Sabemos todos que ele é seguro, sim, mas será? Essa é a fé natural, mas é científica, porque, em nosso inconsciente, sabemos que esta construção, quando foi projetada, engenheiros e arquitetos calcularam com cuidado as estruturas, as colunas, os suporte, o teto, e depois mandaram à Prefeitura para que o Departamento de Engenharia avaliasse o trabalho e o liberasse, conforme ocorreu, sendo autorizada a sua construção, e depois, nova revisão foi feita para ser concedido o habite-se. Então, no inconsciente sabemos desses trâmites legais de segurança, dando origem à nossa fé natural. Quando entramos num avião, não nos ocorre que o piloto esteja num surto depressivo e queira suicidar-se naquele vôo.

Em nosso inconsciente sabemos que os pilotos de aeronaves a cada seis meses são submetidos a um rigoroso check-up, que lhes avalia o estado geral de saúde. Igualmente sabemos que ele é acompanhado por um copiloto e o avião possui um piloto automático. Mesmo que o comandante esteja em crise, ele não poderá destruir o avião, porque o piloto automático seria travado pelo copiloto que comandaria a aeronave.No caso em pauta, a nossa é também uma fé científica. Mas, quando tomamos um táxi, principalmente no Rio de Janeiro, em São Paulo, ou Salvador – ainda respeito Brasília, apesar dos seus acidentes – nunca sabemos o que nos vai acontecer.

Eu estava no Rio de Janeiro onde proferi uma conferência no sábado à noite, e, às dez horas da manhã de domingo, eu deveria proferir outra na Federação Espírita do Estado de São Paulo. Fui ao aeroporto Santos Dumont, para alcançar o voo das seis através da ponte aérea: são quarenta a quarenta e cinco minutos de voo. Quando lá cheguei, o irmão tempo estava complicado, e o voo atrasou. Consegui viajar somente às oito, e quando saltei em São Paulo eram quase nove horas. Corri, alcançando um táxi e pedi ao condutor, após dar-lhe o endereço do Hotel em que ficaria:

Por favor, corra, porém, com toda a prudência.

Tratava-se de um nissei que me olhou, e indagou:

É para correr, ou para ir com prudência?

Eu esclareci: Corra com prudência.

Ele deu uma especial arrancada e me jogou para trás. Saímos em alta velocidade. Adiante havia um semáforo vermelho: ele o passou. Assustei-me. No segundo vermelho, ele também passou. Fiquei mais assustado. No terceiro, um sinal verde, ele parou. Totalmente surpreendido, eu indaguei-lhe:

Mas, o que é isso? Você passou dois semáforos vermelhos e no verde você para!

Ele olhou para trás e respondeu-me com a sua lógica:

Sei lá, se não vem um outro japonês louco que nem eu do outro lado!?

Eu então saltei, porque a minha fé nem era científica nem natural, e tomei outro carro, por garantia.

A fé, portanto, é esse instrumento que nos vai levar à autoiluminação. Dois grandes especialistas, o Dr. Abraham Maslow – que criou a Psicologia Humanista – e o Dr. Robert Cloninger, um dos pais da Iluminação interior na atualidade, estabeleceram que podemos consegui-la através de três etapas: a primeira etapa, dizem eles, é o autoesquecimento, e contam a história sublime de um sacerdote italiano de nome Mateo Ricci que foi pregar na China, nos tempos heróicos de divulgação do Cristianismo, e esse homem deixou todas as comodidades da Itália, aprendeu os ideogramas – cinquenta mil – e adaptou-se de tal forma à vida chinesa, que deixou de ser o estrangeiro, para bem divulgar Jesus, logrando o autoabandono para poder servir.

A segunda etapa é a busca do transcendente, a identificação transpessoal. Não esquecermos nunca de que somos transcendentais. E eles citam Albert Schweitzer, o maior músico do século dezenove e parte do século vinte, que também renunciou a tudo para ir para a África Equatorial Francesa, a fim de ajudar as treze etnias em Lambaréné, explicando que nós, da chamada civilização branca, temos uma dívida para com a África, de quatrocentos anos de servidão. Não apenas de escravidão, mas também de sífilis, de gripe, que são doenças que os brancos lhes transmitiram.

E por fim, eles propõem o misticismo, no sentido profundo da palavra, que é a plena integração com o espírito do Cristo, tentando manter esse espírito do Cristo numa constância contínua dentro de nós. Então, ocorre, passo a passo, a nova iluminação.

Narrarei uma experiência que tive há três dias em São Paulo. Eu me encontrava em Porto Alegre e coloquei a carteira de identidade num bolso, e passei o casaco para um amigo segurar, esquecendo-me completamente. Quando cheguei ao aeroporto e fui apresentar a documentação, lembrei-me de que deixara a carteira no casaco, que agora não estava mais comigo. Raramente saio com a carteira, pois que quase nunca a uso, mas naquele dia, em Porto Alegre, não sei porquê, pensei: levarei o documento, para qualquer necessidade, razão porque a pus no bolso do casaco.

Quando estava no aeroporto, e dei-me conta, expliquei à funcionária que, por sua vez, demonstrou-me a necessidade de um documento com fotografia, de que eu não dispunha naquele momento. Felizmente, eu estava com um amigo da Polícia Federal do aeroporto, ele assumiu a responsabilidade, e eu viajei. Chegando a São Paulo, fui a Jaboticabal e a Bebedouro proferir palestras em duas instituições que completavam, respectivamente, cem anos.

Sem a documentação, fui à Delegacia de Polícia de Bebedouro, fiz uma notificação, o delegado, muito gentil, deu-me um BO (Boletim de Ocorrência), que eu não sabia o que era. Todo bonito, selado, eu fiquei tranquilo. Quando cheguei ao aeroporto em São Paulo e fui proceder ao check-in, a funcionária da TAM solicitou-me o documento de identificação, e como não o tinha, entreguei-lhe o documento da Polícia, que ela informou não servir.

A ANAC, segundo ela, não o considerava suficiente. Ela o apresentou ao Órgão, que confirmou a sua não validade. A pessoa da ANAC mandou chamar-me. A funcionária, para variar, estava de muito mau humor. (Não sei porque alguns funcionários públicos vivem com tanto mau humor. Poderiam largar o emprego e outros de bom humor os substituiriam.) Ela me olhou com tanto mal-estar que eu me senti intrigado. Eu me controlei, e esclareci:

Eu tenho que viajar. Eu estou com uma pessoa na UTI, em Salvador, morrendo, e vou visitá-la. Sou cardíaco e tenho oitenta e um anos.

Ela me olhou e, mal-humorada, redarguiu:

O senhor tem que preencher estes dois formulários. Depois deverá ir à Delegacia de Polícia aqui no aeroporto, apresente-os e, depois de serem assinados, traga-mos de volta.

Preocupado, informei-a que iria perder o voo. A moça continuou rude e deu-me uma resposta grosseira. Preenchi os documentos e comecei a orar. Entreguei-lhos, ela fez cópias e mos entregou, mandando-me autenticá-los na Delegacia de Polícia. Atendi-a, apressado. O delegado assinou-os e informou-me que não eram realmente necessários, porque eu poderia ter assinado qualquer nome e ele não teria como saber da sua legitimidade. Colocou um carimbo e devolveu-mos. Voltei, e entreguei-os à funcionária, que os olhou e me informou:

Ele esqueceu de assinar um outro.

Perguntei-lhe:

E tem mais um? Por que a senhora não mo entregou?

Toda poderosa, ela concluiu:

Tem sim, o que eu lhe vou dar agora.

Então ela tomou de uma outra página, mandou-me preencher e que retornasse à Delegacia. Eu voltei correndo, agora já sem fôlego.

O que foi agora? – perguntou-me o delegado, ao que respondi:

Ela mandou o senhor assinar de novo.

O homem ficou colérico. Procurei acalmá-lo e ele aquiesceu. Quando retornei, e entreguei-lhe, ela pos um carimbo e determinou-me:

Agora vá ao check-in e mostre tudo isso.

Eu prendi a respiração, Agradeci-lhe e obtemperei:

Minha filha, eu podia ser seu avô, por isso permito-me dar-lhe um conselho: Você ganha para servir - e senti por ela uma onda de compaixão.

Trate melhor as pessoas. Cada pessoa que sai daqui, com esse seu tratamento, sai vibrando contra você. Você deve ser muito infeliz, ter muitos problemas e recebe essas descargas de ódio sem necessidade. Eu lhe digo isso, porque eu sou acostumado a aconselhar pessoas.

E você é quem? – interrogou-me, desafiadora.

Respondi-lhe com bondade – naquela hora já não me importava perder o voo – Eu sou espírita, sou Divaldo Franco.

Não me diga! – exclamou. Eu também sou espírita!

Concluí, dizendo-lhe:

Notei, sim, que você é espírita... (Risos).

Seu Divaldo – solicitou-me – eu posso abraçá-lo? O senhor me desculpe, mas eu estou muito contrariada – e começou a justificar a má vontade e grosseria.

Ouvi-a, compadecido, e saí reflexionando sobre o que seria a Doutrina Espírita para ela, além de um rótulo, de um adorno. Ela deve ter uma vida muito difícil. Deve morar em subúrbio, pegar várias conduções e vive estressada.

Em face de acontecimentos dessa natureza, ocorreu-me a abordagem, mesmo que ligeiramente, sobre a iluminação interior, a nossa melhora íntima. Não importa que os outros saibam, mas que estejamos serenos, felizes.

Concluirei, narrando uma história que li na Internet e me sensibilizou muito. Tratava-se de um grupo de amigos de uma indústria metalúrgica (também irei contar à minha maneira, sem a fidelidade absoluta ao texto). Um deles apresentava-se como sendo um homem austero, introvertido. Parecia encontrar-se sempre de mau humor, embora fosse gentil. Trabalhava ali há cinco anos com os outros diretores e, nesse período, nunca proferira cinquenta palavras... À hora do lanche, quando todos se reuniam, ele se afastava, permanecendo a sós. Um deles, Mauro, muito brincalhão, zombava do colega provocando humor. Ele se chamava Ernani, e o Mauro fazia-lhe piadas, provocando o riso em todos.

Mauro era, aliás, o palhaço da corte, no bom sentido. Certo dia, na época da desova dos salmões, Mauro anunciou:

Eu irei pescar neste fim de semana e, se conseguir êxito, na segunda-feira, trarei boa parte para os amigos. Ao grupo, em particular, esclareceu que iria pregar uma peça no Ernani, colocando para ele as vísceras, as cabeças dos peixes e os rabos para, quando abrisse o embrulho, todos caírem na gargalhada. Na segunda-feira, quando retornou ao trabalho, Mauro trouxe oito embrulhos, o de Ernani era um pouco maior. Pediu a todos que fizessem um semicírculo, convidou Ernani, que veio, assentou-se, e ele foi entregando os presentes, elegendo o maior para aquele amigo.

Surpreso, Ernani olhou o volume a manteve-se silencioso. Cada qual foi abrindo o seu pacote e, à medida que o fazia, sorria e agradecia. Eram filés de salmão. Ernani começou a desatar o seu embrulho e todos notaram que o homem estava emocionado. O pomo de Adão movia-se e os olhos tinham lágrimas. Ele prendeu a respiração e esclareceu:

Eu sei que vocês me têm em péssima consideração. E eu faço jus a isso. Quando, por exemplo, eu vou lanchar distante de vocês não é pelo motivo que pensam...Mas... [ele não conseguia falar o eu queria] o que eu quero dizer, é que tenho um grande problema: a minha mulher é tetraplégica, temos cinco filhinhos [e começou a chorar]. Tudo quanto eu ganho é para atender a minha mulher a quem muito amo.

Eu tenho auxiliares vinte e quatro horas por dia para dela cuidar. Quando eu chego, à noite, é para dar-lhe um pouco de carinho. Tenho que cozinhar para os meus filhos. Deixo-os durante o dia, trancada a porta, e com a alimentação – eles não frequentam a escola porque não posso pagar. Às vezes, eu me afasto durante o lanche; é porque o meu é vergonhoso, eu trago os restos dos alimentos de casa e não gostaria que ninguém os visse...

Os colegas tiveram um impacto. Ele agora foi desatando o volume, e Mauro quis levantar-se para impedi-lo de prosseguir, mas era tarde. O embrulho apresentou o seu conteúdo, mas ele não olhou, e concluiu:

Hoje, por fim, meus filhos irão comer salmão. Faz muitos anos – cinco anos - que eles não têm alimentação digna. Mas hoje eles irão comer bem.

Só então ele olhou o pacote aberto, teve um choque, pegou uma cauda de peixe, ergueu-a no ar, e disse como todos o fizeram:

Muito obrigado!

Mauro olhou para os colegas. Aquele homem estava crucificado! Como é que eles não viram!? Teve uma iluminação. Levantou-se, pegou o próprio pacote e colocou-o no colo dele. Os outros levantaram-se. Cada qual colocou o seu pacote sobre as suas pernas, todos tocaram-lhe no ombro, e disseram-lhe:

Desculpe-nos!

Ele não disse nada. Na noite seguinte os sete amigos foram visitá-lo e ali, diante da esposa com escaras, eles assumiram o compromisso de cuidar da família. Recomendaram médicos mais eficientes, enfermeiros mais hábeis, contrataram uma auxiliar de cozinha, uma empregada para cuidar da casa, colocaram as cinco crianças na escola, e responsabilizaram-se pelas despesas. Um mês depois a enferma desencarnou sorrindo...

Já se passaram trinta anos. Ernani Filho, que era o último filho, agora é o presidente da empresa. Todos aposentaram-se. E, quando terminaram a educação dos filhos do amigo, perguntaram-se: E agora? Façamos uma ONG para atender às pessoas tetraplégicas, principalmente os seus filhos, que não têm a oportunidade de receber uma correta educação.

A iluminação interior acontece a qualquer hora, a qualquer instante. O venerável Chico Xavier, o apóstolo da mediunidade, dizia:

Eu não sou nada, eu sou apenas um cisco [por causa do nome Fran...cisco, tira o Fran, fica cisco]. Mas eu sou o secretário dos Espíritos que por mim escrevem.

E autoiluminou-se. Esbofeteado, não reagiu. Perseguido, sorriu com lágrimas. E quando alguém escarrou-lhe na face, depois que lhe lera mensagem de um familiar, o destinatário reagiu, ultrajado, gritando:

Mentira!

Rasgou-a, jogou-lhe os pedaços na cara e cuspiu-o . Todos ficaram petrificados, enquanto o homem saiu possesso. Chico ficou muito pálido, limpou o rosto e tentou continuar sorrindo. No dia seguinte, sábado, como eu houvera presenciado a cena, à véspera, perguntei-lhe:

E então Chico, o que aconteceu?

Calmamente, ele respondeu:

Ah! Meu filho, quando eu cheguei em casa, às duas da madrugada, Emmanuel estava à porta e, vendo-me muito triste, perguntou-me o que acontecera. Eu expliquei-lhe, e ele me confortou da seguinte maneira: “Quero dizer-te que, da próxima vez que alguém cuspir na tua face, olha para cima e dize: eu creio que está chovendo!”

Era, portanto, um iluminado, porque bater na face de alguém que não reage, escarnecer de quem não se pode defender, são atos de suprema covardia e que bem poucos suportam, mantendo a coragem de agir mediante o perdão e a misericórdia para com o agressor.

Que nós, os espíritas, possamos adquirir essa luminosidade interior, desculpar sempre, entender, nem digo perdoar, entender o mal e os maus que nos perseguem, a fim de que os outros, quando nos vejam, possam perguntar: Por que você é diferente? Por que você está nesse estado luminoso?

E nós, sorrindo, respondamos:

Porque estamos conscientes da verdade, apenas isto.

Mensagem de estímulo espiritual do médium Divaldo Pereira Franco aos membros do Conselho Federativo Nacional, na tarde do dia 8 de novembro de 2008, na Reunião Ordinária realizada na Federação Espírita Brasileira, em Brasília-DF.