Estudando o Espiritismo

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sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Habilidade essencial


ÉDO MARIANI
edo@edomariani.com.br
Matão, SP (Brasil)



Habilidade essencial


Em O Livro dos Médiuns, cap. XXIX, item 335, Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo, ensina: “(...) a caridade e a tolerância são o dever primário que a Doutrina (Espírita) impõe aos seus adeptos”.

Nestes tempos em que a violência e a intolerância campeiam por toda parte, vale meditar sobre a determinação de Kardec sobre o tema.

A grande maioria dos seres humanos possui uma forte tendência em examinar meticulosamente os erros alheios, hábito adquirido através das vidas sucessivas, e, nessa habilidade de avaliar a conduta alheia, somos “juízes e psicanalistas”, dotados de vastas possibilidades de encontrar causas e razões para os desatinos que ocorrem fora da esfera do nosso “eu”.

O que é muito lamentável é não utilizarmos nossas habilidades de avaliar os erros alheios em recurso para reerguer e auxiliar, colaborando com o aprimoramento do próximo, no lugar de só destacar o “lado” ruim e amargo de sua atitude e costume.

Focar apenas ângulos sombrios do próximo é atitude comum para a maioria dos homens nas experiências da vida presente. Espera-se, entretanto, de nós outros, aprendizes do bem, maior lucidez nas nossas ações, pois o grande desafio da atualidade é saber manter-se afetivamente focado no “lado” bom, nas qualidades, nos instantes bem-sucedidos de alguém, conquanto tenhamos vastas possibilidades de perceber-lhes as imperfeições e mazelas.

A essa qualidade chamamos indulgência.

No livro Ideal Espírita, psicografado por Chico Xavier, de autoria de Espíritos diversos, há uma belíssima página de André Luiz com o título "Indulgência", onde encontramos valiosos ensinamentos.

Escreve ele:

“A luz da alegria deve ser o facho continuamente aceso na atmosfera das nossas experiências.

Circunstâncias diversas e principalmente as de indisciplinas podem alterar o clima de paz, em redor de nós, e entre elas se destaca a palavra impensada com forja de incompreensão, a instalar entrechoques.

Daí o nosso dever básico de vigiar a nós mesmos na conversação, ampliando os recursos de entendimento nos ouvidos alheios.

Sejamos indulgentes. Se erramos, roguemos perdão. Se outros erraram, perdoemos.

O mal que desejarmos para alguém, hoje, suscitará o mal para nós, amanhã. A mágoa não tem razão justa e o perdão anula os problemas, diminuindo complicações e perdas de tempo.

É assim que a espontaneidade no bem estabelece a caridade real. Quem não reconhece as próprias imperfeições, demonstra incoerência. Quem perdoa desconhece o remorso. Ódio é fogo invisível na consciência. O erro, por isso, não pede aversão, mas entendimento. O nosso erro requer a bondade alheia; erro de outrem reclama a clemência nossa. A Humanidade dispensa quem a censure, mas necessita de quem a estime.

E ante o erro, debalde se multiplicam justificações e razões. Antes de tudo, é preciso refazer, porque o retorno à tarefa é a consequência inevitável de toda fuga ao dever.

Quanto mais conhecemos a nós mesmos, mais amplo em nós o imperativo de perdoar. Aprendamos com o Evangelho, a fonte inexaurível da Verdade.

Você, amostra da Grande Prole de Deus, carece do amparo de todos, e todos solicitam-lhe amparo. Saiba, pois, refletir o mundo em torno, recordando que, se o espelho inerte e frio retrata todos os aspectos dignos à sua volta, o pintor, consciente, buscando criar atividade superior, somente exterioriza na pureza da tela os ângulos nobres e construtivos da vida”.

É importante reflexionar sobre o tema focado pelo Espírito André Luiz, o qual nos convida a esmerar no desenvolvimento de nossas habilidades essenciais: o hábito de apreciar e valorizar as boas qualidades em detrimento das más, nos companheiros de romagem terrena.

Se analisarmos os ensinamentos e atos de Jesus, o qual, como sempre, é o nosso modelo, constataremos que em momento algum do seu ministério de Amor o percebemos em atitude de destaque ao mal; embora, vigilante, soubesse sempre onde ele se ocultava e procurava erradicá-lo sem que o evidenciasse, como lembra o Espírito Ermance Dufaux em seu livro Laços de Afeto, cuja leitura recomendamos aos nossos leitores.

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