Estudando o Espiritismo

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quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Inácio de Antioquia

Inácio de Antioquia

Matéria publicada no Jornal Mundo Espírita - maio/2003

Seu nome deriva do latim: igne - fogo e natus - nascido. Nascido do fogo, o que corresponde muito bem à sua personalidade: ardente, eloqüente, apaixonado por Cristo e pelo forte desejo de imitar seu Mestre.

Também é cognominado Theoforos - carregado por Deus, por ser identificado como a criança que Jesus tomou nos braços, para dar exemplo da verdadeira pureza (Mateus, 18:2-6).

De sua vida se conhecem alguns dados através de Eusébio de Cesaréia, através de sua História Eclesiástica, que o identifica como tendo assumido a chefia da Igreja de Antioquia.

Antioquia foi fundada por volta do ano 300 a.C., por Seleuco Nicátor, com o nome de Antiokheia (cidade de Antíoco). Tornou-se a capital do império selêucida e grande centro do Oriente helenístico.

Conquistada pelos romanos, por volta de 64 a.C. Conservou seu estatuto de cidade livre e foi a terceira cidade do Império depois de Roma e Alexandria, chegando a abrigar até 500 mil habitantes.

Mereceu a evangelização de Pedro, Paulo e Barnabé. Atualmente é a cidade de Antakya, da Turquia.

Inácio foi encontrado por João, mais ou menos quatro anos após o drama da cruz. Tendo se retirado para Éfeso, onde ganhara um pedaço de terra cultivável, o Apóstolo morava com Maria, a mãe de Jesus.

O local era um ponto geográfico privilegiado, aconchegante, de rara beleza. Logo além podia-se ver o mar bordado pelas velas coloridas das embarcações.

Miosótis, flores miúdas e tamareiras completavam a harmonia do local.

O menino tinha então seus 8 anos e vendo-o, João se lembrou do petiz de perninhas magras, pendendo frouxas e confiantes do colo do Divino Amigo. Pareceu rever, na tela da alma, as divinas mãos acariciando os cabelos desgrenhados daquela criança.

Com ternura, resolveu adotá-lo e o levou para sua casa. Ali, o pequeno cresceu sob a ternura e os carinhos de Maria, enquanto João lhe cultivou o caráter nos ensinos cristãos.

Já adulto, propagador entusiasta da Boa Nova, Inácio de Antioquia foi preso. Tornou-se célebre por sua peregrinação forçada, em cadeias, de Antioquia a Roma.

Qual Paulo de Tarso, em seu caminho para Roma, foi recebendo a visita de cristãos de outras Igrejas, em todo o percurso. Nas paradas que fazia para descanso, escrevia às comunidades que o tinham recebido ou que lhe enviavam representantes. São sete as cartas conhecidas, todas de imenso valor para o conhecimento da história dos primeiros cristãos.

Em sua Epístola a Policarpo de Esmirna (cidade marítima da Ásia Menor, a oeste de Éfeso. Pesquisas arqueológicas a identificam com a colina de Hacimutsoste, a oito quilômetros da atual cidade de Izmir, na Turquia) ele recomenda à comunidade, a união e confessa a sua fé em Jesus Cristo.

"O cristão", afirma ele no cap. 7:3, "não tem poder sobre si mesmo, mas está livre para servir a Deus."

Na Epístola aos Romanos,cap. 4:1-3, temeroso de que, amigos que tinham influência na corte imperial o poderiam impedir de alcançar o martírio, ele escreve: "Eu vos suplico, não mostreis comigo uma caridade inoportuna. Permiti-me ser pasto das feras, por meio das quais me é concedido alcançar a Deus. Sou trigo de Deus, e serei moído pelos dentes das feras, para que me apresente como trigo puro de Cristo.

Ao contrário, acariciai as feras, para que se tornem minha sepultura, e não deixem nada do meu corpo, para que, depois de morto, eu não pese a ninguém...Não vos dou ordens como Pedro e Paulo; eles eram apóstolos, eu sou um condenado. Eles eram livres, e eu até agora sou um escravo. Contudo, se eu sofro, serei um liberto de Jesus Cristo, e ressurgirei nele como pessoa livre. Acorrentado, aprendo agora a não desejar nada."

No cap. seguinte refere-se à luta "...contra as feras, por terra e por mar, de noite e de dia, acorrentado a dez leopardos, a um destacamento de soldados; quando se lhes faz bem, tornam-se piores ainda. Todavia, por seus maus tratos, eu me torno discípulo melhor, mas ‘nem por isso justificado'."

Finalmente, num dia ensolarado e quente, desembarcando no Porto de Óstia, cercado por legionários, seguiu pela Via Ápia. Chegando ao cume de uma colina que circundava a cidade, ele começou a sorrir.

Aquele homem alquebrado, sorria a ponto de comover-se até as lágrimas. Um legionário se aproximou dele, bateu-lhe na face e colérico, lhe falou:

"Tu deves estar louco. Por que sorris?"

Inácio, ainda emocionado, respondeu:

"Sorrio diante de tanta beleza que os meus olhos descortinam. Sorrio porque chego a Roma e vejo uma cidade imponente. Sorrio ao olhar o casario de mármore, as estátuas que rutilam ao sol, as águas prateadas do Tibre que circundam as montanhas como um alaúde. Sorrio..."

Antes que Inácio pudesse prosseguir, o soldado lhe gritou:

"Mas tu vais morrer, miserável. Como podes sorrir?"

"Sorrio", continuou o pregador do Evangelho, "sorrio de felicidade porque agora eu posso ter uma dimensão do amor de Deus. Porque, se para vós, que sois corrompidos, se para vós que sois criminosos, Deus concede uma cidade tão bela e tão harmônica, o que não haverá de oferecer para aqueles que lhe são fiéis?

Sorrio de felicidade, antecipadamente, e desejo que o sofrimento que me apontas venha logo, a fim de que ele me leve..."

Colocado em um subterrâneo, encontrou amigos de fé. Ali, ele se recordou de Jesus e, por várias horas falou-lhes a respeito das bem-aventuranças do reino de Deus.

Uma semana depois, milhares de espectadores lotaram o circo e a arena ovalada se encheu de feras vindas de várias partes do mundo.

Eram feras que não tinham sido alimentadas por uma semana e sobre as quais se atiravam pedaços de carne ensangüentados, cheios de vida para lhes espicaçar o paladar.

Naquela arena, os cristãos foram lançados e os animais, de forma rápida, despedaçaram aqueles corpos frágeis de anciãos, homens, mulheres e crianças, que não se intimidavam diante da morte.

Contudo, de uma forma estranha, Inácio, que se encontrava entre eles, não foi tocado. Esperou que uma patada no tórax lhe despedaçasse os ossos e os músculos. Entretanto, nenhuma fera lhe arrebentou o corpo.

Vendo que os cadáveres dos seus companheiros já estavam sendo rejeitados pelas feras saciadas, ele se ajoelhou na arena ensangüentada e orou a Jesus:

"Por quê? Por que fui poupado? Por que não tive a honra de morrer?"

Então, um ser espiritual se lhe apresentou à visão psíquica e lhe respondeu:

"Inácio, morrer é muito fácil. Perder o corpo numa só vez é um testemunho pequeno para ti. Tu, que amas tanto Jesus, mereces algo mais penoso. Tu viverás. Viverás entre pessoas que não te compreendem, que desconfiarão de ti.

Estar firme no Ideal, Inácio, no momento das dificuldades, este é o sacrifício maior. O Mestre deseja que vivas, para que a Sua mensagem saia da tua boca e experimentes a perseguição continuada, sem desanimar. A morte na arena é uma morte muito rápida para os que são bons e fiéis."

Inácio saiu da arena. Os cristãos supuseram que ele houvesse prestado sacrifício aos deuses de Roma, para ter a sua vida poupada.

A calúnia, a maledicência e a intriga semearam, na comunidade cristã toda sorte de desconfianças.

Inácio jamais se defendeu, porque quem ama Jesus não tem tempo a perder com defesas improdutivas.

Jamais se justificou, porque ele deveria prestar contas ao seu rei, Jesus, e não aos seus pares, súditos como ele.

Não disse uma palavra. Os anos demonstraram a sua grandeza. Ele passaria a ser o modelo do cristão verdadeiro, o modelo daquele servidor primitivo de Jesus, elevado à categoria de bem-aventurado por seu testemunho de amor.

Sua morte é assinalada como tendo ocorrido no ano de 110, durante o reinado de Trajano, em Roma.

Bibliografia:

01.FRANCO, Divaldo Pereira. Palestra pública.

02.______. Trigo de Deus. In:___. Trigo de Deus. Pelo espírito Amélia Rodrigues. Salvador:LEAL, 1993.

03.COELHO, Rogério. O holocausto maior. Revista Reformador, Rio de Janeiro:FEB, p. 70, mar. 2001.

04.http://www.newadvent.org
www.nlink.com.br/~lume/antioquia.htm
www.terravista.pt/Portosanto/3718/biografgeocities.yahoo.com.br/montealverne/sinacio.html
www.veritatis..com.br/aartigo.asp
www.freineylor.hpg.com.br

Eurípedes Barsanulfo - O Apóstolo da Caridade

Eurípedes Barsanulfo - O Apóstolo da Caridade

http://www.correioespirita.org.br/categoria-de-materias/filosofia-e-espiritismo-correio-espirita/956-euripedes-barsanulfo-o-apostolo-da-caridade

(Suas reencarnações a serviço de Jesus)

Rômulo, o fundador de Roma, no ano 749 a.C., ao criar o calendário que deu origem ao atual gregoriano, nomeou os primeiros meses  em homenagem  aos deuses de sua predileção. O mês de maio foi dedicado à Maia, deusa da primavera e do cultivo.

Maio nos conduz a várias comemorações:

Dia 1º - dia do Trabalho – data adotada em vários países, celebrando as conquistas dos trabalhadores norte-americanos, em 1886, que protestaram contra a enorme jornada de trabalho de 13 horas diárias, reivindicando 8 horas. No Brasil, este dia foi oficializado em 1924, no governo de Artur Bernardes.

Dia 5 – dia da Comunicação – Quando foram instalados mais de dois mil quilômetros de linhas telegráficas em nosso País pelo marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.

Dia 13 de maio – dia da Abolição da Escravatura, com a Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel, uma data inesquecível, dando liberdade a setecentos e vinte mil escravos.

Segundo domingo de maio – Comemoração do Dia das Mães – Teve origem em Anna Maria Jarves, nos EUA. Sua mãe, que lutou pela paz na guerra de secessão, morreu em 1905. Anna Maria entrou em depressão e um grupo de amigas realizou uma festa homenageando sua mãe para eternizar o dia e, assim, alegrá-la.  Anna quis que a celebração fosse estendida para todas as mães.

Outros eventos importantes marcam o mês de maio. Entretanto, para nós espíritas, o dia primeiro de maio faz vibrar nosso sentimento em direção a Eurípedes Barsanulfo, o Apóstolo da Caridade, este fiel discípulo de Jesus que reencarnou na cidade de Sacramento, em Minas Gerais, no dia 1º de maio de 1880.

Assim como Allan Kardec que, um século antes da vinda do Cristo, já se encontrava reencarnado nas Gálias como mestre dos druidas, ensinando e exemplificando o amor, a crença na imortalidade da alma, a reencarnação, preparando-Lhe o caminho, Eurípedes Barsanulfo, este admirável espírito, participou de A Grande Espera, título do livro escrito por ele, psicografado por Corina Novelino.

Nessa época, ele foi um jovem religioso essênio, chamado Marcos, que recebeu do próprio Jesus os ensinamentos da Sua doutrina. E, ao divulgá-la fielmente, foi condenado à morte na fogueira, pelo Sinédrio, tornando-se o primeiro Mártir da Nova Aliança do Amor.

Reencarnou mais tarde, quando se intensificaram as perseguições ao Cristianismo nascente, tornando-se discípulo de Inácio de Antioquia, na Palestina. Ardoroso propagador da Boa Nova, na Judeia, onde foi sacrificado. Disse Emmanuel: “Nos tempos evangélicos, Eurípedes fora educado por Inácio, pupilo de João, que se tornara grande propagador da Boa Nova, na Antioquia. Adolescente ainda, Eurípedes substituíra o Benfeitor na pregação na Palestina, onde manteve contatos com João, e onde fora martirizado” (Revelação de Emmanuel, através de Francisco Cândido Xavier, no livro Eurípedes – o Homem e a Missão, de Corina Novelino).

Posteriormente, vamos encontrá-lo, segundo relato de Emmanuel, no livro Ave Cristo, psicografado pelo querido e saudoso Chico Xavier, na personalidade de Rufo, um escravo cristão, servindo na chácara de Taciano, no século III, sacrificado brutalmente, amarrado na cauda de um potro selvagem e arrastado até o esquartejamento, por recusar reverência à deusa Cíbele, a mãe dos deuses e a magna mater do altar romano, mantendo, com esta atitude, a fé cristã.

Após várias reencarnações, sempre como servo de Jesus nos momentos importantes da história da humanidade, o missionário do amor renascera em Zurique, no ano de 1741, com o nome de Johann Kaspar Lavater, conforme nos relata o espírito Manoel Philomeno de Miranda, no livro Tormentos da Obsessão, através da psicografia do querido médium Divaldo Pereira Franco.

Orador hábil e de fácil retórica, Lavater pregou o amor de Jesus às criaturas quando a Revolução Francesa atingiu o absurdo da negação de Deus. Consolou as massas dando uma visão pacífica e amorosa em substituição à violência e à revolta.

Grande teólogo e filósofo, isento de qualquer preconceito e desvestido de rótulo religioso, tornou-se o criador da moderna Fisiognomonia, que mereceu uma profunda análise de Allan Kardec, na Revista Espírita de 1860: “Esta ciência está fundada sobre o princípio incontestável de que é o pensamento que põe em jogo os órgãos”.

Escreveu seis cartas à imperatriz da Rússia Maria Feodorowna, de 1796 a 1800, explicando sobre a vida espiritual, que constam da Revista Espírita de 1868 com a análise de Kardec: “São eminentemente espíritas; elas desenvolvem e esclarecem, de maneira tão engenhosa quanto espirituosa, as ideias fundamentais do Espiritismo, e vêm em apoio de tudo o que esta doutrina oferece de mais racional, de mais profundamente filosófico, religioso e consolador para a humanidade”.

Léon Denis, no livro O Porquê da Vida, publicou essas seis cartas e analisou-as, chegando à seguinte conclusão: “Pode-se dizer que nelas está estampada a doutrina espírita, embora de um modo muito resumido”.

No volume I da obra Allan Kardec – O Educador e o Codificador, Zeus Wantuil e Francisco Thiesen informam que Lavater foi muito amigo de Johann Pestalozzi: “Foi um dos mais queridos amigos de Pestalozzi, tendo sido um conselheiro e, às vezes, um protetor. Esta profunda e bela amizade entre os dois perdurou até sua morte”.

Lavater desencarnou no ano de 1801, dois anos após ser exilado para a Suíça, em virtude da sua lealdade a Jesus, o que contrariava o pensamento vigente da alta burguesia que se instalara na França, após o período de terror.

No dia 1º de maio de 1880, reencarnou como Eurípedes Barsanulfo, na cidade de Sacramento, em Minas Gerais, para exercer a mediunidade múltipla de dons fenomenológicos: na psicografia, na psicofonia, no transporte, no desdobramento etc., também no receituário e na cura dos doentes, como o primeiro médium a receber Dr. Bezerra de Menezes, seguindo com Jesus e Kardec, preparando uma nova era para a humanidade.

Fundou a primeira escola Espírita, em Sacramento - o Colégio Allan Kardec, em 31 de janeiro de 1907 - sob a égide de Maria Santíssima, a sublime Mãe de Jesus.

Eurípedes Barsanulfo desencarnou em 1º de novembro de 1918, atingido pela epidemia de influenza, a chamada “gripe espanhola”.

No quintal da harmoniosa casa e Colégio Allan Kardec, existe uma mangueira onde Barsanulfo lia e meditava. Acima dela, em região espiritual, este fervoroso discípulo de Jesus construiu um lar para abrigar os espíritos que se perderam na invigilância, os obsedados de toda a espécie, e deu-lhe o nome de Sanatório Esperança. Seu sublime trabalho continua além das estrelas.

Exemplo de amor e humildade, Eurípedes Barsanulfo, aceite nossa homenagem!

Muita paz!

Sofrimento maior


Conta-se que quando Inácio de Antioquia foi preso, foi levado a Roma e colocado em um subterrâneo, onde encontrou amigos de fé.

Ali ele se recordou de Jesus e, por várias horas, falou-lhes a respeito das bem-aventuranças do reino de Deus.

Uma semana depois, milhares de espectadores lotaram o circo e a arena se encheu de feras vindas de várias partes do mundo.

Elas não tinham sido alimentadas por uma semana. Para lhes aguçar o paladar, pedaços de carne ensanguentados lhes foram atirados.

Naquela arena, os cristãos foram lançados e os animais, de forma rápida, despedaçaram os corpos frágeis de anciãos, homens, mulheres e crianças, que não se intimidavam diante da morte.

Contudo, de uma forma estranha, Inácio, que se encontrava entre eles, não foi tocado. Esperou que uma patada no tórax lhe despedaçasse os ossos e os músculos. Entretanto, nenhuma fera lhe arrebentou o corpo.

Vendo que os cadáveres dos seus companheiros já estavam sendo rejeitados pelas feras saciadas, ele se ajoelhou na arena ensanguentada e orou a Jesus: Por quê? Por que fui poupado? Por que não tive a honra de morrer?

Então, um ser espiritual se apresentou à visão psíquica e lhe respondeu: Inácio, morrer é muito fácil. Perder o corpo numa só vez é um testemunho pequeno para ti. Tu, que amas tanto Jesus, mereces algo mais penoso. Tu viverás. Viverás entre pessoas que não te compreendem, que desconfiarão de ti.

Estar firme no ideal, Inácio, no momento das dificuldades, este é o sacrifício maior. O Mestre deseja que vivas, para que a Sua mensagem saia da tua boca e experimentes a perseguição continuada, sem desanimar. A morte na arena é uma morte muito rápida para os que são bons e fiéis.

Inácio teve sua vida poupada. Os cristãos supuseram que ele houvesse negado o Cristo e prestado sacrifício aos deuses de Roma, para se salvar.

A calúnia, a maledicência e a intriga semearam na comunidade cristã toda sorte de desconfianças.

Ele jamais se defendeu, porque quem ama Jesus não tem tempo a perder com defesas improdutivas.

Jamais se justificou, porque ele deveria prestar contas ao seu rei, Jesus, e não aos seus pares, súditos como ele.

Não disse uma palavra. Os anos demonstraram a sua grandeza. Ele passaria a ser o modelo do cristão verdadeiro, o modelo daquele servidor primitivo de Jesus, elevado à categoria de bem-aventurado, por seu testemunho de amor.

*  *  *

Se servimos a Jesus, não nos perturbemos com as querelas que nos circundam as ações.

Atendamos sempre com amor. Sirvamos sem cansaço. Trabalhemos e, como o Apóstolo de Antioquia, demos conta dos nossos atos a Jesus, nosso Mestre e Senhor.

Vivamos cada dia no bem, aplicando a caridade plena que é benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros e perdão das ofensas.



Redação do Momento Espírita, com base no artigo O
holocausto maior, de Rogério Coelho, da revista
Reformador, de março de 2001, ed. FEB e  citação do
item 886, de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec,ed.
FEB.
Em 8.6.2013.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

NÃO VADES TER COM OS GENTIOS

NÃO VADES TER COM OS GENTIOS
(Mateus, 10: 5 a 15)

A tradução do Novo Testamento de João Ferreira de Almeida assim inicia as instruções de Jesus aos 12 apóstolos recém-escolhidos:

— Não tomeis rumo aos gentios, nem entreis em cidades de samaritanos; mas, de preferência, procurai as ovelhas perdidas da casa de Israel.

E prossegue, com Jesus orientando os apóstolos na pregação de sua divina mensagem.

O vocábulo preferência, acima grifado, sintetiza o desejo do Mestre de levar seus ensinos às ovelhas perdidas de Israel, que Kardec entende como sendo os judeus que acreditavam no Deus uno e esperavam o Messias, preparados que estavam para Lhe acolherem a sublime palavra, à semelhança de terreno já arroteado.

A conversão dos gentios viria pouco tempo depois com Paulo de Tarso.

Mas, porque a restrição aos samaritanos?
Essa é outra história que teve início após a peregrinação por séculos do povo judeu pelo Crescente Fértil e sua fixação final nas terras da Palestina, conduzidos por Moisés.

A desavença teve seu ponto de partida cerca de mil anos antes de Cristo, com a morte de Salomão e o decorrente cisma das doze tribos.

As tribos de Judá e Benjamin prestigiaram seu sucessor, o filho Reboão, constituindo o Reino de Judá, cuja capital foi Jerusalém.

As outras dez tribos, por razões políticoeconômicas, aderiram a Jeroboão e formaram o Reino de Israel, ao norte da Palestina, sendo a cidade de Samaria sua capital, gerando o cisma grande e incurável animosidade entre esses povos irmãos, descendentes do patriarca Jacob, neto de Abraão e que viveu em torno de meio milênio antes.

Os samaritanos criaram culto próprio, baseado no pentateuco de Moisés, afastando-se de Jerusalém, a cidade sagrada, e jamais foram perdoados pelos habitantes do Reino de Judá.

No início do século VI a.C., ambos os reinos foram golpeados pelas invasões persas. Houve grande destruição na Palestina, os judeus foram aprisionados e levados à Mesopotâmia, ali permanecendo em cativeiro, sendo libertados por Ciro, o Grande, décadas depois, no ano de 537, anterior à era cristã.

A destruição e consequentes perdas humanas foi maior entre os samaritanos. Hoje, os seus raros remanescentes vivem em Nablus, no atual estado de Israel.

Mesmo à época de Jesus, a discórdia entre os judeus de Jerusalém e os samaritanos persistia, daí a sabedoria do Mestre em buscar apaziguá-los.

Jesus, em sua divina pregação mostrou aos judeus chefiados pelo Sinédrio o valor dos samaritanos em três episódios: a cura dos hansenianos, a parábola do samaritano e o encontro com a mulher que retirava água no poço de Jacob.

Na cura dos dez hansenianos, destaca o Evangelho de Lucas que apenas um deles, o samaritano, agradeceu ao Mestre, retornando curado e prostrando o rosto a seus pés. Jesus lhe perguntou: onde estão os outros nove?…

Relata-nos João que Jesus fatigado, passando por Sicar, cidade da Samaria, no poço de Jacob pediu água à mulher samaritana, que lhe saciou a sede. O Senhor lhe falou:

— Quem beber desta água tornará a ter sede, mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede.

E a mulher, convertida pelas suas palavras, lhe pediu:

— Dá-me, Senhor, dessa água para que eu não tenha mais sede.

Na parábola do bom samaritano, nosso Mestre destacou-lhe a caridade, socorrendo o homem caído na estrada de Jericó, o que não fizeram o sacerdote e o levita, representantes da religião judaica.

Sabemos que os levitas, na divisão das doze tribos, não receberam terra para o cultivo e convivência social, e sim a responsabilidade de cuidar da religião, como sacerdotes ou intendentes do templo. Perderam, em parte, a função sacerdotal nos últimos três séculos antes de Cristo, pela interferência do Sinédrio em favor, sobretudo, dos fariseus.

Na vida hodierna, sob a ótica espírita, Jesus não se preocupa mais com os gentios e os samaritanos, mas sim com a nossa integração plena à sua mensagem de vida eterna.

Pede-nos a renovação interior, de todas as maneiras possíveis, enviando inclusive, a cada período do processo evolutivo da Terra seus discípulos, que à feição dos doze que o seguiram nos tempos passados, vivenciam no mundo a Sua lição de amor e de esperança.

Isabel de Aragão no medievo, Gandhi e Chico Xavier, nos tempos atuais, são três desses missionários, que renunciaram a si mesmos em favor do “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”.




São Bernardo do Campo, janeiro de 2013.

Caio Ramacciotti

SEVERINO CELESTINO: "FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER É FRANCISCO DE ASSIS"


Geraldo Lemos Neto relata que “Desde o centenário de Chico Xavier tenho falado disso em público [que Chico é João Evangelista/Francisco de Assis], a começar do 37º MIEP - Movimento de Integração do Espírita Paraibano (2010) onde me encontrei com Severino Celestino, que na ocasião, de público contou um sonho que teve com Chico Xavier lhe mostrando que tinha sido Francisco de Assis.”
Descubra também qual o desejo de Chico Xavier no dia 2/4/2002 seu último aniversário na Terra: um pedido muito significativo!
Neste excerto da palestra de Severino Celestino no 6º encontro nacional dos amigos de Chico Xavier e sua Obra no dia 12 de outubro de 2013 em Pernambuco, Severino confirma a revelação que Francisco Cândido Xavier é a reencarnação de Francisco de Assis.
“Em abril de 2002 em Uberaba, eu tive a felicidade de poder comemorar com Chico o último aniversário da sua existência no planeta Terra e beijar-lhes as mãos maravilhosas. Eu e Eliseu ficámos uns dias com Chico e com o Eurípedes, que nos mostrou todo aquele acervo do Chico e a casa dele. À noite fomos assistir o culto, na Casa da Prece e foi uma comemoração muito bonita, uma noite inesquecível para mim, e foi-me impossível como médium sensitivo, num ambiente e numa situação dessas, conter as lágrimas de emoção. Foi uma noite realmente de festa e Chico estava feliz.
No dia 30/6/2002 (...) Ele estava atendendo as pessoas no centro, parou uns trinta segundos, baixou a cabeça, voltou e disse: “O mundo espiritual está em festa! Acaba de entrar na espiritualidade uma grande luz, uma estrela luminosa! Não disse do que se tratava….
Dez minutos depois, o celular de um companheiro que estava lá toca e nós tivemos a notícia do desencarne de Francisco Cândido Xavier. Fiquei realmente preocupado e triste porque estava em Natal e não pude ir a Uberaba para render as minhas últimas homenagens ao Chico. Mas nós todos podemos acompanhar pela TV, as imagens com o féretro no carro de bombeiro, muita gente acompanhando Chico Xavier.
Ao longo da nossa vida, aconteceram muitos fenômenos comigo e o Chico, que eu não digo a vocês, porque com menos que isso já me chamam de obsidiado. Mas esta eu partilho convosco. Uma semana depois, tive uma espécie de desdobramento e vou a Uberaba e vejo um quadro, mas antes de ver o quadro, eu vejo o Chico. E eu sabia que ele havia desencarnado. Disse: “Oh Chico! Fiquei tão triste, eu gostaria de ter vindo render-lhe minhas últimas homenagens.” E Chico disse: “ Meu filho, não se preocupe! Eu vou lhe mostrar uma coisa e você tire suas conclusões...”
Aí vem o carro de bombeiro, desse jeito, só que eu não estava na altura dele, eu estava sobre o carro de bombeiro, levitando, flutuando, não sei como era, eu sei que eu estava acima... Pude ver o caixão, a urna vindo, sem tampa, descoberto daqui pra baixo, o rosto não eu vi! Só que daqui pra baixo, meus queridos irmãos, era o corpo de Francisco de Assis! O hábito, o cordão e os pés descalços! Eu digo: Meu Deus, será que o Chico é o Francisco de Assis, ou teve uma encarnação como Francisco de Assis?... Eu nunca narro isto de público, mas trata-se de uma festa de família, de amigos do Chico. Tenho outras revelações mas até por enquanto eu guardo-as pra mim. Aí, eu comecei a me lembrar de vários episódios do Chico com os animais, com cachorros, gatos, as formigas e o veneno da vizinha, o besouro durante a psicografia com Waldo Vieira.
Então essa é uma das visões que eu acho que Chico quis me mostrar. Eu particularmente, me considero, humilde, insignificante discípulo do Chico. Para mim é um homem, que não é o que ele disse, mas o que ele fez, que é indispensável, um gesto que a gente não pode esquecer e saber que ele foi realmente, a nível de doutrina, o nosso último e grande mestre.
Severino Celestino é professor universitário de Ciências da Religião, pesquisador do judaísmo, base de todas as religiões cristãs. É estudioso da essência e conteúdo divinos da Bíblia em sua língua original, o hebraico.
Créditos: Tv A Caminho da Luz

domingo, 2 de outubro de 2016

A Parábola do Bom Samaritano


" Certa vez, estando Jesus a ensinar, eis que se levantou um doutor da  lei e lhe disse, para o experimentar: -  Mestre, que hei de fazer para alcançar a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: -  Que está escrito na lei? Como é  que lês? Tornou aquele: -  ‘Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma,  com todas as tuas forças e de toda a tua mente; e a teu próximo como a  ti mesmo.’ -  Respondeste bem, disse-lhe Jesus. Faze isto, e viverás. Mas ele, querendo justificar-se, perguntou ainda:  -  E quem é  o meu próximo?     Ao que Jesus tomou a palavra e disse: Um homem descia de Jerusalém a Jericó e caiu nas mãos dos ladrões que logo o despojaram do que levava;  e depois de o terem maltratado com muitas feridas, retiraram-se, deixando-o meio morto.      Casualmente, descia um sacerdote pelo mesmo caminho; viu-o e passou para o outro lado; Igualmente, chegou ao lugar um levita; viu-o e também passou de largo. Mas, um samaritano, que ia  seu caminho, chegou perto dele e, quando o viu, se moveu a compaixão.  Aproximou-se, deitou-lhe óleo e vinho nas chagas e ligou-as; em seguida,  fe-lo montar em sua cavalgadura, conduziu-o a uma hospedaria e teve  cuidado dele. No dia seguinte, tirou dois denários e deu-os  ao hospedeiro, dizendo: Toma cuidado dele, e o que gastares a mais  pagar-to-ei na volta.    Qual desses três  se houve como próximo daquele  que caíra nas mãos dos ladrões?    Respondeu logo o doutor:
-  Aquele que usou com o tal de misericórdia.  Então lhe disse Jesus: -  Pois vai, e faze tu o mesmo"  (Lucas 10:25-37)
  O samaritano, considerado desprezível pelos judeus ortodoxos, mas cumpridor dos seus deveres humanos, não se limitou a condoer-se do moribundo. Chegou-se a ele e o socorreu da melhor forma possível, levando-o em seguida a um lugar de repouso onde o assistiu melhor, recomendando-o ao hospedeiro e prontificando-se a ressarcir todos os gastos quando da sua volta.
  A caridade foi ali dispensada a um desconhecido, e quem a praticou não objetivou recompensa, o que não é muito comum na Terra, onde todos aqueles que praticam atos caridosos, logo pensam nas recompensas futuras, na retribuição na  vida espiritual.
Os samaritanos eram dissidentes do sistema religioso implantado na Judéia - eram os protestantes da época. Com o fito de demonstrar a precariedade dos ensinamentos da religião oficial, Jesus Cristo figurava os samaritanos como sendo aqueles que melhormente haviam assimilado os seus ensinos, concretizando em atos tudo aquilo que aprendiam através das palavras.
  Além de nos ensinar o feito generoso do samaritano da parábola, o Mestre também os tomou como paradigmas em outras circunstâncias, para ilustração reportemos-nos ao majestoso ensino sobre a Mulher Samaritana (João, 4:5-30) e o da cura de dez leprosos, dentre os quais apenas um que era samaritano lembrou-se de voltar para render graças a Deus pela cura obtida (Lucas, 17:11-19).
  Diante da pergunta: "Mestre, que hei-de fazer para alcançar a vida eterna?", Jesus não disse, absolutamente, que havia uma "salvação pela graça, mediante a fé" nem tão pouco indicou como processo salvacionista a filiação a esta ou aquela igreja; assim como não cogitou de saber qual a idéia que o outro fazia dele, se o considerava Deus ou não.  Ante a citação feita pelo doutor da lei, daqueles dois mandamentos áureos que sintetizam todos os deveres religiosos, disse-lhe apenas:    ‘faze isso, e viverás’, o que equivale a dizer: aplica as tuas forças morais, intelectuais e efetivas na produção do bem, em favor  de ti  mesmo e do próximo, e ganharás a vida eterna!”
  O tal porém, nem sequer sabia quem era o próximo! Como, pois, poderia amá-lo como a si mesmo, a fim de se tornar digno do Reino?
  Jesus, então, extraordinário pedagogo  que era, serenamente , sem  impacientar-se, conta-lhe a parábola do "bom samaritano", através da  qual  elucida o assunto, fazendo o compreender que ser próximo de alguém é  assisti-lo em suas aflições, é  socorrê-lo em suas necessidades, sem indagar de sua crença ou nacionalidade. E após argüi-lo, vendo que ele entendera a lição, conclui, apontando-lhe o caminho do céu, em meia dúzia de palavras:
-  ‘Pois vai, e faze o mesmo!’
Os apologistas cristãos dizem que Jesus apenas ensinou como amar o próximo e a parábola nada fala sobre "salvação". Como não fala, se a pergunta inicial foi sobre o que fazer para ter a Vida Eterna?    Se crer que Jesus é Deus cujo sangue salva o mundo fosse o mais importante, ele não teria colocado justamente um samaritano como exemplo. E por que justamente um samaritano, que pelo povo era tido como "herege" e aqui foi colocado como exemplo de bem-aventurança por amar ao seu próximo?   Não estava o Cristo lançando solene admoestação ao preconceito ? Não estava o Mestre Amigo dizendo que a Justiça do Pai não incide sobre ritos e dogmas, mas sobre relações de humanidade ? Afinal, resumiu o Senhor toda a lei e os profetas a quê? Vejamos: "(...) tudo o que vós quereis que vos façam os homens, fazei-o também vós a eles; esta é a lei e os profetas" (Mateus 16:27). Logo,  quanto aos critérios do Pai do Céu, no exercício de sua Justiça, nada falou o Mestre a respeito de rótulos ou ritos, apenas de atitudes, de relações de humanidade. Eram os fariseus, tão combatidos pelo Cristo, que achavam mais importante o apego as escrituras do que o amor desinteressado a Deus e ao seu próximo.
Argumentam, por fim, dizendo que Jesus não havia ainda sido crucificado e que, a partir de sua morte e ressurreição, isso mudaria e a salvação se daria somente através da crença em Jesus como Deus que se sacrificou por nós. Mas vamos analisar a situação. O que significa isso? Que Jesus deu uma bela lição contra preconceito e intolerância, mas que a partir de sua ressurreição, seria ele próprio intolerante e preconceituoso, mandando para o fogo eterno homens como aquele samaritano só por não o idolatrarem como o Deus que se fez carne, morreu e ressuscitou? Eu não acredito, por uma simples questão de lógica e, ainda, fé na bondade e amor do nosso Criador. Não acredito em um Deus egoísta assim e pronto. Aliás, os versículos abaixo foram escritos após a ressurreição do Cristo:
"pois para com Deus não há acepção de pessoas. Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados. Pois não são justos diante de Deus os que só ouvem a lei; mas serão justificados os que praticam a lei " (Romanos 2:11-13)
"Deus não faz acepção de pessoas, mas é agradável a todo aquele que em qualquer nação o teme e obra o que é justo". (Atos 10:34-25)
Está claro pra mim que,  independentemente da crença pessoal de cada um, a prática das leis de Deus agrada a Deus - o mesmo pensamento da parábola do bom samaritano.
Outro absurdo: o samaritano antes de Jesus estaria salvo, pois bastou demonstrar amor com seu próximo. Chico Xavier, Gandhi, Dalai Lama e tantos outros que não seguem esse dogma absurdo estão condenados, de acordo com o que pensam os católicos e evangélicos. Mas antes de Jesus seriam justificados apenas pelas obras. Então, pergunto: Jesus veio para salvar ou, como um Deus egoísta e cruel que exige uma adoração de tal e tal forma predeterminada(Deus que se fez homem para tirar o pecado do mundo simplesmente morrendo na cruz), CONDENAR a maior parte da Humanidade? Além do problema do tempo, de antes e depois de Jesus, há o problema do espaço: a maior parte da Humanidade não vive no mundo considerado "cristão". Assim, budistas,os selvagens, todos estariam condenados eternamente.
Jesus disse "Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros. " (João 13:35)
Isso que importa e não crenças pessoais.
Diz a Confissão de Fé de Westminster"(item XVII), órgão máximo do presbiterianismo, que "boas obras são somente aquelas que Deus recomendou em sua santa palavra, e não as que sem esta garantia são inventadas por homens por um zelo cego ou sob o pretexto de qualquer boa intenção. Obras feitas por homens não regenerados - embora em si mesmas possam ser matérias que Deus ordena - são pecaminosas e não podem agradar a Deus" (grifo meu)
Entenderam? Se um cristão não pertencer à Igreja, nem tente praticar  boas obras, porque estará é... pecando! Esse primor de intolerância, embora redigido há mais de 300 anos, continua como fundamento da teologia atual. É certo que alguns teólogos mais evoluídos têm procurado conciliar os velhos dogmas com as percepções científicas modernas, mas são logo rechaçados pelos "fundamentalistas".
    Ou seja,   o samaritano, tido como herege, é colocado como exemplo pelo Cristo. Hoje, se um "herege" praticar uma boa ação, segundo a Confissão de Fé de Westminster", estará pecando.
    E os católicos não ficam atrás. O Concílio de Trento, realizado de 1545 a 1563, anatematiza a doutrina da salvação somente pelas obras:
"811. Cân. 1. Se alguém disser que o homem pode ser justificado perante Deus pelas suas obras, feitas ou segundo as forças da natureza, ou segundo a doutrina da Lei, sem a graça divina [merecida] por Jesus Cristo — seja excomungado."
Para os cristãos de hoje, não há diferença entre Chico Xavier, Hitler, Gandhi e Fernandinho Beira-Mar. São todos "hereges" e vão pro inferno. Mas Jesus Cristo não pensava assim.

Parábola do Bom Samaritano

Parábola do Bom Samaritano
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A - Texto de Apoio:
Então, levantando-se, disse-lhe um doutor da lei, para o tentar: Mestre, que preciso fazer para possuir a vida eterna? - respondeu-lhe Jesus: Que é o que está escrito na lei? Que é o que lês nela? - Ele respondeu: Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a tua alma, com todas as tuas forças e de todo o teu espírito, e a teu próximo como a ti mesmo. - Disse-lhe Jesus: Respondeste muito bem; faze isso e viverás.

Mas, o homem, querendo parecer que era um justo, diz a Jesus: Quem é o meu próximo? - Jesus, tomando a palavra, lhe diz: Um homem, que descia de Jerusalém para Jericó, caiu em poder de ladrões, que o despojaram, cobriram de ferimentos e se foram, deixando-o semimorto. - Aconteceu em seguida que um sacerdote, descendo pelo mesmo caminho, o viu e passou adiante. -Um levita, que também veio àquele lugar, tendo-o observado, passou igualmente adiante. - Mas, um samaritano que viajava, chegando ao lugar onde jazia aquele homem e tendo-o visto, foi tocado de compaixão. - Aproximou-se dele, deitou-lhe óleo e vinho nas feridas e as pensou; depois, pondo-o no seu cavalo, levou-o a uma hospedaria e cuidou dele. - No dia seguinte tirou dois denários e os deu ao hospedeiro, dizendo: Trata muito bem deste homem e tudo o que despenderes a mais, eu te pagarei quando regressar.

Qual desses três te parece ter sido o próximo daquele que caíra em poder dos ladrões? - O doutor respondeu: Aquele que usou de misericórdia para com ele. - Então, vai, diz Jesus, e faze o mesmo. (S. LUCAS, cap. X, vv. 25 a 37.)

B - Questões para estudo e diálogo virtual:

1 - O que queria dizer o doutor da lei, com a expressão "possuir a vida eterna"?

2 - Por que, ao contar a parábola, Jesus escolheu o samaritano, e não o sacerdote ou o levita, para prestar auxílio ao necessitado?

3 - Que lição de vida Jesus nos oferece, com a parábola do Bom Samaritano?

Parábola do Bom Samaritano - Conclusão Voltar ao estudo

Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo
Sala Virtual Evangelho

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EESE093b - Cap. XV - Item 2
Tema: Parábola do Bom Samaritano
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A - Conclusão do Estudo:
Não são as práticas exteriores ou os rótulos religiosos que nos conduzem às situações melhores, mas os nossos atos de caridade para com o próximo, por amor a Deus. A religião apenas esclarece.

B - Questões para estudo e diálogo virtual:

1 - O que queria dizer o doutor da lei, com a expressão "possuir a vida eterna"?

Ele referia-se ao estado de bem-aventurança, que apenas os espíritos dos justos conseguem alcançar.

Estamos na Terra para nos aperfeiçoar. Por isso, é fundamental que conheçamos os caminhos que conduzem à perfeição.

2 - Por que, ao contar a parábola, Jesus escolheu o samaritano, e não o sacerdote ou o levita, para prestar auxílio ao necessitado?

A fim de deixar bem claro que praticar a caridade não é prerrogativa das pessoas religiosas, mas procedimento comum às almas nobres e compassivas, ainda que, às nossas vistas, pareçam distantes de Deus, por não possuírem religião.

"Jesus coloca o samaritano, considerado herético (homem sem fé), mas que pratica o amor ao próximo, acima do ortodoxo (observador da doutrina), mas que não pratica a caridade."

Não são os rótulos religiosos que nos conduzem à salvação, mas os atos de caridade para com o nosso próximo.

3 - Que lição de vida Jesus nos oferece, com a parábola do Bom Samaritano?

Ele nos exorta a olhar em volta e a descobrir as feridas - aparentes e secretas - de nossos irmãos; Ele nos estimula a amenizar-lhes as dores, a consolar-lhes as aflições, enfim, a sermos seus "bons samaritanos".

"Então, vai, diz Jesus, e faze o mesmo."

Façamos um exame dee consciência e vejamos quantos "feridos" deixamos desamparados na estrada da vida, por nosso egoísmo e indiferença.



1998-2015 | CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo

O Bom Samaritano - Marta e Maria

Estudo Dinâmico do Evangelho

Segunda edição

Amílcar Del Chiaro Filho

Capítulo XV - O Bom Samaritano - Marta e Maria

A Parábola do Bom Samaritano é privativa de Lucas, que narra no capítulo 10:25-37, é de uma beleza ímpar. A Parábola é simples e incisiva. Vejamos o que podemos entender da sua parte oculta.

Primeiro, vejamos a explicação de Pastorino sobre os doutores da lei e os escribas: eram excelentes discutidores, pois conheciam profundamente as escrituras. Costumavam fazer perguntas para embaraçar os interlocutores, e esta foi a técnica empregada pelo doutor da lei (legalista), tentando confundir Jesus. Este, muito sábio, devolve a pergunta de forma direta. Vejamos:

– Mestre, o que farei para herdar a vida eterna (imanente)?

– Na lei, como está escrito? Como lês? – pergunta Jesus.

Após a citação da lei pelo Doutor, Jesus enfatiza:

– Faze isto e viverá.

Mas o Doutor da Lei não se dá por vencido. Não podia, Era muita humilhação. Ele era um Doutor e Jesus um carpinteiro, por isso ele dispara:

– Quem é o meu próximo?

A pergunta tinha razão de ser, porque os judeus consideravam seus próximos, os pais, os filhos, os parentes, os da mesma religião, os da mesma raça, nesta ordem. Os pagãos, os samaritanos não eram próximos, mas adversários. Diante desta nova pergunta, Jesus contou a parábola. Contudo, é bom ressaltar que Jerusalém está há 800 metros acima do nível do mar. Jericó, 250 metros abaixo. Jerusalém era a capital religiosa (espiritual), Jericó a capital comercial. (interesses materiais). Podemos deduzir facilmente que subir a Jerusalém é elevar as vibrações. Descer a Jericó é abaixar as vibrações,

Terminada a parábola, é Jesus que profliga:

– Qual dos três foi o próximo daquele homem?

O Doutor da lei, para não capitular inteiramente, respondeu de forma indireta: – O que usou de misericórdia para com ele.

Jesus arrematou: – Vai também tu e faze o mesmo.

Pastorino dá uma bela explicação dizendo que aqueles assaltados pelas paixões violentas, vícios (salteadores) que lhe roubaram as qualidades positivas (saúde) e o deixaram intranqüilo, desesperançado (caído – chagado) – não são as religiões organizadas (sacerdotes) , nem os companheiros de jornada (levitas) que poderão ajudá-lo devidamente, porque, também estão adormecidos. Só alguém que já despertou para a vida maior do espírito (alma vigilante — samaritano) , é capaz de prestar-lhe socorro eficiente. Ele derramará sobre as suas feridas o óleo (bálsamo do conforto e consolação, e o vinho (explicações espirituais) e levá-lo-á à meditação ao lado de um mestre (hospedeiro) para libertar-se dos efeitos nocivos dos vícios. Aprenderá a evitar os perigosos caminhos do mundo, infestado de gozos e paixões brutais. (ladrões e salteadores).

.Outra passagem muito bonita, que é, também, privativa de Lucas, Capítulo 10:38-42 é a visita de Jesus a Betânia, para visitar Marta e Maria, irmãs de Lázaro, que mais tarde ele despertaria de um sono cataléptico. O ensinamento é bem claro, e a dicotomia, interesses materiais X interesses espirituais, é muito interessante.

Marta está na horizontalidade, fixada nos interesses materiais, de como cuidar da casa, providenciar suprimentos, preparar as refeições, trabalhar e outras coisas do gênero. (o que não tem nada de condenável quando realizado com honestidade). Maria está na verticalidade. Sua aspiração é a comunhão com a Divindade, O aprendizado superior junto ao Mestre. Ela escolheu a melhor parte e ninguém vai tirar dela. Esta sentença de Jesus é muito clara. Esta advertência deveria soar até hoje em nossos ouvidos: Marta, Marta, você corre atrás de muitas coisas é uma só necessária.

A passagem deixa a impressão que a vida contemplativa é mais importante que a vida de ação. Embora seja importante, acreditamos que o aprendizado se completa na ação. Não basta apenas ouvir o Mestre e ficar extático, é preciso praticar o que ele ensina.

Jesus aproveitou o regresso dos 72 para passar alguns ensinamentos extraordinários. Ver Mateus 11:25-30 completado em 13:16-17 — Lucas 10:17-24. Jesus dá graças ao Pai por revelar as coisas do espírito aos simples e pequeninos e ocultar aos doutos e prudentes. É preciso convir que Jesus se refere aos humildes, simples e não aos ignorantes, por que o Reino dos céus não é um reino de obtusos, mas de humildes. Os doutos e intelectuais tem dificuldades para aceitar os ensinamentos de Jesus por causa da vaidade intelectual. Logicamente, não podemos generalizar, existem muitos intelectuais profundamente ligados aos ensinamentos de Jesus, através de diferentes rótulos.

Em O Cristo Consolador – Mateus 11:28-30 – Jesus de Nazaré faz um convite aos aflitos e sobrecarregados, convidando-os a tomar sobre si o seu jugo. O convite é pleno de ternura e amor, para aqueles que sabem que são imortais que não tem dúvidas sobre a vida futura.

Allan Kardec, num comentário curto e primoroso, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, afirma que o homem que simplesmente duvida, já tem em si causa de sofrimento. A dor pesa com todo o seu peso. Diz Kardec — Todos os sofrimentos: misérias, decepções, dores físicas, perdas de entes queridos, encontram sua consolação na fé no futuro e na confiança na justiça de Deus, que o Cristo veio ensinar aos homens. ( ver Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. VI)

A respeito do jugo a que Jesus se refere, era uma expressão habitual entre os judeus, explica Pastorino. Exemplo: o jugo da Torá. O jugo dos mandamentos. O jugo da carne e do sangue. Quanto a Fardo, havia a expressão: O fardo da Lei.

Era natural que o Rabi usasse expressões comuns ao povo, como usava seus costumes e ocupações, como a vida agro-pastoril, a pesca, etc.

Da passagem do retorno dos enviados, queremos destacar que os 72 foram iniciados na Doutrina de Jesus pelos 12 discípulos do Mestre. E por sua vez, os 72 iniciariam mais 12 cada um.

Lucas 11:24-26 e Mateus 12:43-45 narram uma parábola que poderia ser intitulada Hóspede e Hospedeiro. Um hóspede (espírito obsessor) e um hospedeiro (obsedado) – que apesar de beneficiados nada fizeram para se melhorarem, mantendo-se ambos fúteis , vaidosos indiferentes, viciosos, recaíram na mesma situação.

O hóspede, expulso da casa mental por intervenção de terceiros, saiu a procura de outra pessoa para vampirizar (explorar), mas não conseguido afinidade igual, voltou para verificar a antiga moradia e viu que poderia retornar. Contudo, não querendo ser expulso novamente, trouxe consigo mais 7 obsessores piores do que ele, e todos passaram a habitar a casa mental do hospedeiro, e o último estado do homem passou a ser pior do que o primeiro.

Encontramos essa situação, muitas vezes, em centros espíritas, onde as muitas pessoas são desobsedadas, mas não modificam o seu íntimo, não corrigem os seus defeitos, resultando no retorno do obsessor, se este não se transformou também, ou de outros espíritos, por encontrar uma casa vazia, sem defesas.

Pastorino coloca que a casa varrida e adornada representa o progresso do obsedado, que reequilibrou as suas emoções, livrou-se da projeção mental do obsessor. Este, encontrando dificuldades para adentrar a casa mental do seu desafeto, vai buscar auxílio junto a espíritos piores do que ele. O obsessor prende-se aos sete por lhes ficar devendo um favor, o que será cobrado. (é a mesma situação de quem procura um macumbeiro para prejudicar alguém – o que encomenda o trabalho fica devendo ao macumbeiro e aos espíritos que o realizaram, e será cobrado oportunamente).

Outra dedução importante que podemos tirar desta passagem, é a necessidade de se tomar certos cuidados com a nossa casa mental. Assim como cuidamos da nossa residência arejando-a, varrendo-a, lavando-a, eliminando insetos nocivos, deixando o sol entrar abundantemente, precisamos cuidar da Casa do Espírito (Mente), arejando as idéias, fazendo a limpeza espiritual, livrando-nos do lixo mental, deixando o sol da prece e do estudo iluminar e aquecer o ambiente. Desta forma nenhum obsessor poderá invadir a nossa casa mental.

Na Parábola das Dez Virgens, nossa base é Huberto Rohden, de mistura com as nossa próprias observações. A explicação de Rohdem é muito interessante e não conflita com o Espiritismo, exceto num ponto fundamental que veremos mais à frente, a questão da morte do espírito.

Rohden começa por dividir a humanidade como as 10 virgens. A metade tem esse combustível misterioso, essa luz potencial, que pode a qualquer momento transformar-se em luz atual, atualizar-se. São aqueles que possuem receptividade espiritual, mesmo que pareçam estarem dormindo, porque estão espiritualmente em vigília. Estão com as suas lâmpadas cheias de óleo, prontas para serem incendiadas. A outra metade dorme física e espiritualmente, e tem as suas candeias vazias.

Rohden fala do pecado e do pecador, afirmando que o pecador, ainda cego, não percebe as suas trevas ou a consciência do seu pecado. Ao despertar a sua consciência ele está no inferno consciencial. Diz Rohden: a vinda do esposo é o momento que o pecado gostoso, passa a ser doloroso.

Rohden explica que as virgens néscias mostraram toda a sua tolice ao pedir o óleo das virgens prudentes, porque a experiência divina, a consciência cósmica, não pode ser dividida. Essas coisas são conquistas e não dádivas, por isso não podem ser usurpadas ou contrabandeadas.

Ninguém pode penetrar em regiões superiores sem estar preparado, sem ter conquistado essa condição. Aceitemos por instantes o céu e o inferno: o céu seria um inferno para os espíritos atrasados, assim como o inferno pode estar de acordo com a sua pouca evolução, seria um céu.

Rohden utiliza um exemplo simples; um homem boçal que se visse subitamente numa roda de intelectuais falando em Bethoven, Verdi, Chopin, Dante, Wagner, Mozart, Shakespeare... Quanto tempo ele suportaria esse céu intelectual. Não ficaria ardendo de vontade de retornar ao seu ambiente?

Quem busca Deus fora de si mesmo não o encontrará. Só pode receber quem tem; quem nada tem, nada poderá receber.

Ao lhes ser negado o azeite pelas virgens prudentes, as tolas foram em busca desta fabulosa experiência. Diz Rohden que ao retornarem para o esposo, o ciclo evolutivo havia terminado, e elas tiveram que esperar o início de um novo, mas aqueles que se deixarem escoar todos os ciclos e continuar na sua consciente oposição a Deus, inicia a sua trágica desintegração. ESTE É O PONTO QUE NÃO CONCORDAMOS E NOS REFERIMOS A ELE NO INÌCIO DESTA ABORDAGEM, porque nenhum espírito resistirá eternamente à sua transformação.

As virgens tolas dizem: nossas lâmpadas se apagam. Elas acendem, mas apagam. É uma chama intermitente. Quando a lâmpada da razão se enche com o óleo, a luz permanece serena, tranqüila, amiga, como um dia de verão, pleno de luz solar.

Acreditamos que podemos aproveitar os ensinamentos de Rohden que os espíritos de um determinado globo, como o nosso, que forem remanejados para mundos primitivos, estarão iniciando um novo ciclo evolutivo, que se não for aproveitado, se repetirá, muitos milênios depois, num novo remanejamento.

Outra observação que fazemos é que, quem tem as suas lamparinas cheias de azeite e acesas, não podem dar do seu azeite aos que não tem, mas pode incendiar outra lamparina. Isto é: uma chama acesa pode acender o pavio de outra lamparina, o que quer dizer que a fé, o entusiasmo (Deus dentro de si) o dinamismo, a coragem que estiverem apagados dentro do coração do outro, podem ser incendiados por nós.

A Parábola do Bom Samaritano

A Parábola do Bom Samaritano

Paulo Alves de Godoy

"Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo?"
(Lucas, 10:29)

Narra o evangelista Lucas que Jesus Cristo, certa vez, procurado por um doutor da lei, este lhe perguntou: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?

Percebendo o objetivo capcioso da indagação, ele limitou-se a indagar: O que está escrito na lei? Como lês?

A réplica do escriba não tardou: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao próximo como a ti mesmo.

Face o acerto da resposta, o Senhor lhe disse: Respondeste bem; faze isso e desfrutarás da vida eterna.

O inquiridor, entretanto, não ficou satisfeito e para justificar-se, aventurou nova pergunta: Quem é o meu próximo?

A fim de elucidar melhor a questão, o Cristo propôs-lhe uma parábola, dizendo:

Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos de salteadores, os quais, após despojá-lo de tudo, espancaram-no, deixando-o moribundo à margem da estrada.

Coincidentemente descia pelo mesmo caminho um sacerdote. Vendo-o, passou de largo.

Logo a seguir descia um levita, cujo procedimento não foi diferente daquele do sacerdote.

Entretanto, dentro em pouco surge um um samaritano que, vendo-o naquele estado deplorável, moveu-se de íntima compaixão e, descendo de sua cavalgadura, levou-o a uma hospedaria, onde continuou a cuidar dele.

Tendo que partir, no dia seguinte, deu dois dinheiros ao hospedeiro, recomendando-lhe que continuasse a dar-lhe assistência, prontificando-se a pagar, em sua volta, tudo aquilo que excedesse a importância deixada.

Após ensinar essa parábola, indagou Jesus: Qual destes três te parece que foi o próximo do homem que havia sido vítima dos salteadores, merecendo do doutor da lei a resposta: O que usou de misericórdia para com ele.

Diante desse discernimento aduziu o Senhor: Vai, e faze da mesma maneira.

O ensino propiciado por Jesus Cristo nessa edificante parábola é dos mais significativos. Nele podemos apreciar o exercício da caridade despretensiosa, incondicional, em seu sentido amplo, sem limitações.

O samaritano, considerado herege e apóstata pelos judeus ortodoxos, foi o paradigma tomado pelo Mestre para nos ensejar tão profundo ensinamento.

O grande mérito da parábola consiste em fazer evidenciar aos nossos olhos que, o indivíduo que se intitula religioso e se julga virtuoso aos olhos de Deus, nem sempre é o verdadeiro expoente de virtudes que julga possuir. Ensina aos outros como fazer caridade, mas ele nem de longe quer praticá-la.

O sacerdote que passou primeiramente, certamente atribuía a si qualidades excepcionais e se julgava zeloso cumpridor da lei e dos preceitos religiosos. Ao deparar com o moribundo, com certeza balbuciou uma prece em seu favor, mas daí até a ajuda direta a distância é enorme. O mesmo deve ter sucedido com o levita.

O samaritano, considerado desprezível pelos judeus ortodoxos, mas cumpridor dos seus deveres humanos, não se limitou a condoer-se do moribundo. Chegou-se a ele e o socorreu da melhor forma possível, levando-o em seguida a um lugar de repouso onde o assistiu melhor, recomendando-o ao hospedeiro e prontificando-se a ressarcir todos os gastos quando da sua volta.

A caridade foi ali dispensada a um desconhecido, e quem a praticou não objetivou recompensa, o que não é muito comum na Terra, onde todos aqueles que praticam atos caridosos, logo pensam nas recompensas futuras, na retribuição na a vida espiritual.

Os samaritanos eram dissidentes do sistema religioso implantado na Judéia - eram os protestantes da época. Com o fito de demonstrar a precariedade dos ensinamentos da religião oficial, Jesus Cristo figurava os samaritanos como sendo aqueles que melhormente haviam assimilado os seus ensinos, concretizando em atos tudo aquilo que aprendiam através das palavras.

Além de nos ensinar o feito generoso do samaritano da parábola, o Mestre também os tomou como paradigmas em outras circunstâncias, para ilustração reportemo-nos ao majestoso ensino sobre a Mulher Samaritana (João, 4:5-30) e o da cura de dez leprosos, dentre os quais apenas um que era samaritano lembrou-se de voltar para render graças a Deus pela cura obtida (Lucas, 17:11-19).

(Jornal Mundo Espírita de Janeiro de 1998)

A PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO

A PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO

http://espiritismo-piracicaba.blogspot.com.br/2013/01/a-parabola-do-bom-samaritano.html


“V. 29. O doutor da lei, porém, querendo parecer justo, perguntou a Jesus: E quem é o meu próximo? - 30. Jesus, tomando a palavra, lhe disse: Um homem, que descia de Jerusalém para Jericó, caiu nas mãos de salteadores, que o despojaram, o espancaram e se foram, deixando-o semimorto. - 31. Aconteceu que pelo mesmo caminho desceu um sacerdote, que o viu e passou de largo. - 32. Do mesmo modo, um levita, que também foi ter àquele lugar, viu o homem e igualmente passou de largo. - 33. Um samaritano, porém, seguindo o seu caminho, veio onde estava o homem e ao vê-lo se encheu de compaixão. - 34. Aproximou-se dele, pensou-lhe as feridas, deitando nelas óleo e vinho, colocou-o sobre a sua alimária e o levou para uma hospedaria, onde cuidou dele. - 35. No dia seguinte, tirou dois denários e os deu ao hospedeiro, dizendo: Trata desse homem; na minha volta te pagarei tudo quanto despenderes a mais. - 36. Qual dos três te parece que tenha sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? - 37. Respondeu o doutor da lei: O que para com ele usou de misericórdia. Pois vai, disse-lhe Jesus, e faze o mesmo.” Lucas cap. X, vv. 29-37.

INTERPRETAÇÃO

Que as bênçãos de Jesus iluminem os vossos corações.
Aqui estamos, mais uma vez, para participar do banquete divino que Jesus prometeu a todas as criaturas que os Seus passos seguissem.
Aqui estamos, Pai, humildes para recordarmos com amor os Vossos sábios ensinamentos, dando-lhes a percepção exata do que desejastes implantar no coração da humanidade sofredora.
Naqueles dias, o sentimento de piedade, compaixão eram considerados uma fraqueza de espírito. Ao mesmo tempo, eram permitidos os assaltos, os roubos que se faziam em plena madrugada, sem deixar vestígios e os próprios encarregados de defender a população temiam esses assaltantes sem punição.
Aquele homem dirigia-se a Jericó, quando foi assaltado e despojado dos seus bens.



Que representava este homem?
Representava todos nós que na estrada da vida caminhamos sofrendo, sendo assaltados, ludibriados e assim por diante.
Os assaltantes, todos vós sabeis, continuam despejando ao seu redor a morte, a impiedade, a maldade, a satisfação dos seus sentimentos negativos. E, assim, aquele homem despojado dos seus bens, foi atirado à estrada da vida.
É bom lembrar que a sua roupa também pode representar os bens e a honra que muitos em sua peregrinação pela Terra também perdem com o descrédito, com a desonra, com a falência.
Por que o Senhor lembrou-se de colocar em primeiro lugar o sacerdote?


Porque ele representa aquele ser que devia ter o seu coração pleno de amor, de caridade, de benevolência. No entanto, ele esqueceu seus compromissos assumidos e, temendo também ser assaltado, receando atrasar-se nas suas obrigações do Templo, passou ao largo, fingindo não ver a pobre criatura.
Depois, citou o Senhor o levita, aquele que tinha condições e meios de dar toda a assistência ao necessitado. Ele também por temor, descuido, lembrou-se apenas de si e seguiu o seu caminho.



Veio depois o samaritano, aquele que para comer teria que trabalhar. Os filhos da Samaria eram trabalhadores humildes, mas eram unidos entre si. Procuravam ajudar-se mutuamente e, por serem um pouco abandonados por seus irmãos terrenos, uniam-se para, assim coesos, não sentirem o peso daqueles que os relegavam a um segundo plano.
Esqueceu-se ele do temor dos assaltos e, de coração, atendeu o pobre homem machucado.



Prestou-lhe toda a assistência e ainda tirou da sua sacola as moedas que lhe assegurariam uns dias de assistência e de comida farta naquela hospedaria, dizendo também que voltaria para, caso o dinheiro não chegasse, completar para que nada faltasse àquele homem.
Meus irmãos, minhas irmãs, analisem este ato de bondade!
Não foi ele completo?
Se o samaritano o deixasse na hospedaria e seguisse o seu caminho teria sido caridade, mas não no setor amplo como a que foi feita. Ele pensou em tudo. Preocupou-se com a recuperação do homem e quis assegurar-lhe tudo de bem.
Este senhor que se preocupa assim, que aguarda a nossa volta é o Mestre, é Aquele que nos acompanha na caminhada terrena, zela por nós, consola-nos, ampara-nos, banha com o óleo do amor, os nossos corações, cuida das nossas feridas, essas feridas da alma, que nós mesmos criamos dentro de nós e eis que Ele tudo nos dá, a todos os instantes nos consola e promete retornar esperando pela recuperação de nossas almas, pelo reconhecimento dos nossos erros, prometendo sempre àqueles que, unidos, trabalharem no seu nome, a participação no seu reino de luz.



A Terra, meus irmãos, é esta hospedaria, é este apoio com que todos nós contamos, para a elevação dos nossos espíritos.
Procuremos nos transformar nesse bom samaritano que mereceu as graças do Senhor.
Cultivemos o bem, pratiquemo-lo para que possamos contribuir para a nossa felicidade e a dos nossos irmãos que, como nós, perambulam por este plano em busca da salvação.
Não nos transformemos em dogmáticos sacerdotes que apenas decoram orações, mas que não as aceitam e não as praticam.
Não sejam também criaturas vaidosas que, inebriadas pelo poder apenas cuidam e pensam em si próprios.
Lembrai-vos de que ninguém poderá bastar-se a si próprio.
Todos necessitam de uma mão amiga para lhes amparar nos momentos difíceis.



Todos, sem exceção, um dia serão atirados das mais rudes maneiras, à margem da sociedade para que tenham a sua lição de humanidade e aprendam a dar valor a todo aquele que lhe vier em nome de Deus.
Irmãos! Meditai sobre a parábola de hoje.
Espalhai esses ensinamentos, não importa a quem.
Não vos contenteis em ser apenas o bom advogado, que tudo queria saber, aprender, mas que guardaria tudo só para si.
Não vos preocupeis com o julgamento que de vós fizerem.
É necessário ter em mente apenas servir ao Senhor, trazer aos dias de hoje aquelas palavras que removeram montanhas, sacudiram templos, atiraram criaturas indefesas às feras, mas que venceram, porque traduziam amor, porque vinham banhadas pela luz da caridade.
Nenhum empecilho as impediu de vencer os séculos e, até hoje, estão elas vivas, prontas para serem lançadas à terra virgem, do coração do homem.
Que o Senhor Onipotente vos ilumine!
Que Jesus vos transforme num samaritano do amor divino!
Graças a Deus!

(Extraído do livro: As Divinas Parábolas – Autor: Samuel (Espírito), médium: Neusa Aguiló de Souza – Centro Espírita Oriental “Antonio de Pádua”, Recife, PE – 1982, p. 46-49)
 

Julio Flávio Rosolen, é espírita, membro da diretoria e da casa Sociedade Espírita Casa do Caminho de Piracicaba, é Coronel da Reserva do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo e colabora com nosso BLOG ESPIRITA.

A Parábola do Bom Samaritano e o Planeta de Regeneração

A Parábola do Bom Samaritano e o Planeta de Regeneração

Escrito por Alan Diniz Souza

A Parábola Do Bom Samaritano E O Planeta De RegeneraçãoNa Parábola do Bom Samaritano encontramos exemplos fantásticos a nos inspirar em nossa ascensão a Deus.

Necessário se faz lembrar que em todas as parábolas constantes nos Evangelhos encontramos os mais belos exemplos para praticarmos o amor. Seus textos, são compostos de mais de 50% de parábolas, que são histórias criadas por Jesus para ilustrar ensinamentos que sempre nos colocam no caminho do amor, roteiro essencial de nossa vida.

“As parábolas do Evangelho são como as sementes divinas que desabrochariam, mais tarde, em árvores de misericórdia e de sabedoria para a Humanidade”, nos falou Emmanuel na questão 290 do Livro “O Consolador”.

Na época de Jesus se perguntava entre os judeus quem iria herdar a vida eterna? Eles acreditavam que o messias viria e iria instalar o novo mundo (regeneração), onde os justos herdariam o mundo novo e os injustos arderiam no “geol”. Quem então seriam os herdeiros? Como selecionar justos e injustos?

Um Dr. da Lei então lhe pergunta: - O que devo fazer para herdar a terra? Jesus lhe responde: - O que está escrito? - Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Jesus: - Respondeste corretamente, faze isso e viverás.

Neste momento o Dr. da Lei faz a pergunta chave da nossa parábola: - Quem é meu próximo? Jesus então conta com a Parábola do Bom Samaritano...

Quem é meu próximo? Quantas vezes nos perguntamos?

Vivemos num planeta de Provas e Expiações, naturalmente não estamos por aqui de férias ou lazer! Muitas vezes nos achamos mais importantes, demonstrando todo nosso orgulho ou egoísmo, desprezando as pessoas, achando que o mundo esta aí para nos servir. Onde queremos chegar? Quando vamos parar a roda das reencarnações? Sempre voltando ao plano espiritual carregados de situações e dívidas a resolver?

Allan Kardec no Evangelho Segundo o Espíritismo nos afirma: “Os planetas progridem nos seus aspectos materiais e morais. Materialmente, pela transformação dos elementos que os compõem. Moralmente, pela depuração dos Espíritos encarnados e desencarnados que os povoam. Esses progressos se realizam paralelamente, pois, o melhoramento da habitação acompanha, de certo modo, o aprimoramento de seus habitantes.”

“A Terra deixará, um dia, o estágio de expiação e provas e passará para a condição de mundo de regeneração, pois, este globo, como tudo na Natureza, está submetido à lei do progresso. Materialmente, a Terra tem experimentado transformações que vêm tornando-a sucessivamente habitável por seres cada vez mais aperfeiçoados, mas, para que a felicidade impere na Terra, torna-se preciso que somente a povoem Espíritos bons, que unicamente se dediquem ao bem.”

“A Terra não terá de transformar-se por meio de cataclismo que aniquile de súbito uma geração. A atual desaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que haja mudança alguma na ordem natural das coisas. Em cada criança que nascer em vez de um Espírito atrasado e inclinado ao mal, que antes nela encarnaria, virá um Espírito mais adiantado e propenso ao bem.”

“A ascensão da Terra na hierarquia dos mundos depende essencialmente da elevação moral de seus habitantes. Portanto, é grande nossa responsabilidade nesse processo de transformação do planeta para um mundo de regeneração, onde a prevalência do bem sobre o mal atrairá para a Terra os bons Espíritos, afastando dela os maus.”

Portanto, o que estamos esperando para ser o próximo de alguém?

Parábola do Bom Samaritano


14 - Parábola do Bom Samaritano

Certa vez, estando Jesus a ensinar, "eis que se levantou um doutor da lei e lhe disse, para o experimentar: - Mestre, que hei de fazer para alcançar a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: - Que está escrito na lei? Como é que lês? Tornou aquele: -

"Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, com todas as tuas forças e de toda a tua mente; e a teu próximo como a ti mesmo". - Respondeste bem, disse-lhe Jesus . Faze isto, e viverás. Mas ele, querendo justificar-se, perguntou ainda: - E quem é o meu próximo? Ao que Jesus tomou a palavra e disse: Um homem descia de Jerusalém a Jerico e caiu nas mãos dos ladrões que logo o despojaram do que levava; e depois de o terem maltratado com muitas feridas, retiraram-se, deixando-o meio morto. Casualmente, descia um sacerdote pelo mesmo caminho; viu-o e passou para o outro lado. Igualmente, chegou ao lugar um levita; viu-o e também passou de largo. Mas, um samaritano, que ia seu caminho, chegou perto dele e, quando o viu, se moveu à compaixão. Aproximou-se, deitou-lhe óleo e vinho nas chagas e ligou-as; em seguida, fê-lo montar em sua cavalgadura, conduziu-o a uma hospedaria e teve cuidado dele. No dia seguinte, tirou dois denários e deu-os ao hospedeiro, dizendo: Toma cuidado dele, e o que gastares a mais, pagar-te-ei na volta. Qual destes três se houve como próximo daquele que caíra nas mãos dos ladrões? Respondeu logo o doutor: - Aquele que usou com o tal de misericórdia. Então lhe disse Jesus: - Pois vai, e faze tu o mesmo" ( Lucas, X, 25-37 ).
 
Qual o ensinamento que o Mestre aí nos dá? O de que para entrarmos na posse da vida eterna não basta memorizarmos textos da Sagrada Escritura. O que é preciso, o que é essencial, para a consecução desse objetivo, é pormos em prática, é vivermos a lei de amor e de fraternidade que ele nos veio revelar e exemplificar.
Haja vista que o seu interpelante, no episódio em tela, é um doutor em teologia, que provou ser versado em religião, visto que repetiu de cor, sem pestanejar, palavra por palavra, o conteúdo dos dois principais mandamentos divinos.
Mas, conquanto fosse um mestre religioso e nessa condição conhecesse muito bem a lei e os profetas, não estava tranqüilo com a própria consciência; sentia, lá no íntimo da alma, que algo ainda lhe faltava . Daí a sua pergunta: - "Mestre, que hei de fazer para alcançar a vida eterna?”.
Não o martirizasse uma dúvida atroz sobre se seriam suficientes os seus conhecimentos teológicos e os privilégios de sua crença para ganhar o reino do céu, e não se teria ele dirigido ao Mestre da forma como o fez.
Notemos agora que isso é de suma importância, em sua resposta, Jesus não disse, absolutamente, que havia uma "predestinação eterna", isto é, "uma providência especial”, que assegura aos eleitos graças eficazes para lhes fazer alcançar, infalivelmente, a glória eterna"; também não falou que havia uma salvação pela graça, mediante a fé; nem tampouco indicou como processo salvacionista à filiação a esta ou àquela igreja; assim como não cogitou de saber qual a idéia que o outro fazia dele, se o considerava Deus ou não.
Ante a citação feita pelo doutor da lei, daqueles dois mandamentos áureos que sintetizam todos os deveres religiosos, disse-lhe apenas: "Faze isso, e vivereis", o que equivale a dizer: - aplica toda a tua força moral, intelectual e afetiva na produção do BEM, em favor de ti mesmo e do próximo, e ganharás a vida eterna!
O tal, porém, nem sequer sabia quem era o seu próximo! Como, pois, poderia ama-lo como a si mesmo, a fim de se tornar digno do Reino?
Jesus, então, extraordinário pedagogo que era, serenamente, sem impacientar-se, conta-lhe a parábola do "bom samaritano", através da qual elucida o assunto, fazendo-o compreender que ser próximo de alguém é assisti-lo em suas aflições, é socorrê-lo em suas necessidades, sem indagar de sua crença ou nacionalidade. E após argüi-lo, vendo que ele entendera a lição, conclui, apontando-lhe o caminho do céu em meia dúzia de palavras: - "Pois vai e faze o mesmo!".
Se a salvação dos homens dependesse realmente de "opiniões teológicas" ou de "sacramentos" desta ou daquela espécie, como querem fazer crer os atuais doutores da lei, não seria essa a ocasião azada, oportuna, propícia, para que Jesus o afirmasse peremptoriamente?
Mas não! Sua doutrinação é completamente diferente disso tudo: - Toma um homem desprezível aos olhos dos judeus ortodoxos, tido e havido por eles como herege um samaritano, é incrível! Aponta-o como "modelo", como "padrão", aos que desejem penetrar nos tabernáculos eternos!
E' que aquele renegado sabia praticar boas obras, sabia amar os se s semelhantes, e, para Jesus, o que importa, o que vale, o que pesa, não são os "credos" nem os "formalismos litúrgicos", mas os "bons sentimentos", porque são eles que modelam idéias e dinamizam ações, caracterizando os verdadeiros súditos do Reino Celestial.

A PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO E A INDIFERENÇA HUMANA


“Um homem, que descia de Jerusalém para Jericó, caiu nas mãos de ladrões que o despojaram, cobriram-no de feridas e se foram, deixando-o semimorto. Aconteceu, em seguida, que um sacerdote descia pelo mesmo caminho e tendo-o percebido passou do outro lado. Um levita, que veio também para o mesmo lugar, tendo-o considerado, passou ainda do outro lado. Mas um samaritano que viajava, chegou ao lugar onde estava esse homem, e tendo-o visto, foi tocado de compaixão por ele. Aproximou-se, pois, dele, derramou óleo e vinho em suas feridas e as enfaixou; tendo-o colocado sobre seu cavalo, conduziu-o a uma hospedaria e cuidou dele...”

Parábola do Bom Samaritano, Capítulo XV, item 2 de O Evangelho Segundo o Espiritismo.


Atualmente não sabemos o que nos choca mais: se o assassinato de pais pelos filhos ou se o do filho por um pai desesperado. Ficamos petrificados ao ouvir um grupo de rapazes de bom nível social declarar que só atearam fogo no índio pataxó, pois julgavam ser um mendigo.

Assistimos com imensa dor milhares de jovens e adultos se reduzirem a trapos humanos em virtude das drogas. Causa-nos compaixão verificar que tantos outros se transformaram em cabides e vitrines para as grifes da moda e em ouvidos e olhos, que mais parecem esponjas a absorver tudo o que vêem pela frente.

E nós, iludidos, achamos que permanecemos imunes a todo esse apelo que implica em milhares de imposições que nos são enfiadas goela abaixo no nosso cotidiano veloz e conturbado. Ledo engano!!!

Compramos um modelo de vida ideal, um sonho que poderia ser alcançado por todos, sem dores nem preços a pagar. Um casamento ideal, um emprego fantástico, filhos doces e submissos a nossos sonhos, casa, carro, saúde perene, uma alegria permanente, uma festa eterna... E assim fomos nos afastando da realidade, da vida simples, das nossas emoções, dos nossos limites humanos e principalmente da nossa proposta para a encarnação atual.

Enfrentamos um conflito permanente entre o que é viver de verdade, encarar nossos desafios conforme programado para nossa etapa reencarnatória e a “vida de sonhos” que o sistema econômico que nos abriga propõe e impõe. Talvez seja esse nosso maior desafio nesta jornada: nos mantermos íntegros e fiéis aos nossos propósitos de evolução, vencendo essa batalha, já que iludidos, buscamos o que a vida não nos pode dar.

Somos levados, em conseqüência desse conflito entre o real e o sonho, a tomarmos uma posição cada vez mais individualista, buscando alcançar nossos objetivos a qualquer preço e tendo isso como nosso único foco. Voltamo-nos apenas para nossos próprios problemas, nossas depressões, ódios, revoltas e insatisfações. Somos eternos famintos em busca da perfeita felicidade que nunca é alcançada, pois a procuramos sabe lá Deus em que lugar e, muitas vezes no caminho onde certamente ela não está. E nessa permanente e irreconhecida infelicidade, passamos a agir com indiferença diante de nossos semelhantes. Infelizmente, essa é uma tendência cada vez maior, chegando aos disparates extremos que povoam as páginas policiais.

Quanto menor a consciência, maior é o risco dessa indiferença caminhar para o alheamento, que faz com que o ser humano não reconheça o outro como um semelhante, desqualificando-o e não o respeitando na sua integridade física, psíquica, moral e até mesmo espiritual. O outro passa a ser apenas um fornecedor ou portador de objetos, valores ou desejos. Nada mais vale além disso. E esta é a real origem da violência que nos espanta, amedronta e paralisa. Se o pai é um empecilho, elimina-se. Se aparece o impulso para dar vazão à violência, incendeia-se o mendigo.

Hoje, num mau momento, podemos passar por cima de um irmão que está deitado em nosso caminho e ainda reclamar perguntando porque não se deitou em outro lugar. Todos os que nos retardam os propósitos de viver rapidamente são tratados como transtornos, adversários. Desde as atitudes menos lesivas até as mais perversas, estamos todos sendo atingidos por esse mal. A violência divulgada nos meios de comunicação nos choca, mas logo é esquecida.

Recordando-nos da parábola do Bom Samaritano, nos questionamos: se hoje Jesus fosse perguntado sobre quem poderia ser o nosso próximo, talvez dissesse que é aquele “estranho” com quem “trombamos” todos os dias, pois possui a chave da mesma casa, ou talvez nosso “adversário” de trabalho com quem medimos força e poder ou o chefe que grita, ou ainda o garoto pobre do cruzamento da avenida, os praticantes de outras crenças muitas vezes intolerantes, o companheiro da mesma fé que nos desagrada. São tantos... São todos. E nós, permanecemos alheios à sua existência como irmãos, compostos das mesmas células e por espíritos semelhantes, que como nós sofrem contingências, dores e dificuldades.

Nesse campo a impiedade impera, já que no alheamento, as pessoas não conseguem enxergar sua violência, muitas vezes disfarçada sob a capa do medo ou de desculpas escapistas. Apenas nos posicionamos diante dessa impiedade no momento em que, nos tornamos o próximo irreconhecido pela agressividade daqueles que nos vêem como meros suportes dos seus objetos de desejo, sejam eles um tênis, um Rolex, um cargo ou qualquer outra coisa. É nesse momento que clamamos por um samaritano que ainda tenha a capacidade de sentir compaixão, que nos dispense um mínimo de atenção e nos limpe as feridas, estas, hoje abertas em nossas consciências doridas.

Nestes tempos em que a materialidade e o narcisismo dita as regras de vida, nossa miséria espiritual e psíquica precisa ser sanada. Que não seja às custas de uma dor maior do que a que já sentimos por estarmos apartados da nossa essência espiritual e não termos ainda aprendido a viver como nos exortou o Espírito Protetor no capítulo VII, item 10 de O Evangelho Segundo o Espiritismo.

Temos o livre arbítrio que nos possibilita colocarmo-nos no papel do agredido ou no do samaritano, que nos fará reencontrar nossa humanidade perdida. Os dois caminhos, sem dúvida, são eficazes para o redespertar: a dor sentida na pele ou o bálsamo que estanca feridas. A escolha, como sempre, será nossa. Se voltarmos os nossos olhos para os que se encontram vivenciando a dor e colocarmos nosso coração e o trabalho de nossas mãos a serviço da caridade, que poderá nos irmanar, certamente voltaremos a enxergar o próximo como um reflexo de nós mesmos.

Lilian Approbato de Oliveira

Parábola do Bom Samaritano - links

http://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2013/04/EADE-Livro-II-parte1.pdf - ver p. 131

http://www.espiritoimortal.com.br/a-parabola-do-bom-samaritano-espiritismo/

http://pt.slideshare.net/igmateus/bom-samaritano-13332266

http://www.redeamigoespirita.com.br/video/par-bola-do-bom-samaritano-severino-celestino

http://www.redeamigoespirita.com.br/video/haroldo-dutra-a-par-bola-do-bom-samaritano

http://www.febtv.com.br/parabola-do-bom-samaritano-sima%CC%83o-pedro_9321009c1.html


A Parábola do Bom Samaritano

A Parábola do Bom Samaritano

Um dia, um pobre homem descia da cidade de Jerusalém para uma outra cidade, Jericó, a trinta e três quilômetros daquela capital, no vale do Rio Jordão.

A estrada era cheia de curvas. Nela havia muitos penhascos, em cujas grutas era comum se refugiarem os salteadores de estradas, que naquele tempo eram muitos e perigosos.

O pobre viajante foi assaltado pelos ladrões. Os salteadores usaram de muita maldade, pois, além de roubarem tudo o que o pobre homem trazia, ainda o espancaram com muita violência, deixando-o quase morto no caminho.

Logo depois do criminoso assalto, passou por aquele mesmo lugar um sacerdote do Templo de Salomão. Esse sacerdote vinha de Jerusalém, onde possivelmente terminara seus serviços religiosos, e se dirigia também para Jericô. Viu o pobre viajante caido na estrada, ferido, meio morto. Não se deteve, porém, para socorrê-lo. Não teve compaixão do pobre ferido, abandonado no chão da estrada. Apesar dos seus conhecimentos da Lei de Deus, era um homem de coração muito frio. Por isso, continuou sua viagem, descendo a montanha, indiferente aos sofrimentos do infeliz...

Instantes depois, passa também pelo mesmo lugar um levita. Os levitas eram auxiliares do culto religioso do Templo. Esse levita não procedeu melhor do que o sacerdote. Também conhecia a Lei de Deus, mas, na sua alma não havia bondade e ele fez o mesmo que o padre, seu chefe. Viu o ferido e passou de largo.

Uma terceira pessoa passa pelo mesmo lugar. Era um samaritano, que igualmente vinha de Jerusalém. Viu também o infeliz ferido da estrada, mas, não procedeu com: o sacerdote e o levita. O bom samaritano desceu do seu animal, aproximou-se do pobre judeu e se encheu de grande compaixão, quando o contemplou de perto, com as vestes rasgadas e sangrentas e o corpo ferido pelas pancadas que recebera.

Imediatamente, o bondoso samaritano retirou do seu saco de viagem duas pequenas vasilhas. Uma era de vinho, com ele desinfetou as feridas do pobre homem; outra, de azeite, com que lhe aliviou as dores. Atou-lhe os ferimentos e levantou o desconhecido, colocando-o no seu animal. Em seguida, conduziu-o para uma estalagem próxima e cuidou dele como carinhoso enfermeiro, durante toda a noite.

Na manhã seguinte, tendo de continuar sua viagem, chamou o dono do pequeno hotel, entregou-lhe dois denários (*) e recomendou-lhe que cuidasse bem do pobre ferido:

- Tem cuidado com o pobre homem. Se gastares alguma coisa além deste dinheiro que te deixo, eu te pagarei tudo quando voltar.

*

Jesus contou esta parábola a um doutor da lei que Lhe havia perguntado:

- Mestre, que devo fazer para possuir a Vida Eterna?

Jesus lhe respondeu que era necessário amar a Deus de todo o coração, de toda a alma, de todas as forças e de todo o entendimento; e também amar ao próximo como a si mesmo.

O doutor da lei, apesar de sua sabedoria, perguntou ao Divino Mestre quem é o próximo. Então, Jesus lhe contou a Parábola do Bom Samaritano. Terminada a história, o Senhor perguntou ao sábio judeu:

- Qual dos três (o sacerdote, o levita ou o samaritano) te parece que foi o próximo do pobre homem que caiu em poder dos ladrões?

- Foi o que usou de misericórdia para com ele -respondeu o doutor.

- Vai e faze o mesmo - disse-lhe o Divino Mestre.

*

Entendeu, filhinho, a Parábola do Bom Samaritano?

O doutor da lei queria saber quem ele deveria considerar seu próximo, a fim de amar esse mesmo próximo. Mas, Jesus lhe respondeu indiretamente àpergunta, com outra questão: "Quem foi o próximo do homem ferido?" Jesus indagou do doutor da lei quem soube ter amor no coração para o desconhecido padecente da estrada. E o doutor, que era um judeu (os judeus odiavam os samaritanos), confessou que foi o samaritano.

"Vai e faze o mesmo" - é a ordem eterna do Mestre. O nosso próximo, filhinho, é qualquer pessoa que esteja em nosso caminho; é qualquer alma necessitada de auxílio; é aquele que tem fome, que tem sede, que está desamparado, que está sofrendo na prisão ou no leito de dor...

Que você, meu filho, imite sempre o Bom Samaritano. Esteja sempre pronto para socorrer quem sofre, como o bondoso samaritano fez, sem qualquer indagação ao necessitado.

Que você faça o mesmo, como Jesus pediu. Nunca pergunte, nunca procure saber coisa alguma daquele que você pode e deve auxiliar. Não se interesse em saber se o pobre, se o doente, se o orfãozinho necessitado é espírita ou católico, se é judeu ou protestante, se é pessoa branca ou de cor. Não se interesse em saber quais as idéias que ele professa ou a politica que ele acompanha. Não cultive no coraçãozinho os odiosos preconceitos de raça, de religião ou de cor. Que você olhe apenas as feridas de quem sofre, para pensá-las. Que você enxergue somente a dor do próximo, para aliviá-la.

Imite o Bom Samaritano, filhinho. É Jesus quem pede ao seu coraçãozinho: "Vá e faça o mesmo", sempre, em toda parte, com quem quer que seja.

Este é o caminho da Vida Eterna, com Jesus.

(*) O denário era uma moeda romana, em curso na Palestina no tempo de Jesus.

TAVARES, Clóvis. Histórias que Jesus Contou. LAKE. Capítulo 2. (Lucas, capítulo 10º, versículos 25 a 37).

PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO

http://espiritismo-nascimento.blogspot.com.br/2011/08/parabola-do-bom-samaritano.html

Parábola: significa narrativa curta ou apólogo, muitas vezes erroneamente definida também como fábula. Sua característica é ser protagonizada por seres humanos e possuir sempre uma razão moral que pode ser tanto implícita como explícita. Ao longo dos tempos vem sendo utilizada para ilustrar lições de ética por vias simbólicas ou indiretas. Eram as histórias geralmente extraídas da vida cotidiana utilizadas por Jesus Cristo para ensinar aos seus discípulos. Segundo Marcos 4, versos 11-12, eram utilizadas por Jesus para que somente seus discípulos as entendessem plenamente. Este gênero já era utilizado por muitos dos antigos profetas.
Sacerdote: é uma autoridade ou ministro religioso, habilitado para dirigir ou participar em rituais sagrados de uma religião em particular. Eles também têm a autoridade ou o poder de administrar os ritos religiosos, em especial, os ritos de sacrifício e expiação de uma divindade ou divindades. Seu cargo ou posição é chamado de Sacerdócio, um termo que pode também se aplicar a essas pessoas coletivamente.

Levitas: Aos que crêem nas Escrituras, é inegável que Levi tenha sido uma tribo como as outras, separada, porém por Deus para exercer o sacerdócio. Entretanto, a situação da tribo no momento em que o Pentateuco teria sido escrito, bem como sua posição na sociedade judaica após o exílio na Babilônia geram discussão entre estudiosos.
Alguns acreditam que Levi tenha sido uma das tribos que teria fugido do Egito, e ao chegar a Canaã teriam se aliado a outras tribos hebraicas autóctones, e, após a organização destas tribos e sua fusão em uma só nação, os levitas teriam sido designados ao sacerdócio.
Outra corrente acredita que os levitas teriam sido uma casta à parte do sistema tribal existente, uma elite com poderes políticos originados de sua relação de exclusividade com Deus. Essa não era uma postura incomum no Oriente Médio antigo ou em outras regiões, e observava-se a existência de classes sacerdotais rígidas na Mesopotâmia e na Índia fundamentadas no direito exclusivo destas classes em interferir junto a Deus pela ordem de suas sociedades.

Samaritanos: são um pequeno grupo étnico-religioso aparentado aos judeus que habita nas cidades de Holon e Nablus situadas em Israel e na Cisjordânia respectivamente. Designam-se a si próprios como Shamerim o que significa "os observantes" (da Lei); desde há alguns anos os Samaritanos tem vindo igualmente a usar o termo "israelita-samaritanos".
A religião dos Samaritanos baseia-se no Pentateuco, tal como o judaísmo. Contudo, ao contrário deste, o samaritanismo rejeita a importância religiosa de Jerusalém. Os samaritanos não possuem rabinos e não aceitam o Talmud (registro das discussões rabínicas que pertencem à lei, ética, costumes e história do judaísmo.) dos judeus ortodoxos.
Os samaritanos não se consideram judeus, mas descendentes dos antigos habitantes do antigo reino de Israel (ou reino da Samaria). Os judeus ortodoxos consideram-nos por sua vez descendentes de populações estrangeiras, que adotaram uma versão adulterada da religião hebraica; como tal, recusam-se a reconhecê-los como judeus ou até mesmo como descendentes dos antigos israelitas. O Estado de Israel reconhece-os como judeus.

A Parábola do Bom Samaritano

(Lucas, 10:25-37)
Narra o evangelista Lucas que Jesus Cristo, certa vez, procurado por um doutor da lei, este lhe perguntou: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
Percebendo o objetivo capcioso da indagação, ele limitou-se a indagar: O que está escrito na lei? Como lês?
A réplica do escriba não tardou: Amará ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao próximo como a ti mesmo.
Face o acerto da resposta, o Senhor lhe disse: Respondeste bem; faze isso e desfrutarás da vida eterna.
O inquiridor, entretanto, não ficou satisfeito e para justificar-se, aventurou nova pergunta: Quem é o meu próximo?
A fim de elucidar melhor a questão, o Cristo propôs-lhe uma parábola, dizendo:
Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos de salteadores, os quais, após despojá-lo de tudo, espancaram-no, deixando-o moribundo à margem da estrada.
Coincidentemente descia pelo mesmo caminho um sacerdote. Vendo-o, passou de largo.
Logo a seguir descia um levita, cujo procedimento não foi diferente daquele do sacerdote.
Entretanto, dentro em pouco surge um samaritano que, vendo-o naquele estado deplorável, moveu-se de íntima compaixão e, descendo de sua cavalgadura, levou-o a uma hospedaria, onde continuou a cuidar dele.
Tendo que partir, no dia seguinte, deu dois dinheiros ao hospedeiro, recomendando-lhe que continuasse a dar-lhe assistência, prontificando-se a pagar, em sua volta, tudo aquilo que excedesse a importância deixada.
Após ensinar essa parábola, indagou Jesus: Qual destes três te parece que foi o próximo do homem que havia sido vítima dos salteadores, merecendo do doutor da lei a resposta: O que usou de misericórdia para com ele.
Diante desse discernimento aduziu o Senhor: Vai, e faze da mesma maneira.

O ensino propiciado por Jesus Cristo nessa edificante parábola é dos mais significativos. Nele podemos apreciar o exercício da caridade despretensiosa, incondicional, em seu sentido amplo, sem limitações.
O samaritano, considerado herege e apóstata pelos judeus ortodoxos, foi o paradigma tomado pelo Mestre para nos ensejar tão profundo ensinamento.
O grande mérito da parábola consiste em fazer evidenciar aos nossos olhos que, o indivíduo que se intitula religioso e se julga virtuoso aos olhos de Deus, nem sempre é o verdadeiro expoente de virtudes que julga possuir. Ensina aos outros como fazer caridade, mas ele nem de longe quer praticá-la.
O sacerdote que passou primeiramente, certamente atribuía a si qualidades excepcionais e se julgava zeloso cumpridor da lei e dos preceitos religiosos. Ao deparar com o moribundo, com certeza balbuciou uma prece em seu favor, mas daí até a ajuda direta a distância é enorme. O mesmo deve ter sucedido com o levita.
O samaritano, considerado desprezível pelos judeus ortodoxos, mas cumpridor dos seus deveres humanos, não se limitou a condoer-se do moribundo. Chegou-se a ele e o socorreu da melhor forma possível, levando-o em seguida a um lugar de repouso onde o assistiu melhor, recomendando-o ao hospedeiro e prontificando-se a ressarcir todos os gastos quando da sua volta.
A caridade foi ali dispensada a um desconhecido, e quem a praticou não objetivou recompensa, o que não é muito comum na Terra, onde todos aqueles que praticam atos caridosos, logo pensam nas recompensas futuras, na retribuição na a vida espiritual.
Os samaritanos eram dissidentes do sistema religioso implantado na Judéia - eram os protestantes da época. Com o fito de demonstrar a precariedade dos ensinamentos da religião oficial, Jesus Cristo figurava os samaritanos como sendo aqueles que melhor mente havia assimilado os seus ensinos, concretizando em atos tudo aquilo que aprendiam através das palavras.
Além de nos ensinar o feito generoso do samaritano da parábola, o Mestre também os tomou como paradigmas em outras circunstâncias, para ilustração reportemo-nos ao majestoso ensino sobre a Mulher Samaritana (João, 4:5-30) e o da cura de dez leprosos, dentre os quais apenas um que era samaritano lembrou-se de voltar para render graças a Deus pela cura obtida (Lucas, 17:11-19).
(Jornal Mundo Espírita de Janeiro de 1998)
No Novo Testamento, samaritano é o nome dado aos habitantes do distrito de Samaria; mas o nome tem profundos matizes religiosos. Para os judeus, os Samaritanos eram um grupo herético e cismático e por isso, eram repudiados e odiados mais do que os pagãos A origem do cisma entre judeus e samaritanos se aprofunda na primitiva história israelita. Os judeus que se estabeleceram em Jerusalém após o Edito de Ciro (538 a.C) não consideravam a comunidade que habitava no distrito de Samaria, e antigo centro de Israel, como verdadeiros israelitas. Eles eram descendentes de uma população mista de assírios e mesopotâmicos. Essas populações tinham introduzido na terra de Israel o culto a seus próprios deuses

Samaritano era tido como herege, infiel, macumbeiro, sincretista.
O levita ou fariseu era só de fachada, tipo fanáticos sem citar denominações.
O sacerdote pode ser qualquer sacerdote de qualquer religião que coloca o ofício antes da caridade. Ser sacerdote de verdade é amar a DEUS servindo aos irmãos necessitados e não fazer pregações, cultos, giras, missas. Isto pode até ter seu valor, mas DEUS espera antes que a caridade para quem necessita venha sempre primeiro.

Foi um tapa para fanáticos e religiosos de fachada, pois Jesus usou a imagem de alguém que era tido como macumbeiro, feiticeiro, herege que era a imagem do samaritano.
Jerusalém e Jerico

Descia um homem de Jerusalém a Jericó...
Para entender isso, há que compreender que, de fato, para ir de Jerusalém a Jericó se desce, pois Jerusalém situa-se a 2.000 metros de altitude, e Jericó, junto ao mar Morto, está a 250 metros abaixo do nível do mar.

PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO

"Levantando-se um doutor da lei experimentou-o, dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: Que é o que está escrito na lei? como lês tu? Respondeu ele: Amará ao Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda a sua alma, de toda a tua força e de todo o teu entendimento e ao próximo como a ti mesmo. Replicou-lhe Jesus: Respondeste bem; faze isso e viverás. Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: E quem é o meu próximo? Prosseguindo Jesus disse: Um homem descia de Jerusalém a Jericó; e caiu nas mãos de salteadores que, depois de o despirem e espancarem, se retiraram, deixando-o meio morto.

Por uma coincidência descia por aquele caminho um sacerdote; e quando o viu, passou de largo. Do mesmo modo também um levita, chegando ao lugar e vendo-o, passou de largo. Um samaritano, porém, que ia de viagem, aproximou-se do homem, e, vendo-o teve compaixão dele; e chegando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; e pondo-o sobre seu animal, levou-o para uma hospedaria e tratou-o. No dia seguinte tirou dois denários, deu-os ao hospedeiro e disse: Trata-o, e quanto gastares de mais, na volta to pagarei.

Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? Respondeu o doutor da lei: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Disse-lhe Jesus: “Vai e faze tu o mesmo”.

(Lucas, X, 25-37)

Segundo nos dita CAIRBAR SCHUTEL

Se examinarmos atentamente a Doutrina de Jesus, veremos em todos os seus princípios a exaltação da humildade e a humilhação do orgulho. As personalidades mais impressionantes e significativas de suas parábolas são sempre os pequenos, os humildes, os repudiados pelas seitas dominantes, os excomungados pela fúria e ódio sacerdotal, os acusados pelos doutores da lei. pelos rabinos, pelos fariseus e escribas do povo, em suma, os chamados heréticos e descrentes! Todos estes são os preferidos de Jesus, e julgados mais dignos do Reino dos Céus que os potentados da sua época, que os sacerdotes ministradores da lei, que os grandes, os orgulhosos, os representantes da alta sociedade!

Leiam a passagem da "mulher adúltera", a Parábola do Publicano e do Fariseu, a do Filho Pródigo, a da Ovelha Perdida, a do Administrador Infiel, a do Rico e o Lázaro; veja o encontro de Jesus com Zaqueu, ou com Maria de Betânia, que lhe ungiu os pés; a Parábola do Grão de Mostarda em contra posição à frondosa Figueira sem Frutos, e a do Tesouro Escondido em contraposição à dos tesouros terrenos e das ricas pedrarias que adornavam os sacerdotes! Esta afirmação se confirma com esta sentença do Mestre aos fariseus e doutores da lei: "Em verdade vos afirmo que as meretrizes e os pecadores vos precederão no Reino dos Céus!

E para melhor testemunho desta verdade, que aparece aos olhos de todos os que penetram o Evangelho em Espírito, do que esta Parábola do Bom Samaritano? Os samaritanos eram considerados heréticos aos olhos do judeus ortodoxos; por isso mesmo eram desprezados, anatematizados e perseguidos. Pois bem, esse que, segundo a afirmação dos sacerdotes era um descrente, um condenado, foi justamente o que Jesus escolheu como figura preeminente de sua parábola. O interessante ainda, é que a referida parábola foi proposta a um doutor da lei, a um judeu da alta sociedade que, para tentar o Mestre, foi inquiri-lo a respeito da vida eterna. O judeu doutor não ignorava os mandamentos, e como os podia ignorar se era doutor! Mas, com certeza, não os praticava!

Conhecia a teoria, mas desconhecia a prática. O amor de toda a alma, de todo o coração, de todo o entendimento e de toda a força que o doutor judeu conhecia, não era ainda bastante para fazê-lo cumprir seus deveres para com Deus e o próximo. Amava, como amavam os fariseus, como os escribas amavam e como amam os sacerdotes atuais, os padres contemporâneos e os doutores da lei de nossos dias. Era um amor muito diferente e quiçá oposto ao que preconizou o Filho de Deus.

É o amor do sacerdote, que, vendo o pobre ferido, despido e espancado, quase morto, passou de largo; é o amor do levita (padre também da Tribo de Levi), que, vendo caído, ensangüentado, nu e arquejante à beira do caminho, por onde passava, um pobre homem, também se fez ao largo; é o amor dos egoístas, o amor dos que não compreenderam ainda o que é o amor; é o amor do sectário fanático que ama a abstração mas desama a realidade!

Salientando na sua parábola essas personalidades poderosas da sua época, e cujo exemplo é fielmente imitado pelo sacerdócio atual, quis Jesus fazer ver aos que lessem o seu Evangelho que a santidade dessa gente não chega ao mínimo do Reino dos Céus, ao passo que os excomungados pelas igrejas, que praticam o bem, se acham no caminho da vida eterna. De fato, quem é o meu próximo, se não o que necessita de meus serviços, de minha palavra, de meus cuidados, de minha proteção?

Não é preciso ser cristão para se saber isto que o próprio doutor da lei afirmou em resposta à interpretação de Jesus: "O próximo do ferido foi aquele que usou de misericórdia para com ele". Ao que Jesus disse, para lhe ensinar o que precisava fazer a fim de herdar a vida eterna: "Vai e faze tu a mesma coisa". O equivale a dizer: Não basta, nem é preciso ser doutor da lei, nem sacerdote, nem fariseu, nem católico, nem protestante, nem assistir a cultos ou cumprir mandamentos desta ou daquela igreja, para ter a vida eterna; basta ter coração, alma e cérebro, isto é, ter amor, porque o que verdadeiramente tem amor, há de auxiliar o seu próximo com tudo o que lhe for possível auxiliar: seja com dinheiro, seja moralmente ensinando os que não sabem, espiritualmente prodigalizando afetos e descerrando aos olhos do próximo as cortinas da vida eterna, onde o espírito sobrevive ao corpo, onde a vida sucede à morte, onde a palavra de Jesus triunfa dos preceitos e preconceitos sacerdotais!

Finalmente, a Parábola do Bom Samaritano refere-se verdadeiramente a Jesus; o viajante ferido é a Humanidade saqueada de seus bens espirituais e de sua liberdade, pelos poderosos do mundo; o sacerdote e o levita significam os padres das religiões que, em vez de tratarem dos interesses da coletividade, tratam dos interesses dogmáticos e do culto de suas igrejas; o samaritano que se aproximou e atou as feridas, deitando nelas azeite e vinho, é Jesus Cristo. O azeite é o símbolo da fé, o combustível que deve arder nessa lâmpada que dá claridade para a vida eterna - a sua doutrina; o vinho é o suco da vida, é o Espírito da sua palavra; os dois denários dados ao hospedeiro para tratar do doente, são a caridade e a sabedoria; o mais que o "enfermeiro" gastar, resume-se na abnegação, nas vigílias, na paciência, na dedicação, cujos feitos serão todos recompensados. Enfim, o hospedeiro representa os que receberam os seus ensinos e os "denários" para cuidarem do "viajante ferido e saqueado".


Qual o ensinamento que o Mestre aí nos dá?

O de que para entrarmos na posse da vida eterna não basta memorizarmos textos da Sagrada Escritura. O que é preciso, o que é essencial, para a consecução desse objetivo, é pormos em prática, é vivermos a lei de amor e de fraternidade que ele nos veio revelar e exemplificar.

Haja vista que o seu interpelante, no episódio em tela, é um doutor em teologia, que provou ser versado em religião, visto que repetiu de cor, sem pestanejar, palavra por palavra, o conteúdo dos dois principais mandamentos divinos.

Mas... conquanto fosse um mestre religioso e, nessa condição, conhecesse muito bem a lei e os profetas, não estava tranqüilo com a própria consciência; sentia, lá no íntimo da alma, que algo ainda lhe faltava. Daí a sua pergunta: "Mestre, que hei de fazer para alcançar a vida eterna?"

Não o martirizasse uma dúvida atroz sobre se seriam suficientes os seus conhecimentos teológicos e os privilégios de sua crença para ganhar o reino do céu, e não se teria ele dirigido ao Mestre da forma como o fez.

Notemos agora que - e isso é de suma importância -, em sua resposta, Jesus não disse, absolutamente, que havia uma "predestinação eterna", isto é, "uma providência especial, que assegura aos deitos graças eficazes para lhes fazer alcançar, infalivelmente a glória eterna"; também não falou que havia uma "salvação pela graça, mediante a fé; nem tão-pouco indicou como processo salvacionista a filiação a esta ou àquela igreja; assim como não cogitou de saber qual a idéia que o outro fazia dele, se o considerava Deus ou não.

Ante a citação feita pelo doutor da lei, daqueles dois mandamentos áureos que sintetizam todos os deveres religiosos, disse-lhe apenas: "Faze isso e viverás" o que equivale a dizer: aplica todas as tuas forças morais, intelectuais e afetivas na produção do BEM, em favor de ti mesmo e do próximo, e ganharás a vida eterna!

O tal, porém, nem sequer sabia quem era o seu próximo! Como, pois, poderia amá-lo conhecer a si mesmo, a fim de se tornar digno do Reino?

Jesus, então, extraordinário pedagogo que era, serenamente, sem impacientar-se, conta-lhe a parábola do "bom samaritano", através da qual elucida o assunto, fazendo-o compreender que ser próximo de alguém é assisti-lo em suas aflições, é socorrê-lo em suas necessidades, sem indagar de sua crença ou nacionalidade. E após argüi-lo, vendo que ele entendera a lição, conclui, apontando-lhe o caminho do céu em meia dúzia de palavras:

- "Pois vai e faze o mesmo."

Se a salvação dos homens dependesse realmente de "opiniões teológicas" ou de "sacramentos" desta ou daquela espécie, como querem fazer crer os atuais doutores da lei, não seria essa a ocasião azada, oportuna, propícia, para que Jesus o afirmasse peremptoriamente?

Mas não! Sua doutrinação é completamente diferente disso tudo: Toma um homem desprezível aos olhos dos judeus ortodoxos, tido e havido por eles como herege - um samaritano - e, incrível! aponta-o como "modelo", como "padrão", aos que desejem penetrar nos tabernáculos eternos!

É que aquele renegado sabia praticar boas obras, sabia amar os seus semelhantes, e para Jesus, o que importa, o que vale, o que pesa, não são os "credos" nem os "formalismos litúrgicos", mas os "bons sentimentos", porque são eles que modelam idéias e dinamizam ações, caracterizando os verdadeiros súditos do Reino Celestial.

Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, diz que no quadro desta parábola é preciso separar a figura da alegoria. A homens que estavam ainda na infância da espiritualidade, Jesus precisou utilizar-se de imagens materiais, surpreendentes e capazes de impressionar. Mas ao lado dessa parte acessória e figurada do quadro, há uma idéia dominante: a da felicidade que espera o justo e da infelicidade reservada ao mau. Jesus não fala das convenções externas da religião; simplesmente quer exaltar a caridade, o único meio de salvação da alma.
É por esta razão que Jesus coloca o Samaritano, considerado herético, acima do ortodoxo que falta com a caridade.
Fora da caridade não há salvação
10. Meus filhos, na máxima: Fora da caridade não há salvação, estão encerrados os destinos dos homens, na Terra e no céu; na Terra, porque à sombra desse estandarte eles viverão em paz; no céu, porque os que a houverem praticado acharão graças diante do Senhor. Essa divisa é o facho celeste, a luminosa coluna que guia o homem no deserto da vida, encaminhando-o para a Terra da Promissão. Ela brilha no céu, como auréola santa, na fronte dos eleitos, e, na Terra, se acha gravada no coração daqueles a quem Jesus dirá: Passai à direita, benditos de meu Pai. Reconhecê-los-eis pelo perfume de caridade que espalham em torno de si Nada exprime com mais exatidão o pensamento de Jesus, nada resume tão bem os deveres do homem, como essa máxima de ordem divina. Não poderia o Espiritismo provar melhor a sua origem, do que apresentando-a como regra, por isso que é um reflexo do mais puro Cristianismo. Levando-a por guia, nunca o homem se transviará. Dedicai-vos, assim, meus amigos, a perscrutar-lhe o sentido profundo e as conseqüências, a descobrir-lhe, por vós mesmos, todas as aplicações. Submetei todas as vossas ações ao governo da caridade e a consciência vos responderá. Não só ela evitará que pratiqueis o mal, como também fará que pratiqueis o bem, porquanto uma virtude negativa não basta: é necessária uma virtude ativa. Para fazer-se o bem, mister sempre se torna a ação da vontade; para se não praticar o mal, basta as mais das vezes a inércia e a despreocupação.
Meus amigos, agradecei a Deus o haver permitido que pudésseis gozar a luz do Espiritismo. Não é que somente os que a possuem hajam de ser salvos; é que, ajudando-vos a compreender os ensinos do Cristo, ela vos faz melhores cristãos. Esforçai-vos, pois, para que os vossos irmãos, observando-vos, sejam induzidos a reconhecer que verdadeiro espírita e verdadeiro cristão são uma só e a mesma coisa, dado que todos quantos praticam a caridade são discípulos de Jesus, sem embargo da seita a que pertençam. Paulo, o apóstolo. (Paris, 1860.).
GRAÇAS A DEUS!