Estudando o Espiritismo

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terça-feira, 24 de novembro de 2015

Repressão

Repressão – retirada de idéias, afetos ou desejos perturbadores da consciência, pressionando-os para o inconsciente.

Nota: Este é o principal mecanismo usado em todas as religiões, inclusive no meio espírita. Toda vez que descubro que alguma coisa é “errada” em mim e não sei como lidar, a tendência natural é reprimir. Contenho aquela tendência dentro de mim, procuro pensar em outra coisa, me exijo ser bom e ter retos pensamentos. Tirar uma tendência do foco, não é ter resolvido. É muito comum a repressão nos deixar polidos no meio social, mas não sustentarmos muitas vezes esse comportamento em casa. Normalmente o que reprimimos surge no sonhos, de formas inesperadas através de nossos lapsos na fala (ato falho) ou em comportamentos que não controlamos. Muitas repressões também escoam no nosso corpo gerando somatizações.

Reprimir não é errado, mas ineficiente como agente de transformação. Ele é um auxiliar importante para vivermos socialmente, mas não para crescermos interiormente.

Lidando com a defesa: Procure conhecer mais sobre seus sentimentos,  suas emoções, tendências, características e imperfeições. Busque mais, entender que criticar ou julgar, busque as origens destas características, informe-se. Tudo o que desconhecemos, tememos.

Eduque o que não está de acordo com o que escolhe vivenciar ou viver, mas não reprima simplesmente, pois você só dará mais força a esse aspecto do seu ser.

domingo, 15 de novembro de 2015

Autoperdão

Autoperdão


"Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si mesmo..."

"...porque se sois duros, exigentes, inflexíveis, se tendes rigor mesmo por uma ofensa leve, como quereis que Deus esqueça que, cada dia, tendes maior necessidade de indulgência?..."

(O Evangelho segundo o Espiritismo - Cap. X, Item 15)


Nossas reações perante a vida não acontecem em função apenas dos estímulos ou dos acontecimentos exteriores, mas também e sobretudo de como percebemos e julgamos interiormente esses mesmos estímulos e acontecimentos. Em verdade, captamos a realidade dos fatos com nossas mais íntimas percepções, desencadeando, conseqüentemente, peculiares emoções, que serão as bases de nossas condutas e reações comportamentais no futuro.

Portanto, nossa forma de avaliar e de reagir e, as atitudes que tomamos em relação aos outros,conceituando-os como bons ou maus, é determinada por um sistema de autocensura que se encontra estruturado em nossos "níveis de consciência" mais profundos.

Toda e qualquer postura que assumimos na vida se prende à maneira de como olhamos o mundo fora e dentro de nós, a qual pode nos levar a uma sensação íntima de realização ou de frustração, de contentamento ou de culpa, de perdão ou de punição, de acordo com o código moral" modelado na intimidade de nosso psiquismo.

Este "julgador interno" foi formado sobre as bases de conceitos que acumulamos nos tempos passados das vidas incontáveis, também com os pais atuais, com os ensinamentos de professores, com líderes religiosos, com o médico da família, com as autoridades políticas de expressão, com a sociedade enfim.

Também, de forma sutil e quase inconsciente, no contato com informações, ordens, histórias, superstições, preconceitos e tradições assimilados dos adultos com quem convivemos em longos períodos de nossa vida. Portanto, ele, o julgador interno, nem sempre condiz com a realidade perfeita das coisas.

Essa "consciência crítica", que julga e cataloga nossos feitos, auto-censurando ou auto-aprovando, influencia a criatura a agir do mesmo modo que os adultos agiram sobre ela quando criança, punindo-a, quando não se comportava da maneira como aprendeu a ser justa e correta; ou dando toda uma sensação de aprovação e reconforto, quando ela agia dentro das propostas que assimilou como sendo certas e decentes.

A gênese do não perdão a si mesmo está baseado no tipo de informação ou mensagem que acumulamos através de diversas fases de evolução de nossa existência de almas imortais.

Podemos experimentar culpa e condenação, perdão e liberdade de acordo com os nossos valores, crenças, normas e regras, vigentes, podendo variar de indivíduo para indivíduo, conforme seu país, sexo, raça, classe social, formação familiar e fé religiosa. Entendemos assim que, para atingir o autoperdão, é necessário que reexaminemos nossas convicções profundas sobre a natureza do nosso próprio ser, estudando as leis da Vida Superior, bem como as raízes da educação que recebemos na infância, nesta existência.

Uma das grandes fontes de auto-agressão vem da busca apressada de perfeição absoluta, como se todos devêssemos ser deuses ou deusas de um momento para o outro. Aliás, a exigência de perfeição é considerada a pior inimiga da criação, pois a leva a uma constante hostilidade contra si mesma, exigindo-lhes capacidades e habilidades que ela ainda não possui.

Se padrões muito severo de censura foram estabelecidos por pais perfeccionistas à criança, ou se lhe foi imposto um senso de justiça implacável, entre regulamentos disciplinadores e rígidos, provavelmente ela se tornará um adulto inflexível e irredutível para com os outros e para consigo mesmo.

Quando sempre esperamos perfeição em tudo e confrontamos o lado "inadequado" de nossa natureza humana, nos sentiremos fatalmente diminuídos e envolvidos por uma aura de fracasso.Não tomar consciência de nossas limitações é como se admitíssemos que os outros e nós mesmos devêssemos ser oniscientes e todo-poderosos. Afirmam as pessoas: "Recrimino-me por ter sido tão ingênuo naquela situação..."; "Tenho raiva de mim mesmo por ter aceitado tão facilmente aquelas mentiras..."; "Deveria ter previsto estes problemas atuais"; "Não consigo perdoar-me, pois pensei que ele mudaria...". São maneiras de expressarmos nossa culpa e o não-perdão a nós mesmos – exigências desmedidas atribuídas às pessoas perfeccionistas.

A desestima a nós próprios nasce quando não nos aceitamos como somos. Somente auto-aceitação nos leva a sentir plena segurança ante os fatos e ocorrências do cotidiano, ainda que os indivíduos ao nosso redor não entendam nossas melhores intenções.

O perdão concede a paz de espírito, mas essa concessão nos escapará da alma se estivermos presos ao desejo de dirigir os passos de alguém, não respeitando o seu propósito de viver.

Devemos compreender que cada um de nós cumprindo um destino só seu, e que as atividades e modos das outras pessoas ajustam-se somente a elas mesmas. Estabelecer padrões de comportamento e modelos idealizados para os nossos semelhantes é puro desrespeito e imcompreensão ante o mecanismo da evolução espiritual. Admitir e aceitar os outros como eles são nos permite que eles nos admitam e nos aceitem como somos.

Perdoar-nos resulta no amor a nós mesmos – o pré-requisito para alcançarmos a plenitude do "bem-viver".

Perdoar-nos é não importar-nos com o que fomos, pois a renovação está no instante presente; o que importa é como somos hoje e qual é a nossa determinação de buscar nosso progresso espiritual.

Perdoar-nos é conviver com a mais nítida realidade, não se distraindo com ilusões de que os outros e nós mesmos "deveríamos ser" algo que imaginamos ou fantasiamos.

Perdoar-nos é compreender que os que nos cercam são reflexos de nós mesmos, criações nossas que materializamos com pensamentos e convicções íntimas.

O texto em estudo – "Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si mesmo" – quer dizer: enquanto não nos libertarmos da necessidade de castigar e punir o próximo, não estaremos recebendo a dádiva da compreensão para o autoperdão.

Adaptando o excerto do apóstolo Paulo às nossas vidas, perguntamo-nos:"...porque se sois duros, exigentes, inflexíveis, se tendes rigor mesmo por uma ofensa leve...", como haveremos de criar oportunidades novas para que o "Divino Processo da Vida" nos fecunde a alma com a plenitude do Amor e, assim, possamos perdoar-nos?

Hammed


Livro: Renovando Atitudes
Editora: Boa Nova
Médium: Francisco do Espírito Santo Neto

Aprendendo a Perdoar

Aprendendo a Perdoar


"Se perdoardes aos homens as faltas que eles fazem contra vós, vosso Pai celestial vos perdoará também vossos pecados, mas se não perdoardes aos homens quando eles vos ofendem, vosso Pai, também, não vos perdoará os pecados."

(O Evangelho segundo o Espiritismo - Cap. X, Item 2)


Nosso conceito de perdão tanto pode facilitar quanto limitar nossa capacidade de perdoar. Por possuirmos crenças negativas de que perdoar é "ser apático" com os erros alheios, ou mesmo, é aceitar de forma passiva tudo o que os outros nos fazem, é que supomos estar perdoando quando aceitamos agressões, abusos, manipulações e desrespeito aos nossos direitos e limites pessoais, como se nada tivesse acontecendo.

Perdoar não é apoiar comportamentos que nos tragam dores físicas ou morais, não é fingir que tudo corre muito bem quando sabemos que tudo em nossa volta está em ruínas. Perdoar não é "ser conivente" com as condutas inadequadas de parentes e amigos, mas ter compaixão, ou seja, entendimento maior através do amor incondicional. Portanto, é um "modo de viver".

O ser humano, muitas vezes, confunde o "ato de perdoar" com negação dos próprios sentimentos, emoções e anseios, reprimindo mágoas e usando supostamente o "perdão" como desculpa para fugir de realidade que, se assumida, poderia como conseqüência alterar toda uma vida de relacionamento.

Uma das ferramentas básicas para alcançarmos o perdão real é manter-nos a uma certa "distancia psíquica" da pessoa-problema, ou das discussões, bem como dos diálogos mentais que giram de modo constante no nosso psiquismo, porque estamos engajados emocionalmente nesses envolvimentos neuróticos.

Ao desprendermo-nos mentalmente, passamos a usar de modo construtivo os poderes do nosso pensamento, evitando os "deveria ter falado ou agido" e eliminando de nossa produção imaginativa os acontecimentos infelizes e destrutivos que ocorreram conosco.

Em muitas ocasiões, elaboramos interpretações exageradas de suscetibilidade e caímos em impulsos estranhos e desequilibrados, que causam em nossa energia mental uma sobrecarga, fazendo com que o cansaço tome conta do cérebro. A exaustão intima é profunda.

A mente recheada de idéias desconexas dificulta o perdão, e somente desligando-nos da agressão ou do desrespeito ocorrido é que o pensamento sintoniza com as faixas da clareza e da nitidez, no processo denominado "renovação da atmosfera mental".

É fator imprescindível, ao "separar-nos" emocionalmente de acontecimentos e de criaturas em desequilíbrio, a terapia da prece, como forma de resgatar a harmonização de nosso interior.

A qualidade do pensamento determina a "ideação" construtiva ou negativa, isto é, somos arquitetos de verdadeiros "quadros mentais" que circulam sistematicamente em nossa própria órbita áurica. Por nossa capacidade de "gerar imagens" ser fenomenal, é que essas mesmas criações nos fazem ficar presos em "monoidéias". Desejaríamos tanto esquecer, mas somos forçados a lembrar, repetidas vezes, pelo fenômeno "produção/conseqüência".

Desligar-se ou desconectar-se não é um processo que nos torna insensíveis e frios, como criaturas totalmente imperfeitas às ofensas e críticas e que vivem sempre numa atmosfera do tipo "ninguém vai mais me atingir ou machucar". Desligar-se quer dizer deixar de alimentar-se das emoções alheias, desvinculando-se mentalmente dessas relações doentias de hipnoses magnéticas, de alucinações íntimas, de represálias, de desforras de qualquer matriz ou de problemas que não podemos solucionar no momento.

Ao soltar-nos vibracionalmente desses contextos complexos, ao desatar-nos desses fluidos que nos amarram a essas crises e conflitos existenciais, poderemos ter grande chance de enxergar novas formas de resolver dificuldades com uma visão mais generalizada das coisas e de encontrar, cada vez mais, instrumentos adequados para desenvolvermos a nobre tarefa de nos compreender e de compreender os outros.

Quando acreditamos que cada ser humano é capaz de resolver seus dramas e é responsável pelos seus feitos na vida, aceitamos fazer esse "distanciamento" mais facilmente, permitindo que ele se comporte como queira, dando-nos também essa mesma liberdade.

Viver impondo certa "distância psicológica" às pessoas e às coisas problemáticas, seja entes queridos difíceis, seja companheiros complicados, não significa que deixaremos de importar com eles, ou de amá-los ou de perdoar-lhes, mas sim que viveremos sem enlouquecer pela ânsia de tudo compreender, padecer, suportar e admitir.

Além do que, desligamento nos motiva ao perdão com maior facilidade, pelo grau de libertação mental, que nos induz viver sintonizados em nossa própria vida e na plena afirmação positiva de que "tudo deverá tomar o curso certo, se minha mente estiver em serenidade".

Compreendendo por fim que, ao promovermos "desconexão psicológica", teremos sempre mais habilidade e disponibilidade para perceber o processo que há por trás dos comportamentos agressivos, o que nos permitirá não reagir da maneira como fazíamos, mas olhar "como é que está sendo feito" nosso modo de nos relacionar com os outros. Isso nos leva, conseqüentemente, a começar a entender a "dinâmica do perdão".

Uma das mais eficientes técnicas de perdoar é retomar o vital contato com nós mesmos, desligando-nos de toda e qualquer "intrusão mental", para logo em seguida buscar uma real empatia com as pessoas. Deixamos de ser vitimas de forças fora de nosso controle para transformar-nos em pessoas que criticam sua própria realidade de vida, baseadas não nas criticas e ofensas do mundo, mas na sua percepção da verdade e da vontade própria.

Hammed


Livro: Renovando Atitudes
Editora: Boa Nova
Médium: Francisco do Espírito Santo Neto

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Dona Modesta

http://www.sanatorioespiritauberaba.org/#!dona-modesta/c1mhs

Maria Modesto Cravo nasceu na cidade de Uberaba-MG, em 1899.

Teve formação católica e casou-se aos 17 anos com Nestor Cravo fixando residência em Belo Horizonte onde nasceram os seis filhos do casal.

Sentindo os primeiros fenômenos de desiquilíbrio físico-mental em sua esposa, seu marido recebeu orientação para que levasse sua esposa ao encontro de Eurípedes Barsanulfo, na cidade de Sacramento-MG.

Lá, Eurípedes, constatando a existência de suas faculdades mediunicas, submete-a de imediato a tratamento físico-espiritual  através da fluidoterapia pois seu organismo achava-se muito debilitado, em função de grave quadro obsessivo.

Em poucos dias, Maria Modesto apresentava significativa melhora, sendo convidada a trabalhar na equipe mediúnica. Passado pouco tempo, já recuperada, Maria Modesto é orientada por Eurípedes Barsanulfo a mudar-se para Uberaba para desenvolver  importante trabalho espiritual a que já estava destinada.

Em janeiro de 1919, funda com outros abnegados servidores, o Ponto Bezerra de Menezes, onde passa a servir a enfermos e necessitados. Surge assim, oficialmente, o primeiro núcleo do Espiritismo aberto ao público em Uberaba.

A sua assistência não se limitaria ao intercâmbio espiritual. Em 1922 inicia a realização do Natal dos Pobres, beneficiando os necessitados que ali buscavam o amparo, além da assistência prestada aos cegos, presidiários e outras instituições.

No Ponto, recebe do Dr. Bezerra de Menezes (1831/1900) a incumbência  de criar uma nova instituição, o Sanatório Espírita de Uberaba. A planta arquitetônica do Sanatório é recebida mediunicamente por Maria Modesto.

Em 1928, a pedra fundamental é lançada pelo presidente do Centro Espírita Uberabense, médico sanitarista Henrique von Krugger Schroeder.

Em 1933 o Sanatório é inaugurado, sendo contratado para o cargo de primeiro diretor clínico,  Dr. Inácio Ferreira, jovem psiquiatra formado pela Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Junto ao Sanatório Espírita, o trabalho de Maria Modesto foi constante, tendo a benfeitora encontrado ainda tempo para auxiliar na fundação da União da Mocidade Espírita de Uberaba (UMEU) e do Lar Espírita para Moças em 1949, este juntamente com o Dr. Inácio que doa o terreno.

É importante lembrar que Chico Xavier, quando ainda morador de Pedro Leopoldo, costumava vir a Uberaba à serviço para participar anualmente da Exposição Agropecuária. Nessas oportunidades era sempre acolhido por Dona Modesta que o levava para participar das atividades do Centro Espírita Uberabense e às sessões noturnas no Sanatório Espírita.

Dona Modesta, como era carinhosamente chamada, considerada a Grande Dama da Caridade de Uberaba, manteve durante toda a sua vida incansável trabalho em prol de todos os necessitados da região.

Em julho de 1963, já com sérios problemas de saúde, transfere-se para Belo Horizonte, onde vem a falecer em 1964, após prolongada enfermidade.



Escrivaninha de Modesta

Escrivaninha Modesta



Ainda hoje, do outro lado da vida, Dona Modesta, continua a auxiliar os necessitados de todo o Brasil.

O Livro "A Vida e Obra De Maria Modesto Cravo" de Iracy Cecílio, Editora INEDE, traz uma extensa biografia sobre a vida dessa grande benfeitora.


domingo, 8 de novembro de 2015

Roteiro da Autotransformação

http://www.fraternidadeluizsergio.org.br/roteiro.html

Que eu leve...


Onde houver ódio, que eu leve o amor;

Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;

Onde houver discórdia, que eu leve a união;

Onde houver dúvida, que eu leve a fé;

Onde houver erro, que eu leve a verdade;

Onde houver desespero, que eu leve a esperança;

Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;

Onde houver trevas, que eu leve a luz.

*   *   *

Francisco de Assis, instrumento da paz do Cristo na Terra, traz em sua conhecida Oração da paz, uma proposta de vida inigualável.

O poeta da Úmbria apresenta a mais bela estratégia de autotransformação, inspirada na verdade cristã.

Ele se coloca como instrumento da paz, isto é, alguém que, com sua modificação moral, modifica o ambiente onde está.

Alguém que deixa fluir a paz de Deus na Terra, que não se coloca como obstáculo da verdade, do amor, do bem, mas como servo humílimo de todos eles.

A paz do Cristo, que é também a paz do Criador, se derrama igualmente para todas as criaturas no mundo, porém, poucos são os que a deixam florir no mundo.

Francesco Bernardone foi um desses que permitiu que a paz do Alto jorrasse em seu coração e, por consequência, em todos os que estiveram ao seu lado.

Pacificador, por excelência, viveu a mensagem de Jesus da outra face e a disseminou com perfeição.

Em sua Oração da paz, transmite essa ideia por diversas vezes, mostrando primeiro o comportamento enfermo e logo em seguida a receita de sua cura permanente.

Porém, o mais importante não está na simples demonstração desses extremos - ódio, amor; ofensa, perdão - mas na sua disposição para levar, ele mesmo, o remédio necessário para a extinção da doença.

Todas as grandes almas que passaram pela face da Terra e modificaram as paragens do globo para melhor, apresentaram esta autoproposta. Foram instrumentos da paz.

*   *   *

Como trazer a proposição de Francisco de Assis para nossas vidas?

Será que em nossa esfera de atuação - na intimidade da alma, na família, na sociedade, não podemos nos tornar também instrumentos da paz?

Talvez não como um Francisco, um Gandhi, uma Madre Teresa, mas um instrumento da paz já podemos ser, certamente.

E por que não como um dos grandes? Tudo é possível para aquele que deseja, que faz acontecer, que se coloca na direção do bem!

Elabore um plano, pense de que forma você pode ser um instrumento da paz ao seu redor!

Sorria, seja gentil, ame, semeie fraternidade onde quer que esteja.

Deixe fluir a paz do Alto em sua existência!

Não permita que a acomodação, a raiva, o desânimo, sejam obstáculos para a sua instalação no planeta.

Mude, pois mudando você, você muda o mundo.

Onde houver trevas, que possamos levar a luz, sempre...



Redação do Momento Espírita.
Disponível no cd Momento Espírita, v. 22, ed. Fep.
Em 5.9.2012.

O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM ESPÍRITA PELOS CAMINHOS DO CORAÇÃO


http://www.avecristo.com.br/ARTIGO_FEESP_05abr11.pdf


Dr.Vilson Disposti – Abril 2.011


“Os Espíritos anunciam que chegaram os tempos marcados pela Providência, sendo eles os
ministros de Deus e os agentes de Sua vontade, têm por missão instruir e esclarecer os
homens, abrindo uma nova era para a regeneração da Humanidade”. (Prolegômenos – L.E –
Allan Kardec )1
 Hoje, como ontem, no campo geopolítico, as guerras sucedem umas às outras, onde o
egoísmo entre nações, povos e pessoas, continua sendo grave problema da Humanidade, a
maior chaga dentre todas, apontam os Espíritos da Codificação ao insigne Kardec.
 Emmanuel, por Francisco Xavier, no prefácio de A Caminho da Luz, exara: “Enquanto
as penosas transições do século XX se anunciam ao tinido sinistro das armas, as Forças
Espirituais se reúnem para as grandes reconstruções do porvir”.
Era março 2003, primavera no hemisfério norte, quando o presidente George W. Bush
orgulhosamente postava-se diante de sua tropa de milhares de soldados, para fazer inflamado
discurso na defesa da invasão do Iraque, justificando a necessidade de desmantelar armas
químicas de destruição das massas populares.
 Naquele momento, consciente ou não, o presidente maculava o sonho americano de
liberdade com prosperidade daqueles jovens, plantando-lhes o conflito entre matar ou morrer.
Para os soldados e o Mundo que o assistia pela TV, entre enfático e solene o presidente
declara: “Os Estados Unidos da América farão a primeira Guerra do Século XXI”!
 No entanto, ilustre mandatário da nação mais poderosa da Terra, ao finalizar a infeliz
sentença, fora traído em sua expressão facial, por um inadequado sorriso, deixando escapar
inusitada satisfação. Sentia-se legitimado pelo poder político, para ordenar com ares de triunfo
a invasão do país árabe, antiga Mesopotâmia do passado. Bush ignorava todos os alertas e
esforços da ONU pela não violência, em detrimento das vias diplomáticas do diálogo.
 Era a Guerra contra o Terror, a combater o terror pelo terror. A Águia tristemente ferida
no dia 11 de setembro 2001, precisava agora fazer a sua catarse e demonstrar ao Mundo a sua
supremacia.
 Uma semana depois, verificadas as primeiras baixas, os corpos dos jovens soldados
começavam a ser devolvidos pela Guerra. No início, os desembarques eram furtivos. Tinha o
propósito de ocultar da mídia e do povo, o símbolo mais amargo e o maior custo das guerras: a
destruição de vidas humanas, resultantes de uma decisão desumana.

1
 Livro dos Espíritos, 2009, p. 61. FEB- Rio de Janeiro,
2
 Porém, era preciso esconder a chegada dos esquifes, porque ampliaria a
impopularidade do incauto presidente. Enquanto a dor humana que transfixava os corações
das famílias enlutadas, deveriam ficar igualmente à distância e em silêncio, sem se esquecer
de mencionar as mutilações do corpo e da alma de vidas antes promissoras, que asselvajadas,
passaram a torturar e a arrancar a dignidade dos sobreviventes no campo inimigo.
 Após a reprovação da mídia pela falta de transparência de tais fatos, o governo passou
a dar tom solene nestas ocasiões, pautando-as com honras militares e convidando os parentes
para as homenagens póstumas.
 Assim, a cada desembarque, que totalizaram 4.2622
 soldados mortos, os caixões
brancos chegavam encobertos com a bandeira da mesma Águia dominadora de outrora,
aquela do Velho Mundo...
Encerrada a Guerra em 2010, os números apontavam que centenas de toneladas de
bombas foram despejadas sobre o Iraque, provocando a morte de 100 mil civis. Porém,
nenhuma arma de destruição em massa fora encontrada e nem seria porque a motivação era a
riqueza petrolífera, objeto de escandalosos contratos firmados durante o conflito que
beneficiaram empresas dos EUA.
 Esta, como todas as guerras nascem do egoísmo humano, o qual emerge da luta pelo
poder, territórios e ideologias, principalmente as religiosas. Nesse momento, é a população da
Líbia que sofre as atrocidades do próprio governo ensandecido e também do “fogo amigo” da
coalizão internacional capitaneada pelos EUA.
 Certa vez, Chico Xavier ao ser indagado acerca das motivações das guerras,
respondeu: “A guerra representa a soma do ressentimento de cada um de nós”.
 O ressentimento que se traduz por mágoas resultantes da insatisfação pessoal pela
frustração dos anseios, sonhos de amor não atendidos, das tormentas pela posse de coisas,
quase sempre desnecessárias ou ainda pela perda do domínio sobre pessoas ou grupos
sociais.
 O homem racional que durante a sua viagem pelos milênios, que conquistou as duras
penas, o poder de pensar e agir, crescer e amar segue encontrando justificativas para adiar a
sua adesão à Lei do Amor.
 Mas, a Humanidade não tem recebido, desde as civilizações remotas da História, as
revelações divinas que apontam para os valores humanos e a finalidade da vida, que se
observadas garantiriam a paz da família, das nações e da Terra?

2 Dados publicados pela ONG Iraq Body Count - thttp://www.iraqbodycount.org
3
 No entanto, o fundamentalismo religioso, segue a queimar livros e a explodir pessoas,
apesar da Lei do Amor vivenciada por Jesus e depois relembrada na longa noite da Idade
Média, quando o Sol de Assis resplandece, e o jovem Francisco guiado pelos sentimentos de
ternura e afeto, vem realçar os marcos de luz que Jesus deixou as criatura humanas, quando
de sua augusta passagem pelo Planeta.
 Paciente, o Senhor aguardaria o Século das Luzes para que o Consolador fosse
apresentado ao Mundo. E o “Espiritismo surge como a nova Ciência que vem revelar aos
homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e suas
relações com o mundo físico” 3
. Enquanto o Espírito de Verdade declara:
“Sinto-me compadecido pelas vossas misérias pelas vossas fraquezas imensas, para não
estender uma mão segura aos infelizes desgarrados que vendo o Céu, caem no abismo do
erro. Acreditai, amai, meditai sobre as coisas que vos são reveladas”. (EVANGELHO, 2001, p.
89)
 Seria compreensível que grande parte do Mundo cristão siga ainda indiferente à
mensagem de Jesus? Por que Suas pulsantes lições de amor-renúncia e amor-perdão, que
foram reiteradas por Paulo de Tarso, Francisco de Assis, Francisco Cândido Xavier, dentre
outros venerandos seguidores do Mestre, igualmente parecem não ter tocado a fé humana?
 Isso se deveria a algum traço de insuficiência dos conteúdos filosóficos do
Cristianismo, ausência de modelos, exemplos e mártires? À evidência que não!
 A Doutrina Espírita cuja proposta de amor-libertação é apresentada desde a
Humanidade do Iluminismo até os nossos dias, com real possibilidade de retirar o homem do
ergástulo de seus medos e conflitos, para libertá-lo dos mitos do Céu e Inferno, do pecado e
castigo, que foram construídos para alimentar a hegemonia religiosa e a captação e controle de
seus fiéis.
 É imperioso reconhecer que há renitente resistência entre os interesses humanos e a
mensagem cristã. Entretanto, Jesus antevendo tais conflitos afirma: “Não penseis que eu vim
trazer a paz sobre a Terra; eu não vim trazer a paz, mas espada” [...] “Eu vim lançar o fogo
sobre a Terra e que desejo senão que ele se acenda”? Matheus.
 A aparente contradição dos postulados acima com as demais declarações de Jesus,
mereceu especial atenção de Kardec, que as situou no Capítulo XXIII do Evangelho Segundo o
Espiritismo, sob o título Moral Estranha, acrescentando a seguinte nota: “Toda idéia nova
forçosamente encontra oposição e nenhuma há que se implante sem lutas. Ora, nesses casos,
a resistência é sempre proporcional à importância dos resultados previstos, porque, quanto
maior ela é, tanto mais numerosos são os interesses que fere”. (EVANGELHO, 2001, p. 239)

3 Evangelho Segundo o Espiritismo, Ed. Petit, São Paulo, 2001, p. 37.
4
 Por certo, a raiz destas contradições estaria na própria complexidade humana acossada
por conflitos a emergirem de sua “natural dualidade” da qual surge como símbolo crepitante
para todos nós, o dilema do Apóstolo Pedro, que apesar da convivência com o Mestre, era
acicatado por angústias e, confessa: “Senhor, não quero fazer o mal e faço, quero fazer o bem
e não faço”.
 Assim, os “segredos do espírito” responsável que é por todas as manifestações
humanas, estão por detrás da difícil e lenta aprendizagem da Lei do Amor. Freud ressalta que
todo indivíduo tem um lado que prefere negar, ao que __ Jung decidiu denominá-lo “sombra”
representada por tudo aquilo que a pessoa se recusa a reconhecer sobre si mesma. No
entanto está sempre se projetando sobre ela, direta e indiretamente, como os traços inferiores
de caráter e outras tendências que ele próprio reprova, porque se envergonha. (MICHAEL
PALMER, 2001, 155)
 Enquanto Joanna de Ângelis, por Divaldo Franco sintetiza: “No que se refere ao
psiquismo humano, nenhuma criatura na Terra, encontra-se em regime de exceção”.
 Desse modo, a proposta do ensino da Doutrina Espírita, com a observância inafastável
do “Princípio da Universalidade” dos postulados dos Espíritos, que faz a força e a autoridade do
Espiritismo4
; necessita ser apresentada, com vista ao arcabouço psicológico do ser humano,
reconhecendo nele as fragilidades que lhe são inerentes. Porém oferecendo-lhe as técnicas
psicopedagógicas, com ênfase na motivação para crescer e realizar, habilitando-o para
transformar a própria realidade.
 “O homem de hoje está cansado dos muitos esquemas filosóficos que faliram, enquanto
o orientador deverá manter-se na posição fraterna, com formação humanística que terá na
família bem constituída os seus mais seguros alicerces, ao lado do caldeamento educacional
da filosofia Espirita”. (JORGE ANDRÉA, 1997, p. 20)
 Sem este olhar humano do educador para o interior do aprendiz a quem se dirige,
buscando realizar uma leitura emocional do ser imortal que nele pulsa, o Ensino Espírita,
embora rico de racionalidade e convicção, poderá soar inalcançável ao coração, muitas vezes,
perturbado.
 Uma abordagem com esse nível pareceria presunçosa à primeira vista, mas a interface
dos postulados de Joanna de Ângelis, Freud e Jung revela-nos que “ninguém é original quando
se trata dos conflitos humanos”, os quais emergem, em regra, dos instintos básicos do impulso,
agressividade, sexualidade e fome. Logo, o ser humano é alguém que trava em seu mundo
íntimo, acerbas lutas para controlar ou tentar controlar tais apelos que evolam do inconsciente

4
 Evangelho Segundo o Espiritismo, Ed. Petit, São Paulo, 2001, p. 21.
5
para a zona consciente do ser, gerando-lhe desconfortos pelos crescentes níveis de ansiedade
podendo levar à tortura psíquica da intrigante dor humana.
 A aprendizagem emocional tem a força de aderir à memória do espírito porque
aprendida pelos caminhos do coração. Quantas vezes lemos um bom livro ou assistimos a um
filme, cujos relatos e cenas nos marcam muito, mas esquecemos os nomes e datas desses
trabalhos.
 Nesse momento, em que passamos a refletir mais acerca da Transição Planetária para
a Era do Amor, tanto o ensino como a aprendizagem do Espiritismo necessita de passar
obrigatoriamente pelos caminhos do amor.
 “A transição planetária começa no coração de cada um. É a transição do ódio para o
amor; do egoísmo e da indiferença para a compaixão, que significa “sofrer com”.
 Só estaremos habilitados a compreender a dimensão da dor humana, a partir de nós
mesmos, quando implementarmos a reforma íntima, que é uma das bandeiras da Codificação
Espírita.
 Sem a autotransformação não conseguiremos modificar a paisagem do entorno, não
comoveremos aqueles aos quais falamos ou nos dirigimos. É preciso destruir em nós, pela
força do Amor, o ódio e a indiferença pela dor alheia.
 A fúria com que a Natureza se nos abate, nestes dias, tem o tamanho de nossa
negligência em amar, perdoar e em compreender os nossos irmãos do carreiro existencial.”5

 “Portanto, declarem-se em guerra interna para que a luz vença as trevas da ignorância,
dos instintos mal aplicados, da cupidez, da inveja, do ciúme e de qualquer espécie de
discriminação e violência contra os nossos irmãos.
 Ave, Cristo!
 Que o Senhor estenda-nos as mãos e nos fortaleça a crença para conquistar a paz do
coração e o sacrossanto direito de seguir com Ele, na Terra e nos Céus que a circundam”.6
Concordo com a edição desse texto, no livro: Congresso Espírita FEESP 2011 “das Edições
FEESP da Federação Espírita do Estado de São Paulo”.
REFERÊNCIAS
ALLAN KARDEC, O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro, FEB, 14ª Ed. 2009.

5 5
 Citação parcial da mensagem do Espírito Flamínio, ditada ao autor do artigo, na Casa do Caminho Ave Cristo, da
cidade de Birigui-SP, em reunião pública na tarde do dia 19 de março de 2011.
6
 Citação parcial da mensagem do Espírito Flamínio, ditada ao autor do artigo, na Casa do Caminho Ave Cristo, da cidade
de Birigui-SP, em reunião pública na tarde do dia 19 de março de 2011.
6
ALLAN KARDEC, O Evangelho Segundo o Espiritismo. São Paulo, Petit, 4ª Ed. 1997.
DIVALDO P. FRANCO, por JOANNA DE ÂNGELIS. O Ser Consciente. Salvador-BA:
Alvorada, 5ª Ed. 1995.
DIVALDO P. FRANCO, por JOANNA DE ÂNGELIS. O Homem Integral. Salvador-BA:
Alvorada, 11ª Ed. 1990.
JORGE ANDRÉA. Psicologia Espírita, Volume I. Societo Lorenz, Rio de Janeiro, 7ª Ed. 1997
MICHAEL PALMER, Freud e Jung – Sobre a Religião, São Paulo, Loyola, 2001
WILLIAMSON MARIANE, DEEPAK CHOPRA E DEBBIE FORD. O Efeito Sombra. São Paulo,
Lua de Papel, 2010.

Autotransformação na Religião

Considero as religiões, em particular o Espiritismo, um conhecimento estruturante para a personalidade autônoma. Seus princípios e suas práticas contribuem sobremaneira para a formação do indivíduo harmonicamente ajustado à sociedade, para a construção de uma personalidade ótima e para a consciência de ser Espírito.

Afora as inserções no Centro Espírita pelas portas da obsessão, o espírita atravessa distintas fases de aprendizado até a consolidação definitiva do saber proposto pelo Espiritismo. Perceber-se Espírito, tendo integrado à personalidade aquilo que é ensinado pelos postulados espíritas, é meta a ser atingida. Até lá, passa-se pelas fases de aproximação, informação, crença e consciência.

Para uma melhor compreensão das fases anteriormente citadas, assinalo abaixo as principais características que observo:

Aproximação. Nessa fase, o espírita, ou candidato a espírita, demonstra uma simpatia e interesse superficial pelas idéias ou pelas práticas espíritas. Sem comprometimento efetivo, alguns princípios são adotados como pano de fundo de idéias e julgamentos, mas sem uma integração completa à personalidade. A afirmação de ser espírita, quando dita, é com reservas e em ambientes receptivos. Poucas leituras são feitas, principalmente de livros muito conhecidos, sem maiores estudos e profundidade reflexiva. Eventualmente assisti a palestras de oradores famosos e de grandes eventos espíritas. Gosta do passe e faz sua caridade redentora de culpas conscientes e inconscientes. Geralmente freqüenta outros cultos.

Informação. Nessa fase ocorre um interesse maior em conhecer argumentos mais consistentes a respeito das teses e fenômenos espíritas. Há um engajamento em práticas tipicamente doutrinárias, com adoção de linguagem espirítica. Há compromissos de renovação interior e interesse em discutir questões espíritas com terceiros. Costuma apresentar-se como espírita, interessando-se pela disseminação do Espiritismo. Lê os clássicos do Espiritismo, comparando seus conceitos com os de outras religiões, declarando abertamente a supremacia das teses espíritas. Geralmente está engajado numa instituição espírita, desenvolvendo alguma atividade semanal, levando a sério a prática da caridade.

Crença. Nesta fase o indivíduo se torna um militante e fiel trabalhador da causa espírita, tendo lido todos os clássicos e boa parte da literatura espírita. Fala sobre Espiritismo em qualquer ambiente, sendo combatente contra as idéias materialistas. É conhecido em seu meio social, principalmente por ser espírita. Está envolvido em mais de uma atividade na instituição espírita, geralmente dirigindo uma delas. Fez e faz sua renovação interior, sendo sinceramente espírita-cristão. Trabalha pela causa espírita, sendo sinceramente convicto do Espiritismo. Participa ativamente do Movimento Espírita, sendo reconhecido pelas obras e atividades filantrópicas que desenvolve.

Consciência. Nesta fase, alcança-se a compreensão da proposta do Espiritismo para si mesmo. O indivíduo mantém a militância espírita, com a compreensão da diversidade de práticas nas distintas Casas Espíritas. Contextualiza os princípios espíritas, filosofando sobre eles, sem dogmatismo ou cerceamento ao livre pensar. Mantém constante contato psíquico com pessoas desencarnadas, sem se alienar da vida comum. Vive uma ética própria, desenvolvida a partir de princípios cristãos, tendo um sistema de valores sem cobranças de perfeição. Descobre no Espiritismo como constituir sua religião pessoal. Integrou os princípios do Espiritismo à sua vida íntima.

Uma mesma pessoa poderá permanecer numa das três primeiras fases toda uma existência, principalmente na terceira, sem alcançar a quarta fase, a consciência de ser Espírito. Isso varia de pessoa a pessoa e de como recebeu orientações a respeito do Espiritismo e de que forma adentrou o chamado Movimento Espírita.

É fundamental abrir-se espaço nas instituições espíritas para facilitar o acesso à quarta fase que deve fazer parte da personalidade de todo espírita, principalmente os militantes. Tal acesso não implica em abolirem-se práticas que são importantes para o acesso às fases iniciais. Para tanto é necessária a implantação, em acréscimo às atividades rotineiras de uma Casa Espírita, de: grupos de estudos avançados de Espiritismo, publicações de protocolos científicos constando resultados de experimento, grupos de crescimento e desenvolvimento pessoal com caráter de terapia de grupo, núcleo de Psicologia do Espírito, núcleo de Educação com implantação de Escola Experimental de educação infantil com base numa pedagogia espírita, núcleo de mídia e comunicação para propaganda institucional e, por fim, núcleo de captação de recursos para sustentação financeira da Casa.

Com isso, o Espiritismo ampliaria suas propostas de transformação do ser humano e de combate ao materialismo em seus principais fundamentos (orgulho e egoísmo), constituindo-se, a partir do Centro Espírita, num campo de transformação para seus adeptos esclarecidos e não apenas para freqüentadores eventuais e curiosos que desejam a salvação mágica.

É compreensível que o Espiritismo se apresente e seja praticado como qualquer religião, pois seu surgimento o caracteriza como tal. Isso, inclusive, proporciona maior aceitação popular, contribuindo para a disseminação e assimilação de seus princípios básicos. É também salutar a discussão de idéias visando alcançarem-se novos entendimentos a respeito de antigas questões e de temas emergentes e contemporâneos.

O desenvolvimento da personalidade ótima dentro do Centro Espírita se faz pela busca constante e a partir de atividades constituídas para essa finalidade. Deixar o trabalhador do centro Espírita à tarefa de sozinho, sem reforço positivo, sua reforma íntima, tem se tornado impraticável.

E-mail: adenauer@larharmonia.org.br

Processo de mudança

Para o processo de transformação interior é necessário estar atento a alguns pontos:

O processo de transformação interior não é instantâneo,  é progressivo, seqüencial e muitas vezes demorado. (13)
Reforma íntima é a habilidade de lidar com as características da personalidade melhorando os traços que compõem suas formas de manifestação, é transpor os interesses pessoais e o personalismo e tem como meta esvaziar-se de si. (13)
A vontade é uma grande auxiliar, mas não é o suficiente para mudar muitas de nossas imperfeições.
Todo processo de transformação necessita de ser precedido de um trabalho extensivo de autoconhecimento. Não transformamos o que não conhecemos.
Não se transforma quem não se aceita primeiro como é.
A pressa atrapalha mais que ajuda nessa caminhada.
Reforma íntima é para pessoas fortes e que tem coragem para se enfrentar.
É necessário ter saúde ou pelo menos cuidar bem do corpo e da mente para se transformar.
A perseverança, insistência, determinação e alguma disciplina são necessárias.
Ninguém consegue fazer esse trabalho sozinho, precisamos sempre do incurso e assistência dos nossos espíritos protetores, dos espíritos de luz e sobretudo da intercessão do Cristo em nossas práticas.
A doutrina espírita é um tratado de crescimento integral, precisamos nos valer dos seus ensinamentos.
Um termômetro seguro de transformação – “Quem se renova alcança a maior conquista das pessoas livres e felizes: o prazer de viver”. Ermance Dufaux (13)
O processo de crescimento gera alguma dor. As dores do crescimento, no entanto, são diferentes das dores do martírio. (13)
Sofrimento não é sinônimo de crescimento , resgate ou quitação de divida, a autopunição não é instrumento de libertação. Somente a dor que educa liberta, não é a intensidade da dor que educa e sim o esforço de aprender amenizá-las. (13)
Reforma íntima é a melhoria de nós mesmos e não anulação de uma parte de nós considerada ruim. É uma proposta de aperfeiçoamento gradativo cujo objetivo maior é a nossa felicidade. (13)
Nossa realidade espiritual é de luz. O que evolui e se transforma, são nossas distorções dessa luz.
Deus não está distante, mas dentro de nós. Somos expressões “Dele”. Somos filhos de Deus, filhos da Luz
Sintonizamos e acessaremos melhor a nossa luz à medida que transformamos nossas distorções e nos desapegamos das ilusões.
Nosso valor já existe no simples fato de sermos criaturas da Divindade, não é dado somente pelo merecimento. Somos humanos, imperfeitos, falhos, mas mesmo assim amados por Deus.
O estudo edificante, a oração e a caridade são as forças transformadoras e necessárias para a mudança, mas o material a ser transformado são as nossas distorções.

O ORIENTADOR DA TRANSFORMAÇÃO INDIVIDUAL

O ORIENTADOR DA TRANSFORMAÇÃO INDIVIDUAL

Efetivamente, as massas acompanhavam o Cristo, de perto, no entanto, não vemos no Mestre a personificação do agitador comum.
Em todos os climas políticos, as escolas religiosas, aproximando-se da legalidade humana, de alguma sorte partilham da governança, estabelecendo regras espirituais com que adquirem poder sobre a multidão.
Jesus, porém, não transforma o espírito coletivo em terreno explorável.
Proclamando as bem-aventuranças à turba no monte, não a induz para a violência, a fim de assaltar o celeiro dos outros. Multiplica, Ele mesmo, o pão que a reconforte e alimente.
Não convida o povo a reivindicações.
Aconselha respeito aos patrimônios da direção política, na sábia fórmula com que recomendava seja dado “a César o que é de César”.
Muitos estudiosos do Cristianismo pretendem identificar no Mestre Divino a personalidade do revolucionário, instigando os seus contemporâneos à rebelião e à discórdia; entretanto, em nenhuma passagem do seu ministério encontramos qualquer testemunho de indisciplina ou desespero, diante da ordem constituída.
Socorreu a turba sofredora e consolou-a; não se mostrou interessado em libertar a comunidade das criaturas, cuja evolução, até hoje, ainda exige lutas acerbas e provações incessantes, mas ajudou o Homem a libertar-se.
Ao apóstolo exclama — “vem e segue-me.”
A pecadora exorta — “vai e não peques mais.”
Ao paralítico fala, bondoso — “ergue-te e anda.”
A mulher sirofenícia diz, convincente — “a tua fé te curou.”
Por toda parte, vemo-lo interessado em levantar o espírito, buscando erigir o templo da responsabilidade em cada consciência e o altar dos serviços aos semelhantes em cada coração.
Demonstrando as preocupações que o tomavam, perante a renovação do mundo individual, não se contentou em sentar-se no trono diretivo, em que os generais e os legisladores costumam ditar determinações… Desceu, Ele próprio, ao seio do povo e entendeu-se pessoalmente com os velhos e os enfermos, com as mulheres e as crianças.
Entreteve-se em dilatadas conversações com as criaturas transviadas e reconhecidamente infelizes.
Usa a bondade fraternal para com Madalena, a obsidiada, quanto emprega a gentileza no trato com Zaqueu, o rico.
Reconhecendo que a tirania e a dor deveriam permanecer, ainda, por largo tempo, na Terra, na condição de males necessários à retificação das inteligências, o Benfeitor Celeste foi, acima de tudo, o orientador da transformação individual, o único movimento de liberação do espírito, com bases no esforço próprio e na renúncia ao próprio “eu”.
Para isso, lutou, amou, serviu e sofreu até à cruz, confirmando, com o próprio sacrifício, a sua Doutrina de revolução interior, quando disse: “e aquele que deseje fazer-se o maior no Reino do Céu, seja no mundo o servidor de todos.”

in livro “Roteiro” (1952), do médium Francisco Cândido Xavier, ditado pelo Espírito Emmanuel

Clique aqui para ler mais: http://www.forumespirita.net/fe/auto-conhecimento/autotransformacao-com-o-cristo/?PHPSESSID=bc02199bd26ac4f5f67ae7f9ee3bfe73#ixzz3qwoXg2zy

A Autotransformação é possível!

A Autotransformação é possível!





Toda pessoa é capaz de mudar, desde que deseje sinceramente isso.

Com esta mudança, a autotransformação, podemos melhorar-nos interiormente.

Nada de desânimo. Aos poucos você "molda" o seu interior, como deseja.

O importante é estar consciente de que é preciso fazer uma renovação de hábitos, de atitudes. Se sente a necessidade de manter uma outra postura perante a vida, acredite: nunca é tarde para fazer uma mudança.

Se não se sente a vontade com a forma que vem se portando, não se condene, inicie desde já a sua renovação.

BARBOSA, Valdemir. Força Interior. 02. ed. Brasília: Otimismo. 2007. p 185.

Autotransformação - Palestra de Adenáuer

http://www.redeamigoespirita.com.br/video/autoconhecimento-autodescobrimento-autotransforma-o-e-autoilumina

http://radioboanova.com.br/programacao/alquimia-da-alma/



terça-feira, 3 de novembro de 2015

Instinto e Inteligência

Instinto e Inteligência


Segundo Kardec, poderíamos distinguir os seres inanimados (formados apenas de matéria, sem vitalidade nem inteligência; os corpos brutos), dos seres animados que não pensam (formados de matéria e dotados de vitalidade, mas desprovidos de inteligência) dos seres animados pensantes (formados de matéria, dotados de vitalidade e tendo a mais um princípio inteligente que lhes dá a faculdade de pensar).

A inteligência, assim, não seria um atributo do princípio vital (já que é independente da matéria). Sua fonte seria a inteligência universal. O instinto, por sua vez, seria um tipo de inteligência não-racional, por meio do qual os seres provêm suas necessidades.

O instinto sempre existe e nos guia, em alguns momentos, mais seguramente que a razão. Isso acontece porque a razão - por ser dotada de livre arbítrio - pode ser influenciada pelo egoísmo e pelo orgulho.

"O instinto é uma inteligência rudimentar em que as manifestações são quase sempre espontâneas, e difere da inteligência propriamente dita, cujas manifestações expressam uma avaliação de um ato deliberado que sofreu exame interior. O instinto varia em suas manifestações quanto às espécies e suas necessidades. Entre os seres que têm a consciência e a percepção das coisas exteriores, ele se alia à inteligência, quer dizer, à vontade e à liberdade" (Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos).

Se pensarmos em uma convergência entre princípio inteligente e princípio material, podemos reccorer à André Luiz (no livro Libertação) que afirma que "a mente estuda, arquiteta, determina e materializa os desejos que lhe são peculiares na matéria que a circunda (...) e essa matéria que lhe plasma os impulsos é sempre formada por vidas inferiores inumeráveis, em processo evolutivo, nos quadros do Universo sem-fim".

Instinto e Inteligência - Slides

http://pt.slideshare.net/jewur/instinto-e-inteligncia

Instinto

Instinto

Carrara

Eis um assunto para muitos estudos. Kardec utilizou-o diversas vezes. Está em O Livro dos Espíritos, nas questões 73 a 75 e 845, entre outras citações. Também é abordado em A Gênese, no capítulo III e aparece em O Evangelho segundo o Espiritismo (capítulo XI – Instruções dos Espíritos, em mensagem de Lázaro). Na Revista Espírita está no volume do ano de 1862, mês de fevereiro. Claro que há outras fontes, mesmo na Codificação, mas nos limitamos a estas indicações. O interesse pela abordagem do tema “instinto” surgiu em virtude de um excelente filme já disponível nas locadoras.

O filme Instinto, com Anthony Hopkins e Cuba Gooding Jr., como o próprio nome diz, trata do tema aludido.  O filme é um grito à liberdade, um protesto à manipulação de qualquer nível, embora sem sancionar o uso da violência apresentada. Em resumo, ele relata a situação de um estudioso da vida animal que passa a viver na floresta em companhia de gorilas. Introduz-se gradativamente entre os animais, conhecendo seus costumes e hábitos, sendo inclusive aceito como integrante da família de gorilas. Tempos depois, foi preso, tachado doente mental agressivo, acusado de assassinato de diversos guardas florestais. Recolhido à penitenciária de segurança máxima para doentes agressivos, despertou a atenção de jovem médico psiquiátrico que se interessa pelo seu caso: um recolhido silencioso, considerado agressivo, irrecuperável e mantido algemado.

O jovem médico consegue o que parecia impossível: ajuda o doente falar e, com isso, é permitida sua soltura das algemas. Das sessões de terapia psiquiátrica consegue extrair a razão da violência: quando na floresta, em companhia dos gorilas, os animais foram atacados impiedosamente por guardas florestais e ele, na defesa instintiva de sua família (*), utiliza-se da agressão e acaba assassinando vários guardas. No curso do filme, quando o médico estava prestes a efetivar sua liberdade, um colega de prisão foi atacado por um dos carcereiros, e nosso personagem, novamente na defesa instintiva de sua família (*), volta a usar de extrema violência, complicando em definitivo qualquer possibilidade de liberdade.

A conclusão do filme, deixamos à expectativa do leitor, mas destacamos o inteligente roteiro usado pela produção. O filme destaca valores reais da vida humana, como a solidariedade, e mostra a superficialidade das ilusões, mantidas muitas vezes à custa de manipulações, sacrifício da liberdade (e cujas grades nós mesmos construímos) e tolas vaidades, verdadeiramente passageiras.

O instinto solicita o uso da razão para evitar o comprometimento indevido, como aconteceu no filme. A mensagem é muito profunda, pois leva ao questionamento das ilusões que alimentamos e prisões em que nos trancamos por força das circunstâncias que nos cercam ou pelo desejo de agradar sempre...

De outro aspecto, cientes da justa reprovação social da violência dos assassinatos, ainda que na luta pela preservação, o filme nos revela a facilidade da escravidão que é orientada pelo jogo das relações humanas e imposta pela sociedade. Ah! Isto é inquestionável. E foi justamente este quadro social enfermiço que o personagem principal buscou mostrar ao seu legítimo defensor. Neste ponto, prefiro ficar com o posicionamento de outro excelente filme, Uma estória americana, que narra sobre o preconceito racial americano e culmina com uma reação sem violência daqueles que eram discriminados, segundo o uso da razão em lugar do instinto e, por isso, mais ajustada aos princípios usados pelo grande Gandhi.

Mas verifiquemos os estudos apresentados por Allan Kardec. Dentre as citações indicadas no início do artigo, utilizemos, para esclarecer o tema, em primeiro lugar, a transcrição da Revista Espírita.

Nela, Kardec inseriu mensagem do Espírito Lázaro, intitulada Sobre os instintos. Diz a mensagem: “(...) Primitivamente destinado a desenvolver no homem animal o cuidado de sua conservação e de seu bem-estar, o instinto é a única origem do mal; porque, persistindo mais violento e mais áspero em certas naturezas, ele as impele a se apoderarem do que desejam ou a concentrar o que possuem. O instinto, a que os animais obedecem cegamente, e que é a sua própria virtude, deve ser incessantemente combatido pelo homem que quer elevar-se e substituir o grosseiro utensílio da necessidade pelas armas finamente cinzeladas da inteligência. (...) O instinto é mau porque é puramente humano e a humanidade não deve pensar senão em se despojar, em deixar a carne para elevar-se ao Espírito. (...) Nada de verdadeiramente bom pode emanar do instinto. (...)” (1) Kardec comenta, no que tange à mensagem referida, que, não obstante o respeito creditado ao autor Espírito, permite-se não concordar com as últimas proposições da mensagem.

Explica o Codificador que “Pode-se dizer que há duas espécies de instintos: o animal, e o moral. O primeiro, como diz muito bem Lázaro, é orgânico; é dado aos seres vivos para a sua conservação (...); é cego, quase inconsciente, porque a Providência quis dar um contrapeso à sua indiferença e à sua negligência. Já o mesmo não se dá com o instinto moral, que é privilégio do homem. Pode ser assim definido: propensão inata para fazer o bem ou o mal. Ora, essa propensão é devida ao estado de maior ou menor avanço do Espírito. O homem cujo espírito já é depurado faz o bem sem premeditação e como uma coisa muito natural, pelo que se admira de ser louvado. Assim, não é justo dizer que ‘os homens que não são bons e devotados, senão instintivamente, o são mal; porque sofrem uma cega dominação que, de repente, pode precipitá-los no abismo’ (citação de Lázaro na mensagem acima transcrita, ali não repetida) . Os que são instintivamente bons e devotados denotam um progresso realizado. (...)” (1)

A explicação de Kardec se coaduna com a narrativa do filme Instinto. Dominado pelo instinto, o protagonista usou da violência. Se houvesse no personagem a propensão inata para fazer o bem – devida ao estado de maior ou menor avanço do Espírito, como citou Kardec, a violência seria substituída pela reflexão madura.

De igual forma, ensina a resposta à questão 845 de O Livro dos Espíritos: “As predisposições instintivas são do Espírito antes de sua encarnação. Conforme for ele mais ou menos avançado, elas podem solicitá-lo para atos repreensíveis, e ele será secundado nisso pelos Espíritos que simpatizam com essas disposições, mas não há arrebatamento irresistível, quando tem a vontade de resistir. (...)” (2) E, outrossim, como afirma em A Gênese: ”(...) Nos atos instintivos, não há nem reflexão, nem combinação e nem premeditação. (...)” (3)

Já, em O Evangelho segundo o Espiritismo, o mesmo Espírito Lázaro pondera que “(...) no seu início o homem não tem senão instintos e aquele, pois, em quem os instintos dominam está mais próximo do ponto de partida do que do objetivo. Para avançar em direção ao objetivo, é preciso vencer os instintos em proveito dos sentimentos, quer dizer, aperfeiçoar estes sufocando os germes latentes da matéria. Os instintos são a germinação e os embriões dos sentimentos; eles carregam consigo o progresso (...).” (4)      

Tal comentário, desse modo, leva-nos ao Capítulo das Paixões. Comenta Allan Kardec, após a resposta da questão 908: “As paixões são alavancas que decuplicam as forças do homem e o ajudam na realização dos objetivos da Providência. Mas se, em lugar de dirigi-las, o homem se deixa dirigir por elas, cai nos excessos e a própria força que, em suas mãos, poderia fazer o bem, recai sobre ele e o esmaga. Todas as paixões têm seu princípio num sentimento ou necessidade natural... O princípio das paixões, portanto, não é um mal, visto que repousa sobre uma das condições providenciais de nossa existência. A paixão, propriamente dita, é o exagero de uma necessidade ou de um sentimento. Ela está no excesso e não na causa, e esse excesso torna-se um mal quando tem por conseqüência um mal qualquer. Toda paixão que aproxima o homem da natureza animal o distancia da natureza espiritual”. (5)

O filme Instinto, portanto, traz importante contribuição para o entendimento do domínio das paixões e pela necessária prevalência do sentimento sobre o instinto, sem olvidar outros questionamentos significativos sobre a vida social. Sugerimos com ênfase aos leitores que assistam ao filme e, com o fim de um sadio entendimento, busquem, nessa direção, o apoio dos ensinos da Doutrina Espírita, sempre luz em nossos caminhos.

(*) O destaque para a expressão “sua família” é proposital, segundo a narrativa do filme: tanto em companhia dos gorilas, como em companhia dos demais presos.  Ora, mesmo sem os laços da consangüinidade, o instinto de conservação leva à defesa mútua dos companheiros de convivência.

Sem falar dos laços de família ou raça, presenciei pessoalmente esta questão de solidariedade entre pessoas estranhas entre si, porém, que passaram à rotina da convivência. Durante os anos de direção de um lar de idosos, pude observar atentamente os laços de solidariedade que são estabelecidos entre internos que juntos convivem, embora despidos de outros vínculos que os poderiam prender emocionalmente. A convivência, no caso, estreitou os laços e os afetos, possibilitou a solidariedade, portanto.

Fontes:

(1) Fevereiro de 1862, edição EDICEL – tradução de Júlio Abreu Filho.

(2) 78ª edição IDE, tradução de Salvador Gentile.

(3) 1ª edição IDE, capítulo III, item 11, tradução de Salvador Gentile.

(4) 107ª edição IDE, capítulo XI, item 8, tradução de Salvador Gentile.

(5) Questões 907 a 912 de O Livro dos Espíritos.

Inteligência e instinto

Inteligência e instinto


Apresentamos nesta edição o tema no 65 do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, que está sendo aqui apresentado semanalmente, de acordo com programa elaborado pela Federação Espírita Brasileira, estruturado em seis módulos e 147 temas.

Se o leitor utilizar este programa para estudo em grupo, sugerimos que as questões propostas sejam debatidas livremente antes da leitura do texto que a elas se segue.

Se destinado somente a uso por parte do leitor, pedimos que o interessado tente inicialmente responder às questões e só depois leia o texto referido. As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto abaixo.

Questões para debate

1. Que é inteligência?

2. Podemos dizer que o homem tem dupla natureza?

3. Que são atos instintivos?

4. Que diferença existe entre os atos instintivos e os atos inteligentes?

5. É certo dizer que os animais devem sua vida ao instinto e que o homem vive graças à inteligência?

Texto para leitura

É à alma que o homem deve sua inteligência e racionalidade
1. A inteligência é o atributo essencial do Espírito, em razão do qual toma ele conhecimento de sua própria existência e exerce atividades voluntárias e livres. Quando o Espírito atinge o grau de humanização, sua inteligência adquire desenvolvimento superior, como o surgimento da razão e do senso moral, que lhe facultam a capacidade de conceber e reconhecer a existência de Deus.

2. Realizando múltiplos atos livres e voluntários, apresentando finalidade nítida e obedecendo a juízos e raciocínios bem elaborados, o homem é um ser que revela dupla natureza: material e espiritual. Não nos esqueçamos de que há uma alma unida ao corpo do homem e somente a ela deve ele sua inteligência e racionalidade, seus conhecimentos e sentimentos, bem como sua vontade e liberdade.

3. Existem, entretanto, seres que realizam atos em que se revela também nítida finalidade, mas que parecem obedecer antes a automatismos que a impulsos decorrentes da livre vontade. Tais atos visam sobretudo à conservação do indivíduo e da espécie, objetivando as funções de nutrição e de reprodução, provendo ao crescimento, ao desenvolvimento e à propagação, enfim, da plena realização da vida.

4. Esses atos são devidos ao instinto – são os chamados atos instintivos. Existem esboçados no reino vegetal, mas são bem mais evidentes no reino animal, tanto quanto na espécie humana, e ocorrem, seja no homem, seja nos animais, ao lado dos atos inteligentes.

A inteligência e o instinto decorrem do mesmo princípio
5. Existe diferença entre o instinto e a inteligência? Será o instinto, como alguns pensam, um atributo inerente à matéria e não à alma? Se assim fosse, teríamos de admitir que a matéria é também inteligente, o que é manifestamente falso. Ora, se ao ato instintivo falta o caráter principal do ato inteligente, que é ser deliberado, revela, no entanto, uma causa inteligente, porque apta a prever e a evitar o engano, o que levou muitos estudiosos a admitir que instinto e inteligência procedem de um mesmo princípio, que inicialmente teria somente as qualidades do instinto e depois se desenvolveria, evoluiria e passaria por uma transformação que lhe daria as qualidades da inteligência livre.

6. Esta última hipótese não resiste a uma análise mais profunda, porque freqüentemente o instinto e a inteligência se encontram juntos no mesmo ser e, às vezes, no mesmo ato. No caminhar, por exemplo, é instintivo o simples movimento das pernas, tanto no homem como no animal – um pé vai adiante do outro maquinalmente. Mas no acelerar o passo ou retardá-lo, bem como no levantar o pé para desviar-se de um obstáculo, intervém a vontade, a deliberação e o cálculo. De igual modo, o animal carnívoro é levado pelo instinto a alimentar-se de carne, mas age com inteligência e mesmo astúcia quando toma medidas para garantir sua presa.

7. Em face disso é que se diz que o instinto é uma espécie de inteligência, enquanto outros afirmam que é uma inteligência sem raciocínio. O fato é que muitas vezes se torna difícil estabelecer um limite nítido de separação entre o instinto e a inteligência, porque muitas vezes eles se confundem.

8. Inteligência e instinto – e esta é a opinião mais comum – são manifestações do mesmo princípio espiritual, que obedecem a duas determinantes ou a dois motores diferentes: um ligado à vontade e à liberdade do indivíduo, e outro que escapa totalmente à vontade e à liberdade. Nesse sentido, podem distinguir-se perfeitamente os atos que dependem da inteligência desenvolvida daqueles que decorrem estritamente do instinto.

Os atos inteligentes aprimoram-se com a aprendizagem
9. Sendo a inteligência, em sua plenitude, a faculdade de pensar e agir racional e deliberadamente, os atos inteligentes são conscientes, voluntários, livres e calculados. São, além disso, suscetíveis de variações, porque a inteligência, variável e individual por excelência, é suscetível de progresso. Os atos inteligentes decorrem da aprendizagem e pela aprendizagem se aprimoram, fato que não ocorre com os atos instintivos.

10. Vejamos o exemplo do patinho: logo que rompe a casca do ovo que o mantinha encerrado, se vê próximo um córrego ou um lago, corre alegremente para ele e lança-se na água, nadando imediatamente com perfeição. Onde aprendeu o pato a nadar? São igualmente instintivos o ato do castor, que constrói sua casa com terra, água e galhos de árvores; o ato dos pássaros, que constroem com perfeição seus ninhos; o ato da aranha, que tece com precisão sua teia. Vêem-se já aí alguns dos caracteres do instinto: é algo inato, perfeito e específico, ou seja, surge espontaneamente, sem prévia aprendizagem, em todos os indivíduos de uma mesma espécie e leva a atos completos, acabados, perfeitos, desde a primeira vez que são realizados.

11. Verifica-se, no entanto, que esses atos continuam durante toda a vida do ser sem mudança alguma. Essa capacidade de nadar, de construir, de tecer não sofre variação através dos tempos, de modo que o castor constrói hoje a sua cabana como o faziam seus ancestrais e assim farão os seus descendentes, com os mesmos materiais e da mesma maneira.  Nas edificações dos homens, ao contrário, é evidente a evolução na forma e no uso dos materiais, porque decorrem de atos inteligentes, sujeitos à vontade e à liberdade, variáveis de acordo com as circunstâncias, o que é uma característica dos atos inteligentes.

12. O homem também deve a sua conservação e manutenção a atos instintivos, e não apenas aos atos inteligentes. Lembremos tão-somente o que se dá nos primeiros dias após o nascimento de uma criança, que, do mesmo modo como ocorre com as crias de outros mamíferos, suga o leite materno, sem que ninguém lhe tenha ensinado. A circulação sangüínea, o funcionamento do aparelho digestivo e tantas outras funções verificáveis no ser humano também se devem à força do instinto.

Respostas às questões propostas

1. Que é inteligência? R.: A inteligência é o atributo essencial do Espírito, em razão do qual toma ele conhecimento de sua própria existência e exerce atividades voluntárias e livres. Quando o Espírito atinge o grau de humanização, sua inteligência adquire desenvolvimento superior, como o surgimento da razão e do senso moral, que lhe facultam a capacidade de conceber e reconhecer a existência de Deus.

2. Podemos dizer que o homem tem dupla natureza? R.: Sim. O homem é um ser que revela uma natureza material e uma natureza espiritual. Não nos esqueçamos de que há uma alma unida ao seu corpo físico e somente a ela deve ele sua inteligência e racionalidade, seus conhecimentos e sentimentos, bem como sua vontade e liberdade.

3. Que são atos instintivos? R.: São os atos que parecem obedecer antes a automatismos que a impulsos decorrentes da livre vontade. Eles visam sobretudo à conservação do indivíduo e da espécie, objetivando as funções de nutrição e de reprodução, provendo ao crescimento, ao desenvolvimento e à propagação, enfim, da plena realização da vida. Esses atos são devidos ao instinto e, por isso, chamados atos instintivos.

4. Que diferença existe entre os atos instintivos e os atos inteligentes? R.: A diferença entre uns e outros é que os atos inteligentes são conscientes, voluntários, livres e calculados. São, além disso, suscetíveis de variações, porque a inteligência, variável e individual por excelência, é suscetível de progresso. Os atos inteligentes decorrem da aprendizagem e pela aprendizagem se aprimoram, fato que não ocorre com os atos instintivos.

5. É certo dizer que os animais devem sua vida ao instinto e que o homem vive graças à inteligência? R.: Não. O homem deve também a sua conservação e manutenção a atos instintivos, e não apenas aos atos inteligentes. Lembremos tão-somente o que se dá nos primeiros dias após o nascimento de uma criança, que, do mesmo modo como ocorre com as crias de outros mamíferos, suga o leite materno, sem que ninguém lhe tenha ensinado. A circulação sangüínea, o funcionamento do aparelho digestivo e tantas outras funções verificáveis no ser humano também se devem à força do instinto.


Bibliografia:

A Gênese, de Allan Kardec, cap. 3, itens 11 a 17.  

Instintos


O instinto é uma espécie de inteligência. É uma inteligência sem raciocínio. Por ele é que todos os seres provêm às suas necessidades. (L.E. 73)

Não se pode estabelecer uma linha de separação entre o instinto e a inteligência, porque muitas vezes se confundem. Mas, muito bem se pode distinguir os atos que decorrem do instinto dos que são da inteligência. (L.E. 74)

Não é acertado dizer-se que as faculdades instintivas diminuem à medida que crescem as intelectuais. O instinto existe sempre, mas o homem o despreza. O instinto também pode conduzir ao bem. Ele quase sempre nos guia e algumas vezes com mais segurança do que a razão. Nunca se transvia. (L.E. 75)

Por que nem sempre é guia infalível a razão?

– Seria infalível se não fosse falseada pela má educação, pelo orgulho e pelo egoísmo. O instinto não raciocina; a razão permite a escolha e dá ao homem o livre-arbítrio. (L.E. 75 – a)

O instinto é uma inteligência rudimentar, que difere da inteligência propriamente dita, em que suas manifestações são quase sempre espontâneas, ao passo que as da inteligência resultam de uma combinação e de um ato deliberado. O instinto varia em suas manifestações, conforme as espécies e as suas necessidades. Nos seres que têm a consciência e a percepção das coisas exteriores, ele se alia à inteligência, isto é, à vontade e à liberdade. (L.E. 75, nota de Kardec)

Pode dizer-se que há duas espécies de instintos: o animal e o moral. O primeiro é orgânico; é dado aos seres vivos para a sua conservação e a de sua progênie; é cego, quase inconsciente, porque a Providência quis dar um contrapeso à sua indiferença e à sua negligência. Já o mesmo não se dá com o instinto moral, que é privilégio do homem. Pode assim ser definido: propensão inata para fazer o bem ou o mal. Ora, essa propensão é devida ao estado de maior ou menor avanço do Espírito. O homem cujo Espírito já é depurado faz o bem sem premeditação e, como uma coisa muito natural, pelo que admira de ser louvado. Os que são instintivamente bons e devotados denotam um progresso realizado; nos que o são intencionalmente, o progresso está por se realizar; por isso há trabalho e luta entre os dois sentimentos. No primeiro, a dificuldade está vencida; no segundo, deve ser vencida. O primeiro é como o homem que sabe ler, e lê sem esforço, quase sem se aperceber; o segundo é como o que soletra. (R.E. 1862, pág. 59)

O amor resume a doutrina de Jesus toda inteira, visto que esse é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito. Em sua origem, o homem só tem instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres e extingue as misérias sociais. Ditoso aquele que, ultrapassando a sua humanidade, ama com amplo amor os seus irmãos em sofrimento: ditoso aquele que ama, pois não conhece a miséria da alma, nem a do corpo. Tem ligeiros os pés e vive como que transportado, fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou a divina palavra amor, os povos sobressaltaram-se e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo. (Ev. XI 8)

O homem também tem instintos, que o fazem agir de maneira inconsciente, no interesse de sua conservação. Mas à medida que nele se desenvolvem a inteligência e o livre-arbítrio, o instinto se enfraquece, para dar lugar à razão, porque o guia cego lhe é menos necessário. O instinto, que tem toda a sua força no animal, perpetuando-se no homem, onde se perde pouco a pouco, certamente é um traço de união entre as duas espécies. (R.E. 1865, pág. 265)
por Entendendo o Espiritismo

INSTINTO

INSTINTO

Freud (Sigmund Freud) argumentava que o princípio do prazer, na verdade, exprimia impulsos primitivos, animais. Para seus contemporâneos vitorianos, a idéia de que o comportamento humano fosse no fundo governado por compulsões sem nenhum propósito mais nobre que a auto-realização carnal era simplesmente escandalosa. O escândalo se atenuou nas décadas seguintes, mas o conceito freudiano do homem como animal foi mantido em segundo plano pelos cientistas cognitivos. Agora ele está de volta. Neurocientistas como Donald W Pfaff, da Universidade Rockefeller, e Jaak Panksepp, da Universidade Estadual de Bowling Green, acreditam hoje que os mecanismos instintivos que regem a motivação humana são ainda mais primitivos do que imaginava Freud. Nossos sistemas básicos de controle emocional são iguais aos de nossos parentes primatas e aos de todos os mamíferos. No nível profundo da organização mental que Freud chamou de ID, a anatomia e a química funcionais de nosso cérebro não são muito diferentes daquelas dos animais que vivem nos currais ou dos bichos de estimação.

O instinto é a força oculta que solicita os seres orgânicos a atos espontâneos e involuntários, tendo em vista a conservação deles, é uma espécie de inteligência. É uma inteligência sem raciocínio, por ele é que todos os seres provêem às suas necessidades. Os instintos são automatismos estereotipados e inatos que têm em geral um fim útil para o individuo e a espécie.

Quando os cultores da psicologia profunda falam em instinto, devemos entender não o comportamento automático, mas o correspondente anímico cujo aspecto externo, motor, pode inclusive estar inibido. O Instinto vem [do latim instinctu] –Tendência natural; aptidão inata, força de origem biológica, própria do homem e dos animais superiores, que atua de modo inconsciente, espontâneo, automático, independente de aprendizado. Espécie de inteligência rudimentar que dirige os seres vivos em suas ações, à revelia de sua vontade e no interesse de sua conservação.

O instinto torna-se inteligência instinto, age-se sem raciocinar; pela inteligência, raciocina-se antes de agir. No homem, confundem-se freqüentemente as idéias instintivas com as idéias intuitivas. Estas últimas são as que ele hauriu, quer no estado de desdobramento, quer nas existências anteriores e das quais ele conserva uma vaga lembrança. O instinto não é independente da inteligência. Por ele é que todos os seres provêem às suas necessidades. O instinto e a inteligência muitas vezes se confundem, mas, muito bem se podem distinguir os atos que decorrem do instinto dos que são da inteligência.

O instinto existe sempre, independente da intelectualidade, mas o homem o despreza. O instinto também pode conduzir ao bem. Ele quase sempre nos guia e algumas vezes com mais segurança do que a razão. Nunca se transvia. O instinto seria sempre infalível, se não fosse falseada pela má educação, pelo orgulho e pelo egoísmo. O instinto não raciocina; a razão permite a escolha e dá ao homem o livre-arbítrio. O instinto varia em suas manifestações, conforme as espécies e às suas necessidades. Nos seres que têm a consciência e a percepção das coisas exteriores, ele se alia à inteligência, isto é, à vontade e à liberdade.”A percepção do desconhecido é a mais fascinante das experiências”. O homem que não tem os olhos abertos para o misterioso passará pela vida sem ver nada".(Albert Einstein de Max Wulfant (1879-1955). (SCIENTIFIC AMERICAN Brasil - ANO 3 - N°25 - Junho/2004). A Humanidade progride.

Esses homens, em quem o instinto do mal domina e que se acham deslocados entre pessoas de bem, desaparecerão gradualmente. Mas, desaparecerão para renascer sob outros invólucros. Como então terão mais experiência, compreenderão melhor o bem e o mal. Todo Espírito tem que progredir incessantemente. Aquele que, nesta vida, só tem o instinto do mal, terá noutra o do bem e é para isso que renasce muitas vezes, pois preciso é que todos progridam e atinjam a meta. A diferença está somente em que uns gastam mais tempo do que outros, porque assim o querem. Aquele, que só tem o instinto do bem, já se purificou, visto que talvez tenha tido o do mal em anterior existência. Antes de se unir ao corpo, a alma compreende melhor a lei de Deus do que depois de encarnada.

Compreende-a de acordo com o grau de perfeição que tenha atingido e dela guarda a intuição quando unida ao corpo. Os maus instintos, porém, fazem ordinariamente que o homem a esqueça. Instinto e razão mais não são do que duas fases de consciência, o instinto sexual, exprimindo amor em expansão incessante, nasce nas profundezas da vida, orientando os processos de evolução. O instinto sexual atrai as criaturas, faz a fusão do magnetismo entre o homem e a mulher, mas o relacionamento das pessoas corre por conta do sentimento de cada um e não simplesmente pela energia sexual, pois esta energia é neutra. É neste momento que surgem as dificuldades de entendimento e união, pois a normalidade do desempenho sexual, entre os cônjuges, Poe si só, não solucionará os problemas de relacionamento.

O instinto sexual é força poderosa de atração, unindo corpos físicos, criando as experiências afetivas e fazendo os destinos entre as criaturas, dirigindo-as paras as conquistas dos objetivos da Lei Suprema: O Amor, a Felicidade e a Harmonia. Ressalte-se que: O sexo não é patrimônio exclusivo da humanidade terrestre, é tesouro divino em todos os mundos, no Universo Infinito, e permanece nas mãos das criaturas humanas, que ainda estão muito distantes da compreensão e vivência das Leis Divinas , num quadro triste de ignorância , perversão e desequilíbrio. Quando o Espírito conquistou a razão, acordando para Vida Universal, já possuía por conquista própria um manancial enorme de forças sexuais advindas de experiências infinitamente recapituladas nos reinos inferiores da natureza. Com a era da razão, o Espírito alcançou o direito de livre-arbítrio e conseqüentemente da responsabilidade em seus atos. Não se formam espontaneamente homens, como na origem dos tempos, porque o princípio das coisas está nos segredos de Deus.

Entretanto, pode dizer-se que os homens, uma vez espalhados pela Terra, absorvem em si mesmos os elementos necessários à sua própria formação, para os transmitir segundo as leis da reprodução. O mesmo se deu com as diferentes espécies de seres vivos. Este caso não é freqüente, e seria antes uma exceção. A Terra não é o ponto de partida da primeira encarnação humana. O período de humanidade começa, em geral, nos mundos ainda mais inferiores. Essa, entretanto, não é uma regra absoluta e poderia acontecer que um Espírito, desde o seu início humano, esteja apto a viver na Terra. Em 1998, um estudante da Universidade de Évora, procurando exemplares de arte rupestre no Vale do Lapedo, em Portugal, forneceu pistas que levaram à descoberta de restos de uma criança, com idade estimada entre dois mil e três mil anos, que foi identificada, mais tarde, como portadora de características típicas de Homo sapiens e Neanderthal.

 A identificação provocou uma controvérsia entre antropólogos. Para muitos, Homo sapiens e Neanderthal não teriam se reproduzido entre si. Para os autores da identificação, o português João Zilhão, da Universidade de Lisboa, ele coordenou o trabalho da equipe internacional de 30 especialistas que resultou na publicação da monografia, batizada com o título inglês Portrait of the Artist as a Child ("retrato do artista quando criança"), com a colaboração do norte-americano Erick Trinkaus, da Washington University, não há mais o que discutir, ao deixar a África e colonizar a Europa, a humanidade moderna não exterminou os antigos habitantes do continente, como se pensava e, ao contrário disso, misturou-se a eles. A resposta dos meios de comunicação e do público não poderia ter sido mais avassaladora. Revistas populares saíram-se com ilustrações mostrando como seria o filho de um sapiens do sexo feminino, alta e negra com um neanderthal louro e troncudo (tudo errado, lógico, já que o menino do Lapedo certamente não era um mestiço de primeira geração. Revista SCIENTIFIC AMERICAN - Brasil - ANO 1 - N° 11/Abril de 2003).

Não se poderia negar que, além de possuírem o instinto, alguns animais praticam atos combinados, que denunciam vontade de operar em determinado sentido e de acordo com as circunstâncias. Há, pois, neles, uma espécie de inteligência, mas cujo exercício quase que se circunscreve à utilização dos meios de satisfazerem às suas necessidades físicas e de proverem à conservação própria. A imitação da voz humana, por alguns animais, origina-se de uma particular conformação dos órgãos vocais, reforçada pelo instinto de imitação. Conquanto não tenha alma animal, que, por suas paixões, o nivele aos animais, o homem tem o corpo que, às vezes, o rebaixa até ao nível deles, por isso que o corpo é um ser dotado de vitalidade e de instinto, porém ininteligentes estes e restritos ao cuidado que a sua conservação requer. Assim, mais culpado é, aos olhos de Deus, o homem instruído que pratica uma simples injustiça, do que o selvagem ignorante que se entrega aos seus instintos. A sobreexcitação dos instintos materiais abafa, por assim dizer, o senso moral, como o desenvolvimento do senso moral enfraquece pouco a pouco as faculdades puramente animais. Antes de se unir ao corpo, a alma compreende melhor a lei de Deus do que depois de encarnada. Compreende-a de acordo com o grau de perfeição que tenha atingido e dela guarda a intuição quando unida ao corpo.

Os maus instintos, porém, fazem ordinariamente que o homem a esqueça. Todo Espírito tem que progredir incessantemente. Aquele que, nesta vida, só tem o instinto do mal, terá noutra o do bem e é para isso que renasce muitas vezes, pois preciso é que todos progridam e atinjam a meta. A diferença está somente em que uns gastam mais tempo do que outros, porque assim o querem. Aquele, que só tem o instinto do bem, já se purificou, visto que talvez tenha tido o do mal em anterior existência. A Humanidade progride. Esses homens, em quem o instinto do mal domina e que se acham deslocados entre pessoas de bem, desaparecerão gradualmente. Mas, desaparecerão para renascer sob outros invólucros. Como então terão mais experiência, compreenderão melhor o bem e o mal.



Antonio Paiva Rodrigues
(Estudante de jornalismo, membro da ACI e gestor de empresas)

Inteligência e Instinto


O tema é tratado pelos Espíritos à pergunta 73 de “O Livro dos Espíritos”, na qual afirmam que o instinto é uma espécie de inteligência, uma inteligência sem raciocínio. Kardec comenta a pergunta 75 nos seguintes termos:

“O instinto é uma inteligência rudimentar, que difere da inteligência propriamente dita, em que suas manifestações são quase sempre espontâneas, ao passo que as da inteligência resultam de uma combinação e de um ato deliberado.”

“O instinto varia em suas manifestações, conforme as espécies e as suas necessidades. Nos seres que têm a consciência e a percepção das coisas exteriores, ele se alia à inteligência, isto é, à vontade e à liberdade”.

O instinto se reflete na história de nosso desenvolvimento físico, manifestando-se também no cérebro, em regiões específicas, como apresentaremos a seguir.

Bezerra de Menezes, no livro "A Loucura sob Novo Prisma", afirma que a alma depende do corpo para se expressar. Um maior domínio sobre as potencialidades do nosso cérebro é útil para que possamos nos expressar melhor. O neurologista americano Paul MacLean* modelou que possuímos 3 cérebros que operam interconectados, mas cada um com sua inteligência, subjetividade, senso de tempo, espaço e memória.


- O “cérebro réptil” (tronco cerebral) é responsável pelos processos de preservação da vida física;
- O “cérebro mamífero” (sistema límbico) é responsável pelo comportamento emocional e instintivo;
- O “cérebro neomamífero” (neocórtex) é o responsável da linguagem, raciocínio e comportamento racional.

Este modelo é coerente com o do “castelo de 3 andares” apresentado por Calderaro a André Luiz nos capítulos 3 e 4 da obra “No Mundo Maior”, de psicografia de Francisco Cândido Xavier. O estacionamento do indivíduo em qualquer uma dessas regiões traz prejuízo ao Espírito. De modo diverso, a harmonização de cada uma das regiões à sua função proporciona equilíbrio à alma.

O instinto não pode ser visto como uma manifestação “inferior”, visto que continua sendo fundamental à nossa preservação como animal. O que devemos evitar, isso sim, são palavras ou ações, originadas do cérebro emocional (cérebro mamífero), sem o crivo do cérebro racional (neomamífero). Aquele que nos ouve, pode reagir de maneira semelhante, apenas utilizando seu cérebro emocional, no intuito de se defender de uma ameaça. A vida deve ser vivida o mais conscientemente possível, reduzindo reações explosivas a fatos cotidianos.

Aduzimos que os instintos também evoluem, como afirma o Espírito Lázaro, em sua mensagem em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”:

“Em sua origem, o homem só tem instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas.”

“(...) Disse eu que em seus começos o homem só instintos possuía. Mais próximo, portanto, ainda se acha do ponto de partida, do que da meta, aquele em quem predominam os instintos. A fim de avançar para a meta, tem a criatura que vencer os instintos, em proveito dos sentimentos, isto é, que aperfeiçoar estes últimos, sufocando os germes latentes da matéria. Os instintos são a germinação e os embriões do sentimento; trazem consigo o progresso, como a glande encerra em si o carvalho, e os seres menos adiantados são os que, emergindo pouco a pouco de suas crisálidas, se conservam escravizados aos instintos.”

Leia também, neste blog, as postagens “A Inteligência” e “A lei de talião”. A respeito da obra “A Loucura sob Novo Prisma”, de Bezerra de Menezes, leia também, neste blog, as postagens “Influência do organismo” e “Loucura sem lesão cerebral”.


Bons estudos!
Carla e Hendrio


* MACLEAN, Paul D. “The Triune Brain in Evolution: Role in Paleocerebral Functions”. Plenum Press. New York, 1990.


Leia mais no endereço: http://licoesdosespiritos.blogspot.com/2009/07/inteligencia-e-instinto.html#ixzz3qTMrsAOt

O Instinto e a Inteligência - A Gênese

O Instinto e a Inteligência

11. Que diferença existe entre o instinto e a inteligência? Onde termina um e começa a outra? Será o instinto uma inteligência rudimentar, ou uma faculdade distinta, um atributo exclusivo da matéria?

O instinto é a força oculta que solicita os seres orgânicos à realização de atos espontâneos e involuntários, em vista à sua conservação. Nos atos instintivos, não há reflexão, nem premeditação. É assim que a planta procura o ar, gira em direção à luz, dirige suas raízes para a água e para a terra nutritiva; que a flor se abre e se fecha alternativamente, segundo sua necessidade; que as plantas trepadeiras se enrolam em torno de seu apoio; ou se enroscam com suas gavinhas. É pelo instinto que os animais são advertidos do que lhes é útil ou prejudicial; que, nas estações propícias, se movimentam em direção aos climas propícios; que, sem lições preliminares, constróem, com mais ou menos arte, segundo as espécies, acomodações macias e abrigos para sua descendência, ou armadilhas para prender a presa de que se nutrem; que manejam com habilidade as armas ofensivas e defensivas de que são providos; que os sexos se aproximam; que a mãe incuba seus filhotes e que estes procuram o seio materno. Quanto ao homem, o instinto domina com exclusividade, no começo da vida; é pelo instinto que o infante faz seus primeiros movimentos, que agarra seu sustento, que chora para exprimir suas necessidades, que imita o som da voz, que ensaia a fala e o andar. Mesmo no adulto, certos atos são instintivos: os movimentos espontâneos para evitar um perigo, para se livrar de um desastre, para manter o equilíbrio; tais são ainda, o piscar das pálpebras para diminuir o brilho da luz, a abertura maquinal da boca para respirar, etc.

12. A inteligência se revela por atos voluntários, refletidos, premeditados, combinados, segundo a oportunidade das circunstâncias. Incontestavelmente, isto é um atributo exclusivo da alma.

Todo ato maquinal é instintivo; o que denota reflexão, combinação, uma deliberação, é intelectivo; um é livre o outro não o é.

O instinto é um guia seguro, que jamais se engana; a inteligência, pelo fato de ser livre, é por vezes sujeita a erro.

Se o ato instintivo não tem o caráter do ato inteligente, não obstante, revela uma causa inteligente, essencialmente previsora. Admitindo que o instinto tem sua fonte na matéria será preciso admitir que a matéria é inteligente, e mesmo mais seguramente inteligente e previdente que a alma, eis que o instinto não se engana jamais, ao passo que a inteligência se engana.

Se considerarmos o instinto como uma inteligência rudimentar, como é que assim poderá ser, quando, em certos casos, ele se demonstra superior à inteligência racional? Como é que proporciona a possibilidade de executar coisa que a razão não pode produzir?

Se ele é o atributo de um princípio espiritual especial, o que é feito deste princípio? Depois que o instinto se apaga, esse princípio seria pois anulado? Se os animais apenas são dotados de instinto, seu futuro não tem saída; seus sofrimentos não teriam nenhuma compensação. Tal não seria conforme à justiça e à bondade de Deus. (Cap. II, Nº 19).

13. Segundo um outro sistema, o instinto e a inteligência teriam um único e mesmo princípio; chegado a um certo grau de desenvolvimento, este princípio, que começaria apenas com as qualidades do instinto, sofreria uma transformação que lhe conferiria as qualidades da inteligência livre.

Sendo assim, no homem inteligente que perde a razão, e apenas é guiado pelo instinto, a inteligência voltaria ao seu estado primitivo; e, desde que recupere a razão, o instinto voltaria a ser inteligência, e assim alternativamente em cada acesso, o que não é admissível.

Além disso, a inteligência e o instinto se apresentam freqüentemente ao mesmo tempo, no mesmo ato. Com o andar, por exemplo, as pernas se movem de modo instintivo; o homem coloca um pé adiante do outro, maquinalmente, sem nada considerar; porém, quando quer diminuir ou acelerar sua marcha, erguer o pé ou desviar-se para evitar um obstáculo, aí há cálculo, combinação; ele age de modo deliberado. O impulsionamento involuntário do movimento é o ato instintivo; a direção calculada do movimento é o ato inteligente. O animal carniceiro é impelido pelo instinto a nutrir-se de carne; porém, as precauções que ele toma, as quais variam segundo a circunstâncias, a fim de agarrar sua presa, sua previsão com relação às eventualidades, são atos de inteligência.

14. Uma outra hipótese que, por fim, alía-se perfeitamente à idéia da unidade de princípio, ressalta do caráter essencialmente previsor do instinto, e concorda com o que o Espiritismo nos ensina, a respeito das relações do mundo espiritual e do mundo corporal.

Atualmente, sabe-se que há Espíritos desencarnados que têm por missão velar sobre os encarnados, de quem são protetores e guias; que eles os rodeiam com seus eflúvios fluídicos; que o homem age de maneira inconsciente sob a ação de tais eflúvios.

Por outro lado, sabe-se que o instinto, que por si próprio produz atos inconscientes, predomina nas crianças, e em geral nas criaturas cuja razão é fraca. Ora, segundo esta hipótese, o instinto não seria um atributo da alma, nem da matéria; não pertenceria propriamente ao ser vivo, mas sim, seria um efeito da ação direta dos protetores invisíveis que supririam a imperfeição da inteligência, provocando eles mesmos os atos inconscientes necessários à conservação do ser. Seria como os andadores com as quais se sustenta a criança que ainda não sabe andar. No entanto, da mesma forma que se suprime gradualmente o uso dos andadores, à medida que a criança se sustenta por si, os Espíritos protetores deixam seus protegidos entregues a si mesmos, à medida em que eles possam se guiar por sua própria inteligência.

Assim, o instinto, longe de ser o produto de uma inteligência rudimentar e incompleta, seria o efeito de uma inteligência estranha na plenitude de sua força; seria uma inteligência protetora, que supriria a insuficiência, seja de uma inteligência mais jovem, que ela impediria à realização inconsciente de seu bem, que ainda seria incapaz de obter por si própria, seja de uma inteligência madura, mas momentaneamente entravada no uso de suas faculdades, o que ocorre no homem em sua infância, e no caso de idiotia, ou de afecções mentais.

Proverbialmente se diz que há um deus para as crianças, os loucos e os bêbados; este ditado é mais certo do que por vezes se crê; este deus não é senão o Espírito protetor que vela sobre o ser, incapaz de se proteger por sua própria razão.

15. Nesta ordem de idéias, pode-se ir mais longe. Esta teoria, embora seja racional, não resolve todas as dificuldades da questão.

Se observarmos os efeitos do instintivo, nota-se a princípio uma unidade de vista e de conjunto, uma segurança de resultados que não existem mais, desde que o instinto seja substituído pela inteligência livre; além disso, na adequação tão perfeita e tão constante das faculdades instintivas às necessidades de cada espécie, reconhecemos uma profunda sabedoria. Esta unidade de vistas não poderia existir sem a unidade de pensamento, e a unidade de pensamento é incompatível com a diversidade das aptidões individuais; somente ela poderia produzir este conjunto tão perfeitamente harmonioso que se estende desde a origem dos tempos e em todos os climas, com regularidade e precisão matemáticas, sem falhar jamais. A uniformidade no resultado das faculdades instintivas é um traço característico, que implica necessariamente na unicidade da causa; se esta causa fosse inerente a cada individualidade, haveria tantas variedades de instinto quantos indivíduos há, desde a planta até o homem. Um efeito geral, uniforme e constante, deve ter uma causa geral, uniforme e constante; um efeito que demonstra a sabedoria e a previdência deve ter uma causa sábia e previdente. Ora, uma causa sábia e previdente será necessariamente inteligente, e não pode ser exclusivamente material.

Não se encontrando nas criaturas, encarnadas ou desencarnadas, as qualidades necessárias para produzir tal resultado, é preciso subir mais alto, isto é, ao próprio Criador. Se nos reportarmos à explicação que foi dada sobre a maneira pela qual se pode conceber a ação providencial (Cap. II, nº 24), se figurarmos todos os seres como penetrados pelo fluido divino, soberanamente inteligente, logo se compreenderá a sabedoria previdente e a unidade de vistas que presidem a todos os movimentos instintivos para o bem de cada indivíduo. Essa solicitude é tanto mais ativa quanto o indivíduo tenha menos recursos em si mesmo e em sua própria inteligência; é por isso que ela se mostra maior e mais absoluta com os animais e com os seres inferiores do que com o homem.

Conforme esta teoria, compreende-se que o instinto seja um guia certo e seguro. O instinto material, o mais nobre de todos, que o materialismo rebaixa ao nível das forças atrativas da matéria, acha-se novamente elevado e enobrecido. Em razão de suas conseqüências, não seria preciso que ele fosse entregue às eventualidades caprichosas da inte ligência e do livre-arbítrio. Através do órgão da mãe, o próprio Deus vela sobre suas criaturas nascentes.

16. Esta teoria não destrói de modo nenhum o papel dos Espíritos protetores, cujo concurso é um fato verificado e provado pela experiência; porém, deve-se notar que a ação deles é essenciamente individual, que ela se modifica segundo as qualidades próprias do protetor e do protegido, e que não tem parte alguma na uniformidade e na generalidade do instinto. Deus, em sua sabedoria, conduz os cegos, mas confia à inteligência livre o cuidado de conduzir os que enxergam, para deixar a cada um a responsabilidade de seus atos. A missão dos Espíritos protetores é um dever que eles aceitam voluntariamente, e que para eles é um meio de progresso, segundo a maneira pela qual a executam.

17. Todas essas maneiras de considerar o instinto são necessariamente hipotéticas, e nenhuma delas tem um caráter suficiente de autenticidade para ser dada como solução definitiva. A questão será certamente resolvida algum dia, quando se houver reunido os elementos de observação que agora ainda faltam; até então, é preciso que nos limitemos a apresentar as opiniões diversas ao cadinho da razão e da lógica e aguardar que se faça a luz; a solução que mais se aproxima da verdade será necessariamente aquela que melhor corresponda aos atributos de Deus, isto é, à sua soberana bondade e à sua soberana justiça (Cap. II, nº 19).

18. O instinto é o guia e as paixões são as molas das almas no primeiro período de seu desenvolvimento, e por isso são por vezes confundidos em seus efeitos. No entanto, há entre estes dois princípios diferenças que é preciso considerar.

O instinto é um guia seguro, sempre bom; num certo tempo, pode tornar-se inútil, porém jamais nocivo; enfraquece, pela predominância da inteligência.

As paixões, nas primeiras idades da alma, têm isso de comum com o instinto, que os seres são por elas solicitados por uma força igualmente inconsciente. Elas nascem mais particularmente das necessidades do corpo, e mais que o instinto, se prendem ao organismo. O que as distingue do instinto, sobretudo, é que são individuais e não produzem efeitos gerais e uniformes, como este; ao contrário, vemos que elas variam de intensidade e de natureza, conforme os indivíduos. Elas são úteis, como estimulantes, até que se dê a eclosão do senso moral, o qual, de um ente passivo, faz um ser razoável; nesse momento, elas se tornam não só inúteis, mas também prejudiciais ao progresso do Espírito de quem retardam a desmaterialização; elas se enfraquecem com o desenvolvimento da razão.

9. O homem que não agisse senão pelo instinto, de modo constante, poderia ser bom, mas deixaria dormir sua inteligência; seria como o menino que não abandonasse os andadores e não saberia servir-se de seus membros. Aquele que não se assenhoreia de suas paixões pode ser muito inteligente, mas ao mesmo tempo, poderá ser muito mau. O instinto se aniquila por si mesmo; as paixões não são domadas senão pelo esforço da vontade.