Estudando o Espiritismo

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sexta-feira, 1 de maio de 2015

O surgimento do espiritismo em Vitória da Conquista

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     Tudo começou com ERNESTO DANTAS BARBOSA e, para tanto, convém conhecer um pouco da história do mesmo. Entre os anos de 1855 e 1856, nascia na cidade de Caetité ERNESTO DANTAS BARBOSA. Desde cedo o garoto demonstrava ser possuidor de rara inteligência, que se somava a intelectualidade do pai, o professor Manoel Barbosa. Por vontade dos pais, o jovem foi motivado a se tornar padre e foi estudar em um colégio interno em Salvador. No dia em que seria ordenado padre, quando celebraria sua primeira missa, para o espanto de todos, NÃO FEZ OS VOTOS! Declarou que estava apaixonado por uma jovem que havia escolhido para ser sua esposa. Não conseguindo fazer com que Ernesto mudasse de idéia, o pai o deserdou. Ernesto então retornou para Caetité onde fundou a escola a qual foi diretor.

     Segundo os poucos registros que se tem a respeito, por volta de 1890, mudou-se para a então IMPERIAL VILA DA CONQUISTA que, anos depois, passou a se chamar Cidade da Conquista e só em 21 de dezembro de 1943 que recebeu o nome de Vitória da Conquista. Morava na fazenda Jequitibá, localizada mais ou menos há 30 quilômetros da sede. Casou-se com Umbelina Maria de Oliveira, viúva do Sr. Manoel Fernandes de Oliveira. Não tinha diploma universitário, mas era possuidor de uma inteligência sem igual. Era considerado “o maior talento entre os homens leigos do sertão”. Educador, músico, escritor, falava fluentemente o Inglês, o Francês, o Italiano, o Espanhol e o latim, além de possuir vasto conhecimento sobre Astronomia, Geografia e História Universal, além de apreciador da poesia e de música clássica. Tocava violão por meio de partituras.

     Tendo acesso aos jornais de outros Estados, era um vasto conhecedor da doutrina espírita e, dizem, tinha até um exemplar da primeira edição do Livro dos Espíritos. Colaborou em muitos jornais da cidade e foi o redator chefe do jornal conquistense “A Notícia”. 

     Homem de caráter sem igual e de uma bondade que encantava a todos, chegou a receber o título de Coronel, mesmo sem ser militar. Fato que só acontecia com pessoas com alto conceito perante a sociedade. 

     Na própria fazenda inaugurou uma escola e começou a difundir os ensinamentos espíritas entre todos os que o cercavam. Médium de efeitos físicos e de cura, realizou prodígios que correram os quatro cantos do sertão. Teve como amigo e companheiro de ideal espírita o CORONEL FRANCISCO SOARES DE ANDRADE (Coronel Chicão) na qual a casa desse servia como ponto de discussão sobre assuntos relacionados ao espiritismo. Certamente teria sido a casa do Coronel Chicão, o local onde se plantou a primeira semente para o surgimenmto do primeiro centro espírita da cidade. 

     Intelectuais da antiga vila esperavam ansiosos pelo entrave espírita desses dois espíritos pré-determinados à difusão do espiritismo em nossa cidade. Os assuntos sobre a revelação dos espíritos, aos poucos passaram a fazer parte dos “serões” (conversas) entre as famílias distintas. Já no final do século XIX, desafiando o catolicismo reinante e dominante na época, juntamente com o Dr. João Dantas Barreto e com o farmacêutico César Vieira de Andrade, fundou a primeira instituição espírita organizada. O Centro Espírita Conquistense. Com o passar dos anos, os simpatizantes e adeptos fundaram a Filarmônica Espírita Aurora, iniciaram também uma tipografia objetivando a publicação de uma gazeta quinzenal, além de atividades aos menos favorecidos. As poesias e contos de Ernesto Dantas se transformaram no livro “Traços Crassos” que foi publicado em 1924 pelo filho dele Antônio Barbosa Dantas. 

     Livre pensador, Ernestro Dantas Barbosa usou da capacidade poética para exaltar as novas luzes do espiritismo e as perseguições que a mesma sofria pela Igreja Católica. No poema intitulado “Cantilenas” ficou uma marca dessa particularidade:

     “ Nobre povo, acorda! É tempo! Abre os olhos! Fita a luz!
     De verdade trilha a senda que o progresso nos conduz!
     Irmão despertai! Alerta escutai, que a voz da razão
     Percorre a amplidão!
     Deixai os antros da ignorância, onde o clero se mantém! 
     Foge do mal que vem das trevas, segue a luz que gera o bem!
     Se o teu suor locupleta o clero que nada faz,
     É porque, de olhos fechados, a seus pés curvado estás!
     Paladino da mentira, verdugos sem coração!
     Não sabem os que te exploram, o que seja compaixão!
     Infernos, penas eternas, satanás e confissão.
     Eis de Roma as ímpias armas, a monstruosa invenção!
     Nunca foram tais torpezas, ensinadas por Jesus!
     Justiça, amor, liberdade, legou-nos Ele na cruz!
     Esse julgo que te avilta, arranca e quebra de vez!
     Dos lares varre essa lepra, imita o povo francês!
     Eis! Os tempos são chegados, diz o céu, a terra, o ar!
     Dessa Igreja corrompida, para sempre baquear!”

     Ernesto Dantas Barbosa, desencarnou no dia 26 de maior de 1921.         

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