Estudando o Espiritismo

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quarta-feira, 22 de abril de 2015

Nascimento de Jesus

Richard Simonetti


1 – Por que os detalhes do nascimento de Jesus, no glorioso Natal, constam apenas do Evangelho de Lucas, sem nenhuma referência nos demais?
A tradição nos diz que grande parte do Evangelho de Lucas foi registrada a partir das reminiscências de Maria, mãe de Jesus. Faz sentido. Ela foi uma testemunha ocular daqueles acontecimentos inesquecíveis.
2 – Os pastores de Belém também participaram. No entanto, situaram-se como meros figurantes, desaparecendo em seguida. A que atribuir o fato de terem permanecido no anonimato, sem nenhum destaque no movimento cristão?
Provavelmente apenas se deslumbraram, como quem se empolga com fogos de artifício, sem maior repercussão em suas vidas. Simplesmente continuaram a cuidar de suas ovelhas.
3 – Não é estranho que isso tenha acontecido, tendo em vista a os fenômenos maravilhosos que contemplaram e, sobretudo, o seu encontro com o menino Jesus, inspiração para toda uma eternidade?
Entendo que eles apenas foram dignos representantes de uma Humanidade capaz de empolgar-se com fenômenos transcendentes, sem nenhum envolvimento. Os homens permanecem, em grande maioria, presos ao imediatismo terrestre. Admiram as belezas do Céu, mas de pés chumbados à Terra.
4 – Você acredita que isso esteja ocorrendo também com o Espiritismo?
Os espíritas não constituem exceção. Kardec considerava que isso aconteceria. Falou até dos que aceitam a Filosofia Espírita, sem cumprirem seus princípios, quando destaca, em O Livro dos Médiuns, capítulo III, os espíritas imperfeitos. Estes, em grande maioria, compreendem o Espiritismo, admiram sua moral, mas não a praticam, não mudam seus hábitos, não se privam de seus gozos, não combatem suas imperfeições. Destaca, ainda, que os referidos consideram a caridade cristã apenas uma bela máxima.
5 – A Doutrina não repercute em seu comportamento...
Pior do que aconteceu com os pastores de Belém, porquanto os pastores observaram fenômenos sem o respaldo de uma doutrina orientadora, ao passo que o Espiritismo nos oferece uma doutrina orientadora com o respaldo de fenômenos maravilhosos de intercâmbio com o Além que autenticam seus princípios.
6 – Devemos debitar esse comportamento à imperfeição humana?
Isso seria mera simplificação. Assim como o Evangelho, o Espiritismo não veio para uma minoria santificada. Então o problema não é de mera imaturidade humana, considerando que não somos vegetais a crescer atendendo à Natureza. Somos seres pensantes, dotados da capacidade de mudar os rumos de nossa vida com a alavanca da vontade, independentemente do estágio de evolução em que nos encontramos.
7 – Você acredita que um Espírito imperfeito possa mudar radicalmente o seu comportamento simplesmente aderindo de coração a um ideal?
Não é o que vemos todos os dias, com criminosos que se regeneram, viciados que se tornam virtuosos, pecadores que se redimem? Jesus dizia que não viera para os bons, mas para as ovelhas tresmalhadas, para atender às pessoas de má vida. O mesmo ocorre com o Espiritismo. Consideremos, portanto, que nem Jesus nem a Doutrina Espírita vieram para atender aos santos.
8 – Essa disposição de mudar, de se regenerar, de superar mazelas e imperfeições não surge a partir de certa maturidade do indivíduo?
Eu diria que a maturidade é efeito, não causa. A partir do momento em que o indivíduo cai em si, conforme a parábola do filho pródigo, dispondo-se a caminhar ao encontro de Deus, começa a amadurecer. O filho pródigo não revelou maturidade ao reconhecer que estava longe de seu pai. Apenas reconheceu sua miséria moral. Começou a amadurecer quando se dispôs a caminhar rumo à casa paterna. O mesmo acontece com o simbolismo do Natal. Jesus nasce em nosso coração não quando viramos santos. Caminhamos para a santidade quando Jesus nasce em nosso coração e repercute em nossas ações.

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