Estudando o Espiritismo

Observe os links ao lado. Eles podem ter artigos com o mesmo tema que você está pesquisando.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

MORTE PREMATURA


       P. Que diz o Espiritismo sobre a morte prematura? Estará ela sempre na programação dos que a sofrem?

        R. Nenhuma religião ou filosofia do mundo ocidental estuda, tão abertamente e com tanta minudência, a problemática de morte, quanto o Espiritismo, vendo na morte do corpo a emancipação do espírito, a sua transmutação apenas para outra dimensão da vida, que se lhe apresenta infinita.
       Estudando do Espírito e das pessoas as reações ante o evento da morte e evocando, em suas análises sobre o tema, os possíveis motivos de tantas vezes que este ocorre aparentemente, ou verdadeiramente de forma prematura, no cenário deste mundo, não há como deixar de observar-lhes as causas, espontâneas, umas, provocadas, outras, inesperadas e inevitáveis, algumas vezes, inexplicáveis ou incompreensíveis, outras tantas.
       Perder um familiar querido prematuramente, seja de que forma for, ainda que se creia na continuidade da vida e em que essa separação seja apenas temporária, não é tarefa fácil para ninguém. É uma das vias mais dolorosas, dentre as que são dadas ao homem percorrer neste mundo-escola. Saber que essa perda ocorreu pela ação criminosa ou irresponsável de outrem, ou, pela negligência em termos de saúde ou de segurança da própria pessoa desaparecida, só redobra o sofrimento de quem a amava tanto e agora se priva de sua companhia, por tempo indeterminado.
       Ora, se, como assegura o Evangelho, "não cai uma folha de árvore, um fio de cabelo, um pássaro, ao chão, sem que isto seja da permissão divina", a pergunta que não cala é: Tais mortes estão nos planos de Deus? Ocorrem elas pela Sua vontade? Sendo Deus Onisciente e Onipotente, isto é, Sabedor de tudo e Todo poderoso, há como aceitar a ideia de que ninguém morre antes da hora e que as mortes aparentemente prematuras já estavam devidamente programadas pelo nosso Criador, mesmo quando uma vida seja ceifada por ato nefando de outra pessoa?
       Em alguns casos, sim; em outros, absolutamente não. Os estudos espíritas dão conta de que o Criador do Universo e da Vida estabeleceu, desde o princípio de tudo, Leis Naturais, infalíveis e imutáveis, que os regem em todas as suas expressões, irrevogavelmente. Entre essas Leis estão as de Amor, de Causa e Efeito, de Progresso, de Sociedade e de Livre-arbítrio (esta última somente para os seres racionais em seu desenvolvimento e progressão). Nada acontece alheiamente a estas e outras Leis universais. Só elas podem confirmar a Justiça e o Amor do Criador para com todas as Suas criaturas, de modo imparcial e invariável. Pego-me às vezes a pensar em como reagem, em certas circunstâncias, os meus amigos que creem na unicidade e no caráter definitivo da existência humana, para cada espírito, uma vez que acreditam seja este um ser eterno e imortal. Observa-se que muitos se revoltam contra Deus, quando lhes sobrevenha uma desgraça, qual a morte prematura de um ser amado. Quando esse ser foi o único responsável pela própria desdita, por imprudência ou má ação, fica o desconforto extra de sabê-lo condenado fatalmente à pena eterna, imposta como castigo divino ao transgressor. A não ser que, apelando ao protecionismo muitas vezes imputado a Deus, considere que o seu próprio protegido, pelas orações feitas ou mandadas fazer em seu favor, com fervor, possa ser absolvido pelo Grande Juiz, que nem sempre haverá de ter a mesma condescendência para com os outros, o que já não é problema seu, mas que não deixa de ser uma pesada incoerência, a meu ver.
       O Espiritismo, não apenas em "O Livro dos Espíritos", sua primeira obra basilar, mas numa gama de outras obras dedicadas, inteira ou parcialmente, ao estudo destas questões, nos abre imensas possibilidades de reflexão, elucidando-nos muitas dúvidas e, até, preparando-nos para um possível enfrentamento de evento doloroso, quanto o aqui focalizado, a que tenhamos um dia de assistir ou protagonizar em nossos círculos mais estreitos de afetividade.
       Fato inconteste, porém, é o de que Deus não erra jamais e não se deixa enganar pelas malandragens humanas. Tudo está sob o controle absoluto de Suas leis sábias.
      A única fatalidade que se nos reserva, em toda a nossa trajetória pelas vias da eternidade espiritual, desde que fomos criados, é, na verdade, a da evolução contínua. Não há como permanecer estagnado. Evoluímos sempre, queiramos ou não. E a morte prematura, quando natural, em alguma de nossas reencarnações, faz parte deste processo de evolução, como experiência necessária ao nosso burilamento moral. Quando provocada por nós mesmos, é pedra de tropeço que nos fere, mas nos ensina, igualmente, à força da dor, em um recomeço mais difícil. Se provocada por outrem, é comprometimento para ele, podendo, ainda assim, ser uma alavanca que nos impulsiona para adiante, se soubermos perdoar e confiar na plena e infalível Justiça Divina. ///

Morte de entes queridos

http://www.aluzdoespiritismo.com.br/teste/artigos/ler.php?texto=78


O que torna a morte tão terrível? Por que não a aceitamos? Por que a negamos? Ela realmente existe? Ela é um castigo de Deus, principalmente quando uma criatura jovem se vai? O que é necessário para a sustentação da serenidade e do equilíbrio diante da partida de um ente querido? No que pode nos beneficiar a vivência de uma religiosidade mais equilibrada? No que consiste a contribuição da Doutrina Espírita para essa inevitável realidade?
         

         A despeito da inevitabilidade, “tocamos a vida” deixando de lado a questão da mortalidade física, e é o desconhecimento e despreparo em relação a ela que a tornam tão terrível. Mas, suas implicações se farão ainda mais intensas e conflituosas se a enxergarmos como um fim absoluto, ou algo inaceitável ou, ainda, uma maldição sobre nossa vida.

         No entanto, a morte não é um fato totalmente inesperado e muito menos isolado. Ela é a consequência da vida! E negá-la significa jamais se permitir um trabalho de elaboração do medo e da ansiedade que, frequentemente, ocorrem quando o indivíduo se depara com a partida de entes amados ou quando ele mesmo se encontra na iminência de empreender sua própria ida.

         Estudos sobre o estresse quase sempre identificam a perda de um membro próximo da família como o fato mais perturbador da vida cotidiana. É natural que seja assim, pois a morte de seres queridos sempre transtorna os sentimentos: num primeiro momento, são o choque, a surpresa e a apatia, o desencanto e a dor intensa.

         Muito embora a morte iminente nos abale menos do que aquela que não estamos esperando, no começo é sempre difícil assimilar a ausência da pessoa amada.

         A escritora norte-americana Judith Viorst, em seu livro PERDAS NECESSÁRIAS, ressalta:  



             “A morte é um dos fatos da vida que reconhecemos mais com a mente do que com o coração. E geralmente, enquanto nosso intelecto reconhece a perda, o resto de nós continua tentando arduamente negar o fato.” [1]



         A morte em ocorrências trágicas é, das situações, a mais dolorosa, notadamente, se o enlutado se fixar na revolta e no desespero. Se se deixar conduzir por tais reações, sua reorganização emocional e o alívio da própria dor ficarão sensivelmente prejudicados.

         O psiquiatra inglês Colin Murray Parkes, 79 anos, um dos mais respeitados estudiosos do luto do mundo, foi chamado pelo governo britânico a prestar assistência psicológica a vítimas do tsunami do Oceano Índico, ocorrido em dezembro de 2005, bem como a parentes de vítimas dos atentados de 11 de setembro, em Nova York. Em entrevista à Revista VEJA, de 15.08.2007, ele falou sobre a dor de quem vai e de quem fica e como lidar com ela.



http://veja.abril.com.br/150807/entrevista.shtml

       

         Das treze questões, destacaremos apenas três, muito embora a entrevista toda possa ser acessada por meio do link acima:

VEJA – O que se pode fazer para ajudar uma pessoa que perdeu alguém?

Parkes – Ficar próximo dela, abraçá-la, fazê-la sentir-se compreendida e segura. Para as pessoas que perderam alguém, especialmente se a morte estiver ligada a uma situação criminal, o mundo pode parecer um lugar bastante perigoso. Parentes de vítimas ficam assustados e chegam a ter medo de estranhos. Para ajudar essas pessoas, é preciso despertar sua confiança e transmitir-lhes segurança para começar a falar e a pensar naquilo que as faz sentir-se em perigo. Deixá-las expressar sua tristeza também é importante. Ouço muitas reclamações de enlutados. Eles dizem que a família não os deixa chorar – quer vê-los alegres o tempo todo. Não há nada pior do que alguém lhe dizendo: ‘Não quero ver você triste assim, por favor!’. Outra coisa que devasta essas pessoas é quando elas percebem que os vizinhos e os amigos se afastam delas. Escuto muitas histórias de enlutados que afirmam que seus vizinhos mudam de calçada quando os veem chegando. É evidente que eles não fazem isso de propósito. O fato é que ninguém sabe lidar direito com a morte.

VEJA – Quem lida melhor com a morte, os homens ou as mulheres?

Parkes – As mulheres, sem dúvida. Elas conseguem expressar seu sofrimento mais facilmente. E, uma vez vivenciado esse sentimento, elas podem fazer aquilo que se costuma chamar de “tocar a vida para a frente”. Já os homens têm uma enorme dificuldade de mostrar sua fragilidade diante da morte. Por isso, têm também mais dificuldade de se organizar para continuar vivendo.

VEJA – O que se deve dizer a um conhecido que acaba de perder alguém?

Parkes – As pessoas enlutadas, em geral, têm um alto grau de sensibilidade a tudo o que não seja sincero: elas percebem facilmente se alguém está fingindo tristeza ou dizendo uma palavra de conforto apenas porque foi instruído a fazê-lo. Por isso, o que quer que você diga nessa situação deve vir do coração. [2]



****



         Sentir saudade é natural, quem ama sente saudades. E como dói o vazio que fica no lugar de quem se foi! No entanto, essa recordação e evocação que a saudade representa não podem causar uma paralisia emocional no enlutado. E diante de tal situação, o que a vida está lhe solicitando: desprendimento, amadurecimento, uma reflexão mais profunda sobre os reais valores da existência terrena?

         Conforme considerações de Viorst, apesar do intelecto, nossos sentimentos teimam em não aceitar o fato. E por quê? Porque, dentre as várias razões em jogo, nos é insuportável a ideia do fim de tudo! Em virtude de todos trazerem o conhecimento – ainda que não tão claro para alguns – de sua própria imortalidade, “sabemos” que o nosso eu faz parte de algo que nunca perecerá.

         Na pretensão de complementar as palavras de Parkes, e enfocando o aspecto espiritual da questão, para que o enlutado preserve sua integridade, é imprescindível não se deixar envolver em intermináveis questionamentos, como se pedisse contas aos céus ou a Deus.

         Podemos afirmar que existe uma palavra-chave na sustentação da serenidade e do equilíbrio diante da partida de um ente querido: a submissão. E ela consiste na disposição de aceitar o inevitável, considerando que, acima dos desejos humanos, prevalece as soberanas sabedoria e vontade de Deus, que sempre oferecerão aos envolvidos, seja para quem fica e até mesmo para quem vai, as experiências de que mais necessitam para prosseguirem com seus projetos evolutivos.

         Sendo assim, no que consiste a contribuição da Doutrina Espírita? No ensino categórico de que não há morte, essencialmente, haja vista ela não levar a criatura ao nada existencial. A morte não elimina a vida e, sim, dilata-A. Ao abandonarmos o corpo físico, continuamos com a mesma vida, porém, de maneira ainda mais intensa e dinâmica, só que em outras dimensões.

         O Espírito Rosângela argumenta:



            Habitue-se, caro coração, a refletir a respeito da morte, com serenidade e confiança em Deus, porque você não ignora que, por mais que se aturda, desarvore ou se inconforme, essa é a única regra para a qual não se conhece exceção.

            Prepare-se, amando e trabalhando no bem grandioso, até que você, um dia, igualmente se transforme em ave libertadora da prisão-escola corporal.

            A morte tão somente revela a vida mais amplamente. Pense nisso. [3]



         A vivência de uma religiosidade equilibrada nos permite filtrar a própria dor, sustentando o devido respeito e consideração para com os que se vão. Mas, infelizmente, não é essa a atitude de muitos enlutados. Confusos na administração dos próprios sentimentos, inseguros quanto a suas concepções sobre a morte terrena e a vida após ela, não conseguem se apegar a nada que lhes traga consolo e alívio.

         E o que, verdadeiramente, pode representar esse sofrimento tão intenso? Profundo amor pelo trespassado? O Espírito Camilo chama nossa atenção para a seguinte realidade:



            Muito embora a lágrima sentida ocupe o seu lugar, quando desses transes difíceis, faz-se necessário atentar para os excessos, que são, sem dúvida, expressões da mente bloqueada ou da alma emparedada em ignorância desarticuladora, impedindo-se de pensar mais alto.

            Há familiares que se desesperam de tal modo, que mais parecem descarregar as quotas de remorsos para com os desencarnados, do que propriamente saudade e ternura.

            Há casos de tamanha revolta, diante da lei que não tem exceção, que passam a acusar, sem que se apercebam, os afetos trespassados, como responsáveis por seus sofrimentos.

            Há situações em que familiares e amigos, num processo inconsciente de autopiedade, valem-se do passamento dos entes caros, a fim de exteriorizar a carência afetiva que os caracteriza. Não pensam claramente no morto, mas, em si mesmos, elastecendo o sofrimento, atraindo para si as atenções e cuidados gerais.

            Para e pensa, pois, nessas questões.

            Não obstante a morte imponha amargura e dor, frustração e lágrimas naqueles que ficam, nas lides da atividade carnal, vale a pena estejas vigilante, para que o egoísmo milenário (...) não se imiscua nos teus sentimentos verdadeiros.

            Cultiva, então, o bom senso.

            Sofre e chora sem que o teu sofrimento perturbe os outros, e sem que tuas lágrimas traiam teus desejos íntimos de afago, na descompensação em que te achas.

            Aprende a sofrer retirando bom aproveitamento do padecer, amadurecendo, superando-te, para que as tuas provas ou expiações humanas, de fato, façam-te avançar para Deus, e não te aguilhoem aos postes morais do indivíduo espiritualmente pigmeu.

            Choras por teus mortos? Então, faze desse pranto um aceno de ternura e um bilhete de paz, onde tu digas aos amores desencarnados:

            ´Até breve; que Deus te abençoe, ser querido!’ [4]

       

         Uma das conclusões que tiramos dessas palavras é que o egoísmo do enlutado pode potencializar sua própria dor! Todavia, tendo por base as revelações que a Doutrina Espírita faz, podemos afirmar que, mantendo esse estado de ânimo, ele deixa de cogitar a hipótese de que o afeto trespassado talvez esteja também sofrendo com a separação e com as mudanças que a morte representa para todos os envolvidos.

         Allan Kardec, na questão 936, de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questiona: “Como as dores inconsoláveis dos sobreviventes afetam os Espíritos a que se dirigem?” (ou seja, naqueles que já partiram para o mundo espiritual)

         Resposta:



            O Espírito é sensível à lembrança e aos lamentos daqueles que amou, mas uma dor incessante e irracional o afeta penosamente, porque ele vê nessa dor excessiva uma falta de fé no futuro e de confiança em Deus e, por conseguinte, um obstáculo ao progresso e, talvez, ao reencontro. [5]

       

         Com seus postulados, o Espiritismo proporciona o conforto e os devidos esclarecimentos diante de um momento tão difícil para todos. E quando, efetivamente, eles são interiorizados, a criatura dispõe da necessária calma, na certeza de que as separações são apenas momentâneas. Obviamente que ela sentirá a falta física do afeto que se foi, porém, não a sua ausência total.

         Ainda fazendo referência às palavras de Viorst, e por meio dos ensinos espíritas, tanto o coração como a mente adquirem a certeza de que a morte, realmente, não existe, porque os afetos que partiram continuam vivos. Um “até breve” ou um “até já” representam, de fato, provisórias despedidas, porque o tempo na Terra nada mais é do que apenas alguns segundos perante o relógio da eternidade.          Assim, decorridos os momentos de maior tensão e amargura, perfeitamente compreensíveis, ao sentir saudades dos que se foram, torna-se imprescindível envolvê-los com a recordação alegre dos momentos de carinho, trabalho e amor que juntos viveram. Descarta-se, dessa forma, qualquer revolta ou desespero pelo vazio que deixaram.

         O Espírito Joanna de Ângelis constata:



            A morte prematura de seres amados não tem caráter punitivo, como invariavelmente se pensa, antes significa prêmio aos que desencarnam e que se desincumbiram dos compromissos, merecendo o direito à liberdade do cárcere carnal.

            Naturalmente que a ausência física junto aos afetos da retaguarda produz dor e saudades nesses, no entanto, a compreensão de que ora eles estão felizes e próximos, dependendo somente de cada qual sintonizá-los mentalmente, diminui essas emoções aflitivas e amplia o afeto que prossegue ao lado da certeza do próximo reencontro duradouro e ditoso.  [6]



         Por fim, a consciente aceitação de que inevitavelmente morreremos pode intensificar e refinar a vivência do momento presente. Essa é, por exemplo, a percepção da escritora gaúcha Lya Luft:



            Ela (a morte) é (...) o olho que nos contempla sem dormir, a voz que nos convoca e não queremos ouvir, mas pode nos revelar muitos segredos.

            O maior deles há de ser: a morte torna a vida tão importante!

            Porque vamos morrer, precisamos poder dizer hoje que amamos, fazer hoje o que desejamos tanto, abraçar hoje o filho ou o amigo. Temos de ser decentes hoje, generosos hoje ... devíamos tentar ser felizes hoje.

            A morte não nos persegue: apenas espera, pois nós é que corremos para o colo dela. O modo como vamos chegar lá é coisa que podemos decidir em todos os anos de nosso tempo.

            O melhor de tudo é que ela nos lembra de nossa transcendência.

            Somos mais que um corpo e ansiedade: somos mistério, o que nos torna maiores do que pensamos ser – maiores do que os nossos medos.

            (...) Se acreditarmos que viver é só comer, trabalhar, comprar e pagar contas, a morte da pessoa amada será desespero sem remissão. Não nos conformamos, não acreditamos em mais nada.

            Mas se tivermos alguma visão positiva do todo do qual faz parte a indesejada, insondável mas inevitável transformação na morte, depois de algum tempo o amado acomoda-se de outro jeito em nós: continua parte de nossa realidade.

            Está transfigurado, porém ainda existe.

            ‘Com o passar dos anos dói menos’, disse-me um amigo que há trinta anos perdera uma filha ainda criança.

            Conheço um pouco a Senhora Morte. Duas vezes a Bela Dona me pegou duro, (...) me jogou no chão. Foi-se a cada vez um pedaço importante de mim. Mas como em certos animais, as partes perdidas se refizeram, diferentes – não me sinto mutilada, embora a cada dia sinta em mim aqueles espaços vazios que não voltarão a ser ocupados.        

            Aprendi que a melhor homenagem que posso fazer a quem se foi é viver como ele gostaria que eu vivesse: bem, integralmente, saudavelmente, com alegrias possíveis e projetos até impossíveis. [7]



                                                                                                                                                                           

PERDA DE PESSOAS AMADAS. MORTES PREMATURAS



21. Quando a morte vem ceifar nas vossas famílias, levando sem moderação as pessoas jovens ao invés das velhas, dizeis frequentemente: Deus não é justo, uma vez que sacrifica esse que é forte e pleno de futuro, para conservar aqueles que já viveram longos anos plenos de decepções; uma vez que leva aqueles que são úteis e deixa aqueles que não servem mais para nada; uma vez que parte o coração de uma mãe, privando-a da inocente criatura que fazia toda a sua alegria.

Humanos, é nisto que tendes necessidade de vos elevar acima do terra-a-terra da vida, para compreenderdes que o bem, frequentemente, está onde credes ver o mal, a sábia previdência aí onde credes ver a cega fatalidade do destino. Por que medir a justiça divina pelo valor da vossa? Podeis pensar que o senhor dos mundos queira, por um simples capricho, vos infligir penas crueis? Nada se faz sem um objetivo inteligente e, qualquer que seja ao que se chegue, casa coisa tem sua razão de ser. Se perscrutásseis melhor todas as dores que vos atingem, nelas encontraríeis sempre a razão divina, razão regeneradora, e vossos miseráveis interesses seriam uma consideração secundária que relegaríeis ao último plano.

Crede-me, a morte é preferível, para a encarnação de vinte anos, a esses desregramentos vergonhosos que desolam as famílias honradas, partem o coração de uma mãe e fazem, antes do tempo, branquear os cabelos dos pais. A morte prematura, frequentemente, é um grande benefício que Deus concede àquele que se vai, e que se encontra, assim, preservado das misérias da vida, ou das seduções que teriam podido arrastá-lo à sua perdição. Aquele que morre na flor da idade, não é vítima da fatalidade, mas Deus julga que lhe é útil não permanecer por mais tempo na Terra.

É uma horrível infelicidade, dizeis, que uma vida tão plena de esperanças seja tão cedo cortada! De quais esperanças quereis falar? Das da Terra, onde aquele que dela se vai teria podido brilhar, construir seu caminho e sua fortuna? Sempre essa visão estreita que não se pode elevar acima da matéria. Sabeis qual seria a sorte dessa vida tão plena de esperanças segundo vós? Quem vos diz que ela não poderia ser cheia de amarguras? Contais, pois, por nada as esperanças da vida futura, já que preferis as da vida efêmera que arrastais sobre a Terra? Pensais, pois, que vale mais ter uma posição entre os homens que entre os Espíritos bem-aventurados?

Regozijai-vos ao invés de vos lamentar, quando apraz a Deus retirar um de seus filhos deste vale de misérias. Não há egoísmo em desejar que ele aí permanecesse para sofrer convosco? Ah! essa dor se concebe naquele que não tem fé, e que vê na morte uma separação eterna; mas, vós, espíritas, sabeis que a alma vive melhor desembaraçada de seu envoltório corporal; mães, sabeis que vossos filhos bem-amados estão perto de vós; sim, bem perto; seus corpos fluídicos vos cercam, seus pensamentos vos protegem, vossa lembrança os embriaga de alegria, mas também as vossas dores desarrazoadas os afligem, porque elas denotam uma falta de fé e são uma revolta contra a vontade de Deus.

Vós que compreendeis a vida espiritual, escutai as pulsações de vosso coração chamando esses entes bem-amados, e se pedirdes a Deus para os abençoar, sentireis em vós essas poderosas consolações que secam as lágrimas, essas aspirações maravilhosas que vos mostrarão o futuro prometido pelo soberano Senhor. (SANSON, antigo membro da Sociedade Espírita de Paris, 1863.) [8]







A Borboleta



Parece uma nota de leveza a distender-se na pauta do dia... a elegante borboleta!

Trespassa os ares, sobrevoa o prado, beija as folhas farfalhantes e dribla o vento apressado e irreverente...

No seu voo suave e azulíneo, como se fora uma pétala a voejar, balançando no espaço, sobrepaira o espelho plácido dos lagos, quanto baila em meio às gotículas que se desprendem das quedas d’água.

Seu matiz é mensagem de alegria, sua liberdade é um convite à paz. Contudo, dias antes de mostrar-se tão bela e faceira, não passava de larva rastejante no solo úmido ou escondida na casca apodrecida de algum tronco relegado. Jamais sonharia com o beijo do sol. Dependia de alimento tomado aqui e acolá, nas ramagens dadivosas, desconhecendo as corolas cromadas e a doçura dos néctares de que ora se serve.

Era lagarta...

Hoje é borboleta...

**

Quando você for constrangido a acompanhar, com lágrimas, aquele afeto que se despede das refregas do mundo, rumando para o Mais Além, tente não lastimar por costume irrefletido; faça esforços para não desesperar. A vida não se resume num punhado de matéria que entrará em dissociação. Nem será a vida a conjunção de episódios marcantes ou insignificantes, promotores de esparsos sorrisos e rios de pranto. O destino dos que estão na vida acanhado do mundo é a Vida na Amplidão.

Mesmo com dores n’alma, despeça-se do coração querido com suave ‘até logo’, porque todos que se arrastam no terreno lodacento das experiências humanas deverão, a seu tempo, converter-se em seres vivazes a planarem altivos sobre as ondas agras das vicissitudes terrenas, no fulgurante voo da imortalidade.

Como as borboletas... a liberdade, enfim! [9]





Silvia Helena Visnadi Pessenda

sivipessenda@uol.com.br



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] VIORST, Judith. Perdas Necessárias. 28. ed. São Paulo: Editora Melhoramentos Ltda,  2004. Cap.XVI. p. 245. (literatura não-espírita)

[2] VEJA. São Paulo: Editora Abril, 15.08.2007.

[3] Rosângela (espírito); TEIXEIRA, José Raul (psicografado por). Rosângela. 1. ed. Niterói, RJ: Fráter, 1996. Cap. “A morte”. p. 68-69.

[4] CAMILO (espírito); TEIXERIA, José Raul (psicografado por). TEIXERIA. Revelações da luz. 2. ed. Niterói, RJ: Fráter, 1995.
Cap. 29. p. 139-140.

[5] KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. 100. ed. Araras, SP: IDE, 1996. q. 936.

[6] ÂNGELIS, Joanna de (espírito); FRANCO, Divaldo Pereira (psicografado por). Diretrizes para o êxito. 2. ed. Salvador, BA: Livr. Espírita Alvorada, 2004. Cap.15. p. 93.

[7] LUFT, Lya. Perdas e ganhos. 12. ed. Rio de Janeiro: Record, 2003. Cap. “Luto e renascimento”. p. 145-147. (literatura não-espírita)

[8] KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. 195. ed. Araras, SP: IDE, 1996. Cap. V. Item 21.

[8] Rosângela (espírito); TEIXEIRA, José Raul (psicografado por). Rosângela. 1. ed. Niterói, RJ: Fráter, 1996. Cap. “A borboleta”. p. 73-75.

Perda de entes queridos

Perda de entes queridos

Todas as pessoas que vivem nesta escola de preparação espiritual chamada Terra já passaram pela experiência de ver partir entes queridos para um local que a maioria não consegue bem definir. Acidentes violentos, enfermidades inesperadas, crimes hediondos, ou até mesmo situações banais, são apenas algumas das formas pelas quais todos os dias milhares de seres partem deste mundo rumo ao desconhecido.

A dor é ainda maior quando a morte arrebata de nosso convívio pessoas que nos são tão caras. Como dói a um pai sepultar o corpo do filho; a uma esposa que não terá mais a mão amiga do marido; a um irmão privado da convivência com a irmã; ou simplesmente a ausência física dos amigos queridos! Todos eles partem deixando em nossos corações a doce brisa da saudade.

Como conciliar tamanha dor com a justiça e a bondade do Pai, o Criador? Como explicar o amor de Deus que permite que criaturas tão amadas sejam tiradas de nós dessa forma? Qual a explicação para a morte daqueles que se vão em tenra idade, com todo um futuro promissor pela frente? E qual seria o motivo que pudesse justificar as enormes dores que levam à morte pessoas que desde o berço sempre cultivaram a bondade, a humildade e a simplicidade para com seus semelhantes?

Diante de tudo isso, chegamos inevitavelmente a uma encruzilhada: ou não existe reencarnação e Deus nem de longe é o Pai amoroso, justo e misericordioso que Jesus nos apresenta em seu Evangelho, ou então existe reencarnação e Deus é, de fato, um Pai que ama todos os seus filhos indistintamente, concedendo a cada um deles os meios de resgatarem seus erros do passado, harmonizando-se com as leis divinas. Se as pessoas parassem para analisar tais situações, se convenceriam facilmente da segunda opção, esta fascinante realidade que nós, espíritas, já conhecemos.

É claro que não seremos hipócritas a ponto de afirmar que não sentimos a morte de nossos entes queridos. Não há dúvida de que sentimos, pois a ausência física das pessoas que amamos dói bastante e esta dor independe da opção religiosa daqueles que permanecem na Terra. Contudo, o Espiritismo nos oferece algo a mais. As religiões pregam a existência do Espírito, mas muitas estão vinculadas a dogmas ou interesses obscuros e imediatistas que não permitem aos seus seguidores uma análise imparcial e racional sobre o assunto. Só a Doutrina Espírita é capaz de esclarecer o que acontece com a alma antes do berço e depois do sepulcro. Como? Vejamos alguns pontos, considerando que o Espiritismo é um doutrina de tríplice aspecto: filosófico, científico e religioso.

Do ponto de vista filosófico, ao examinar as questões mencionadas acima, a Doutrina dos Espíritos oferece respostas a todas elas, nos convidando a raciocinar em termos da grandeza da criação, bem como da justiça e do amor de Deus para com todas as criaturas. Encontramos nos ensinamentos de Jesus e dos espíritos superiores a orientação e o consolo que amenizam nossas dores e sofrimentos. O esclarecimento espírita, sempre pautado pela razão, pela lógica e pelo bom senso, eleva nossa visão a níveis nunca antes imaginados. Demonstra, com segurança, que somente através do conhecimento de princípios e leis universais como reencarnação, evolução, causa e efeito e livre-arbítrio, pode o homem encontrar as verdadeiras respostas para os mais diversos questionamentos feitos ao longo da história da humanidade. Mas, o Espiritismo não nos força a aceitá-lo. Ao contrário, nos convida a examinar seus postulados com serenidade, comparando-os com tudo o que observamos ao nosso redor no dia-a-dia. Ao invés de simplesmente repelir tais ideias, veja se há no mundo alguma outra doutrina ou sistema capaz de elucidar todas essas questões de forma tão racional e coerente. Não temos a menor dúvida em afirmar que você não encontrará. Kardec, durante os trabalhos da codificação espírita na segunda metade do século XIX, advertia para o fato de que a fé cega já não era mais para aquela época. Hoje, em pleno século XXI,  quando o homem se vê a braços dados com tanta evolução no campo do intelecto, é nítido que vivemos um período onde precisamos considerar a razão como elemento fundamental para a iluminação e o fortalecimento de nossa fé. Todo aquele que questiona, tendo como base a fé raciocinada, naturalmente concluirá quanto a excelência e a veracidade dos fundamentos da Doutrina Espírita.

No que tange ao seu aspecto científico, o Espiritismo tem na mediunidade o seu principal instrumento de confirmação da existência do plano espiritual e da possibilidade de intercâmbio entre os espíritos e os homens. As respostas que a filosofia espírita nos proporciona são ratificadas pelas próprias almas daqueles que já viveram na Terra e que agora, sem as limitações do corpo material, nos trazem notícias e informações de sua situação nas outras esferas. É através do intercâmbio mediúnico que aprendemos com os bons espíritos e temos a oportunidade de auxiliar aqueles que se encontram em situações menos fáceis no Além Túmulo. São, portanto, os espíritos que nos dão a certeza da imortalidade da alma, demonstrando que o que morre é apenas o corpo físico e que os nossos entes queridos que já partiram são, assim como nós, viajantes do Cosmo, herdeiros imortais do Pai Celeste.

O Espiritismo não é apenas uma doutrina filosófica de comprovação científica. Seus ensinamentos conduzem os adeptos a uma nova visão da vida e, consequentemente, a um processo de renovação íntima, cuja base é o Evangelho de Jesus. Afirmamos que o Espiritismo é religião porque a sua moral permite-nos religar a Deus em espírito e verdade, sem rituais, sem dogmas, mas sim através da prática do bem, único caminho que nos coloca em sintonia com a Espiritualidade Superior. Nas imorredouras lições do Cristo, Allan Kardec fincou as raízes da Doutrina, sinalizando que a moral ensinada pelo Mestre de Nazaré é a base da verdadeira religião universal: o Amor.

Com o estudo das chamadas obras básicas da Codificação e outras de inegável valor doutrinário, além, é claro, do Evangelho, encontramos respostas consoladoras e elucidativas para todos problemas. O absurdo de uma morte prematura ou a incoerência dos sofrimentos inenarráveis vividos por uma boa pesssoa, encontram respostas nas opções feitas e nas ações realizadas em vidas passadas. Há que se reconhecer que, dentre as várias moradas da casa do Pai, somos moradores de uma que ainda está longe de ser o paraíso que todos almejamos. Em planetas de provas e expiações como o nosso, reencarnam espíritos que guardam graves compromissos com as leis divinas, a exigirem, no tempo e local apropriados, as devidas reparações.

Diante de situações tão difíceis quanto às que citamos, somos compelidos a buscar o entendimento de suas causas. Quando não as encontramos nesta existência, naturalmente somos levados a compreender que elas se encontram nas existências pretéritas. Há um axioma científico que afirma não existir um efeito sem causa. Ora, se sofremos, há que existir uma causa para este sofrimento. Os pais humanos por mais imperfeitos que sejam, não punem seus filhos e não os deixa sofrerem sem que seja necessário, mediante um motivo justo. Imagine então o nosso Pai Celestial! Desde que admitamos que Deus, Inteligência Suprema e Causa Primária de todas as coisas, possui todos os atributos em grau ilimitado, inclusive a justiça, a misericórdia, a bondade e o amor, chegaremos a conclusão de que a causa ou as causas de nosso sofrimento são também justas e necessárias à nossa evolução espiritual. As leis divinas sempre favorecem o indivíduo em sua caminhada ascencional, através de inumeráveis processos educativos, de forma a facultar-lhe as oportunidades de reparação de erros, bem como a aquisição de conhecimentos e virtudes indispensáveis ao processo evolutivo.

Se você chora a perda de um ente querido, que suas lágrimas sejam de saudade, de respeito, de reconhecimento e de gratidão a Deus por ter lhe permitido desfrutar de prazeirosa companhia por algum tempo. Lembre-se que a morte é um fenômeno natural que, simplesmente, retira de nós a vestimenta carnal e nos permite retornar à verdadeira pátria com o nosso corpo espiritual. Mudamos de roupa e de casa, mas continuamos existindo, em outra dimensão, mantendo nossa individualidade e nossas tendências e gostos. Que suas lágrimas não sejam de revolta, de dor, de lamentação e nem de reclamações contra o Criador. O choro desta natureza prejudica muito os espíritos que aportaram recentemente no mundo espiritual e que precisam, nestes momentos, de preces e boa vibrações para auxiliá-los a se adaptarem à nova realidade.

Quando seus olhos buscarem os entes queridos que já partiram para o Mais Além, não olhe para baixo. Olhe para as estrelas ou simplesmente para seu lado. Se eles não estiverem te observando do alto, pode ser que estejam velando por você ao seu lado. Quando sua mente ou seu coração sentir aquele aperto de saudade daqueles que já não estão mais no mundo físico, eleve seus pensamentos e sentimentos a Jesus e entregue ao Mestre suas melhores vibrações. Ele se encarregará de encaminhá-las aqueles que você tanto ama.

Valdir Pedrosa – Junho/2012

Morte de bebês na visão espírita

Morte de bebês na visão espírita

Queridos amigos, bom dia.

Recebemos através do nosso formulário "Entre em contato" a pergunta mostrada logo abaixo:

"O que acontece com nenem que tem morte prematura? Fez 6 dias que passei por uma cesária de emergência, devido a complicação da sindrome de Hellp, estava gestante de 24 semanas o bebe não resistiu. "

Segue abaixo a resposta que enviamos à pessoa:

Prezada Amiga, muita paz.

Embora passando por uma situação difícil necessário se faz que não percamos a fé em Cristo e em Deus, que não nos desampara nunca, e mesmo onde os homens enxergam a tragédia o Mestre nos mostra, ao final, uma oportunidade de crescimento e renovação.

O Livro dos espíritos trata de assuntos como este nas questões 344 a 360; o que pode ser de alguma ajuda para a melhor compreensão do ocorrido.

Nos esclarece a Doutrina Espírita que muitas vezes todos temos nossos compromissos, assumidos na espiritualidade, e necessitamos saná-los para seguir em nossa marcha evolutiva. Um caso destes não é excessão, minha irmã.

É, certamente, uma prova para os pais - que passam por dificuldades necessárias ao seu crescimento interior e, sabendo aceitar e confiar em Deus, saem deste processo mais unidos e ficam com a lembrança e a esperança de uma nova vida ser gerada, dando oportunidade ao irmão desencarnado de retornar novamente ao mundo físico.

E também é uma oportunidade do espírito que estava em processo de reencarnação se depurar fisicamente, deixando no vaso carnal algum defeito congênito ou problema perispiritual que possa ter tido quando de sua última encarnação; e transmitindo a este corpo físico, que ora não vinga, o espírito reencarnante se depura e se prepara para uma nova encarnação; na maioria das vezes na própria família que hoje sofre.

Esta aparente perda é de grande importância para ambos os lados da vida; no lado físico nos mostra a fragilidade e a oportunidade de estreitarmos nossos laços de afeto e carinho, bem como nossa submissão à sabedoria Divina que nada faz de inútil ou injusto; do lado espiritual é a oportunidade do espírito reencarnantte "limpar" seu perispírito e se preparar para uma nova encarnação, com um corpo mais sadio, onde possa crescer no seio de dua família.

Na grande maioria dos casos o espírito reencarnante sabe que o corpo físico não vingará, e que sua ligação é apenas temporária; a mãe e o pai, embora não se lembrem, também são avisados e orientados, quando em desdobramento, sobre o que vai acontecer; em casos como este tudo acontece com a anuência de todos os participantes, embora não lembremos quando despertos.

Necessário se faz compreendamos que as decisões tomadas pelo espírito quando liberto do corpo físico muitas vezes nos parecem estranhas, pois quando estamos libertos do corpo temos uma clareza de pensamento muito maior; e consequentemente, temos melhor maneira de entender os designios divinos que nos regem e desejam o nosso bem.

Aproveite este momento para orar pela sua pequena bebê. pedir a Deus que a dê força e paz para vencer este novo desafio e agradecer pela oportunidade de poder ter auxiliado na libertação deste espírito que precisava de ajuda. Abra seu coração em oração, minha irmã, porém sem desespero e sem rancor. Estes sentimentos apenas irão prejudicar a pequena alma que iria reencarnar hoje e que voltará amanhã aos teus braços, certamente.

Os espíritos que se ligam a nós sentem as energias que enviamos e percebem o nosso estado mental e psíquico através de nossos pensamentos. Pense no bem, viva o bem, flua amor para este querido ser que se foi e ele, onde estiver, estará bem e vibrando esta boa energia de volta a você.

Espero ter sido de alguma ajuda.

Muita Paz.

POSTADO POR VBJOAO2@GMAIL.COM EM 9/10/2009
Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial




A PERDA DE ENTES QUERIDOS



A dor causada pela perda dos entes amados atinge a todos nós com a mesma intensidade. É a lei da vida a que estamos sujeitos. Quando nascemos, nossa única certeza absoluta no transcorrer da vida será a de que um dia morremos.
Não costumamos pensar muito na morte, não fazendo ela parte das nossas preocupações mais imediatas. Vamos levando a vida sem pensar que um dia morremos. Mas daí vem o inesperado, e quando nos deparamos ela bate nossa porta arrebatando-nos um ente amado.
Então sentimo-nos impotentes diante dela e o pensamento de que nunca mais “o veremos” aumenta mais a dor. Dor alguma é comparável a essa. Ceifando a alegria de viver de quem fica no corpo, assinala profundamente os sentimentos de amor, deixando vigorosas marcas no campo emocional. Mesmo na vida física há separações traumáticas, longa e às vezes definitiva. Na morte, então a saudade e a vontade de ter outra vez aquele que se foi é perfeitamente natural e compreensível.
A morte, no entanto, é uma fatalidade inevitável, e todos aqueles que se encontram vivos no corpo, em momento próprio dele serão arrebatados.
Algumas pessoas sentem com maior intensidade a perda do ente amado, demorando a se recuperar da dor pela partida deste. O chamado período de luto. O período de luto é influenciado por vários fatores, dentre estes a idade, saúde, cultura, crenças religiosas, segurança financeira, vida social, antecedentes de outras perdas ou eventos traumáticos e principalmente quando a morte ocorreu repentinamente, de uma forma brusca, como acontece em desastres, acidentes ou por ato de violência. Cada um desses fatores pode aumentar ou diminuir a dor do luto.
Mas porque é tão dolorosa a perda, ou melhor, a separação de um ente amado? Justamente, porque os amamos, e porque os amamos queremos tê-los continuamente junto a nós, e isso é natural, portanto, não necessita de explicações! Vivemos em função uns dos outros, se aquele que amamos se vai... Como não sentir? A impossibilidade de se conversar, ouvir a voz, tocar no ente amado que partiu, é desvastor para aquele que ficou. Uma foto, um aroma, uma música bastam para lembrar o ente querido e a dor da sua ausência reaparece cada vez mais forte acompanhada da saudade causticante!
Diante de tão terrível e amarga dor. Aonde procurar consolo? Aonde procura respostas? O que fazer e qual a nossa atitude mais correta para sobrevivermos a ela?
Para entender a atitude dos espíritas diante da dor da perda de entes queridos, é preciso entender a visão espírita da morte!
Toda a religião espiritualista tem em comum a crença na imortalidade da alma. No entanto, o Espiritismo acrescenta e difere das demais, porque nos mostra que além de imortal, a alma após a morte mantém sua individualidade, se aperfeiçoa e evolui pela pluralidade das existências (reencarnação) e existe a comunicação entre os que se encontram no Mundo Espiritual e aqueles que se encontram no mundo material.
Diante da imortalidade da alma a morte é, pois: a destruição do corpo físico, comum a todos os seres biológicos, seja pelas transformações orgânicas, pelo desgaste à medida que nele se movimenta, ou por uma agressão violenta!
Considerando que o Espírito esta em constante crescimento e renovação, a morte é um meio de transição e não um ponto final, possibilitando assim através da reencarnação mudança de ambientes e projetos de vida! Vejamos o que diz o Livro dos Espíritos.
Questão 153:
P: Em que sentido se deve entender a vida eterna?
R: “A vida do espírito é que é eterna; a do corpo é transitória e passageira. quando o corpo morre, a alma retorna a vida eterna”

Segundo consolo que encontramos na Doutrina Espírita: possibilidade de comunicação entre os encarnados e os desencarnados!
A possibilidade da comunicação com o ser querido leva muitas pessoas a desejarem, a todo custo, uma mensagem, uma palavra que possa proprocionar-lhes a aceitação do ocorrido e que lhes minore a dor da enorme saudade que sentem
No entanto, é necessário se precaver contra a urgência desenfreada de se obter essa comunicação, principalmente quando é recente a desencarnação. Nesse caso, sabemos que ela não é impossível, mas não é recomendada porque, e isto é natural e previsível para todos os recém desencarnados, há um período de adaptação do Espírito a sua nova realidade.
Não podemos olvidar também que as condições em que se encontram os Espíritos no mundo espiritual, se dão pelo próprio espírito, ou seja, pelas escolhas, a forma como viveu enquanto encarnado, seus méritos e suas necessidades! Diante disso, a comunicação pode ser impedida ou não possível por um determinado tempo.
Em segundo, as comunicações são acompanhadas de uma necessidade e de uma utilidade! Temos que entender que o mundo espiritual não esta para nos servir a qualquer hora ou custo, para saciar desejos desenfreados, isso pode abrir portas para mistificações e ate obsessões. Por isso toda e qualquer comunicação deve ser vista com cautela e seriedade!
Então as pessoas que buscam o centro espírita com profundo desejo de receberem uma mensagem de um ente querido desencarnado, estejam avisadas de que este contato nem sempre é possível. Às vezes passam-se meses e até anos antes de obterem uma palavra ou mensagem. Nem os médiuns, nem os Espíritos estão obrigados a nos dar as respostas que queremos, mas se a Misericórdia Divina permitir, com certeza será recebida, como podemos comprovar por tantas psicografias, posteriormente publicadas em livros, recebidas por Francisco Candido Xavier, mensagens consoladoras e esperançosas para pais, filhos, amigos...
Outro consolo que a Doutrina Espírita trás, diz respeito às desencarnações de entes amados em tenra idade, jovens, filhos ceifados de um momento para outro, por meio de acidentes, violência desenfreada, doenças rápidas! Esse tipo de desencarnação geralmente causa espanto, e muita revolta para os que ficam. Mas no Evangelho Segundo Espiritismo, no capitulo V, Instruções dos Espíritos no item perda de pessoas amadas e mortes prematuras (Sansão, antigo membros da Sociedade Espírita de Paris, 1863):

Ele diz assim: “a morte prematura é quase sempre um grande beneficio que Deus concede ao que se vai. Sendo assim preservado das misérias da vida, ou das seduções que poderiam arrastá-lo à perdição. aquele que morre na flor da idade não é vitima da fatalidade, pois, deus julga que não lhe será útil permanecer maior tempo na terra.”

Ressalta-se que nos casos de morte em que não houve imprudência ou que não houve nenhuma participação do desencarnado.

E Sansão ainda nos diz:

“regozijai-vos em vez de chorar quando apraz Deus retirar um dos seus filhos deste vale de misérias. Não é egoísmo desejar que ele fique para sofrer convosco? Ah! essa dor se concebe entre os que não têm fé, e que vêem na morte a separação eterna. Mas vós espíritas, sabeis que a alma vive melhor quando livre de seu invólucro corporal. Mães sabeis que vossos filhos bem-amados estão perto de vós; sim, eles estão bem perto; seus corpos fluídicos vos envolvem, seus pensamentos vos protegem, vossa lembrança os inebria de contentamento, mas também as vossas dores sem razão os afligem, porque revelam uma falta de fé e constituem uma revolta contra a vontade de Deus!”

Diante dessas palavras instrutivas do Espírito Sansão, podemos ver que os pensamentos, dirigidos aos entes amados desencarnados, chegam como vibrações e são percebidas e assimiladas por eles. Porque a morte nada mais é do que a destruição do corpo orgânico, mas a alma imortal segue eterna, assim como os laços de amor e afeições que os uniu aos pais, aos filhos, aos maridos, as esposas, aos amigos!
A Doutrina Espírita orienta-nos a pensar e emitir vibrações de amor, e não de dor e desespero. Vejamos o que nos revela a questão 936 do Livro dos Espíritos.

P: - Como é que as dores inconsoláveis dos que sobrevivem se refletem nos espíritos que as causam?

R: O espírito é sensível às lembranças e às saudades dos que lhes eram caros na terra; mas uma dor incessante e desarrazoada, o toca penosamente, porque nessa dor excessiva ele vê falta de fé no futuro e confiança em deus e, por conseguinte, um obstáculo ao adiantamento dos que o choram e talvez à sua reunião com ele.”

Da mesma forma os entes amados que partiram nos emitem pensamentos e vibrações de amor e de esperança. Acontece que muitas vezes, nos prendemos na dor, e não nos apercebemos da presença deles. Muitas vezes, eles têm que recorrerem às sessões mediúnicas, com a devida permissão dos seus orientadores espirituais, para pedir, que não soframos mais. Que nosso sofrimento excessivo, os fazem sofrer, que nosso apego as lembranças com dor os atingem e os afligem. Muitos ainda impossibilitados de virem se comunicar, porque ainda estão de adaptando e se recuperando, (um dos motivos que a evocação não é recomendada) solicitam aos seus mentores que mandem noticias em seus nomes, para acalmar o coração dos familiares em sofrimento. A morte não é o mergulho no nada, é apenas a mudança de estado, e que eles continuam do lado de lá, recebendo de nós, os sentimentos de amor, ou de revolta que possamos emitir.
Joanna de Angelis nos alerta quanto nossa atitude perante nossos desencarnados entes queridos, na obra Rumos Libertadores.
Ela diz assim: “não digas, ou interrogues, antes os que desencarnaram: “deixaram-me, e agora? O que será de mim?
Estes conceitos, profundamente egoístas, atestam desamor, antes do que devotamento.
Nem te entregues ao desejo de partir, também sob a falsa alegação de que não pode continuar sem eles.
Esta atitude fá-los-ás sofrer.
Poe-te no lugar deles.
Como te sentirias do lado de cá, acompanhando o ser amado que se resolvesse complicar a própria situação, justificando seres tu o responsável?
Imagina-te impossibilitado por leis soberanas de socorrer ao amor da retaguarda que, em desalinho caprichoso, chamasse e imprecasse por ti, e verificarás quanto te seria doloroso.
“Assim também eles sofrem em razão de atitude contundente, quanto se alegra em face da resignação, da saudade dulcida e das preces gentis que os afetos lhes devotam”.

Podemos tirar três lições do texto de Joanna de Angelis:
Primeira lição: nossos pensamentos emitidos os fazem sofrer ou os alegram!
Segunda lição: é não buscar evocá-los; quando ela diz: “imagina-te impossibilitado por leis soberanas de socorrer ao amor da retaguarda que, em desalinho caprichoso, chamasse e imprecasse por ti...”
Terceira lição: envolve-los em preces. O Evangelho Segundo Espiritismo traz uma coletânea de preces e fala da importância da oração pelos que acabam de deixar a terra como forma de ajudar no desligamento do Espírito, tornando seu despertar no além tumulo mais tranqüilo.
Para enfrentarmos a dor da perda de entes queridos, devemos partir primeiro da fé e confiança na imortalidade da alma; que a morte é apenas a transição de um estado para o outro, qual seja, a saída do mundo físico para a vida espiritual. Que a alma liberta do corpo segue seu curso mantendo sua individualidade, levando consigo, as experiências, os amores e os laços de família, que são ainda mais reforçados, posto que libertos do corpo os Espíritos compreendem melhor certas situações, as quais, enquanto estavam no corpo, passavam despercebidas.
A crença na vida após a morte e que a separação é passageira, traz um grande consolo no momento da partida daqueles que amamos. Lembrar os bons momentos vividos com esse ente amado, sabendo que nada acontece ao acaso e que a separação é apenas momentânea demonstrando assim fé e confiança nos desígnios de Deus e na possibilidade do reencontro.
Sabendo que a desencarnação é para, nós inevitável devemos nos preparar para ela, vivendo cada instante, uns com os outros como se fosse o ultimo; aprendendo e compartilhando conhecimentos! Amando, perdoando e servindo ao bem comum!
Cultuar a memória dos entes queridos desencarnados mediante ações de que eles se alegram, de que possam participar inspirando-nos e protegendo-nos, ou aprendendo conosco aquilo que não souberam ou não quiseram aproveitar!





Nara Cristina Goulart
narinha_goulart@hotmail.com
Bibliografia:
Livro dos Espíritos
Evangelho Segundo Espiritismo
Rumos Libertadores

Uma fatalidade difícil de entender


POR JAIR DO COUTO

Na década de 1980, o aterro sanitário funcionava a céu aberto. Muitas famílias carentes tiravam dali o seu sustento. A sopa fraterna era preparada também aos sábados e era servida no lixão, como era chamado o aterro sanitário naquela época.

Em um sábado, servimos a sopa e retornávamos ao centro quando fomos informados de um grave acidente. Alguém veio chamar a Belinha – é como vamos chamá-la –, que estava ajudando na preparação da sopa. Um motorista alcoolizado perdeu o controle do carro ao descer uma rua em frente à sua casa, arrebentou uma cerca e atropelou dois filhos seus que brincavam no jardim. Um morreu na hora e o outro foi para o Hospital Universitário em estado grave.

Ficamos arrasados.

É uma fatalidade, dizem uns; é o destino, dizem outros. Mas não tem explicação, na opinião de grande maioria.

O Espiritismo ensina a lei de causa e efeito ligada à reencarnação.

O Livro dos Espíritos destaca, nas questões 843 a 868 a relação do livre-arbítrio com a fatalidade. Todos dispomos de livre-arbítrio para pensar e agir, e naturalmente somos responsáveis pelas escolhas feitas. Daí nasce a fatalidade.

Segundo o espírito Emmanuel, no livro Nascer e renascer, “somos herdeiros do nosso pretérito e, nessa condição, arquitetamos nossos próprios destinos. É por isso que fatalidade e livre arbítrio coexistem nos mínimos ângulos de nossa jornada planetária. Geramos causas de dor ou alegria, de saúde ou enfermidade em variados momentos de nossa vida. O mapa de regeneração volta conosco ao mundo, consoante as responsabilidades por nós mesmos assumidas no pretériro remoto e próximo; contudo, o modo pelo qual nos desvencilhamos dos efeitos de nossas próprias obras facilita ou dificulta nossa marcha redentora que o mundo oferece”.

Para a Doutrina Espírita, a Justiça Divina envolve um conjunto de normas aplicadas conforme a nossa necessidade. Não é o castigo de Deus, como se costuma dizer. Onde enxergamos fatalidade, pela ótica espiritual é a misericórdia divina concedendo mais uma etapa de reparação de nossas faltas. A cada um segundo as suas obras, disse Jesus.

Retornemos à narrativa.

Mais tarde, fomos à casa de Belinha. Estávamos conversando com o marido dela quando ela entrou. Chegava do hospital e muitos perguntavam sobre o estado do menino internado. Chegando onde estávamos e com ar não sei se de tristeza ou decepção, disse: “E agora, o que o senhor me fala? O que o senhor me diz do Evangelho?”

O que responder num momento como esse?

Voltamos no dia seguinte com outros companheiros da casa espírita para o Evangelho no Lar solicitado por Belinha.

Ainda estávamos abalados e não sabíamos o que falar. A sala, cozinha e corredor estavam lotados.

Via de regra, nesses momentos solenes, fazemos a escolha de algumas palavras na abertura para a preparação da leitura do Evangelho. Pulamos esta parte, abrimos O Evangelho Segundo o Espiritismo e ali estava: “Perda de pessoas amadas. Mortes prematuras”1.

O texto não foi lido. Fechamos o Evangelho e solicitamos que uma companheira do grupo fizesse a abertura e lesse um texto. A nossa companheira tomou o Evangelho, abriu ao acaso e começou a leitura: “Perda de pessoas amadas. Mortes prematuras” Ali estavam todas as palavras que gostaríamos e que deveríamos falar à Belinha, aos seus familiares e a todos os presentes ao velório daquela criança inocente. Inocente pela nossa ótica, porém, acreditamos que pela visão espiritual, tratava-se do resgate de um espírito em débito com a Lei Divina e com a própria consciência.


1 O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo V, item 21.

Mortes prematuras

http://bibliadocaminho.com/ocaminho/Tematica/EE/Estudos/EadeP1T3M2R2.htm

Mortes prematuras planejadas

Mortes prematuras planejadas

Especial/ Por Marco Tulio Michalick

Exceto nos casos de reencarnação compulsória, muitos espíritos reencarnam com um planejamento bem definido, porém, nos dois casos existem aqueles que reencarnam por um período muito breve. Como explicar?
Acredito que nada pode ser tão intenso e angustiante quanto a dor de uma mãe que perde seu filho. A indagação é notória: Por que Deus o levou tão cedo? Por que Ele levou quem eu mais amava? Meu filho tinha uma vida pela frente...
Será que tinha mesmo? Quem de nós - humanos e imperfeitos - pode afirmar com certeza que aquela pessoa amada teria um futuro promissor pela frente? Não podemos ter uma visão dos fatos baseados apenas na vida presente; precisamos entender que muitos acontecimentos são frutos de nossa vida passada.
Mas como entender a justiça de Deus nestes fatos tão marcantes que podem pendurar na mente dos pais durante anos e até mesmo a vida toda? Afinal, o remorso penetra nosso Ser e as indagações são inevitáveis: "O que eu poderia ter feito para ter evitado esta tragédia?" São perguntas e mais perguntas que não cessam. Procuram-se culpados, principalmente os envolvidos na "fatalidade"... Estamos quase sempre em busca de culpados ou nos autopunindo pelos acontecimentos que acreditamos que poderiam ser evitados.
Vamos descrever, aqui, qual a finalidade da morte prematura e, não raro, quando constitui uma provação ou expiação para os pais.
O escritor e palestrantes espírita, Richard Simonetti, conta em seu livro Atravessando a Rua, que um casal reencarnou com a tarefa de cuidar de crianças em uma instituição assistencial. No entanto, envolvidos por interesses materiais, marido e mulher foram se afastando do trabalho ao qual se prontificaram ainda no mundo espiritual. Dedicado mentor que os assistia, preocupado com os acontecimentos, reencarnou como seu filho em breve existência. Aquela criança amável, sensível, inteligente e amorosa, fez com que a felicidade dos pais gravitasse em torno dela. Quando o projeto de morte prematura foi consumido,deixando os pais desolados, desiludidos e deprimidos, encontraram lenitivo à partir do momento que se entregaram de corpo e alma às crianças de um orfanato, exatamente como fora planejado; a vinda do mentor como filho foi apenas para ajudá-los a não desviar do compromisso assumido.
Analisando essa história, temos dois caminhos possíveis na provação ou expiação dos pais: após superar o momento de "fatalidade", eles buscam se fortalecer, recompondo assim suas energias e valores morais para iniciar ou dar sequência ao trabalho assistencial, sem se desviarem do objetivo planejado; ou, então, se revoltam com Deus ou com as pessoas que, direta ou indiretamente, participaram da tragédia e se fecham na mágoa ou no rancor, não tirando nenhuma lição dos acontecimentos e se voltando para o seu mundo imediatista.
Aqui nos lembramos da história de André Luiz, no Livro Entre a Terra e o Céu, psicografado por Chico Xavier, que reporta ao suicida que em outra existência havia se matado ingerindo veneno. Em nova existência, reencarna com a saúde frágil, desencarnando aos sete anos. O mentor espiritual explicou que aquela breve experiência na carne fora de suma importância ao espírito, livrando-o de parte dos desajustes, e que deveria em breve reencarnar na mesma família e já em melhores condições.
Nesta história podemos avaliar que dependendo da forma que desencarnou em outra existência o espírito necessita dessa abençoada estação regenerativa na carne para refazer, assim, as suas energias.

Mudanças de planos
Também temos a comovente história do livro Loucura e Obsessão, de Divaldo Pereira Franco, pelo espírito de Manoel P. de Miranda, que conta sobre um casal espírita que trabalhava na Seara do Bem e que, certa vez, estavam sofrendo com a enfermidade de sua filhinha, meiga e amorosa, que fora desenganada pelos médicos. Ali estava programado o desencarne natural, concluindo, assim, um ciclo em face de um suicídio anterior que a vitimou. Porém, o pai suplicou em profunda e desesperada oração, dirigida à mãe de Jesus, pela vida da filhinha. Solicitava com quase absurda imposição. Os benfeitores que acompanhavam o processo aflitivo, apareceram na penumbra do quarto lhe informando quanto à necessidade da submissão ao estabelecido. Sara, a filhinha, estava resgatando o passado e retornando ao mundo espiritual. Adquiria mais amplos e seguros recursos para prosseguir mais tarde, na Terra, com possibilidade de triunfo. Porém, o pai, transtornado com a possibilidade de perder a filha, seguiu em copiosa oração. Era tão pungente e veraz a sua rogativa que os benfeitores retornaram ao encaminhamento do pedido. Horas mais tarde, o resultado dizia que "Sara não possui resistências morais para enfrentar os insucessos que a aguardam. Debilitada, poderá cair, outra vez, no mesmo abismo donde está intentando sair. Já estão, na Terra, aqueles com os quais se encontra vinculada e faltam-lhe títulos de enobrecimento para sair-se bem do conforto. Todavia, se ficar, o seu calvário será mais vigoroso e fatal."
Sem medir a gravidade de suas rogativas, o pai assumiu a responsabilidade - dele e da esposa - cuidarem da filha, cercando-a de cuidados, preenchendo os seus vazios com a luz do amor, colocando a claridade da fé na mente e no coração, e acrescentou que a presença da filha daria forças para a prática do bem. Naquele momento, Celina, a mensageira de Maria, adentrou-se na câmara onde estavam e trouxe a seguinte resposta: "A Mãe de Jesus concede moratória, um prolongamento de vida, para Sara, conforme solicitado. Ela viverá. Que Deus nos abençoe!". O casal, agradecido, realmente se desdobrou com os cuidados com a filha, que curada da enfermidade que a culminaria, recebia dos pais a mais ampla dedicação de amor. Eles selecionavam amigos para ela; encaminharam-na à Universidade; infundiram-lhe a fé religiosa, que ela não conseguiu assimilar quanto deveria; experimentaram mil venturas, seguindo-a no clima social de uma vida honrada e trabalhadora. Porém, os pais não puderam sentir os problemas da afetividade na qual Sara fracassara antes. Assim, não perceberam quando ela se envolve com um homem casado e pai generoso. Não podendo ficar com o homem que amava, optou pelo suicídio, deixando para os pais uma carta comovente, revelando o que a levou àquele ato extremo.
De fato, antes ela houvesse partido naquela ocasião, naquela contingência e mediante os fatores estabelecidos, porquanto se encontraria novamente reencarnada, sem os perigos do desastre que acabava de acontecer. Ninguém foge à Lei, nem à consciência de si mesmo...

Diante dos que partem
Devemos nutrir algum sentimento pelo ente querido que "partiu"? Sim! Vamos orar e emanar boas vibrações; é tudo o que ele precisa. Quando questionamos, ou entramos em desespero, inconformados, emanamos vibrações desajustadas causando lhe aflições. Chico Xavier já havia recebido diversas mensagens de jovens reclamando que semelhantes atitudes os faziam reviver a angústia de sua desencarnação em circunstâncias trágicas. Aliás, Chico Xavier foi muito importante no lenitivo das mães desesperadas por notícias do ente querido. Quantas famílias não foram consoladas através das mensagens psicografadas? Quantas continuaram vivendo, sem remorso, entendendo que certos acontecimentos estavam programados? As milhares de mensagens que o médium psicografou serviam para reavivar o ânimo daqueles que ficaram.
Temos um sentimento muito grande de posse quando dizemo-los: "É meu filho!" Isso é muito nobre, pois demonstra o amor que se sente. Mas precisamos entender que nossos filhos, na realidade, não são nossos. São de Deus! Estão conosco por empréstimo!
Talvez estas palavras possam expressar ausência de sentimentos de alguém que nunca vivenciou essa experiência. Mas já passei, sim, por essa experiência quando meu irmão e sua esposa "perderam" a filha que se afogou em uma piscina. Acredito ter sido o dia mais triste da minha vida, principalmente vendo a imagem desesperadora deles. São momentos marcantes, agonizantes e profundos. Anos depois, meu irmão e sua esposa tiveram outra filha, um anjinho chamado Beatriz.
Precisamos ter fé, acreditar na sabedoria de Deus e confiar Nele.

Sorte das crianças depois da morte

197.Poderá ser tão adiantado quanto o de um adulto o Espírito de uma criança que morreu em tenra idade?
"Algumas vezes o é muito mais, portanto pode dar-se que muito mais já tenha vivido e adquirido maior soma de experiência, sobretudo se progrediu."

a) - Pode então o Espírito de uma criança ser mais adiantado que de seu pai?
"Isso é muito frequente. Não o vedes vós mesmos tão amiudadas vezes na Terra?

198. Não tendo podido praticar o mal, o Espírito de uma criança que morreu em tenra idade pertence a alguma das categorias superiores?
"Se não fez o mal, igualmente não fez o bem e Deus não o isenta das provas que tenha de padecer. Se for um Espírito puro, não o é pelo fato de ter animado apenas uma criança, mas porque já progredira até a pureza."

199. Por que tão frequentemente a vida se interrompe na infância?
"A curta duração da vida da criança pode representar, para o Espírito que a animava, o complemento de existência precedentemente interrompida antes do momento em que devera terminar, e sua morte, também não raro, constitui provação ou expiação para os pais."
O Livro dos Espíritos. Parte 2, cap.IV
Allan Kardec. FEB Editora.

Nota do editor: É importante ficar claro que não podemos generalizar, achando que toda expiação ou morte prematura foi planejada antes do reencarne. A maioria das nossas expiações ocorre de forma compulsória, como consequência de atitudes desequilibradas, desta ou de encarnações passadas.

Perda de pessoas amadas - palestra


https://www.youtube.com/watch?v=6_hvXq7iBBU

Perda de Pessoas Amadas - Mortes Prematuras

Perda de Pessoas Amadas - Mortes Prematuras

Palestra Virtual
Promovida pelo Canal #Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br

Palestrante: Nara Coelho
Rio de Janeiro
02/03/2001

Organizadores da Palestra:

Moderador: "lflavio" (nick: |||moderador|||) "Médium digitador": "Nara_Coelho" (nick: Nara_Coelho)

Oração Inicial:

<|||moderador|||> Bem amigos, vamos iniciar então mais uma palestra virtual, promovida pelo irc-espiritismo. Vamos a nossa prece para iniciarmos o trabalho da noite de hoje. Jesus, Nosso Mestre, amado e querido, queremos agradecer inicialmente pelo dom da vida, e pela oportunidade de estudarmos neste cantinho da net, sobre as leis divinas e sobre os seus ensinamentos. Auxilia-nos Mestre, abrindo nosso entendimento, para que o estudo da noite, possa nos auxiliar no nosso dia a dia. Rogamos a Ti, que envolva nossa irmã Nara Coelho, nas suas vibrações de amor, e assim, damos por iniciado, o trabalho da noite de hoje, dizendo Graças a Deus !(t)

Considerações Iniciais do Palestrante:

<Nara_Coelho> Queridos amigos Jesus nos abençoe. É com alegria que estamos mais uma vez nesse programa para, juntos, estudar, a Doutrina Espírita. Quanto mais o tempo passa, quanto mais amadurecemos no corpo físico, mais constatamos a importância do conhecimento espírita a desvendar-nos os meandros por que percorre o espírito eterno na busca de sua felicidade. Por isso, é tão importante falarmos sobre espiritismo, conversarmos sobre ele, buscar-lhe todas as facetas, para que melhor lhe aproveitemos os ensinos, sem nos perde, como outrora já fizemos com o cristianismo, no cipoal de nossos próprios "achismos", ou mesmo das pressões sociais e políticas do nosso tempo. A morte, por exemplo, é um tema que o espiritismo nos esclarece de maneira lógica e eficiente. Na verdade, o espiritismo matou a morte ao nos provar a possibilidade de nos comunicarmos com aqueles que, como Kardec nos diz, nos antecederam na Pátria espiritual. Já sabemos, pois, que somos espíritos eternos, ocupando os corpos físicos compatíveis com nossas necessidades evolutivas. A Terra pode ser para nós uma escola, um hospital, até um cárcere, mas não é o nosso lar! Estamos aqui cumprindo uma etapa necessária ao nosso aprimoramento espiritual, que é a finalidade maior da vida no corpo físico. Finda essa etapa, retornamos a nosso lar verdadeiro: o mundo dos espíritos. Eis que somos espíritos. Assim, olhando a vida material sob o ponto de vista de espíritos, percebemos a morte não como um castigo, mas como um fim natural das atividades daquele espírito na vida material (exceto quando se trate de suicídio, direto ou indireto). A morte física faz parte, portanto, da vida física. Desse modo, podemos entender as mortes que consideramos prematuras, as mortes das pessoas amadas. E quando entendemos, quando compreendemos essa lei espiritual, nos sentimos consolados, o que não significa ausência de dor, de sofrimento provocado pela ausência física de quem estávamos acostumados. Kardec, para que melhor entendamos, dá-nos um exemplo. Suponhamos que estamos preso num cárcere junto com um ente amado. Alguém vem e o liberta antes de nós. Se o amamos de verdade, vamos nos rebelar contra essa libertação, por considerá-la prematura? Vamos lutar para mantê-lo preso apenas para o termos junto a nós? A lógica nos diz que não, claro. Vamos exultar por vê-lo livre das dificuldades próprias de uma prisão. E o espírito anseia por liberdade! A morte do corpo físico liberta o espírito para que ele retome sua consciência eterna, planejando novos rumos de aprendizado. A reencarnação é a bênção do recomeço no corpo físico para que o espírito tenha contato com as leis divinas que precisa conhecer, mas é apenas um estágio. E como qualquer estágio, tem um fim. Com esse entendimento, podemos sentir que a dor maior da perda de um ente amado reside no amor que temos por nós mesmos. Não queremos ficar sem aquela pessoa, porque, se nos importarmos com ela, entenderemos a sua morte física, que o espiritismo chama de desencarne. Para encerrar, antecedendo às perguntas, vamos passar para os queridos irmãos uma historieta que consta da literatura espírita. Havia um viajante que passava muitos meses sem retornar ao lar em função do seu trabalho, numa época em que a comunicação era escassa e difícil. Quando retornava ao lar, sua estada era sempre muito feliz, pois contava com o amor e o carinho de sua esposa e de seus dois filhos, que eram a alegria de sua vida, o sentido de todo seu esforço. Numa de suas longas ausências, um terrível acidente provocou o desencarne de seus dois filhos. Além da própria dor, sua esposa sofria porque não sabia como haveria de dar a triste notícia ao marido. O tempo passou e chegou o tão temido dia. O esposo, cansado, retornou ao lar e encontrou a esposa chorando e, naturalmente, indagou o motivo, ao que ela respondeu: "Um senhor muito poderoso me deu duas de sua muitas jóias valiosas para que eu as guardasse. E, na sua ausência, ele veio e me fez devolvê-las. Eu não queria ficar sem elas, por isso choro". E ele retrucou: "Como você pode querer ficar com algo que não lhe pertence?! A pedido do dono, você cuidou do que não lhe pertencia. Ótimo! Mas é de direito que as devolva quando o verdadeiro dono as quiser de volta!" "Pois é, querido, foi isso que aconteceu. Deus, o pai de todos nós, o verdadeiro pai dos nossos filhos, veio buscá-los. E eu tive que entregar aquelas duas jóias de volta..." Bem, queridos amigos, vamos conversar?

Perguntas/Respostas:

<|||moderador|||> [1] - <lflavio> Porque, mesmo conhecendo a vida após a morte, muitos ainda se apegam tanto aos entes amados, não aceitando o desencarne?

<Nara_Coelho> Porque detém-se na teoria. Modifica o conhecimento, mas não vive o conhecimento Aos espíritas, cabe o desafio de modificar essa situação aprendendo a viver como espíritos, e, como tal, sentindo a morte no seu verdadeiro aspecto.(t)

<|||moderador|||> [2] - <lflavio> O apego excessivo aos entes queridos pode prejudicar o processo de desligamento do espírito do corpo físico?

<Nara_Coelho> Sem dúvida nenhuma! Os espíritos até nos exemplificam com casos na literatura espírita em que há necessidade de se afastar o pai ou a mãe, por exemplo, para que o filho agonizante consiga desencarnar. É aquela famosa "melhora da morte", quando o doente melhora e os entes queridos se afastam para tomarem um cafezinho, um banho e o doente desencarna.(t)

<|||moderador|||> [3] <lumem> Como as pessoas podem vencer o sentimento de perda quando do desencarne de uma pessoa muito querida?

<Nara_Coelho> Em primeiro lugar considerar que nunca existe perda. A morte do corpo físico jamais separa os que se amam. É preciso que entendamos que não somos daqui. Os que morrem no corpo físico apenas nos antecedem no mundo espiritual para onde todos vamos. O que precisa acontecer é que este conhecimento saia da teoria para a prática. É preciso que nos conscientizemos de que somos espíritos. E não corpos físicos. Com essa certeza, iremos, gradativamente, vencendo a nossa ignorância sobre leis de Deus.(t)

<|||moderador|||> [4] - <Wania> O apego aos pertences do ente querido que acaba de desencarnar também pode interferir processo de desligamento do espírito do corpo físico?

<Nara_Coelho> Sim. Vou lhe contar uma a experiência pessoal. Quando meu sogro desencarnou, meu marido deu todos os seus pertences para um bazar espírita com o aval de sua mãe, naturalmente. Uma noite, sonhei que ele me dizia: "Nara, diga a minha esposa que dê aquele terno para o irmão dela ou para quem ela quiser, porque ele está me incomodando. Na manhã seguinte, contei a meu marido, que me respondeu: "Não tem nenhum terno lá, já dei todos, ao que respondi: Mesmo assim, vou dar o recado a sua mãe, pois foi isso que ele pediu". Dei o recado a minha sogra, que começou a chorar. Ela, sem que ninguém soubesse, havia escondido o último terno que o marido usara e que guardava o perfume do marido. Ela abraçava o terno e chorava escondida todos os dias. A partir de então, deu o terno. Detalhe: ela era muito católica. Era...(t).

<|||moderador|||> [5] - <+giordano__bruno> quando oramos pelos que amamos e estão nos planos espirituais da existência, eles ouvem ou sentem a nossa prece?

<Nara_Coelho> Quando somos espíritos desencarnados, não ouvimos com os ouvidos, ouvimos com toda a alma. Em outras palavras, isso significa que "sentimos" as mensagens que vêm do mundo material para nós.(t)

<|||moderador|||> [6] - <lumem> a partir de quanto tempo apos o desencarne podemos ter noticias, via mediunidade, de nossos entes queridos que se foram para o plano espiritual ?

<Nara_Coelho> Depende do nível do espírito. Herculano Pires, por exemplo, deu ele próprio a notícia de seu desencarne para sua família e seus amigos que estavam em uma reunião espírita antes mesmo que os médicos da Terra conseguissem fazê-lo.(t)

<|||moderador|||> [7] - <lflavio> Podemos encontrar com os nossos entes queridos e ter noticias sem ser por via da mediunidade?

<Nara_Coelho> Podemos ter através dos sonhos e, atualmente, via transcomunicação, que ainda está em pleno processo de desenvolvimento. Acredito, entretanto, que a mediunidade está sempre envolvida.(t)

<|||moderador|||> [8] - <Wania> Nara, certa vez, durante uma sessão de desobsessão, ouvi o depoimento de um espírito, que me impressionou muito: Ele sentia a necessidade de deixar a casa, mas não conseguia porque os familiares que ali estavam, o chamavam constantemente, solicitando uma série de pedidos, que ele (o espírito), sabia não ter condições de atender, o que o deixava muito angustiado. Você poderia nos falar um pouco sobre a responsabilidade do encarnado, diante do desencarnado.

<Nara_Coelho> Responsabilidade do encarnado para com o desencarnado? É enorme! Muitas vezes, como no caso que você citou, o encarnado transforma-se em verdadeiro obsessor do desencarnado que se sente dominado pelas vibrações dos que ficaram. Isso prova que somos espíritos. Mesmo encarnados, podemos exercer influência sobre os desencarnados.(t)

<|||moderador|||> [9] - <lflavio> Como poderemos ter a certeza que um ente querido que se foi esta realmente bem?

<Nara_Coelho> Isso é difícil. Podemos fazer uma análise pela vida que ele levou, se não tivermos nenhuma mensagem dele para que nos tranqüilizemos, recordemo-nos de que todos somos filhos de Deus. Oremos por ele, e, mais importante: façamos caridade em homenagem a ele. E nos sentiremos bem.(t)

<|||moderador|||> [10] - <+Winnie> O que eu posso fazer pelo meu irmão que se suicidou há pouco tempo?

<Nara_Coelho> Ore e trabalhe pelo bem em nome dele. Faça caridade em nome dele. Lembre-se do que ele gostava, se era de criança, se era de música, se era de idosos, se era de plantas, o que for. E desenvolva um trabalho espiritual envolvendo esses temas. Mas, antes de tudo, creia, minha irmã, a bondade do Pai se faz sempre presente. Jesus nos avisou que jamais haveria uma só ovelha que se perdesse do seu rebanho. Trabalhe no bem, ore, confie e a mensagem do amor envolverá o seu irmão onde ele estiver, revelando-lhe as inúmeras oportunidades que Deus sempre dá a todos os seus filhos.Paz no seu coração.(t)

<|||moderador|||> [11] - <lflavio >Estas recomendaçoes valem em qualquer situaçao de perdas de pessoas amadas?

<Nara_Coelho> Em qualquer situação. A caridade é como uma onda de amor que nos envolve e aos desencarnados a quem amamos, consolando-nos, fortalecendo-nos e auxiliando-nos no progresso de que necessitamos.(t)

<|||moderador|||> [12] - <cacs> O que dizer a uma pessoa que passa por esta situação? E quando a pessoa justifica que não conhecemos esta dor?

<Nara_Coelho> Em primeiro lugar, caridade para com essa resposta que revela rebeldia. Podemos dizer que estamos oferecendo o que temos de melhor, o que nos faz bem, o que nos consola, o que fala ao nosso coração e à nossa razão. Mas, cabe a ele utiliza-la ou não. É questão de livre-arbítrio.(t)

<|||moderador|||> [13] - <cacs> Porque acontecem mortes prematuras?

<Nara_Coelho> As mortes só são prematuras sob nosso ponto de vista material. Elas ocorrem sempre no tempo aprazado, exceto os suicídios diretos e indiretos. Vivemos o tempo que precisamos dentro das nossas necessidades evolutivas e segundo a lei de causa e efeito.(t)

Considerações finais do palestrante:

<Nara_Coelho> Queridos amigos, é muito importante que estudemos a Doutrina Espírita e nos esforcemos para pratica-la. Ela é realmente Jesus de volta aos nossos corações. Obrigada pelo oportunidade estar junto a vocês nesse trabalho tão importante para as almas que buscam aprimorar-se, aprender paras servir. Meu abraço amigo a todos, meu agradecimento pela paciência e até uma nova oportunidade, se Deus quiser. Muita paz!(t)

Oração final:

<Wania> Pai bom, Pai justo, Pai de misericórdia! mais uma vez te agradecemos pela oportunidade que nos concede, de podermos estudar a Doutrina Espírita, mesmo estando fora da casa espírita. Que possamos valorizar sempre e mais, os recursos técnicos que nos são concedidos, mas que, muito mais do que isso, possamos compreender a nossa responsabilidade com a divulgação doutrinária, Senhor. Ampara-nos o propósito de levar aos recantos mais distantes deste planeta, a palavra que esclarece, que consola, que edifica, que nos leva a cada dia, à transformação dos nossos valores, permitindo-nos deixar de lado o "homem velho" e darmos a oportunidade ao "homem novo". Fortalece am cada um de nós a vontade, o desejo firme, e a coragem Senhor para as nossas mudanças. Envolva nossos espíritos em Tua Luz e em Teu Amor! Que seja asssim, hoje e sempre! Graças a Deus!

Perdas Prematuras sob a Ótica Espiritual

Perdas Prematuras sob a Ótica Espiritual

por Guilhermina Batista Cruz - guilherminabcruz@bol.com.br

“Ante os que partiram, precedendo-te na Grande Mudança, não permitas que o desespero te ensombre o coração. Eles não morreram. Estão vivos. (...) Pensa neles com a saudade convertida em oração. As tuas preces de amor representam acordes de esperança e devotamento despertando-os para visões mais altas na vida.” ( Emmanuel - Psicografia de Chico Xavier)

A morte prematura de um filho sempre causa, além de sofrimento aos pais, muita inconformação e perplexidade. Na verdade, a desencarnação em tenra idade ou na fase de adolescência e juventude sempre é motivo de comoção e tristeza para todos. Mesmo que alguém tente explicar as várias razões para tal acontecimento, sempre fica no ar aquele sentimento de incompreensão e impotência.

Para os pais a pergunta inevitável é Por que? São comuns as indagações: Por que, meu Deus, isso aconteceu? Por que meu filho foi embora tão cedo se ele tinha ainda uma vida inteira para viver? Que fiz para merecer tanto sofrimento? A resposta para as perguntas que tanto os angustiam faz-lhes, não raras vezes, modificar seus conceitos de vida e morte, levando-os a refletirem na justiça de Deus e a procurar entender seus desígnios.

O sofrimento pela perda de um filho é uma das dores mais profundas que se pode ter. Mas é nessas horas de dor que as razões para a perda prematura os fazem meditar no sentido maior da vida, levando-os a profundos questionamentos sobre a Justiça Divina. Não se pode acreditar na Justiça Divina, com o pensamento de que, em relação a nós, houve injustiça pela morte prematura de um filho. Por que, dentre tantos, justo comigo? A reflexão que se deve fazer de tal Justiça é que ela é igual para todos, sem exceção nem favoritismos. Baseando-se nestas reflexões é que constatamos que, se a justiça alcança a todos indistintamente, não pode estar errada em relação a nós.

Então, precisamos encarar as perdas de forma natural, mesmo que venha a ocorrer prematuramente. Se a procura por respostas não abranger a visão espiritual sobre a vida e a morte nunca se poderá chegar verdadeiramente a uma razão convincente para a perda do ente querido. Precisamos entender que somos Espíritos imortais ocupando temporariamente um corpo físico e aqui estamos para cumprir uma etapa de nosso aprimoramento espiritual. Nossa programação de vida abrange o meio onde reencarnamos, as dificuldades, obstáculos e compensações que teremos, assim como o gênero de morte e a idade que retornaremos ao plano espiritual.

Tudo está inserido em nosso roteiro de vida, com o intuito primordial de nos proporcionar o melhor em termos de evolução espiritual e não para nos causar sofrimentos em vão. Os motivos para as desencarnações prematuras são vários, mas nunca contradizem a justiça divina. Elas podem ocorrer, visando a necessidade do Espírito desencarnado ou com o objetivo de levar à transformação moral ou deixar algum aprendizado aos pais, fazendo-os refletirem no propósito maior da vida e acordarem de suas visões materialistas.

O regresso antecipado pode se dá no caso de suicídio, que tanto pode ser direto, como é o caso das pessoas que tiram a própria vida e que renascem para viverem até chegar o limite de completar os anos que teriam de viver em existência passada. e suicídio Indireto, quando, por todo tipo de excessos , como descontrole exagerado de emoções, irresponsabilidade com a saúde física e mental, entregam-se aos desregramentos, atraindo para si situações fora de suas programações de vida e que poderão lhes acarretar o retorno antecipado ao plano espiritual

Mas nem sempre o Espírito que retorna prematuramente é um Espírito que aqui veio resgatar algo ou complementar alguma encarnação que não soube valorizar. Pode acontecer de ser um Espírito missionário que renasceu por breve tempo para cumprir alguma tarefa importante, como a de fazer com que Espíritos queridos acordem para a realidade eterna e iniciem sua transformação moral.

Para os pais que passam tais provas, a causa para o sofrimento atual pode estar baseada também em várias razões, como influência negativa sobre outro ser em outras vidas, levando-o à prática de delitos e lançando-o ao sofrimento decorrentes desses atos. Pode acontecer também de não terem valorizado o sublime dom da maternidade e paternidade em existências passadas, tendo que aprender, pelo retorno prematuro do ser a quem deram vida, a respeitarem o que antes não souberam dar valor.

Allan Kardec, na questão 199 de O Livro dos Espíritos, indaga qual a razão de tão freqüentemente a vida se interromper na infância, e os Espíritos lhe respondem: “A curta duração da vida da criança pode representar, para o Espírito que a animava, o complemento de existência precedentemente interrompida antes do momento em que deveria terminar, e sua morte, também não raro, constitui provação ou expiação para os pais.” Daí concluímos que a justiça divina trabalha sempre a nosso favor, até em situações de sofrimentos e perdas.

Mesmo que tenhamos nosso roteiro de vida e um tempo determinado para viver como encarnado, o livre arbítrio sobre o tipo de vida que escolhemos viver é que definirá se alcançaremos o tempo predestinado em nosso roteiro de vida ou se regressaremos antecipadamente à espiritualidade. Há sempre uma razão de ser para os acontecimentos que não conseguimos compreender. É de vital importância as palavras de Jesus, quando nos fala: “uma folha não se move que não seja com o consentimento do Pai.”

A morte em qualquer fase da vida é sempre conseqüência de uma lei natural que atinge a todos indistintamente. Não existem favoritismos nas leis divinas. É muito importante procurar o apoio na prece e tentar aceitar os desígnios divinos sem revoltas. A dor e o sofrimento com a partida prematura é natural, mas é preciso tentar não se desestruturar emocionalmente, entrando em desespero e com tal atitude, prejudicar a si mesmo e ao ser querido no plano espiritual.

Assim, mesmo que você esteja atravessando um período difícil de dor e desespero com a partida prematura de um filho querido, não esqueça que a vida continua e que ele estará, seja no plano espiritual ou material, evoluindo, e que os dois planos de vida interagem sempre, dando-nos a certeza de que a vida prossegue célere, seja em que plano estivermos. Se a saudade for difícil de suportar, que tal procurar aliviá-la dedicando a outras pessoas, em especial aquelas carentes de afeto, um pouco de atenção e carinho? O amor ao próximo pode transformar a dor numa saudade mais amena, e seus corações serão preenchidos pela certeza de que um dia os encontrarão novamente para novas realizações.

"Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir umas das outras."
Reinhold Niebuhr

Paz e Luz a todos.

MORTE PREMATURA: CRIANÇAS NO MUNDO ESPIRITUAL

MORTE PREMATURA: CRIANÇAS NO MUNDO ESPIRITUAL


Como explicar a situação da criança, cuja vida material se interrompe? E por que esse fato ocorre? Duas indagações que surgem naturalmente ao nos depararmos com a morte na infância. Allan Kardec [LE-qst 199] registra o pensamento dos Espíritos Superiores: "A duração da vida da criança pode ser, para seu Espírito, o complemento de uma vida interrompida antes do tempo devido, e sua morte é freqüentemente uma prova ou uma expiação para os pais." Observamos pelo exposto que a morte prematura está quase sempre vinculada a erro grave de existência pretérita: almas culpadas que transgrediram a Lei geral que vige os destinos da criatura e retornam à carne para recomporem a consciência ante o deslize. São, muitas vezes, ex-suicídas (conscientes ou inconscientes) que necessitam do contato com os fluidos materializados do planeta, para refazerem a sutil estrutura eletromagnética de seu corpo espiritual. Lembram ainda os Benfeitores que os pais estão igualmente comprometidos com a Lei de Causa e Efeito e, na maioria das vezes, foram cúmplices ou causadores indiretos da falta que gerou o sofrimento de hoje. Emmanuel [Criança no Além-prefácio] afirma: "Porque a desencarnação de crianças, vidas tolidas em flor? Muitos problemas observados exclusivamente do lado físico, assemelha-se a enigmas de solução impraticável; entretanto, examinados do ponto de vista da imortalidade e do burilamento progressivo da alma, reconhecer-se-á que o Espírito em evolução pode solicitar conscientemente certas experiências ou ser induzido a ela em benefício próprio. Nas realizações terrestres, é comum a vinculação temporária de alguém a determinado serviço por tempo previamente considerado. Há quem renasça em limitado campo de ação para trabalho uniforme em decênios de presença pessoal e há quem se transfira dessa ou daquela tarefa para outra, no curso da existência, dependendo, para isso, de quotas marcadas de tempo. Encontramos amigos que efetuam longos cursos de formação profissional em lugares distantes do recanto em que nasceram e outros que se afastam, a prazo curto, da paisagem que lhes é própria, buscando as especializações de que se observam necessitados. E depois destes empreendimentos concluídos, através de viagens que variam de tipo, segundo as escolhas que façam, ei-las de regresso aos locais de trabalho em cuja estruturação se situam. Esta é a imagem a que recorremos para que a desencarnação de crianças seja compreendida, no plano físico, em termos de imortalidade e reencarnação." Casos, no entanto, existem que não estão inseridos no processo de Ação e Reação e configuram sim, ações meritórias de Espíritos missionários que renascem para viverem poucos anos em contato com a carne em função de tarefas espirituais. É o que afirma André Luiz: "Conhecemos grandes almas que renasceram na Terra por brevíssimo prazo, simplesmente com o objetivo de acordar corações queridos para a aquisição de valores morais, recobrando, logo após o serviço levado a efeito, a expectativa apresentação que lhes era custumeira." CRIANÇAS NO PLANO ESPIRITUAL Com relação à posição espiritual dos Espíritos que desencarnam na infância, André Luiz informa-nos que todos eles são recolhidos em Instituições apropriadas, não se encontrando Espíritos de crianças nas regiões umbralinas. Há inúmeras descrições espirituais de Escolas, parques, colônias e instituições diversas consagradas ao acolhimento e amparo às crianças que retornam do Planeta através da desencarnação. Chico Xavier, analisando a situação espiritual e o grau de lucidez desses Espíritos diz: "Os benfeitores espirituais habitualmente nos esclarecem que a criança desencarnada no Mais Além, recobra parcialmente valores da memória, quando na condição de Espírito, tenha já entesourado alta gama de conhecimentos superiores, com pouco tempo depois da desencarnação, conseguindo, por isso, formular conceitos e anotações de acordo com a maturidade intelectual adquirida com laborioso esforço. O mesmo não acontece com o Espírito que ainda não adquiriu patrimônio de experiência mais dilatados, seja por estar nos primeiros degraus da evolução humana ou por essência de aplicação pessoal ao estudo e a observação dos acontecimentos. Para o Espírito nesse estágio, o desenvolvimento na vida espiritual é semelhante ao que se verifica no plano físico em que o ser humano é compelido a aprender vagarosamente as lições da existência e adiantar-se gradativamente, conforme as exigências do tempo." André Luiz [Entre a Terra e o Céu] vai pronunciar-se da mesma forma: "Acreditamos que o menino desencarnado retomasse, de imediato, a sua personalidade de adulto ... Em muitas situações, é o que acontece quando o Espírito já alcançou elevado estágio evolutivo. Contudo, para a grande maioria das crianças que desencarnaram, o caminho não é o mesmo. Almas ainda encarceradas no automatismo inconsciente, acham-se relativamente longe do autogoverno. Jazem conduzidos pela Natureza, à maneira de criancinhas no colo materno. É por esse motivo que não podemos prescindir de períodos de recuperação, para que se afasta do veículo físico, na fase infantil." QUADRO XII - Morte Prematura – Possibilidades - Assumir a forma da última existência - Conservar a forma infantil que vai se desenvolvendo à semelhança do que ocorre na Terra - Reencarnar pouco tempo depois do falecimento Bibliografia 1) O Livro dos Espíritos - Allan Kardec 2) O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec 3) Entre a Terra e o Céu - André Luiz/Chico Xavier 4) Resgate e Amor - Tiaminho/Chico Xavier 5) Escola no Além - Claudia/Chico Xavier 6) Crianças no Além - Marcos/Chico Xavier Apostila Original: Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora - MG

Copy and WIN : http://bit.ly/copynwin

Mortes prematuras

Mortes prematuras

Richard Simonetti


Quando a morte ceifa nas vossas famílias, arrebatando, sem restrições, os mais moços antes dos velhos, costumais dizer: Deus não é justo, pois sacrifica um que está forte e tem grande futuro e conserva os que já viveram longos anos cheios de decepções; pois leva os que são úteis e deixa os que para nada mais servem; pois despedaça o coração de uma mãe, privando-a da inocente criatura que era toda a sua alegria.
Humanos, é nesse ponto que precisais elevar-vos acima do terra-a-terra da vida, para compreenderdes que o bem, muitas vezes, está onde julgais ver o mal, a sábia previdência onde pensais divisar a cega fatalidade do destino. Por que haveis de avaliar a justiça divina pela vossa?
Podeis supor que o Senhor dos mundos se aplique, por mero capricho, a vos infligir penas cruéis? Nada se faz sem um fim inteligente e, seja o que for que aconteça, tudo tem a sua razão de ser. Se perscrutásseis melhor todas as dores que vos advêm, nelas encontraríeis sempre a razão divina, razão regeneradora, e os vossos miseráveis interesses se tornariam de tão secundária consideração, que os atiraríeis para o último plano.
Temos aqui o início de uma manifestação do Espírito Sanson, recebida na Sociedade de Estudos Espíritas de Paris, presidida por Allan Kardec. Consta do capítulo V, item 21, de O Evangelho segundo o Espiritismo, sob o subtítulo “Perda de pessoas amadas. Mortes prematuras”.
Se estabelecêssemos uma gradação para as dores morais que afligem os seres humanos, certamente a mais intensa, mais angustiante, seria a da mãe que vê um filho partir prematuramente, nos verdes anos da infância, no despertar da adolescência, no entusiasmo da juventude.
O grande lenitivo está na fé, concebendo o elementar: Deus sabe o que faz. Significativo exemplo está na famosa expressão de Jó, o patriarca judeu, que após morrerem não um, mas todos os seus filhos, sete varões e três mulheres, e perder todos os seus haveres, ele, que era muito rico, proclamou, convicto (Jó, 1-21):
Deus deu, Deus tirou! Bendito seja o seu santo nome.
O problema é que raros têm fé legítima. Cultivam precária confiança, que não resiste aos embates da adversidade. Por isso, muitas mães, debruçadas sobre o esquife de um filho que resumia suas alegrias e esperanças, indagam angustiadas: – Por que, Senhor? Por que fez isso comigo? O que fiz para merecer esse castigo?!
Esse questionamento não é bom, porquanto conduz facilmente ao desespero e à revolta, que apenas multiplicam angústias, sem chance para a consolação. A vida torna-se um fardo muito pesado quando nos debatemos ante o inexorável. Matematicamente falando, acrescentamos dores à alma, quando subtraímos a fé.
Um confrade, espírita da velha guarda, homem lúcido e inteligente, costumava dizer: – É preciso ter sempre um pé atrás, não apenas em relação à nossa morte, mas, também, quanto à morte de um ente querido, particularmente um filho.
Parecia adivinhar que seria chamado a esse testemunho, porquanto um filho, jovem inteligente e empreendedor, com brilhante futuro pela frente, faleceu repentinamente. E o nosso companheiro deu testemunho de que estava preparado, tanto ele quanto a esposa, comportando-se com muita serenidade e equilíbrio, a imitar o exemplo de Jó. Esse pé atrás na vida, para não se desequilibrar diante da morte, equivale a fortalecer a nossa fé, transcendendo a mera crença com o conhecimento da realidade.
É importante conceber que Deus existe; que seus desígnios são sábios e justos; que Ele trabalha sempre pelo nosso bem, mesmo quando males aconteçam; que seu olhar misericordioso está sobre nós. Nem sempre, porém, será o bastante. Para que a nossa fé ultrapasse os limites da mera crença, adquirindo consistência para resistir aos embates da vida, é fundamental que se estribe no conhecimento. Em relação às mortes prematuras, somente a Doutrina Espírita, a nos oferecer uma visão objetiva do mundo espiritual, pode nos consolar de forma perfeita, sem dúvidas, sem vacilações, mostrando-nos por que ocorrem.
À luz abençoada da Doutrina Espírita, podemos considerar o assunto em vários aspectos:
Aborto. Por que mulheres que anseiam pela maternidade experimentam sucessivas frustrações? Geralmente estamos diante de problemas cármicos, a partir de comprometimentos em existências anteriores.
A causa – quem diria! – é o mesmo aborto. Não o espontâneo, mas o induzido. A mulher que se recusa ao compromisso da maternidade, expulsando o filho que estagia em seu corpo, às portas da reencarnação, comete uma autoagressão. Produz desajustes em seu períspirito, o corpo espiritual, em área correspondente à natureza de seu delito. Em vida futura, mais amadurecida, a ansiar pela maternidade, terá problemas. Grávida, não conseguirá segurar a gestação do filho que anseia, na mesma proporção em que expulsou, outrora, filhos de seu seio.
O problema pode estar, também, no reencarnante. Se foi um suicida, traz sérios comprometimentos perispirituais que poderão repercutir no corpo em formação, a promover o aborto. Fracassos sucessivos, tanto da gestante quanto do reencarnante, os ensinarão a valorizar e respeitar a vida.
Infância. Às vezes consuma-se a reencarnação, não obstante os problemas do Espírito de passado comprometedor, mas de forma precária. Vulnerável a males variados, em face da debilidade orgânica, logo retornará à Espiritualidade. André Luiz reporta-se a um suicida, que se matou ingerindo veneno, no livro Entre a Terra e o Céu, psicografia de Francisco Cândido Xavier. Em nova existência, saúde frágil, desencarnou aos sete anos.
Um mentor espiritual explicou que aquela breve experiência na carne fora sumamente útil ao Espírito, livrando-o de parte de seus desajustes, e que ele deveria reencarnar em breve, na mesma família, já em melhores condições.
A morte prematura pode ser também, um convite ao cultivo de valores espirituais. No livro Atravessando a Rua, comento a experiência de um casal que reencarnou com a tarefa de cuidar de crianças, numa instituição assistencial. No entanto, envolvidos pelos interesses imediatistas, ambos andavam distraídos de sua missão. Então, um mentor espiritual que os assistia, preocupado com sua deserção, reencarnou como seu filho. Foi aquela criança maravilhosa, inteligente, sensível, que faz a felicidade dos pais, que passam a gravitar em torno dela.
Consumando a intenção de despertar os pais, ele desencarnou na infância, deixando-os desolados, desiludidos, deprimidos. Encontraram lenitivo a partir do momento em que se entregaram de corpo e alma a crianças num orfanato, exatamente como fora planejado. O mentor viera apenas para ajudá-los a corrigir o desvio de rota.
Fica a pergunta, amigo leitor: O que acontece com o Espírito na morte prematura? Normalmente, um retorno tranquilo. O que dificulta nossa readaptação à pátria espiritual é o apego à vida física, os comprometimentos com a ambição, as paixões, os vícios... O Espírito literalmente entranha-se na vida física, o que lhe impõe sérias dificuldades, até mesmo para perceber sua nova condição. Já o jovem nem sempre tem esses comprometimentos. É alguém que desperta para a vida, que ainda não se envolveu. Será logo acolhido e amparado pelos mentores espirituais, por familiares desencarnados.
O grande problema dos que partem nessa condição é a reação dos que ficam. Desespero, revolta, rebeldia são focos pestilentos de vibrações desajustadas, que atingem em cheio o passageiro da Eternidade, causando- lhe aflições e desajustes, já que nos primeiros tempos de vida espiritual tende a permanecer ligado psiquicamente à família. E o que é pior – na medida em que os familiares insistem nas lembranças, quando a desencarnação ocorreu em circunstâncias trágicas, induzem o Espírito a reviver, em tormento, todas aquelas emoções. Há uma mensagem famosa de uma jovem que desencarnou no incêndio do Edifício Joelma, psicografada por Francisco Cândido Xavier, dirigida à sua mãe.
Após dizer-lhe que fora muito bem amparada e que sua morte atendera a compromissos cármicos, pediu à mãe que não ficasse recordando do incêndio nem a contemplasse, na tela de sua mente, morrendo queimada. – Cada vez que a senhora me vê assim, é assim que me sinto.
O final da mensagem de Sanson é bastante significativo e deve merecer nossa reflexão:
Em vez de vos queixardes, regozijai-vos quando praz a Deus retirar deste vale de misérias um de seus filhos. Não será egoístico desejardes que ele aí continuasse para sofrer convosco? Ah! essa dor se concebe naquele que carece de fé e que vê na morte uma separação eterna. Vós, espíritas, porém, sabeis que a alma vive melhor quando desembaraçada do seu invólucro corpóreo.
Mães, sabei que vossos filhos bem-amados estão perto de vós; sim, estão muito perto; seus corpos fluídicos vos envolvem, seus pensamentos vos protegem, a lembrança que deles guardais os transporta de alegria, mas também as vossas dores desarrazoadas os afligem, porque denotam falta de fé e exprimem uma revolta contra a vontade de Deus. Vós, que compreendeis a vida espiritual, escutai as pulsações do vosso coração a chamar esses entes bem-amados e, se pedirdes a Deus que os abençoe, em vós sentireis fortes consolações, dessas que secam as lágrimas; sentireis aspirações grandiosas que vos mostrarão o porvir que o soberano Senhor prometeu. (Op. cit., cap. V, item 21.)