Estudando o Espiritismo

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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Perdas e ganhos


Perdas e ganhos.

“O que perturba os homens não são as coisas em si, mas as idéias que os homens têm a respeito delas”.
(Epicteto)


Não gostamos de perder e muito menos de sofrer. Queremos que tudo dê certo em nossa vida. Mas este dar certo não é necessariamente o melhor. Na verdade apenas queremos que as coisas aconteçam como desejamos.
Quando algo dá errado não gostamos. Isso pode acontecer numa escala ou intensidade maiores. São os chamados momentos difíceis, nos quais tudo parece dar errado, onde nossos desejos não podem ser atendidos.
Às vezes a crise toma dimensões críticas. Já não se trata, então, de simples não atendimento de desejos. Trata-se de grandes perdas, de seguidas confusões, de agravamento de problemas, de amargas decepções, por exemplo.
Nessas horas incertas, onde os minutos rastejam, é comum perguntarmo-nos o por quê? Qual a finalidade de tudo o que está acontecendo? Será que mereço? O que foi que fiz? Qual a lição a aprender?
Recorrentemente se faz tão-só um balanço negativo dos fatos, deles apenas extraindo as perdas, os prejuízos, os estragos presentes e alguns no futuro. Olhamos em volta e apenas enxergamos o que se deixou de fazer, de conseguir, de ganhar. O homem, nestas condições, prende sua percepção na dor, no desespero. Foca o problema e, por isso, perde a capacidade de visualizar o todo.
Em verdade nunca perdemos. O que existe é a incapacidade de percebermos onde estamos ganhando. Quase sempre o “lado bom” do “fato ruim” é imperceptível no calor das emoções. Tal como a escuridão das trevas impede a vista a olho nu, assim também as emoções, as paixões e interesses materiais obstaculizam-nos de perceber os benefícios que estão sendo semeados entre as lágrimas. Na vida material, o ganhar pressupõe o imediato. O importante é o agora. Sob a perspectiva espiritual, contudo, o ganhar está diretamente relacionado com o evoluir, que não se apressa. O processo obedece ao tempo de cada coisa. Vale o clichê: a natureza não dá saltos.
Ou seja, para o homem materialista e imediatista tudo que o impeça de curtir a vida, de ter “paz” e de levar vantagens o mais rápido possível é considerado um problema, uma perda. Sob a perspectiva espiritual, perder e ganhar nem sempre equivalem ao que desejamos. Perder é não evoluir.
Portanto, em tudo há sabedoria divina. É certo que nada acontece sem permissão divina. Mas Deus não impõe desgraças, estas são apenas efeitos de causas que deflagramos.
Fatos são acontecimentos naturais, porque seguem leis divinas que valem para todos. Em verdade, desgraça é a valoração pessoal que damos a um fato. Por isso, o mesmo fato para uns é considerado sorte, para outros azar. Tudo depende da visão que temos do mundo. É nossa atitude pessoal que determina nossa reação ou ação diante dos acontecimentos.
É muito comum, anos depois, reavaliarmos fatos que nos trouxeram contrariedade, como muito importantes para nosso amadurecimento pessoal. O fato não mudou, o que se modificou foi a percepção sobre o mesmo.
Como dito alhures, nunca perdemos. Pequenos problemas soltos parecem não ter razão, lógica. Somados e contextualizados eles montam um quadro de experiências que exigem do espírito o exercício das virtudes.
Que seria do ser humano sem os desafios do que chamamos de problemas? Não saberíamos pensar, construir, planejar, agir. Não desenvolveríamos a paciência, a solidariedade, a força de vontade, não almejaríamos o melhor e o progresso da humanidade estaria comprometido.
O mundo é a grande escola de nossas almas. É aqui que testamos realmente o significado prático das virtudes e isso só se firma nos refolhos do espírito através do calor das lutas, das injunções, sob o peso das responsabilidades e diante dos desafios mais indesejáveis. Como dito, não perdemos. Sempre o espírito ganha em experiência e sabedoria. Como disse Fernando Pessoa: "tudo vale a pena, quando a alma não é pequena."

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