Estudando o Espiritismo

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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

LEI DE SOCIEDADE - Calligaris

LEI DE SOCIEDADE


O homem é um animal social, já o dizia, com acerto, famoso pensador da Antiguidade, querendo com isso significar que ele foi criado para viver, ou melhor, conviver com seus semelhantes.
                A sociabilidade é instintiva e obedece a um imperativo categórico da lei do progresso que rege a humanidade.
                É que Deus, em Seus sábios desígnios, não nos fez perfeitos, fez-nos perfectíveis; assim, para atingirmos a perfeição a que estamos destinados, todos precisamos uns dos outros, pois não na como desenvolver e burilar nossas faculdades intelectuais e morais senão no convívio social, nessa permuta constante de afeições, conhecimentos e experiências, sem a qual a sorte de nosso espírito seria o embrutecimento e a estiolação.
                Sendo o fim supremo da sociedade promover o bem-estar e a felicidade de todos os que a compõem, para que tal seja alcançado há necessidade de que cada um de nós observe certas regas de procedimento ditadas pela justiça e pela moral, abstendo-se de tudo que as possa destruir.
                Com efeito, a boa ordem na sociedade depende das virtudes humanas. À medida que nos formos esclarecendo, tomando consciência de nossos deveres para com nós mesmos e para com a comunidade de que somos parte integrante, cumprindo-os à risca, menores e menos freqüentes se irão tornando os atritos e conflitos que nos afligem; mais deleitável a harmonia que devem reinar em seu seio.
                A par disso, para que a sociedade funcione e possa corresponder à sua finalidade, um outro princípio existe que precisa, também, ser observado: o da autoridade.
                Se os indivíduos e os grupos não derem correto atendimento às normas traçadas pelo governo, antes as infrinjam ou desobedeçam, a desordem não tardará a fazer-se senhora da situação, resultando nulas as medidas propostas no sentido do progresso social.
                Porém, ninguém deve exorbitar de suas funções, seja impondo uma sobrecarga de obrigações aos que estejam subordinados à sua jurisdição, seja frustrando-lhes o gozo de seus direitos individuais, porque isso, então, já não seria autoridade, e sim tirania, despotismo.
                Estes conceitos, ampliados, são válidos igualmente para a sociedade natural, formada pelo concerto das nações, cujos membros devem respeitar-se e auxiliar-se mutuamente, tudo fazendo pela concórdia entre os povos e a prosperidade universal, porque, interdependentes que  são, sempre que alguns componentes do cosmo social entrem em guerra ou se vejam a braços com crises econômicas, todos haveremos, de uma forma ou de outra, de sofre-lhes as danosas conseqüências.
                Aqueles que se isolam completamente do contato do mundo, revela forte dose de egoísmo e só merece reprovação, visto que não pode agradar a Deus uma vida pela qual o homem se condena a não ser útil a ninguém.
                Já aqueles que se afastam do bulício citadino, buscando no retiro a tranqüilidade reclamada por certa natureza de ocupação, assim os que se recolhem a determinadas instituições fechadas para se dedicarem, amorosamente, ao socorro dos desgraçados, obviamente, embora afastados da convivência social, prestam excelentes serviços à sociedade, adquirindo duplos méritos, porquanto, além da renúncia às satisfações mundanas, tem a seu favor a prática das leis do trabalho e da caridade cristã.

Do Livro: As Leis Morais – Rodolfo Calligaris

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