Estudando o Espiritismo

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sábado, 26 de outubro de 2013

A Cegueira Espiritual

Autor: Alcioli Santos

A CEGUEIRA ESPIRITUAL

Tantas pessoas cegas que vivem em nosso meio precisando na maioria das vezes de um guia, sem falar nas que usam óculos com problemas sérios de visão. Existem muitos problemas de visão, desde uma simples miopia, até casos complicados como glaucoma, que se não cuidar devidamente pode levar a cegueira total. 

Porém, o que mais nos deixa triste é a capacidade de não enxergarmos a nossa própria cegueira espiritual, onde estamos o tempo todo convivendo com as pessoas e não temos a mínima sensibilidade de ver que a nossa responsabilidade para com todos está acima de nossas próprias necessidades. 

A cegueira social é um comportamento que temos que mudar, porque a responsabilidade social é um tributo de todos que vive em sociedade. Transferimos responsabilidades para os governos, mas esquecemos que além do papel que o governo tem de prover recursos sociais para ajudar as pessoas, temos também, que colaborar com nossa parte. Mesmo que o governo pudesse suprir todas as necessidades materiais do povo, a espiritual seria uma tarefa de difícil acesso, porque calor humano, amor, amizade, carinho, atenção são comportamentos de sensibilidade interior e nem todos, na maioria das vezes, tem esse dom para com os seus semelhantes. 

Nós espíritas realizamos trabalhos, dito caridoso por nós, mas que não passa em alguns casos de tarefa social simplesmente. Vivenciamos experiências de visitar o Hospital da Mirueira (Instituição de Hansenianos), levando objetos de uso pessoal e, muitas vezes, escutamos dos próprios internos que suas maiores carências estavam não nos presentes que levamos para eles, mas na visita e nas conversas que podíamos ter naquele momento. As suas necessidades estavam simplesmente na atenção de ouvi-los, de um abraço de carinho, de cuidado, um gesto de amor, esse sim é a energia maior que move o interior de todos nós, eternos carentes que somos. 

A cegueira social não deixa que enxerguemos os problemas humanos, resultado da falta de políticas pública e, acima de tudo, a nossa falta de visão para com o outro. Estamos pagando um preço muito alto. As crianças cada vez mais marginalizadas, os velhos abandonados, a prostituição infantil, a violência urbana, tudo isso batendo a nossa porta, nos tornando impotente e reféns de nós mesmos. 

Por incrível que pareça é que nós espíritas, na sua grande maioria, achamos que as nossas tarefas nos Centros Espíritas encerram nossas responsabilidades com a sociedade. Muitas vezes, estamos envolvidos com as tarefas de campanhas do quilo, distribuição de sopas, aplicando passes, fluidificando água e somos mansos e cordiais para com aqueles que adentram a Casa e pronto, fez-se a nossa parte. Mas será que somos espíritas em toda parte? Será que enxergamos aqueles que não estão nos Centros? Será que enxergamos aqueles que estão em nossa própria casa? Queremos muitas vezes educar os outros e esquecemos-nos de nossa família. A carência de nossa esposa, esposo, filhos, enfim aqueles que Deus nos confiou, esses sim, são as nossas primeiras responsabilidades. As famílias estão diretamente ligadas com a sociedade, pois, é através das famílias que se forma uma sociedade; a família é à base do social, uma instituição cada vez mais falida e pobre de amor. 

Apesar de sermos espíritas, ainda não temos a capacidade de enxergamos o outro nas suas reais necessidades, achando que as paredes dos Centros Espíritas é o verdadeiro trabalho. O trabalho de Jesus está além dos Centros Espíritas, o trabalho do Cristo não tem denominação, raça, cor. O que o Cristo quer é universalidade de pensamentos, atitudes e hábitos voltados para o amor ao próximo quando ele próprio disse: daí ao outro o que queres para ti.

As Casas Espíritas e nós espíritas ainda não acordamos para a postura cidadã que existe no ser humano, o nosso papel social que devemos exercer. Não pregamos o compromisso social, nem político nas Casas Espíritas. Ser cristão é ser cidadão. Ser cidadão é está envolvido com causas sociais, porque fazemos parte de uma sociedade que está sendo manipulada e está órfã de esclarecimento. A Doutrina Espírita está aí junto com as Casas Espíritas para esclarecer as pessoas que nos procuram. 

A filosofia espírita, não se deve esquecer, é de cunho social; sendo de cunho social, temos obrigação moral para está envolvido e influenciando a sociedade em todos os lugares que estivermos baseados na sua Codificação.

Jesus foi um dos maiores lutadores dos direitos sociais, lutou muito e ainda luta para que os direitos sejam iguais em justiça social, para que nós, que fazemos parte de uma sociedade, no futuro, vivamos em paz. 

Em “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec destaca uma nota no Capitulo VII – Lei de Sociedade, na pergunta 768, ele diz: “Nenhum homem tem as faculdades completas. Pela união social, eles se completam uns pelos outros para assegurar seu bem-estar e progredir. Por isso, tendo necessidade uns dos outros, são feitos para viver em sociedade e não isolados”.

Que a nossa cegueira espiritual possa aos poucos poder enxergar o óbvio, que é a interação social começando pelas Casas Espíritas e se expandindo para fora, para o seio da sociedade. Devemos lembrar sempre, que a Doutrina dos Espíritos veio para transformar o homem e, conseqüentemente, a sociedade em qual vivemos. ▲

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