Estudando o Espiritismo

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quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Conduta Espírita ante as tribulações

C- Leda Maria Flaborea

Espiritismo
ledaflaborea@uol.com.br

A Doutrina Espírita esclarece-nos aspectos importantes de nossa trajetória nesse mundo, qual seja:

- tudo o que plantamos, colhemos. Portanto, somos responsáveis pelos nossos pensamentos, palavras e ações, e por todas as mentes externas que atraímos em razão dos nossos sentimentos, ainda, tão desarmonizados ante as Leis de Deus. É a aplicação prática da Lei de Sintonia, das afinidades entre os que se atraem.

- que com isso, criamos um quadro de resgates que necessitamos liquidar a fim de nos harmonizarmos com nossa própria consciência.

- que, se não podemos fugir da Lei de Ação e Reação ou Lei de Causa e Efeito, podemos, todavia, escolher de que forma iremos vencer todas as dificuldades que nos cercam a existência.

Apresentam-se, assim, dois caminhos: Um, de otimismo, de fé na Providência Divina e na assistência dos bons Espíritos, de esperança e de confiança em nós mesmos, pois sabemos ser filhos de Deus com infinitas capacidades para vencer – em cada fase da nossa evolução – as dificuldades inerentes a ela. O outro, é o caminho da revolta ante os problemas que nos afligem, pela não aceitação de que somos os únicos agentes desses tropeços pelos quais passamos nesta encarnação; de desesperança; de atitudes que remetem aos outros as responsabilidades que são só nossas pelas próprias desventuras.

O primeiro, é o bem sofrer, já que é inevitável essa condição frente o que determina a Lei. O outro, é o mal sofrer cujas atitudes levam a um aumento das aflições que já possuímos, acrescentando ao sofrimento já existente um quadro de desequilíbrios forjado por nós mesmos, frutos das nossas escolhas equivocadas pela destemperança, caprichos e desejos de todas as ordens. Dois caminhos, uma escolha.

Jesus nos ensina que quando começamos a entender o valor educativo das aflições, nossa mente se eleva aos planos mais altos da vida. No início, essas corrigendas doem e as experiências pelas quais necessitamos passar, como alunos reprovados que necessitam refazer o ano, machucam-nos a alma. Mas, se conseguimos vencer as primeiras provas, as lutas que se seguirão serão consideradas, por nós, como alimento espiritual, porque entendemos que só através do trabalho diário contra as imperfeições é que se dará a melhora como criaturas de Deus que somos. Todo Espírito consciente esforça-se e luta, adverte o Evangelho, num trabalho individual, intransferível e absolutamente solitário.

Então, o que Jesus pretendeu ensinar quando disse: “Bem-Aventurados os aflitos porque deles é o Reino dos Céus?” Não estava se referindo, certamente, àqueles que desanimam diante das dificuldades como forma constante de conduta. Deus que é justo não poderia oferecer, através de Jesus, o Seu Reino de Paz, o mundo de felicidade plena àqueles que não têm coragem, que não perseveram e que se revoltam diante dos Seus desígnios. Se Ele recompensa quem luta para vencer as dificuldades, não poderia premiar a quem foge dela. Ele não tem dois pesos e duas medidas.

E se não temos essa coragem, onde buscá-la? O próprio Jesus nos convida quando diz: “Vinde a mim vós todos que estais atribulados e eu vos aliviarei”. Assim, buscando Jesus na prece, acreditando que não há órfãos na Criação e que somos capazes de vencer essas dificuldades, - certamente com muito esforço - torrentes de bênçãos cairão sobre nós, encorajando-nos, sustentando-nos a prosseguir na jornada sem esmorecimento, sem fraquejar.

Temos ouvido, frequentemente, que Deus não dá a carga maior do que aquela que podemos carregar, e parece que não acreditamos muito nisso, pois estamos sempre nos queixando de que nossos problemas são maiores que os dos outros, ou que são insolúveis, ou que somos abandonados por Ele.



A Doutrina Espírita ensina que só trazemos débitos que podemos resgatar, mesmo que queiramos mais para apressar nossa evolução. Isto porque, quando retornamos ao corpo material, nos esquecemos, temporariamente, dos compromissos assumidos e, bombardeados pelas tentações da matéria, quase nunca conseguimos cumprir todo nosso programa reencarnatório. Assim, se a nossa carga é proporcional às nossas forças, a recompensa pelo nosso esforço também será proporcional aos resultados que obtivermos nas nossas lutas.

Refletindo sobre isso, podemos entender porque a vida é cheia de tribulações. É que a recompensa pelos esforços deve ser merecida. Se não há tribulações, não há luta. Se não há esforços, não há recompensa. E se assim não fosse, como poderia Deus avaliar nossa conduta? Travamos verdadeiros combates contra nós próprios, buscando nos tornar melhores a cada dia, combates esses muito maiores do que aqueles vividos em um campo de batalha, conforme nos esclarece o Evangelho. Convida-nos a pensarmos sobre isso, alertando para o seguinte: O homem que vence a si próprio e aprende a dominar sua cólera, seus impulsos de impaciência, seu desespero não recebe nenhuma medalha por isso, mas Deus lhe reserva um lugar glorioso, pois é recebido como um grande soldado, que pode dizer: “Fui mais forte, pois venci a mim mesmo”.

E Emmanuel, amado Instrutor Espiritual, adverte-nos, ainda, com a seguinte frase: “Não te perturbes, pois, diante da luta, e observa. O que te parece derrota, muita vez é vitória. E o que te afigura em favor de tua morte é contribuição para o teu engrandecimento na vida eterna”.³ Não basta, assim, sofrer, simplesmente, para ascender à glória espiritual ¹, pois no cadinho das experiências, todos sofrem. Como nada existe de inútil no Universo, perguntemo-nos: “O que Deus quer que eu aprenda com isso?”, e busquemos a resposta no fundo de nossas próprias consciências.

Bibliografia

1 - Emmanuel (Espírito) – Vinha de Luz – [psicografado por] F.C.Xavier, 14. ed., Rio de Janeiro/RJ: Federação Espírita Brasileira, 1996 - lição 80.

2 – Idem – lição 118

3 – Emmanuel (Espírito) – Fonte Viva – [psicografado por] F.C.Xavier, 16. ed., Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 1988- lição 16.

4 – KARDEC, Allan – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap 5 – item 18.

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