Estudando o Espiritismo

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segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A origem do mal... o egoísmo e o orgulho!

O Livro dos Espíritos (Das Leis Morais), no capítulo XII, Da perfeição moral, no item denominado justamente Paixões. Abrangendo seis questões (907 a 912), Kardec faz um estudo breve, porém aprofundado deste tema, no diálogo que trava com os espíritos superiores que colaboram com a Codificação.
Em resumo eis o que apreendemos:
As paixões são constitutivas, fazendo parte do que podemos denominar de natureza humana. O seu princípio não é originariamente mau, pois “o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem”. São os acréscimos nossos, da vontade humana, os excessos, pois o “abuso que delas se faz é que causa o mal”. (questão 907)
Kardec comenta que, certas paixões “nos aproximam da natureza animal”; desligando-se, porém, o homem da matéria e suas atrações, por meio da ação de amor ao próximo, ele se aproxima “já neste mundo” de sua natureza espiritual.
Podemos inferir, pois, que as paixões, este “entusiasmo muito vivo por alguma coisa” ou este “sentimento ou emoção levados a um alto grau de intensidade” na definição do Aurélio, transita na visão espírita da natureza animal à natureza espiritual. Do instinto de conservação que nos impele a buscar tudo para nós mesmos, no desejo de preservarmos nossa vida a qualquer custo, em detrimento da vida alheia (quando próximos da natureza animal, nos primórdios das experiências humanas) transitamos para um outro extremo, que é a abnegação, que também na definição do Aurélio significa “renunciar a; sacrificar-se, mortificar-se, em benefício de Deus, do próximo, de si mesmo”. Não à toa, o próprio sacrifício de Jesus, mormente na tradição católica (a morte na cruz) é denominado de Paixão (o próprio Aurélio indica o uso da maiúscula para assim o designar).
O governo da paixão é o que determina o limite em que se situa a fronteira entre o bem e o mal. A paixão se torna um perigo quando perdemos o domínio sobre ela e causamos males aos outros ou a nós mesmos. Como alavanca que pode decuplicar (multiplicar) nossas forças, se mal acionada e direcionada pode voltar-se contra nós e nos esmagar. (questão 908)
Na resposta dos espíritos a Kardec é ainda dito que as paixões se assemelham a um corcel , um cavalo veloz, “que só tem utilidade quando governado e que se torna perigoso desde que passe a governar”. A própria sabedoria popular nos ensina que a vaidade, ou o egoísmo ou o orgulho não causam mal desde que em doses adequadas. Frases como “um pouco de vaidade faz bem à pessoa” e outras do gênero (quando ditas com sinceridade) correspondem exatamente ao que os espíritos em outras palavras referem-se ao domínio das paixões.
É dito também que as paixões, além de ampliar as forças humanas, “auxiliam na execução dos desígnios da Providência”.
A paixão, como define o Aurélio, é também um ”entusiasmo muito vivo” e o termo entusiasmo corresponde a “exaltação ou arrebatamento extraordinário daqueles que estavam sob inspiração divina”, também significando “dedicação ardente, ardor”. Logo, o homem quando se torna entusiasmado, no sentido mais elevado do termo, pode auxiliar nas tarefas que a Providência Divina lhe designa e de que o homem é instrumento.
O princípio das paixões tem por fundamento um “sentimento” ou uma “necessidade natural”; logo, as paixões não podem ser concebidas como um mal em si, pois elas são “uma das condições providenciais da nossa existência”; o excesso na utilização desta ferramenta é que causa o mal; as paixões que o aproximam da natureza animal o afastam da natureza espiritual; haverá, por outro lado, “predominância do espírito sobre a matéria” quando os homens utilizarem as paixões como instrumento a serviço dos bons sentimentos, o que os conduzirá mais rapidamente à perfeição que nos cabe atingir. (questão 908)
Os esforços, as tentativas para se atingir uma meta, podem conduzir o homem a “vencer as suas más inclinações”. Porém, o homem não costuma exercitar-se neste sentido, o que lhe exigiria, em verdade, “esforços muito insignificantes”. (questão 909)
Kardec e os espíritos relacionam nesta questão a má utilização das paixões e as más inclinações, tendências, tornando-as sinônimas. Os espíritos então nos afirmaram, de outra forma, que o governo, o domínio que se pode ter sobre as paixões não exige, comumente, grandes esforços, mas apenas dedicação, persistência.
O homem pode contar com os bons espíritos, cuja missão é auxiliá-los, caso deseje vencer suas más paixões ou inclinações. (questão 910)
Há uma inscrição no pórtico de Delfos, na Grécia, dizendo que “invocado ou não ele estará sempre presente”; a divindade ou Deus sempre está presente em nossas vidas, mesmo que não solicitemos… O mesmo ocorre com os bons espíritos, que nos assiste, nos auxiliando sempre. A despeito de nossa rebeldia e, às vezes, do nosso mergulho deliberado no mal, eles esperam pacientemente uma oportunidade para nos reerguer, colocando-nos em condições de retomar a caminhada no rumo do Bem. Se invocados (e invocar é solicitar ajuda ou intercessão de alguém) ou se evocados (evocar é chamar a si, reclamar a presença de alguém) os espíritos amigos haverão de nos auxiliar a vencer nossas más paixões ou más tendências, inclinações.
A vontade pode sempre triunfar sobre as más paixões, dominando-as. Os homens, no entanto, que se comprazem com o mal, que lhes proporciona prazer, pela afinidade com tudo o que se aproxima dessa sua transitória, mas obstinada natureza animal, são aqueles cuja “vontade só lhes está nos lábios”. Aqueles que compreendem “a sua natureza espiritual” lutam por reprimir as próprias más tendências. “Vencê-las é, para eles, uma vitória do Espírito sobre a matéria.” (questão 911)
É mais fácil, cômodo enganar-se, iludir-se do que se enfrentar nas lutas sem quartel que se tem que travar para a vitória sobre si mesmo, contra o mal existente dentro de nós mesmos. A alavanca férrea da vontade, que nos pode ajudar a remover todos os obstáculos do caminho, precisa ser forjada todos os dias, retemperada pela oração e pela vigilância.
É necessário, portanto, estarmos atentos e em comunhão com o Alto, para não nos amolentarmos, pois é comum nos deixarmos arrastar pelos cantos de sereia da preguiça, da acomodação e dos prazeres que a isto conduz ou implica.
Por fim, o antídoto recomendado pelos espíritos no combate que se deve travar para vencer-se o “predomínio da natureza corpórea” é a prática da abnegação. (questão 912)
A própria definição do que é abnegação indica o que nos cabe fazer: “renunciar a; sacrificar-se, mortificar-se, em benefício de Deus, do próximo, de si mesmo”. Os verbos de que o dicionarista se utiliza para definir abnegação nos sugere dois tipos de atitude: a ativa e a passiva. Renunciar a alguma coisa é, aparentemente, uma atitude passiva, de deixar-se, abandonar-se, apagar-se ou até de fugir de alguma situação. No entanto, ninguém pode renunciar às coisas do mundo em favor de algo ou alguém sem que mobilize as forças do pensamento e do coração, com “dedicação ardente, ardor” próprio de quem mobiliza o entusiasmo naquilo em que se empenha. A abnegação é, enfim, um sentimento de renúncia, de sacrifício, de anulação do ego para a vivência ativa do amor ao próximo.
Bem, depois de termos examinado as questões 907 a 912, sobre as paixões, cabe-nos indicar que as questões que se seguirão tratam do egoísmo. Da questão 913 a 917 Kardec e os espíritos dialogam sobre esta “verdadeira chaga da sociedade”. Às más paixões ou más inclinações Kardec designará agora como vícios como se vê na questão 913: “Dentre os vícios, qual o que se pode considerar radical?”
A resposta é naturalmente o egoísmo, que está na raiz de todos os males (daí o adjetivo radical utilizado na pergunta). E continuam os espíritos “Por mais que lhes deis combate, não chegareis a extirpá-los, enquanto não atacardes o mal pela raiz, enquanto não lhe houverdes destruído a causa. Tendam, pois, todos os esforços para esse efeito…”
E ao final da resposta os espíritos são claros:
Quem quiser, desde esta vida, ir aproximando-se da perfeição moral, deve expurgar o seu coração de todo sentimento de egoísmo, visto ser o egoísmo incompatível com a justiça, o amor e a caridade. Ele neutraliza todas as outras qualidades.
A idéia de que o egoísmo e o orgulho possam ser situados como causa de todos os males humanos pode causar mal estar a muitos que se propõe a examinar estas questões. Os espíritos e Kardec, de modo simples e coerente, são muito felizes em situar no campo das causas últimas, o papel das paixões ou dos sentimentos do egoísmo, do orgulho e outros assemelhados. Tudo o mais estaria no campo dos efeitos. (que podem se tornar causa de outros efeitos). A miséria sócio-econômica, por exemplo, pode ter sua origem na extrema concentração de renda em determinado país ou região.
Na visão espírita, sem desprezar as análises sociológicas, econômicas ou quaisquer outras, a causa deste fenômeno está no egoísmo e no orgulho dos homens, em última instância. A extrema concentração de renda, alegada como causa, na verdade seria um efeito da causa primordial que são as más paixões.


O combate ao mal... a busca da felicidade.
Por não sabermos ainda produzir, em nossos pensamentos, atitudes e ações no bem em toda a plenitude, estamos às voltas com as sobras, com os resíduos das nossas más paixões, de que devemos nos livrar, conforme acima exposto.
Não é simples, nos livrarmos do mal que produzimos. Mal que nasce em nós, nos impregna e temporariamente passa a fazer parte de nossa personalidade.
Para atingir tal intento é preciso vigiar, como sentinelas atentos, as fontes do próprio coração, de onde afinal provém todo o mal, como nos ensinou Jesus, quando lançou uma pergunta que continua atual: “(…) como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.” (Mateus 12:34)
Paulo de Tarso na sua carta aos romanos (7:19) tece comentários sobre as lutas que se deve travar para combater o mal em nós mesmos, em frase já célebre: “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço”.
Prosseguindo nesta linha de argumentação podemos levar a pensar que o mal de que estamos falando é algo medonho, terrível, execrável – e poderíamos citar aqui certas manifestações do mal que tenham realmente uma tal face. Alguém poderia dizer a si mesmo: “Bem, deste tipo de mal felizmente eu estou livre (…)”
Pois bem, o mal de que estamos a tratar não se restringe às suas manifestações mais grotescas, trágicas. E por isso está tão presente em nós… O mal de que fala o Paulo em suas epístolas é o mal corriqueiro que vive em nós e é alimentado por nós mesmos. E que, em certa medida, nos proporciona prazer. Daí a nossa dificuldade de nos desembaraçarmos dele (…)
No abuso dos instintos, temos um mal tão comum hoje, que a ninguém repugna em princípio: o comer em excesso. Nele está presente o instinto de conservação. A natureza estabeleceu para algumas das funções deste instinto a sensação de prazer, reconforto, saciedade, como forma de regulá-lo. E ao extrapolarmos os instintos, abusando deles, nos apegamos às sensações e nos viciamos literalmente no hábito de comer em demasia, não mais para nos alimentarmos, mas para extrairmos prazer – bruto ou sofisticado deste ato. É preciso ainda acrescentar que podemos nos dar aos excessos apoiados confortavelmente em mil dissimulações, disfarces, desculpas, prontamente aceitas pelos outros, condescendentes que somos com os desvios alheios, tanto quanto como os nossos (…)
Os nossos maus hábitos de cada dia por vezes tendem a se perpetuar em nossas vidas por diversos motivos, entre outros, a própria aprovação social dos mesmos. Vivendo em uma sociedade ainda marcadamente materialista e hedonista, não é de surpreender que nos vejamos impelidos a aceitar como natural todas as atrações da matéria e todos os prazeres que isto proporciona.
A luta sem tréguas e sem quartel contra o mal que existe ainda em nós, exige não tão somente conhecimento, mas sobretudo um grande esforço de vontade deliberada e consciente, pois estagiamos ainda próximos das nossas experiências no reino da animalidade; daí nos sentirmos atraídos, arrastados por certas facetas das más paixões. Por isso, não raro, apesar de toda a consciência do bem e do mal, nossos atos de rebeldia ou de invigilância nos embaraça nas tramas de experiências totalmente dispensáveis (Ex.: Álcool, super excitação, fumo, sexo casual, drogas, etc.) que trazem por conseqüência direta ou indireta, dores e responsabilidades (…)
Muitos de nós sucumbimos a estas experiências dispensáveis por estarmos desatentos ao cumprimento dos deveres que nos cabe realizar, às vezes penosos. Para fugirmos à rotina, que nos constrange, mas também nos livra de muitos problemas, nos lançamos em certas aventuras que nos causam problemas sem fim.
Outros, desejando testar (ou "experiênciar") inconseqüentemente suas próprias resistências, seus limites, findam por abrir a caixa de Pandora (que segundo a mitologia grega continha todos os males da humanidade), despertando sentimentos, sensações que deveriam permanecer soterrados, a espera de melhor oportunidade para serem trabalhados, lapidados.
Portanto, não tenhamos nunca a mórbida curiosidade de conhecer em toda a extensão a “maldade humana” (a nossa própria e a alheia), cabendo-nos, antes, mantermo-nos em alerta, para evitar que o mal que brota de nós mesmos se alastre e por contágio encontre afinidade com o mal que nasce em outros corações (…)
Vigiai e orai, já nos alertava o Divino Mestre Jesus.
Conhecer-se para transformar-se. A conquista da felicidade. O bom combate.
Para todos que desejem sustentar-se na luta sem tréguas no domínio e controle das suas más inclinações (vícios), encontramos em Santo Agostinho uma das estratégias mais eficazes de autotransformação, e por conseqüência de vitória sobre nós mesmos. Trata-se da meditação diária sobre os próprios atos, fundamental se desejamos combater o mal em nós mesmos sistematicamente - o bom combate. A lição agostiniana está inserida na última questão (919 e 919-a) da Parte Terceira Das leis morais, no capítulo XII, Da perfeição moral de O Livro dos Espíritos.
Na primeira parte da questão (919) Kardec indaga dos espíritos: “Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?” A resposta, muito direta e clara é também concisa: “Um sábio da antigüidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo.”
Muito arguto Kardec desdobra a questão buscando solucionar a questão prática que envolve o tema: o como fazê-lo: ”Conhecemos toda a sabedoria desta máxima, porém a dificuldade está precisamente em cada um conhecer-se a si mesmo. Qual o meio de consegui-lo?”
Santo Agostinho, como resposta, tece muitas considerações, que resumiremos a seguir:
Devemos interrogar a própria consciência, passando em revista os atos cotidianos, para a identificação dos desvios do deveres que deveriam ter sido cumpridos e dos motivos alheios de queixa por conta dos nossos atos. Por este meio chegou ele, Santo Agostinho, a se conhecer “e a ver o que [nele] precisava de reforma”.
Quem se disponha a examinar os atos cotidianos para identificação do bem ou do mal que se possa ter feito “grande força adquiriria para se aperfeiçoar”. Acresce ele que se deve rogar a Deus e aos espíritos protetores esclarecimento, pois “Deus o assistiria” neste sentido.
Propõe para o exame dos atos cotidianos o dirigir a si mesmo perguntas, o interrogar-se sobre o que se faz e com que propósito para identificarmos se fizemos algo que censuraríamos se praticado por outra pessoa, e também se fizemos algo que não ousaríamos confessar.
Propõe ainda mais, fazendo-nos situar diante da vida na condição daquele que pode retornar ao mundo dos Espíritos a qualquer instante, onde deveremos fazer o balanço dos próprios atos praticados durante a experiência carnal: ao desembarcar no outro lado da vida onde nada pode ser ocultado teríamos “que temer o olhar de alguém”?
A prova de que podemos descansar a consciência está em examinar se nada fizemos contra a Divindade, ao próximo e a nós mesmos.
Porque seja difícil a auto-avaliação, o auto-julgamento por conta das ilusões do amor-próprio, é proposto como meio de verificação isento de ilusão perguntar a si mesmo como classificaríamos nossas próprias ações, se praticadas por outras pessoas. Se tivermos motivos para censurar tais ações, torna-se claro que não devemos agir do mesmo modo.

Na mesma linha de raciocínio, propõe ele que procuremos verificar o que pensam os outros sobre os nossos atos. E mais: a opinião dos inimigos, por não terem nenhum interesse em mascarar a verdade, não deve ser desprezada, pois eles são um bom meio de advertência, utilizando-se com mais freqüência da franqueza do que faria um amigo.
Aconselha ainda àqueles que se sintam possuído do desejo sério de melhorar-se a investigar minuciosamente a própria consciência a fim de extirpar de si os maus pendores. E tal como ele próprio o fazia, que busquemos dar um balanço diário de nossas ações morais, para avaliarmos perdas e lucros; os lucros serão maiores que as perdas se assim agirmos.
Em seguida Santo Agostinho afirma textualmente: “Se puder dizer que foi bom o seu dia, poderá dormir em paz e aguardar sem receio o despertar na outra vida.” O seu dia, cremos nós, deve ser entendido com a culminância de uma sucessão de dias. De qualquer forma, indica-nos a necessidade de aproveitarmos bem todos os dias, dando atenção ao tempo que costuma fugir-nos das mãos, caso não o administremos bem.
Como meio de auto-exame da consciência, recomenda que formulemos “questões nítidas e precisas”, não temendo multiplicá-las, de modo a nos interrogarmos acerca de nossos próprios atos. Este diálogo íntimo, que não toma mais que alguns minutos e “alguns esforços”, é meio de conquista da “felicidade eterna”.
Posto que muitos têm o futuro como incerto, é que os espíritos vêm dissipar as nossas incertezas “por meio de fenômenos” capazes de nos ferir os sentidos e de “instruções” (que nos cabe, por nossa vez, também disseminar).
O comentário breve de Kardec a esta resposta é digno também de exame. E para tanto tomamos a liberdade de transcrevê-lo literalmente:
Muitas faltas que cometemos nos passam despercebidas. Se, efetivamente, seguindo o conselho de Santo Agostinho, interrogássemos mais amiúde (frequentemente) a nossa consciência, veríamos quantas vezes falimos sem que o suspeitemos, unicamente por não perscrutarmos a natureza e o móvel dos nossos atos. A forma interrogativa tem alguma coisa de mais preciso do que qualquer máxima, que muitas vezes deixamos de aplicar a nós mesmos. Aquela exige respostas categóricas, por um sim ou não, que não abrem lugar para qualquer alternativa e que são outros tantos argumentos pessoais. E, pela soma que derem as respostas, poderemos computar a soma de bem ou de mal que existe em nós.
Conclusão
Diante da banalização do mal que se espalha pelo mundo dos homens, resta-nos individual e coletivamente nos lançarmos ao bom combate, que é constante, exigindo-nos disciplina e perseverança. A guerra do bem contra o mal, tema de incontáveis livros e filmes, deve ser travada nos domínios dos nossos próprios corações, acima de tudo.

Lembrando-nos da alegoria dos ovos da serpente, devemos quebrá-los todos ainda no ninho, antes que libertemos o mal que ainda teima em fazer morada em nós.
Se já desencadeamos o mal, somente nos resta sofrer-lhe as conseqüências, com serenidade e resistência.
Se nos embaraçamos nas tramas do mal, não basta arrependermo-nos de nossos atos e nos comprometermos à mudança por desencargo de consciência (ou por quaisquer formas de promessas); é necessário meditarmos profundamente no móvel de nossas ações; é preciso, enfim, mergulharmos a sonda da investigação em nosso espírito para o exame de nossos mais profundos sentimentos e pensamentos.
Se a nossa má ação decorreu, por exemplo, do exercício da violência, devemos buscar em nosso coração as raízes desta violência, esteja ela onde esteja; e somente há um meio de extirparmos definitivamente as raízes de todos os males: estarmos de permanente prontidão para domar, controlar-lhes as expressões… Aprende-se nas reuniões dos Anônimos (alcoólicos, em particular) que nossos vícios (as más paixões) não tem propriamente cura, mas tão somente controle. As lutas sem fim e sem quartel contra o mal exige-nos, desta forma, uma plena disponibilidade de vigilância e oração, como nos recomendou o Divino Mestre e Amigo de Sempre Jesus.
Caso nossa “meditação” acerca das raízes e frutos do mal seja superficial; caso não examinemos com rigor as causas de nossas ações, fatalmente incorreremos nos mesmos erros, quando as circunstâncias mudarem, quando forem outros os cenários. O motivo da reincidência está em que nós não exercitamos nosso raciocínio moral, que também se desenvolve como o raciocínio lógico, matemático, etc.
Por outro lado, mesmo que não estejamos às voltas com as expressões mais visíveis do mal, como as paixões humanas tornaram-se mais “violentas e devastadoras, no homem que prossegue inquieto”, segundo Joanna de Ângelis (mentora espiritual de Divaldo Franco), é possível que as conseqüências destas paixões nos atinjam, diretamente ou indiretamente. A tendência de nos refugiarmos no nosso mundo ainda preservado do contágio de tantos males pode nos tornar alheios a este mundo de provas e expiações. Mantermo-nos sensíveis à dor do próximo, por mais que isto nos possa incomodar ou constranger é atitude genuinamente cristã… Refugiar-se na indiferença, como fuga aos incômodos que as dores, as paixões e erros alheios nos causam, não é medida salutar, nem solidária, nem fraterna.
Necessário se torna que aprendamos com nossas vivências práticas e com os exercícios do raciocínio moral e com um farto material de aprendizagem: os erros próprios e os alheios. O aprimoramento ético-moral exige, enfim, reflexão e mergulho em si mesmo. E se necessário for, que revisemos periodicamente nossas quedas e deslizes no campo moral, ativando a memória para nos lembrarmos dos tantos espinhos que já trazemos cravados na “carne do espírito”, tal como ensina Paulo de Tarso. Estes espinhos nos lembrarão a nossa condição de enfermos em estágio de longa recuperação, necessitados de cautela (…)
E no mais, que acreditemos, como em Juízo Final, na canção de Nelson Cavaquinho, que “do mal será queimada a semente / o amor será eterno novamente”, tendo a certeza de que todo o império do mal ruirá quando rompermos os elos que mantemos com as porções inferiores de nossa própria individualidade!
Ajuda-te, e o céu te ajudará. (Kardec, do "buscai e achareis" de Jesus)
Muita paz!
FONTE: http://www.luzdoespirito.com.br/comportamento/a-transitoria-maldade...

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