Estudando o Espiritismo

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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

As raízes do mal




Bernardino da Silva Moreira

O filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) suíço de língua francesa, dizia que o homem é corrompido pela sociedade, isto é, o mal tem suas raízes na sociedade. O médico alemão Franz Joseph Gall (1758-1828) fundador da frenologia, dizia que ninguém se torna criminoso, porque já se nasce criminoso, segundo Gall havia no cérebro uma área específica para violência, dizia também que era possível identificar um criminoso pelas saliências do cérebro. O criminologista italiano Cesare Lombroso (1835-1909), fundador da Antropometria e professor de Psiquiatria da Universidade de Turim, na obra O homem criminoso (1876) conclui que fatores hereditários e doenças nervosas predispõem à delinqüência. O antropólogo inglês Richard Wrangham no livro O macho Demoníaco (1998) sustenta a tese de que os chimpanzés além da inteligência e sensibilidade admiráveis, são também violentos, cruéis e traiçoeiros. Para ele, os crimes aproximam ainda mais os humanos de seus primos genéticos em primeiro grau.

Allan Kardec no livro “A Gênese”, no cap. XI, tecendo comentários sobre a origem do corpo humano, conclui:

“Da semelhança, que há, de formas exteriores entre o corpo do homem e o do macaco, concluíram alguns fisiologistas que o primeiro é apenas uma transformação do segundo. Nada aí há de impossível, nem o que, se assim, for, afete a dignidade do homem. Bem pode dar-se que corpos de macaco tenham servido de vestidura aos primeiros Espíritos humanos, forçosamente pouco adiantados, que viessem encarnar na Terra, sendo essa vestidura mais apropriada às suas necessidades e mais adequadas ao exercício de suas faculdades, do que o corpo de qualquer outro animal. Em vez de se fazer para o Espírito um invólucro especial, ele teria achado um já pronto. Vestiu-se então da pele do macaco, sem deixar de ser Espírito humano, como o homem não raro se reveste da pele de certos animais, sem deixar de ser homem.

Fique bem entendido que aqui unicamente se trata de uma hipótese, de modo algum posta como princípio, mas apresentada apenas para mostrar que a origem do corpo em nada prejudica o Espírito, que é o ser principal, e que a semelhança do corpo do homem com o do macaco não implica paridade entre o seu Espírito e o do macaco.” (*)

O livro “A Gênese” foi escrito em 6 janeiro 1868, o livro “Da origem das espécies através da seleção natural” do naturalista inglês Charles Darwin, foi escrito em 24 de novembro de 1859, o evolucionismo só tinha 8 anos de idade quando Kardec escreveu sobre o assunto, daí o cuidado do Codificador ao afirmar que se tratava apenas de uma hipótese. Hoje não há mais dúvidas sobre a origem do corpo humano, isto mostra o quanto Kardec era progressista e o quanto era fiel aos Espíritos superiores que ditaram “O Livro dos Espíritos”, afinal, todos sabemos que a Doutrina Espírita nasceu evolucionista, sem o evolucionismo não dá pra falar de Espiritismo, seja no sentido material ou espiritual.

Afirmar que a raiz do mal está na sociedade, no cérebro, no parentesco com os chimpanzés, não passa de um absurdo, pois bem sabemos que a raiz é espiritual, porque o Espírito do homem é ainda imperfeito. Daí ter afirmado o geneticista Oswaldo Frota-Pessoa, da Universidade de São Paulo: “Não existe um gene que seja única e exclusivamente responsável por uma crise de cólera”. Foi o austríaco Konrad Lorenz, um dos criadores da Etologia (ciência que compara o comportamento dos animais) que teve a idéia e afirmou que o homem tem uma fera dentro de si, segundo ele, o homem possui uma incorrigível tendência biológica para agir agressivamente. Essa teoria surgiu no final da década de 60, hoje está superada, ainda bem!

Ainda na década de 60 surgiu a hipótese de que a tendência à violência era herdada no cromossomo Y, que só os homens têm. A teoria ganhou força após os exames em um policial americano, que sem motivo aparente, entrou em um hospital e matou oito enfermeiros, isto em julho de 1966. Seu exame revelava a presença do fatídico XYY (um homem normal tem apenas um par de cromossomos XY), daí o dito policial acabou virando o “bode expiatório”. A hipótese também foi derrubada, estudos realizados no final da década de 80, mostraram que um cromossomo Y adicional torna o homem mais alto, desengonçado e inseguro, mas não necessariamente agressivo.

Afinal, de onde vem o mal? Essa resposta vamos buscar na questão 120 de “O Livro dos Espíritos”:

“Todos os Espíritos passam pela fieira do mal para chegar ao bem?

- Pela fieira do mal, não; pela fieira da ignorância.”

Aí está a raiz do mal. A ignorância é a causa do mal, ou seja, o mal é conseqüência da ignorância. Ora, o Espiritismo é obra de Educação, Kardec primou por esse aspecto doutrinário, o papel do espírita ou do homem de bem é de esclarecer, orientar, educar na excelência da palavra. A carne não é fraca, o Espírito por ser ainda imperfeito e que ainda não se livrou da ignorância fazendo uso do livre-arbítrio de forma irresponsável, é que demonstra fraqueza.

O sociólogo paulista Tulio Kahn, por incrível que pareça, criou um índice de criminalidade, baseado em um estudo que fez de 1985 a 1989 na Grande São Paulo. O resultado foi surpreendente, pois mostrou que a violência cresce assustadoramente nos primeiros cinco meses do ano, eis o resultado:

1985 janeiro 6,5% julho 5,7
1986 janeiro 7,1 julho 5,8
1987 janeiro 7,9 julho 7,6
1988 janeiro 8,4 julho 7,0
1989 janeiro 10,1 julho 8,8
Fonte: Núcleo de Estudos da Violência (USP)

Segundo o sociólogo isso poderia ocorrer porque no verão as pessoas saem mais de casa. Barbaridade!

Foi feita também uma divisão com o percentual dos homicídios para cada dia da semana. Eis o resultado tenebroso:

Segunda 11,2%
Terça 9,7
Quarta 12,2
Quinta 9,7
Sexta 13,6
Sábado 20,1
Domingo 23,5
Fonte: Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo e Núcleo de Estudos da Violência (USP)

O homem precisa deixar de fazer da matéria uma arma, pois a matéria é instrumento de trabalho para o aperfeiçoamento do Espírito. A vida material precisa de um conteúdo espiritual, o homem não pode ficar vazio, precisa viver a vida em plenitude, isto é, com amor.

* Grifo do autor

Bibliografia:

Grande Enciclopédia Larousse Cultural, Nova Cultural Ltda 1998, vol. 21, pág. 5145
Idem, vol. 11, pág. 2629
Idem, vol. 15, pág. 3647
O Macho Demoníaco, Richard Wrangham e Dale Peterson, Editora Objetiva, 1998.
A Gênese, Allan Kardec, FEB, 76ª edição
Grande Enciclopédia Larousse Cultural, vol. 8, pág. 1770
Superinteressante, Editora Abril, Ano 2, Nº 12, dezembro/1988, pág. 75
O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, FEB, 76ª edição
Superinteressante, Editora Abril, Ano 10, Nº 11, novembro/1996, pág. 38

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