Estudando o Espiritismo

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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

DESENCARNE COLETIVO


PENAS TEMPORAIS - O PORQUÊ DO DESENCARNE COLETIVO.
Christiano Torchi - Revista Reformador/FEB - Dezembro 2012

(Nada há de acaso ou fatalidade.  Muitas vezes espíritos endividados por terem conjuntamente causado o sofrimento de outros irmãos escolhem esse tipo de prova para resgatar débitos muito antigos. Ninguém escapa ao reajuste da Lei de Causa e Efeito. O texto abaixo é muito esclarecedor. Oremos pelos que retornaram nessas condições. Paz.)



 Humberto de Campos, notável escritor brasileiro, desencarnado em 1934, descreve, sob o pseudônimo “Irmão X”, em obra psicografada pelo médium Fran
Penas temporais
cisco Cândido Xavier (1910-2002), lamentável episódio ocorrido, no ano 177 da Era Cristã, na cidade de Lyon, situada em antiga província romana da Gália, em que “mais de mil pessoas, ávidas de crueldade”, cooperaram com sinistro plano de levar à arena “largas filas de mulheres e criancinhas, em gritos e lágrimas”, as quais, “no fim de soberbo espetáculo, encontraram a morte, queimadas nas chamas alteadas ao sopro do vento, ou despedaçadas pelos cavalos em correria”. Finalizando a viva narrativa, Humberto de Campos arremata:
Quase dezoito séculos passaram sobre o tenebroso acontecimento...

Entretanto, a justiça da Lei, através da reencarnação, reaproximou todos os responsáveis, que, em diversas posições de idade física, se reuniram de novo para dolorosa expiação, a 17 de dezembro de 1961, na cidade brasileira de Niterói, em comovedora tragédia num circo.1
Esses dois impactantes eventos, ocorridos em lugares tão distantes um do outro, no espaço e no tempo, nos fazem refletir sobre as causas das provas experimentadas pelos Espíritos no estado de encarnados, também chamadas “penas temporais”. Da choupana ao palácio, ninguém está livre dos sofrimentos inerentes ao estágio evolutivo da Terra, orbe de provas e expiações, onde cabe a todos cumprir sua parte na obra da criação e onde a indefectível justiça divina se faz por intermédio da lei de causa e efeito.

Os sofrimentos podem ser de natureza física e/ou moral e atingem indiferentemente os Espíritos encarnados. Os desencarnados, porém, por estarem desprovidos do corpo material, sofrem apenas dores morais, muito embora tais padecimentos sejam, muitas vezes, superlativamente mais pungentes do que os experimentados pelos chamados “vivos”. Já os “mortos” nessas condições, ainda inscientes de seu desenlace, experimentam tais aflições como se ainda estivessem na carne.
Os sofrimentos que atingem os Espíritos em estágio na vida material geralmente decorrem da expiação de erros praticados em encarnações anteriores, expiação essa que, via de regra, é escolhida livremente por eles próprios antes de retornarem ao corpo físico. Há sofrimentos, porém, que não derivam de erros praticados no pretérito reencarnatório: são apenas consequências inevitáveis da conduta do homem em sua existência atual, em virtude do seu caráter inferior.
A expiação é a pena imposta ao infrator das leis divinas. O sofrimento causado por essa pena é a oportunidade do resgate dos erros, que conduz à redenção espiritual. Já a provação é o teste que avalia o aprendizado na estrada da edificação espiritual.
Há casos em que os Espíritos ainda não estão aptos para escolher as provações pelas quais expiarão seus erros, em virtude de falta de evolução ou de merecimento, hipóteses em que as provas são impostas compulsoriamente.
Ressalve-se, porém, que nem todo sofrimento experimentado pelos Espíritos constitui expiação ou resgate de atos passados. Muitas vezes, o Espírito escolhe provas difíceis com o objetivo de progredir mais rapidamente. Por isso se diz que toda expiação é uma prova, mas nem toda prova é uma expiação.2
À medida que o Espírito se purifica, põe-se em condições de habitar outros orbes mais evoluídos, ascendendo, de forma gradual e irreversível, à perfeição. Eis a instrução de Kardec, com fundamento no ensino dos Espíritos superiores, a respeito desse tema:
Nos mundos onde a existência é menos material do que na Terra, as necessidades são menos grosseiras e menos intensos os sofrimentos físicos.
Os homens desconhecem as más paixões que, nos mundos inferiores, os fazem inimigos uns dos outros.Não tendo nenhum motivo de ódio nem de ciúme, vivem em paz, porque praticam a lei de justiça,amor e caridade. Não conhecem os aborrecimentos e os cuidados que nascem da inveja, do orgulho e do egoísmo e que constituem o tormento de nossa existência terrestre.3
Não podemos perder de vista que estamos reencarnados num mundo inferior, nele retidos em virtude de nossas imperfeições. Toda vez que formos atingidos em nossos interesses mais caros, sejam eles morais ou materiais, lembremo-nos da advertência que vem do Alto:
[...] Aquele que se elevar, pelo pensamento, de modo a abranger toda uma série de existências, verá que cada um recebe a parte que merece, sem prejuízo da que lhe tocará no mundo dos Espíritos, e que a justiça de Deus nunca se interrompe.4
A partir desse entendimento, é lícito deduzir que, se pertencêssemos a um orbe mais adiantado, não passaríamos por essas provações e que só depende de nós o acesso a esses mundos melhores, desde que trabalhemos pela nossa elevação. Enquanto não estiver bastante adiantado, o Espírito continuará reencarnando na Terra.
Entretanto, mesmo merecendo a ascensão para um mundo melhor, o Espírito que não completou determinada missão pode pedir uma nova existência na Terra para concluí-la, circunstância em que tal existência não representará para ele uma expiação.
Aquele que, mesmo sem praticar o mal, nada fez para se melhorar, permanece estacionário em seu progresso, prolongando os sofrimentos decorrentes de sua expiação.
Sem a atividade, sem o trabalho na causa do bem, não há progresso moral. Essa é a razão pela qual os benfeitores advertem:
[...] A soma da felicidade futura é proporcional à soma do bem que tenha feito; a da infelicidade está na razão do mal que haja praticado e das pessoas a quem tenha infelicitado.5
Todo aquele que, pelo seu caráter, for causa de infelicidade a outrem também experimentará na mesma proporção o mal que tenha feito o outro sofrer. Daí a importância de ficarmos atentos às nossas atuais tendências, que são indícios do mal que precisamos corrigir em nós:

O homem traz consigo, ao nascer, aquilo que adquiriu; nasce como se fez. Cada existência é, para ele, um novo ponto de partida.
Pouco lhe importa saber o que foi antes: se é punido, é porque fez o mal. Suas atuais tendências más indicam o que lhe resta corrigir em si próprio e é nisso que deve concentrar-se toda a sua atenção, pois, daquilo de que se corrigiu completamente, não restará mais nenhum sinal. As boas resoluções que tomou são a voz da consciência, que o adverte do que é bem e do que é mal, dando-lhe forças para resistir às tentações.6
É por intermédio das provações bem suportadas, nas diversas encarnações, que os Espíritos adiantam-se na senda do progresso, superando suas imperfeições, e, por meio das expiações, quitam suas faltas e se purificam:
[...] Aquele, pois, que sofre muito, deve reconhecer que muito tinha a expiar e alegrar-se à ideia de ser logo curado. Depende dele, pela resignação, tornar proveitoso o seu sofrimento e não lhe estragar o fruto com as suas impaciências, pois, do contrário, terá de recomeçar.7
Em suma, as penas temporais dizem respeito às expiações e às provações pelas quais os Espíritos encarnados passam, com o objetivo de resgatarem suas faltas e progredirem.
Se o mal e o sofrimento ainda prevalecem na Terra, não devemos culpar a ninguém senão a nós mesmos, todavia, não estamos desvalidos dos recursos divinos para modificar esse estado de coisas, os quais atestam a misericórdia e a bondade do Criador, que jamais fecha a porta ao arrependimento e à recuperação de seus filhos que somos todos nós.
CHRISTIANO TORCHI
Referências:
1XAVIER, Francisco C. Cartas e crônicas. Pelo Espírito Irmão X. 13. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2012. Cap. 6.
2KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1. reimp. (atualizada). Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 5, it. 9.
3______. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Comentário de Kardec à q. 985.
4______. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1. reimp. (atualizada). Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 5, it. 7.
5______. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Q. 988.
6______. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1. reimp. (atualizada). Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 5, it. 11.

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