Estudando o Espiritismo

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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

OS REINOS DA NATUREZA: MINERAL, VEGETAL, ANIMAL E HOMINAL


 Observando os seres da Natureza, classificaram-nos os naturalistas em três reinos: mineral, vegetal e animal, neste último incluíram também o homem, considerando-o apenas
do ponto de vista físico, isto é, somente em seu corpo material. Este, realmente, é em tudo
semelhante aos dos animais superiores. Se considerado, porém, em sua integralidade, distingue-se evidentemente o homem de todos os outros seres pela sua inteligência e racionalidade. A inteligência, que nele se acha superiormente desenvolvida, possibilita-lhe uma atividade consciente altamente elaborada, incluindo idéias e juízos, raciocínio lógico e pensamento
discursivo. No homem brilha, pois, a luz da razão, que não existe no puro animal, e lhe faculta o conhecimento das leis universais, e à qual se junta o senso moral, que o eleva ainda
mais acima dos outros seres, pela percepção também das leis morais e a intuição de Deus.
Destaca-se, portanto, dos animais, nitidamente, o homem, por qualidades que não pertencem
à matéria, ao corpo do homem, sendo atributos do Espírito e formando, na Natureza, um
quarto reino: o hominal.
 Feita essa ressalva, e admitindo-se o homem como um ser à parte, podem, realmente,
considerar-se aqueles três reinos. Em outros termos: além do homem racional e moral, existem no nosso mundo as pedras ou minerais, as plantas ou vegetais e os animais irracionais.
Essa distinção entre os seres da Natureza, considerados os animais como os representantes
mais evoluídos dos três reinos, é de tal modo intuitiva que desde muito entrou no entendimento humano. Todavia, em análise profunda e observando-se os seres mais simples dos extremos das três séries naturais, é-se obrigado a reconhecer formas de transição de tal modo
sutis que entre elas se torna ambígua a definição absoluta dos três reinos.
 Há, porém, um caráter distintivo, que não padece dúvida, entre os seres minerais e os
dos outros grupos: é a ausência de vida dos minerais e a presença dela nos vegetais e animais. Por isso, prefere-se a divisão mais simples que considera, de um lado, os minerais,
constituindo os seres brutos ou Inorgânicos,  e de outro, os vegetais e os animais reunidos
para constituir o grupo dos seres vivos ou orgânicos. A presença da vida traduz-se nos vegetais e animais pela organização celular da matéria de seus corpos e o correspondente aparecimento das grandes funções de nutrição e de reprodução. Há uma infinidade de seres Constituídos de uma única célula. São seres unicelulares vegetais - os protófitos, e animais - os
protozoários. Mas em seres progressivamente evoluídos, até os vegetais e animais superiores
(metáfitas e metazoários), as células microscópicas se reúnem em tecidos, os tecidos em  
órgãos e estes em sistemas e aparelhos orgânicos.
 À pergunta 585 de O Livro dos Espíritos. “Que pensais da divisão da Natureza em
três reinos, ou melhor, em duas classes: a dos seres orgânicos e a dos inorgânicos? Segundo
alguns, a espécie humana forma uma quarta classe. Qual destas divisões é preferível?” Os
Espíritos responderam: “Todas são boas, conforme o ponto de vista. Do ponto de vista material, apenas há seres orgânicos e inorgânicos. Do ponto de vista moral, há evidentemente
quatro graus. (...)” (01)
ESDE
Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita
Programa IV
Unidade 2
Sub-unidade 3  Os seres que formam o reino mineral só manifestam uma força mecânica, isto é, decorrente unicamente da matéria de que são formados. Apenas existem, inertes e brutos, falecelhes inteligência e vontade, nem mesmo instintos revelam, o que prova que, se neles existe
algum princípio diferente da matéria, está completamente abafado, dorme, em total estado de
latência e inatividade. Há belos e deslumbrantes minerais — o quartzo hialino — e as diversas variedades coloridas — o rubi, o topázio, a esmeralda; há o ouro rutilante em pepitas ou
em filões, sais diversos dissolvidos nas águas dos mares e dos rios, ou em minas terrestres de
sal gema, e outros; há preciosos minérios donde o homem extrai economicamente os metais:
rochas de belíssimo aspecto, os gigantescos blocos de mármore branco de Carrara, como irisados em cores várias, há o granito e o gnaisse, as argilas branca e vermelha. Que variedade
enorme de rochas e de terras, que abundância de cristais, pertencentes a sistemas diversíssimos, nos quais as leis da cristalografia refletem, mesmo na Natureza assim inerte e bruta, a
sabedoria divina e a divina providência! Mas tudo isso, amorfo ou em facetadas formas, fosco ou brilhante, dorme, não dando o menor sinal de vida, muito menos de consciência ou
sequer de instinto.
 Os seres que formam o reino vegetal existem, de certo modo também inertes e brutos,
sem inteligência nem vontade ativa, mas já apresentando, embora fixos e sem poderem por si
mesmos deslocar-se, o movimento interior da vida, realizando um completo ciclo vital: nascem, crescem, nutrem-se, desenvolvem-se, reproduzem-se, definham e morrem. É que, além
da matéria densa, apresentam um outro princípio sutil e dinâmico, o princípio vital, de que
deriva essa força prodigiosa que lhes comunica a vida. Tudo é maravilhoso nesse mundo das
plantas, em seu conjunto admirável, desde os talófitos, cujo corpo vegetativo é um simples
talo, sem raízes (podendo apresentar rizóides), sem verdadeiro caule, sem folhas, sem flores
nem frutos, seres rudimentares, entre os quais se encontram as bactérias, algas e cogumelos;
passando pelos briófitos e os pteridófitos, estes já mais evoluídos, como se pode ver nas belas cavalinhas e samambaias de múltiplos feitios e portes até os espermatófitos, que incluem,
já no topo da escalada, os vegetais superiores, com raiz, caule, folhas, flores e frutos. Que
variedade, então, de cores e sabores, e de valores nutrientes, nessa multidão de seres que vão
desde as ervas pequeninas e os arbustos gracís até as frondosas e gigantescas árvores, os coqueiros altivos e as araucárias, as figueiras copadas e os jacatirões floridos, os carvalhos...
Quanta manifestação de força e vida!
 Entretanto, esses seres não revelam também consciência alguma da sua existência, não
sentem prazeres ou dores, não têm verdadeiras percepções e sentimentos; só têm vida orgâ-
nica, que exatamente lhes é comunicada por sua união com o princípio vital. O Espiritismo
confirma essas idéias da Ciência, como podemos ver nas seguintes questões de O Livro dos
Espíritos: “Têm as plantas consciência de que existem? Não, pois que não pensam; só têm
vida orgânica.” (02)”Experimentam sensações? Sofrem quando as mutilam? Recebem impressões físicas que atuam sobre a matéria, mas não têm percepções. Conseguintemente, não
têm a sensação da dor.” (03) “Não haverá nas plantas, como nos animais, um instinto de conservação, que as induza a procurar o que lhes possa ser útil e a evitar o que lhes possa ser
nocivo? Há, se quiserdes, uma espécie de instinto, dependendo isso da extensão que se dê ao
significado desta palavra. É, porém, um instinto puramente mecânico. Quando, nas opera-
ções químicas, observais que dois corpos se reúnem é que um ao outro convém; quer dizer: é
que há entre eles afinidade. Ora, a isto não dais o nome de instinto.” (04)
 Os seres que formam o reino animal existem e vivem como os vegetais, mas acrescentam-se-lhes o movimento e as sensações, que os vegetais não têm, sendo que nos animais
superiores os movimentos são livres e obedecem nitidamente à vontade, denotando também certo grau de inteligência. Todavia, no animal ainda prevalece o instinto; a inteligência ainda
não tem a capacidade do raciocínio.
 Queremos, entretanto, lembrar que, se pelo seu corpo material o homem se assemelha
aos animais, deles se distingue totalmente pela sua natureza espiritual, pela sua alma, que lhe
confere razão e senso moral. Os Espíritos Superiores nos têm afirmado que há entre a alma
do homem e a do animal a mesma distância que há entre o homem e Deus.
 O homem não é um simples animal, porque nele vibra, como ser essencial, um Espírito, consciente, livre e responsável, destinado a realizar na sua plenitude a pureza, a justiça, o
amor e a caridade.
 “(...) Querem uns que o homem seja um animal e outros que o animal seja um homem.
Estão todos em erro. O homem é um ser à parte, que desce muito baixo algumas vezes e que
pode também elevar-se muito alto. Pelo físico, é como os animais e menos bem dotado do
que muitos destes. A Natureza lhes deu tudo o que o homem é obrigado a inventar com a sua
inteligência, para satisfação de suas necessidades e para sua conservação. Seu corpo se destrói, como o dos animais, é certo, mas ao seu Espírito está assinado um destino que só ele
pode compreender, porque só ele é inteiramente livre. (...) Reconhecei o homem pela faculdade de pensar em Deus.” (05)
 Há, ainda, uma diferença que gostaríamos de assinalar entre os animais e o homem:
após a morte do corpo físico, a alma dos animais “(...) conserva sua individualidade; quanto
à consciência do seu eu, não. A vida inteligente lhe permanece em estado latente.” (07)
 A alma do animal, após a destruição do corpo físico, “(...) fica numa espécie de erraticidade, pois que não mais se acha unida ao corpo, mas não é um Espírito errante. O Espírito
errante é um ser que pensa e obra por sua livre vontade. De idêntica faculdade não dispõe o
dos animais. A consciência de si mesmo é o que constitui o principal atributo do Espírito. O
do animal, depois da morte, é classificado pelos Espíritos a quem incumbe essa tarefa e utilizado quase imediatamente. Não lhe é dado tempo de entrar em relação com outras criaturas.” (08)
*  *  *
FONTES DE CONSULTA
01 - KARDEC, Allan. Dos Três Remos. Ribeiro. In: __. O Livro dos Espíritos. Trad. De
 Guillon Ribeiro 73. ed. Rio [ Janeiro]: FEB, 1993. Comentário à perg. 585
02 - Perg. 586.
03 - Perg. 587.
04 - Perg. 590. 05 - Perg. 592.
06 - Perg. 597.
07 - Perg. 598.
08 - Perg. 600.
09 - Gênese Orgânica. In: —. A Gênese Trad. De Guillon Ribeiro. 35. ed Rio [de Janeiro]:
 FEB, 1992. Item 29, pág. 204.

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