Estudando o Espiritismo

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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Objetivo da encarnação - Nosso Lar


O Livro dos Espíritos - Livro Segundo - Cap. II - questões 132 a 146

Objetivo da encarnação


Qual é o alvo da encarnação dos Espíritos?
"Deus a impõe com a finalidade de fazê-los chegar à perfeição. Os Espíritos passam pela experiência da encarnação visando objetivos; para uns, é uma expiação; para outros, uma missão. Mas, para chegar a essa perfeição, devem sofrer todas as vicissitudes da existência corporal. Esta é a expiação. A encarnação tem também um outro objetivo, que é o de colocar o Espírito em condições de cumprir sua parte na obra da criação. É para executá-la que, em cada mundo, toma um corpo, constituído de sua matéria essencial, a fim de nele cumprir as ordens de Deus. Desta forma, concorre ele à obra geral, avançando progressivamente."

A ação de seres corpóreos é necessária à marcha do Universo, mas Deus, em sua sabedoria, quis que, nessa mesma ação, encontrassem um meio de progredir e de aproximar-se dele. É assim que, por uma lei admirável da Providência, todas as coisas estão inter-relacionadas e tudo é solidário na Natureza.
É necessária a encarnação àqueles Espíritos que desde o princípio seguem o caminho do bem?

"Todos são criados simples e ignorantes, instruindo-se nas lutas e nas atribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não poderia fazer alguns felizes, sem fadigas nem trabalhos e, por conseqüência, sem mérito."

Mas então, para que serve, aos Espíritos, seguirem o caminho do bem, se isso não os isenta das penas da vida corporal?
"Chegam mais depressa ao objetivo. Por outro lado, as aflições da vida são, muitas vezes, a conseqüência da imperfeição do Espírito. Quanto menos imperfeições, menor o grau de sofrimento. Aquele que não é invejoso, nem ciumento, avaro ou ambicioso, não sentirá os tormentos originários destes sentimentos."

Da alma e o Perispírito

O que é alma?
"Um Espírito encarnado."

O que era a alma antes de unir-se ao corpo?
"Um Espírito."

As almas e os Espíritos são, portanto, uma e a mesma coisa?
"Sim, as almas são os Espíritos. Antes de se unir ao corpo, a alma é um dos seres inteligentes que povoam o mundo invisível e que se reveste, temporariamente, de uma forma material para purificar-se e esclarecer-se."

Existe nos homens alguma coisa além da alma e do corpo?
"Há o liame que une alma e corpo."

Qual é a natureza desse liame?
"Semi-material. Em outras palavras, um meio-termo entre o Espírito e o corpo, necessário para que possam comunicar-se mutuamente. É por esse laço que Espírito e matéria agem em reciprocidade."

O homem é, assim, formado por três elementos essenciais. O primeiro, o corpo ou ser material, análogo aos dos animais e animado pelo mesmo princípio vital. O segundo elemento, a alma, Espírito encarnado cujo corpo é sua habitação. O princípio intermediário ou perispírito, terceiro elemento, é uma substância semi-material que serve de primeiro envoltório ao Espírito e une a alma e o corpo. Comparativamente, tais são, num fruto, a semente, a polpa e a casca.

É a alma independente do princípio vital?
"O corpo é apenas envoltório, sempre o repetimos."

Podem os corpos existir sem alma?
"Sim, no entanto, desde que o corpo falece, a alma o abandona. Antes do nascimento, não há uma união definitiva entre alma e corpo. Após essa união estabelecida, a morte do corpo rompe os laços que o unem à alma e esta o deixa. A vida orgânica pode vitalizar um corpo sem alma, mas a alma não pode habitar um corpo privado de vida orgânica."

Que seria o nosso corpo se não houvesse alma?
"Uma massa de carne sem inteligência. Tudo o que se queira, menos um ser humano."

O mesmo Espírito pode encarnar-se em dois corpos diferentes simultaneamente?
"Não, o Espírito é indivisível e não pode animar simultaneamente dois seres diferentes #."

# Ver KARDEC, Allan, em "O Livro dos Médiuns", 2ª. Parte, c. VII - Bicorporeidade e Trans-figuração. (N. do E.)

O que pensar da opinião dos que supõe a alma como o princípio da vida material?
"É apenas uma questão de terminologia, com a qual absolutamente nada temos. Comecem por entender-se entre si ."

Alguns Espíritos e, antes deles certos filósofos, definiram a alma como: uma centelha anímica emanada do Gande Todo. Por que essa contradição?
"Não há contradição, tudo depende do sentido das palavras. Por que não ter uma só palavra para interpretar cada coisa?"

A palavra alma é empregada para exprimir coisas muito diferentes. Por vezes, uns chamam alma ao princípio da vida e, nessa acepção, é exato dizer, figuradamente, que a alma é uma centelha anímica emanada do Grande Todo. Essas últimas palavras referem-se à origem universal do princípio vital, em que cada ser absorve uma porção, que devolve ao todo após a morte. É importante notar que essa idéia não exclui absolutamente a de um ser moral distinto, que conserva sua individualidade, independente da matéria. É a este ser que chamamos, igualmente alma, e é nessa acepção que podemos dizer que a alma é um Espírito encarnado. Ao dar a ela definições diferentes, os Espíritos falaram em diferentes contextos. Em alguns casos, estavam sob a influência das próprias idéias terrenas de que estavam ainda mais ou menos imbuídos. Isso acontece porque a linguagem humana é insuficiente e não tem uma palavra para cada idéia e isso acarreta mal-entendidos e discussões. Eis porque os Espíritos superiores nos dizem para entendermo-nos, primeiro, sobre as palavras #".

Ver na Introdução II, a explicação sobre a palavra alma. (N. do E.)

Que pensar da teoria segundo a qual a alma é subdividida em tantas partes, quantos são os músculos a presidir cada uma das funções do corpo?
"Isso depende, também, do sentido que atribuímos à palavra alma: se a entendemos como fluido vital, a teoria está certa. Se como Espírito encarnado, está incorreto. Temos dito que o Espírito é indivisível. Ele transmite o movimento aos órgãos pelo fluido intermediário, sem que, para isso, tenha que dividir-se."

No entanto, há Espíritos que deram essa definição?
"Os Espíritos ignorantes podem tomar o efeito pela causa."

A alma age no mundo material por intermédio dos órgãos. Estes, por sua vez, são animados pelo fluido vital que se reparte entre eles e, mais abundantemente, naqueles que são centros ou focos de atividade. Mas essa explicação não pode aplicar-se à alma considerada como o Espírito que habita o corpo durante a vida e o deixa na morte.

Há qualquer coisa de certo na acepção daqueles que pensam que a alma é exterior e envolve o corpo?
"A alma não está encerrada no corpo como o pássaro numa gaiola. Ela irradia e manifesta-se no exterior, como a luz através de um globo de vidro ou como o som em derredor de um centro sonoro. É assim que podemos dizer que ela é exterior, mas não devendo concluir com isso, que é o envoltório do corpo. A alma tem dois envoltórios: o primeiro, sutil e leve, denominado perispírito; o outro, mais denso, material e pesado: é o corpo. A al-ma é o centro desses envoltórios, como uma amêndoa na casca."

O que dizer de outra teoria segundo a qual a alma, na criança, completa-se a cada período da vida?
"O Espírito é apenas um. É pleno na criança como no adulto. São os órgãos ou instrumentos de manifestações da alma, que se desenvolvem e se completam. É ainda tomar o efeito pela causa."

Por que todos os Espíritos não definem a alma da mesma forma?
"Os Espíritos não são todos igualmente esclarecidos nessas questões. Há Espíritos ainda limitados que não compreendem as coisas abstratas. São como as crianças. Há também os Espíritos pseudo-sábios, que usam de subterfúgios e manipulam as palavras para se imporem, como acontece entre os homens encarnados. Também os Espíritos esclarecidos podem exprimir-se com termos diferentes que têm, no fundo, o mesmo valor, sobretudo quando se trata de coisas que sua linguagem humana é insuficiente para esclarecer; há, então, necessidade de figuras e de comparações, tomadas como realidade."

O que se deve entender por alma do mundo?
"É o princípio universal da vida e da inteligência, de onde nascem as individualidades. Mas os que se servem dessas palavras, freqüentemente não se compreendem. O significado do vocábulo alma é tão amplo que cada um a interpreta de acordo com seus conceitos e fantasias. Tem-se, por vezes, atribuído uma alma à Terra; mas por isto se deve entender o conjunto dos Espíritos abnegados que dirigem para o bem as ações de todos, quando são ouvidos, e que são, de certa maneira, os lugarestenentes de Deus na Terra."

Como se explica que tantos filósofos - antigos e modernos - tenham discutido amplamente sobre a Ciência psicológica sem haver alcançado a verdade?
"Esses homens foram os precursores da Doutrina Espírita eterna e prepararam o caminho. Eram homens e enganaram-se, porque tomaram suas idéias pessoais como a própria luz da verdade. Mas seus erros servem para evidenciá-la, através dos prós e contras de suas doutrinas. Aliás, entre esses erros encontram-se grandes verdades, que um estudo comparativo tornará compreensível."

A alma tem uma sede determinada e circunscrita no corpo?
"Não, mas ela está mais particularmente na cabeça, entre os grandes gênios e todos os que usam bastante o pensamento; e no coração dos que sentem intensamente, e cujas ações são dedicadas à Humanidade."

O Evangelho Segundo o Espiritismo - Amai os vossos inimigos - cap. XII

Pagar o mal com o bem

1. Ouvistes o que foi dito: Amarás ao teu próximo e odiarás ao teu inimigos. Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, fazei o bem àqueles que vos odeiam e orai por aqueles que vos perseguem e caluniam, para serdes filhos de vosso Pai, que está no céus, o qual faz nascer o sol sobre os bons e maus, e vir a chuva sobre os justos e os injustos - pois se amardes apenas aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os publicanos também não fazem assim? E se saudardes apenas os vossos irmãos, que fazeis nisso de especial? Os pagãos também não o fazem? Eu vos digo que, se a vossa justiça não for maior e mais perfeita do que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus. (Mateus, V:20 e 43-47)

2. Se amardes somente os que vos amam, que mérito tereis, já que os maus também amam aqueles que os amam? E se fizerdes o bem somente para aqueles que vos fazem bem, que merecimento tereis, já que os pecadores fazem a mesma coisa? E se emprestardes apenas para aqueles de quem esperais receber, que mérito tereis, já que os maus se ajudam mutuamente para receber as mesmas vantagens? Mas para vós, amai os vossos inimigos, fazei o bem a todos e emprestai sem nada esperar e, então, vossa recompensa será muito grande e sereis os filhos do Altíssimo, pois Ele é bom até mesmo com os ingratos e os maus. Sede, pois, cheios de misericórdia, como vosso Pai também o é.(Lucas, VI:32-36)

3. Se o amor ao próximo é o princípio da caridade, amar aos inimigos é a sua aplicação sublime, pois essa virtude é uma das maiores vitórias conquistadas sobre o egoísmo e o orgulho.
Entretanto, geralmente nos equivocamos, quanto ao sentido da palavra amar, nessa circunstância. Jesus não quis dizer que se deve ter por um inimigo a mesma ternura que se tem por um irmão ou um amigo. A ternura pressupõe confiança. Ora, não podemos confiar naquele que se sabe que nos quer mal. Não se pode ter para com ele demonstrações de amizade, porque sabemos que é capaz de abusar delas. Entre pessoas que desconfiam umas das outras, não poderia existir os impulsos de simpatia existentes entre aqueles que comungam os mesmos pensamentos. Não se pode, enfim, ter a mesma satisfação ao encontrar um inimigo, que se tem com um amigo.
Esse sentimento, resulta de uma lei física, a da atração e repulsão de fluidos. O pensamento malévolo emite uma corrente fluídica cuja impressão é penosa; o pensamento caridoso nos envolve com eflúvios agradáveis. Daí a diferença de sensações que experimentamos com a aproximação de um amigo ou de um inimigo. Amar aos inimigos não pode, assim, significar que não se deve fazer nenhuma diferença entre eles e os amigos. Este preceito parece difícil, até mesmo impossível de praticar, porque acreditamos erroneamente que ele manda dar o mesmo lugar a ambos no coração. Se a pobreza das línguas humanas nos obriga a usarmos da mesma palavra, para expressar diversas formas de sentimento, a razão deve fazer as diferenças necessárias, segundo a situação.
Amar aos inimigos não é, pois, ter por eles uma afeição que não é natural, pois o contato de um inimigo faz bater o coração de maneira totalmente contrária ao contato de um amigo. Mas é não ter contra eles nenhum rancor, nem desejo de vingança. É perdoar sem segundas intenções e incondicionalmente, o mal que nos fazem. É não colocar nenhum obstáculo à reconciliação; é desejar-lhes o bem em lugar do mal; é alegrar-nos ao invés de aborrecer-nos com o bem que lhes acontece; é socorrê-los em caso de necessidade; é abster-nos, por palavras e atitudes, de tudo o que possa prejudicá-los. É, enfim, pagar-lhes o bem pelo mal, sem intenção de humilhá-los. Quem assim fizer, preenche as condições do mandamento: Amai aos vossos inimigos.

4. Amar aos inimigos é um absurdo para os incrédulos. Aquele para quem a vida presente é tudo, só vê em seu inimigo um ser pernicioso, a perturbar-lhe o sossego, e do qual apenas a morte pode libertar. Daí, o desejo de vingança. Não há nenhum interesse em perdoar, a não ser para satisfazer o seu orgulho aos olhos do mundo. Perdoar realmente, em alguns casos, lhe parece uma fraqueza indigna de si. Se não se vingar, ainda conserva o rancor e um secreto desejo de fazer o mal.
Para aquele que crê, e principalmente para o espírita, a maneira de ver é bem outra, pois observa as coisas com o olhar no passado e no futuro, percebendo que a vida presente é apenas um momento. Pela própria destinação da Terra, sabe que nela encontrará homens maus e perversos; que a maldade à qual está exposto faz parte das provas pelas quais deve passar, e o ponto de vista elevado no qual se coloca torna-lhe as vicissitudes menos amargas, quer venham dos homens ou das coisas. Se não lamenta as provas, não deve lamentar-se daqueles que delas são os instrumentos. Se, ao invés de lamentar, ele agradece a Deus por prová-lo, deve agradecer a mão que lhe fornece a ocasião de demonstrar a sua paciência e a sua resignação. Esse pensa-mento o dispõe naturalmente ao perdão. Ele sente, além disso, que quanto mais generoso for, mais crescerá aos seus próprios olhos e mais distante estará das investidas maldosas de seu inimigo.
O homem que ocupa uma posição de destaque no mundo não se ofende com os insultos daquele que é visto como seu inferior. Assim também com aquele que se eleva no mundo moral, acima da humanidade material. Ele compreende que o ódio e o rancor o aviltariam e o rebaixariam. Ora, para ser superior ao seu adversário, é preciso que ele tenha a alma maior, mais nobre, mais generosa.

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