Estudando o Espiritismo

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quinta-feira, 19 de maio de 2011

O HOMOSSEXUAL NA CASA ESPÍRITA

Marco Aurelio Rocha




Como espíritas que somos e esclarecidos pelos ensinamentos da doutrina, precisamos desenvolver uma postura de tolerância e compreensão para acolher, sem preconceitos, todos os espíritos que nos cercam e que buscam a casa espírita.

O amor de Deus é plenamente destinado a todos, sem exceções. Características do corpo físico, esse invólucro transitório do espírito em vida terrena, não podem definir este espírito nem devem contribuir para gerar sentimentos de rejeição ou repulsa em nossos corações.

Todos aqui estamos nesse mundo de expiação e provas e, para aqui poder atuar, assumimos corpos físicos que tornam possível a vida na Terra. Mas este corpo é, e será sempre, a despeito dos avanços da Medicina, um corpo perecível. Portanto, é no espírito imortal que habita ali, criação amorosa de Deus e que carrega Sua luz, que devemos concentrar nossa atenção e a ele dedicar o nosso amor.

Na ótica da Caridade Cristã, não só devemos acolher esses espíritos, cada um revestido de sua própria individualidade, mas também procurar chegar até eles, encurtando o caminho que nos separa.
A Doutrina Espírita nos ensina que todos nós temos um passado que explica e justifica situações de nossa vida presente. Do mesmo modo que Deus acolhe amorosa e indistintamente todos os seus filhos, assim devemos proceder com nossos irmãos.

Aprendemos também que o espírito possui uma bipolaridade em termos sexuais, podendo encarnar sucessivas vezes ora como Homem, ora como Mulher. No estudo do desenvolvimento dos embriões, a ciência já nos mostra que todo embrião tem as duas (2) potencialidades, feminina e masculina, que só se define após algumas semanas do desenvolvimento fetal.

O que nos define como Homem ou Mulher? É a contribuição do pai, através de seu espermatozóide, que determina o sexo do futuro bebê. Essa conformação genética é solicitada pelo próprio espírito, esclarecido a respeito de suas necessidades para aquela encarnação. Para isso, contribuem os espíritos superiores que se encarregam de ajudar e apoiar esse ser que vem a renascer. Segundo a história de cada um e suas necessidades, será definida sua feição humana. Todos encarnamos melhores, mais evoluídos do que já fomos, para prosseguir em nossa caminhada.

Todavia, esse corpo físico manifesta exigências carnais e a atividade sexual é uma delas.
A mulher, que no mundo cristão de outrora, tinha sua condição feminina desvalorizada e, às vezes, até negada, hoje, com o advento da contracepção, desempenha um papel muito diferente nas relações sociais. Devido a conquistas da ciência como fertilização in vitro, barrigas de aluguel, concepções assistidas etc., nos vemos diante de situações controvertidas, as quais precisamos compreender e nos posicionar segundo a Verdade contida na Doutrina Espírita, a Terceira Revelação.

Jesus nos ama indistintamente, nos aceita como somos e nos oferece o que precisamos e, como espíritas que somos, devemos construir as bases de nossa conduta conforme o exemplo do Mestre.
Precisamos buscar, através do raciocínio e da conscientização e da procura constante de nossa essência espiritual, a compreensão dos processos dolorosos pelos quais passamos na vida para tirar dessas experiências o aprendizado necessário à busca da perfeição e da felicidade, do bem-estar pleno para o qual Deus nos criou.

O mundo atual nos desafia a enfrentar, com coragem e sem hipocrisia, as novas relações interpessoais que ocorrem em todos os espaços onde transitamos.

Hoje sabemos, a ciência nos afirma, que a relação homossexual, feminina ou masculina, é perfeitamente possível tanto do ponto de vista físico (obtenção do prazer sexual) como do psíquico (afetividade, harmonia, companheirismo, etc.).

A OMS, que já catalogou a HOMOSSEXUALIDADE como doença, hoje já não considera assim. Por isso, o termo “homossexualismo” não deve mais ser usado, já que o sufixo “ismo” caracteriza “doença”. Devemos nos referir à Homossexualidade, que designa um estado do ser, uma condição do indivíduo.
Quanto à auto-estima, as pessoas podem ser: Egossintônicas – aceitam-se como são; ou Egodistônicas – rejeitam sua própria condição, não estando em sintonia consigo mesmas.

Desta condição egóica depende a qualidade das relações afetivas que construirão, tanto heteros como homossexuais. Os distúrbios afetivos e psíquicos, que exigem tratamentos específicos para reequilibrar o indivíduo desajustado quanto às normas sociais, derivam desta condição interna do sujeito e que, na visão espírita, sabemos resultar de vidas anteriores.

“...o sexo, na existência humana, pode ser um dos instrumentos do amor, sem que o amor seja o sexo” ( do livro “Mensageiro da Luz” – cap. 13 – André Luiz).

Quando as pessoas se reconhecem com tendências homossexuais, esse processo costuma vir carregado de muita confusão, sofrimento e, principalmente, de culpa. Daí a necessidade do acolhimento e da orientação adequada para que a pessoa seja esclarecida pela palavra de Jesus. Só assim ela terá a possibilidade de se equilibrar para viver de forma digna as provações que precisará enfrentar.

A condição sexual não garante a dignidade do indivíduo, mas sim a forma como ele exerce a sua sexualidade. Muitos heterossexuais se comportam de modo totalmente indigno, usando o outro de forma egoísta, visando seu próprio prazer sem respeito a si mesmo nem aos sentimentos do outro. Estes também precisam ser esclarecidos para evitarem os males que resultam de tais condutas.

Indiferente de sua condição sexual, todos devem se comportar, se vestir e se comunicar de forma adequada a cada situação.
O Atendimento Fraterno é a porta aberta na Casa Espírita para o acolhimento dos espíritos que nos procuram, independente de sua condição ou aparência. Não há espaço aí para indiscrição nem para rejeição ou pré-julgamentos. Não importa o que ele é, mas sim o que ele poderá vir a ser, na medida em que for se esclarecendo.

Essa necessidade é igual para todos os espíritos que sofrem e buscam superar pelo Bem suas necessária provações.

Muitos homens têm características femininas em sua aparência ou em sua conduta (são mais suaves, mais sensíveis, mais frágeis), mas não são menos masculinos por causa disso. São experiências anteriores, ricas e proveitosas, vividas na condição feminina em encarnações passadas, que os fazem constituírem-se assim. O mesmo ocorre com mulheres que apresentam posturas tidas socialmente como masculinas sem que sejam menos femininas em sua constituição física ou psíquica.

Conforme essas características, as pessoas se atraem e os casais se formam e funcionam de forma harmoniosa, encontrando na relação conjugal a completude, o companheirismo que os ajuda e os fortalece na trajetória terrena.

Os desvios sexuais estão relacionados a uma indefinição ou confusão interna que podem afetar seu espírito e, conseqüentemente, atingem seu corpo físico e seu psiquismo.
Controle, educação e disciplina são condições básicas para vivenciar a sexualidade de forma adequada. A união de um casal deve ser pautada no Amor e na prática do Bem; ter ou não ter filhos não deve ser uma obrigação inerente ao casamento.


Estruturas orgânicas como o intersexualismo, precisam ser acompanhadas medica e psicologicamente para definir a condição predominante naquele indivíduo e proceder à correção cirúrgica. Esta situação constitui uma provação duríssima para a pessoa.

Na casa espírita, qualquer trabalhador, em qualquer função que exerça, pode estar em qualquer condição sexual desde que se comporte e conduza suas ações de modo adequado, dentro e fora da casa. Além disso, precisa ter conhecimento da doutrina e uma fé consistente que dêem suporte a seu trabalho.
A homossexualidade não é uma opção da pessoa nem é provocada por condições familiares, relação parental etc., posto sabermos que na maioria das vezes está definida antes de seu nascimento. Portanto, as pessoas são responsáveis pelo modo como decidem exercer sua sexualidade. A sexualidade não é uma escolha, mas o ato sexual é.

Há indivíduos ditos fronteiriços quanto a sua definição sexual devido a conflitos e situações pretéritas. Nestes ocorre um momento onde ele decide por um lado ou por outro e, dependendo do seu grau de esclarecimento, pode fazer uma escolha indevida, problemática para sua vida.

Quando percebemos esses sinais em nossas crianças, é nosso compromisso cristão para com elas que as aceitemos com respeito e carinho e as eduquemos segundo os princípios da nossa fé: os critérios evangélicos de ética, de moral e de caridade. Assim estaremos educando aqueles espíritos para que se tornem pessoas de Bem.

O trabalhador espírita que ainda não se libertou das amarras do preconceito deve se abster do Atendimento Fraterno dirigido a pessoas cujas características possam lhe provocar sentimentos de desconforto.
Tenhamos sempre em mente que a Doutrina Espírita acolhe e compreende, mas não é conivente com condutas que destoam da moral cristã.

Quando o exercício da sexualidade traz angústia e sofrimento ao indivíduo, seja qual for sua condição sexual, é aconselhável que ele se proponha a um período de abstinência sexual, durante o qual buscará estudar e refletir melhor sobre si mesmo, esclarecer-se sobre seu papel no mundo para então escolher um modo de vida que faça dele um membro ajustado e útil à sociedade.

Não esquecer, todavia, que essa abstinência deve ser assumida espontaneamente e nunca imposta por outros, o que quase sempre acaba resultando em desvios sexuais.

Na avaliação dessas situações que ora nos apresentam, como a união civil de homossexuais, devemos sempre usar o bom senso e uma postura tolerante e amorosa para agirmos de forma justa. Reconhecer os direitos legais de um casal homossexual é uma questão de justiça e respeito pelas pessoas, apenas legitima o que já existe e não se constitui um estímulo para “gerar” homossexuais.

Na orientação dos indivíduos homossexuais, devemos alertá-los de que são alvos fáceis para a ação perniciosa de outros espíritos que tentarão utilizá-los para satisfazer suas necessidades sexuais, causando grandes perturbações.

Todos os espíritos devem encarnar várias vezes como homem e como mulher para vivenciarem as experiências específicas de cada papel sexual, enriquecendo assim sua caminhada espiritual.
Homens e mulheres que vivem de forma promíscua sua sexualidade, sendo permanentemente sedutoras e explorando o outro sexualmente, podem no futuro encarnar como homossexuais como provação para elaborar essa questão.

Não há motivos contrários à adoção de crianças por casais homossexuais visto que já sabemos que essa condição não depende de influência parental direta. Se o casal que se dispõe a adotar tem condições de oferecer às crianças a proteção, o carinho e a educação que elas precisam para crescer saudáveis, nada os desclassifica para serem pais.

Finalmente, lembremos sempre que a homossexualidade não é uma condição permanente, é um estado transitório. Os indivíduos não são homossexuais e, sim, estão homossexuais. E somos todos, antes de tudo, filhos muito amados de Deus.

(1) Palestra proferida na Associação Espírita Rita de Cássia (12º Conselho Espírita de Unificação), em 21 de agosto de 2005
Nota: o texto constitui uma síntese da palestra, assim como das respostas dadas às perguntas formuladas pelos participantes do evento.

Bibliografia:
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 84. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003
2. KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. 1. ed. Rio de Janeiro: CELD, 2004
3. KARDEC, Allan. Revista Espírita.jan. 1866. Tradução CELD
4. LUIZ, André (Espírito). Psicografia de Francisco C. Xavier. No Mundo Maior.23.ed.Rio de Janeiro:FEB, 2003.p.190.
5. LUIZ, André (Espírito). Psicografia de Francisco C. Xavier. Ação e Reação. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. p.209
6. LUIZ, André ( Espírito). Psicografia de Francisco C. Xavier. Nosso Lar. 54. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. p.127
7. Ibidem p. 259
8. Ibidem p. 174
9. LUIZ, André (Espírito). Psicografia de Francisco C. Xavier. Os Mensageiros. 39. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003.p. 159
10. EMMANUEL (Espírito). Psicografia de Francisco C. Xavier. Vida e Sexo. 23. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002, p. 27
11. WORM, Fernando. Vida e Obra de Divaldo Pereira Franco. 5. ed. Salvador: LEAL, 1995. p.77.
12. EMMANUEL (Espírito). Psicografia de Francisco C. Xavier. Leis de Amor. 21. ed. São Paulo:FEESP, 2003. p. 16-17
13. LUIZ, André (Espírito). Psicografia de Francisco C. Xavier. Sexo e Destino. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. p. 265.
14. KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 2. ed. Rio de Janeiro: CELD, 2003. p. 277.
15. EMMANUEL (Espírito). Psicografia de Francisco C. Xavier. Vida e Sexo. 23. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. p.89
16. LUIZ, André (Espírito). Psicografia de Francisco C. Xavier. No Mundo Maior, 23. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. p. 197
17. Ibidem. P. 196.
18. EMMANUEL (Espírito). Psicografia de Francisco C. Xavier. Encontro Marcado. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1971. p.102
19. LUIZ, André (Espírito). Psicografia de Francisco C. Xavier. Evolução em Dois Mundos. 21. ed.Rio de Janeiro: FEB, 2003. p. 138.
20. Ibidem. P. 141-142
21. LUIZ, André (Espírito). Psicografia de Francisco C. Xavier. Ação e Reação. 24.ed.Rio de Janeiro:FEB, 2003. p.205
22. EMMANUEL (Espírito). Psicografia de Francisco C. Xavier. Vida e Sexo. 23.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. p.90
23. Ibidem. P.92
24. EMMANUEL (Espírito). Psicografia de Francisco C. Xavier. Encontro Marcado.2.ed.Rio de Janeiro:FEB 1971.p.101-102
25. EMMANUEL (Espírito). Psicografia de Francisco C. Xavier. Vida e Sexo. 23. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. p. 62-63
26. Ibidem. P.90.
27. KARDEC, Allan. Revista Espírita. Tradução da E. CELD.v.1, jan.1866.
28. Ibidem.
29. LUIZ, André (Espírito). Psicografia de Francisco C. Xavier. Ação e Reação. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003, p.209
30. EMMANUEL (Espírito). Psicografia de Francisco C. Xavier. Vida e Sexo. 23. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002 p.92
31. LUIZ, André (Espírito). Psicografia de Francisco C. Xavier. Ação e Reação. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. p. 209
32. Ibidem.
33. LUIZ, André (Espírito). Psicografia de Francisco C. Xavier. Evolução em Dois Mundos. 21. ed.Rio de Janeiro: FEB, 2003. p. 144
34. EMMANUEL (Espírito). Psicografia de Francisco C. Xavier. O Consolador. 23. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2001, p.111
35. KARDEC, Allan. A Gênese. 1. ed. Rio de Janeiro: CELD, 2003. p.488 36. LUIZ, André (Espírito). Psicografia de Francisco C. Xavier. Missionários da Luz. 37. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. p. 27-28

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