Estudando o Espiritismo

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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

GRATIDÃO




No mês de agosto de 2001, Moshê (nome fictício), um bem sucedido  empresário  judeu, viajou para Israel a negócios.
Na quinta feira, dia nove, entre uma reunião e outra, o empresário  aproveitou para ir fazer um lanche rápido em uma pizzaria na esquina das  ruas Yafo e Mêlech George no centro de Jerusalém.
O estabelecimento estava superlotado. Logo ao entrar na pizzaria, Moshê  percebeu que teria que esperar muito tempo numa enorme fila, se realmente  desejasse comer alguma coisa - mas ele não dispunha de tanto tempo.
Indeciso e impaciente, pôs-se a ziguezaguear por perto do balcão de  pedidos,  esperando que alguma solução caísse do céu.
Percebendo a angústia do estrangeiro, um israelense perguntou-lhe se ele  aceitaria entrar na fila na sua frente.
Mais do que agradecido, Moshê aceitou. Fez seu pedido, comeu rapidamente e  saiu em direção à sua próxima reunião.
Menos de dois minutos após ter saído, ele ouviu um estrondo aterrorizador.
Assustado, perguntou a um rapaz que vinha pelo mesmo caminho que ele  acabara  de percorrer o que acontecera. O jovem disse que um homem-bomba acabara de  detonar uma bomba na pizzaria Sbarro`s.
Moshê ficou branco. Por apenas dois minutos ele escapara do atentado.
Imediatamente lembrou do homem israelense que lhe oferecera o lugar na  fila.
Certamente ele ainda estava na pizzaria. Aquele sujeito salvara a sua vida  e  agora poderia estar morto.
Atemorizado, correu para o local do atentado para verificar se aquele  homem  necessitava de ajuda. Mas encontrou uma situação caótica no local.
A Jihad Islâmica enchera a bomba do suicida com milhares de pregos para  aumentar seu poder destrutivo. Além do terrorista, de vinte e três anos,  outras dezoito pessoas morreram, sendo seis crianças. Cerca de outras  noventa pessoas ficaram ferida, algumas em condições críticas.
As cadeiras do restaurante estavam espalhadas pela calçada. Pessoas  gritavam  e acotovelavam-se na rua, algumas em pânico, outras tentando ajudar de  alguma forma.
Entre feridos e mortos estendidos pelo chão, vítimas ensangüentadas eram  socorridas por policiais e voluntários. Uma mulher com um bebê coberto de  sangue implorava por ajuda.
Um dispositivo adicional já estava sendo desmontado pelo exército.
Moshê procurou seu "salvador" entre as sirenes sem fim, mas não conseguiu  encontrá-lo.
Ele decidiu que tentaria de todas as formas saber o que acontecera com o  israelense que lhe salvara a vida. Moshê estava vivo por causa dele.
Precisava saber o que acontecera, se ele precisava de alguma ajuda e,  acima  de tudo, agradecer-lhe por sua vida.
O senso de gratidão fez com que esquecesse da importante reunião que o  aguardava.
Ele começou a percorrer os hospitais da região, para onde tinham sido  levados os feridos no atentado.
Finalmente encontrou o israelense num leito de um dos hospitais. Ele  estava  ferido, mas não corria risco de vida.
Moshê conversou com o filho daquele homem, que já estava acompanhando seu  pai, e contou tudo o que acontecera. Disse que faria tudo que fosse  preciso  por ele. Que estava extremamente grato àquele homem e que lhe devia sua
vida.
Depois de alguns momento, Moshê se despediu do rapaz e deixou seu cartão  com  ele. Caso seu pai necessitasse de qualquer tipo de ajuda, o jovem não  deveria hesitar em comunicá-lo.
Quase um mês depois, Moshê recebeu um telefonema em seu escritório em Nova  Iorque daquele rapaz, contando que seu pai precisava de uma operação de  emergência. Segundo especialistas, o melhor hospital para fazer aquela  delicada cirurgia fica em Boston, Massachussets.
Moshê não hesitou. Arrumou tudo para que a cirurgia fosse realizada dentro  de poucos dias.
Além disso, fez questão de ir pessoalmente receber e acompanhar seu amigo  em  Boston, que fica a uma hora de avião de Nova Iorque.
Talvez outra pessoa não tivesse feito tantos esforços apenas pelo senso de  gratidão.
 Outra pessoa poderia ter dito "Afinal, ele não teve intenção de  salvar a minha vida: apenas me ofereceu um lugar na fila ..."
Mas não  Moshê. Ele se sentia profundamente grato, mesmo um mês após o  atentado. E ele sabia como retribuir um favor.
Naquela manhã de terça-feira, Moshê foi pessoalmente acompanhar seu  amigo  e deixou de ir trabalhar. Sendo assim, pouco antes das nove horas da  manhã,  naquele dia onze de setembro de 2001. Moshê não estava no seu escritório no  101º andar do World Trade Center Twin Towers.

(Relatado em palestra do Rabino Issocher Frand)

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