Estudando o Espiritismo

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terça-feira, 9 de novembro de 2010

Ciúme: prova de desamor


Orson Peter Carrara-Matão-SP

   Prender alguém, por mais dourados que sejam os laços ou as correntes, não deixa de ser uma prova de desamor.
   Esta frase está no livro Despedindo-se da Terra, de Lúcius/André Luiz Andrade Ruiz, e chama a atenção pela extensão de sua realidade.
   Como assim prender alguém? Não, não se trata de cativeiro, seqüestro, prisão em grades ou algemas reais nas mãos. Referimo-nos antes aos efeitos danosos do ciúme, do sentimento de posse sobre alguém ou das tentativas de manipulação da liberdade de alguém em agir nesta ou naquela direção. Afinal, consideremos que não podemos forçar ninguém a nada, a não ser por força da Lei.
   O ciúme é prejuízo de longo alcance, causando sofrimentos para ambos os envolvidos, em autêntica prisão psicológica cujos prejuízos não podemos prever.
   É uma prova de desamor porque quem ama não prende, pois o amor não impõe, não censura, não critica; o amor, antes, compreende, tolera, entende, estimula, liberta.
   Quem somos nós para determinar como, quando e onde uma pessoa pode agir, estar ou conviver? Desde que a pessoa haja com decência, dignidade, correção, como querer vigiar-lhe os passos?
   O Jornal da Cidade, de Bauru-SP, em sua edição de 27/01/2008, publicou no suplemento Comportamento, a excelente matéria Uma doença chamada ciúme, assinada por Giuliana Reginatto. Referida reportagem inclui casos famosos de ciúme, geradores de tragédias comoventes e transcreve trecho importante do livro Ciúme – o lado amargo do amor, de Eduardo Ferreira Santos, doutor em ciências médicas e mestre em psicologia, que extraímos da reportagem citada: “O ciúme é egoísta. A pessoa exerce o ciúme para restringir a liberdade do outro. Podemos compará-lo com a dor: todo mundo sente dor, mas não é normal sentir muita dor, por tempo prolongado. Ficar enciumado com uma determinada situação é diferente de ser ciumento sempre, fantasiando motivos”. 
   A reportagem traz também o relato de Cíntia Valadares, que procurou ajuda antes que uma obsessão pelo ex-noivo culminasse em tragédia: “Por causa do meu ciúme ele foi parar na delegacia. Como eu não poderia ir a um jantar com ele e não queria que fosse sozinho, fiz uma denúncia falsa. Inventei que havia sido roubada e que sabia onde o ladrão estava. Dei o endereço da festa e ele ficou detido por quatro horas. Para reatarmos, ele impôs que eu procurasse tratamento”.
   O tema, pois, merece cuidado e atenção, pelos desdobramentos prejudiciais que acarreta nos relacionamentos.
   Embora tenha usado o título acima para chamar a atenção do leitor, o ciúme é também insegurança, forma de chamar atenção e um verdadeiro transtorno, para o qual os psicólogos estão, estes sim mais do que eu, capacitados para ampliar as considerações sobre causas, conseqüências e tratamento.
   Mas é também, sem dúvida, em muitos casos, uma prova de desamor. Quem ama, confia!
   E prender ou constranger alguém, impedir relacionamentos e vigiar, como verdadeira neurose, é caso para terapia. Não somos propriedade de ninguém. Somos seres em aprendizado, necessitados uns dos outros, para nos estendermos as mãos nas experiências que nos façam crescer e conviver com harmonia.


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