Estudando o Espiritismo

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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Inocência...


Uma menininha, diariamente, vai e volta andando até a escola.
Apesar do mau tempo daquela manhã e de nuvens estarem se formando, ela fez seu caminho diário.
Com o passar do tempo, os ventos aumentaram e junto os raios e trovões.
A mãe pensou que sua filhinha poderia ter muito medo no caminho de volta  pois ela mesma estava assustada com os raios e trovões.
Preocupada, a mãe rapidamente entrou em seu carro e dirigiu pelo caminho em direção à escola.
 Logo ela avistou sua filhinha andando, mas, a cada relâmpago, a criança parava, olhava para cima e Sorria !!!.
Outro e outro trovão e, após cada um, ela parava, olhava para cima e Sorria !!!
Finalmente, a menininha entrou no carro e a mãe curiosa foi logo perguntando:
-"O que você estava fazendo?"
A garotinha respondeu:
-"Sorrindo! O céu  não pára de tirar fotos minhas!!" 
Deixemos que toda inocência floresça em nossos corações para podermos ver a bela e real felicidade que está nos momentos de simplicidade...

Acreditar e agir




Um viajante caminhava pelas margens de um grande lago de águas cristalinas e imaginava uma forma de chegar até o outro lado, onde era seu destino. Suspirou profundamente enquanto tentava fixar o olhar no horizonte. A voz de um homem de cabelos brancos quebrou o silêncio momentâneo, oferecendo-se para transportá-lo. Era um barqueiro.

O pequeno barco envelhecido, no qual a travessia seria realizada, era provido de dois remos de madeira de carvalho. O viajante olhou detidamente e percebeu o que pareciam ser letras em cada remo. Ao colocar os pés empoeirados dentro do barco, observou que eram mesmo duas palavras. Num dos remos estava entalhada a palavra acreditar e no outro agir.

Não podendo conter a curiosidade, perguntou a razão daqueles nomes originais dados aos remos. O barqueiro pegou o remo, no qual estava escrito acreditar, e remou com toda força. O barco, então, começou a dar voltas sem sair do lugar em que estava. Em seguida, pegou o remo em que estava escrito agir e remou com todo vigor. Novamente o barco girou em sentido oposto, sem ir adiante.

Finalmente, o velho barqueiro, segurando os dois remos, movimentou-os ao mesmo tempo e o barco, impulsionado por ambos os lados, navegou através das águas do lago, chegando calmamente à outra margem.

Então o barqueiro disse ao viajante:
- Este barco pode ser chamado de autoconfiança. E a margem é a meta que desejamos atingir.

- Para que o barco da autoconfiança navegue seguro e alcance a meta pretendida, é preciso que utilizemos os dois remos ao mesmo tempo e com a mesma intensidade: agir e acreditar.

E você? Está remando com firmeza para atingir a meta a que se propôs?

E, antes de movimentar o barco, verifique se os remos não estão corroídos pelo ácido do egoísmo.

Depois de tomar todas essas precauções, siga em frente e boa viagem.

Nos estamos navegando e precisamos da sua ação, pois desta maneira poderemos juntos ajudar a mudar a face social de nosso Pais e chegarmos a outra margem do rio.

A força da Amizade



Pode ser que um dia deixemos de nos falar...
Mas, enquanto houver amizade, reconheceremos a voz um do outro.

Pode ser que um dia o tempo passe...
Mas, se a amizade permanecer, um do outro há de se lembrar.

Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, se formos amigos de verdade, a amizade nos reaproximará.

Pode ser que um dia não mais existamos...
Mas, se ainda sobrar amizade, nasceremos de novo, para sermos amigos.

Pode ser que um dia tudo acabe...
Mas, com a amizade construiremos tudo novamente, cada vez de forma diferente, sendo único e inesquecível cada momento que juntos viveremos e nos lembraremos pra sempre.
                                             (Pense nisso.....)

Há duas formas para se viver a vida:
Uma é acreditar que não existe milagre.
A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.
(Albert Einstein 1879-1955)

O Empurrão...



A águia empurrou gentilmente seus filhotes para a beirada do ninho.
Seu coração se acelerou com emoções conflitantes, ao mesmo tempo em que sentiu a resistência dos filhotes a seus insistentes cutucões.  Por que a emoção de voar tem que começar com o medo de cair? Pensou ela.

O ninho estava colocado bem no alto de um pico rochoso. Abaixo, somente o abismo e o ar para sustentar as asas dos filhotes. E se justamente agora isto não funcionar?

Apesar do medo, a águia sabia que aquele era o momento. Sua missão estava prestes a se completar, restava ainda uma tarefa final o empurrão.

A águia encheu-se de coragem. Enquanto os filhotes não descobrirem suas asas não haverá propósito para a sua vida.

Enquanto eles não aprenderem a voar não compreenderão o privilégio que é nascer águia.  O empurrão era o menor presente que ela podia oferecer-lhes. Era seu supremo ato de amor.

Então, um a um, ela os precipitou para o abismo. E eles voaram!

Às vezes, nas nossas vidas, as circunstâncias fazem o papel de águia. São elas que nos empurram para o abismo. E quem sabe não são elas, as próprias circunstâncias, que nos fazem descobrir que temos asas para voar.

RETRATO DE JESUS

 (ESCRITO POR EMMANUEL EM SUA ENCARNAÇÃO NA ÉPOCA DE CRISTO) Retrato de Jesus feito por Publius Lentulus
Retrato de Jesus feito por Publius Lentulus, procônsul da Galiléia, a Tibério César, imperador romano.
O presente documento foi encontrado no arquivo do Duque de Cesadini, em Roma. Essa carta, onde se faz o retrato físico e moral de Jesus, foi mandada de Jerusalém ao Imperador Tibério César, em Roma, ao tempo de Jesus.
Publius era senador romano e fez esse retrato de Jesus por ocasião da doença de sua filha Flávia, quando foi diretamente à presença de Cristo e pediu que a curasse da lepra.
Respondendo à pergunta de Tibério César – Quem é este homem Jesus?, Publius Lentulus escreveu:
“Sabendo que desejas conhecer quanto vou narrar, existe nos nossos tempos um homem, o qual vive atualmente de grandes virtudes, chamado Jesus, que pelo povo é inculcado o profeta da verdade, e os seus discípulos dizem que é o filho de Deus, criador do céu e da terra e de todas as coisas que nela se acham e que nela tenham estado.
“Em verdade, ó César, cada dia se ouvem coisas maravilhosas desse Jesus: ressuscita os mortos, cura os enfermos, em uma só palavra.
“É um homem de justa estatura e é muito belo no aspecto. Há tanta majestade em seu rosto, que aqueles que o vêem são forçados a amá-lo ou temê-lo.
“Tem os cabelos da cor da amêndoa bem madura; são distendidos até as orelhas, e das orelhas até as espáduas; são da cor da terra, porém mais reluzentes. Tem no meio de sua fronte uma linha separando os cabelos, na forma em uso pelos nazarenos.
“O seu rosto é cheio, o aspecto é muito sereno. Nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face, de uma cor moderada. O nariz e a boca são irrepreensíveis. A barba é espessa, mas semelhante aos cabelos, não muito longa, separada pelo meio. Seu olhar é muito afetuoso e grave; tem os olhos expressivos e claros. O que surpreende é que resplandecem no seu rosto como os raios do sol, porém ninguém pode olhar fixo o seu semblante, porque quando resplende, apavora, e quando ameniza, faz chorar. Faz-se amar e é alegre com gravidade.
“Diz-se que nunca ninguém o viu rir, mas, antes, chorar. Tem os braços e as mãos muito belos. Na palestra, contenta muito, mas o faz raramente e, quando dele se aproxima, verifica-se que é muito modesto na presença e na pessoa.
“É o mais belo homem que se possa imaginar, muito semelhante à sua Mãe, a qual é de uma rara beleza, não se tendo jamais visto por estas partes uma mulher tão bela.
“Porém, se a Majestade Tua, ó Cesar, deseja vê-lo, como no aviso passado escreveste, dai-me ordens, que não faltarei de mandá-lo o mais depressa possível.
“De letras, faz-se admirar de toda a cidade de Jerusalém; ele sabe todas as ciências e nunca estudou nada. Ele caminha descalço e sem coisa alguma na cabeça. Muitos se riem, vendo-o assim, porém em sua presença, falando com ele, tremem e admiram. Dizem que um tal homem nunca fora ouvido por estas partes.
“Em verdade, segundo me dizem os hebreus, não se ouviram, jamais, tais conselhos, de grande doutrina, como ensina este Jesus. Muitos judeus o têm como Divino e muitos me querelam, afirmando que é contra a lei de Tua Majestade. Eu sou grandemente molestado por estes malignos hebreus.
“Diz-se que este Jesus nunca fez mal a quem quer que seja, mas, ao contrário, aqueles que o conhecem e com ele têm praticado, afirmam ter dele recebido grandes benefícios e saúde, porém à tua obediência estou prontíssimo: aquilo que Tua Majestade ordenar será cumprido.
“Vale, da Majestade Tua, fidelíssimo e obrigadíssimo. ..” Publius Lentulus, presidente da Judéia.
Lindizione setima, luna seconda”.
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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

JESUS DESCE DO MONTE

Mat. 7:28-29 e 8:1
28. E aconteceu que, tendo Jesus terminado
essas Palavras, a multidão estava admirada
do ensino dele,
29. porque ele as ensinava como quem tinha
autoridade, e não como quem tinha autoridade,
e não como os escribas.
1. Quando Jesus desceu do monte, acompanhavam-
no grandes multidões.
Luc 7:1
1. Tendo Jesus concluído todos os seus discursos
dirigidos ao povo, entrou em Cafarnaum
A admiração do povo provinha da autoridade pessoal com que Jesus ensinava. Os rabinos repetiam
Moisés, mas Jesus modificava os preceitos básicos. Embora muitas das expressões usadas fossem correntes à Sua época, todavia, muita coisa nova aparece no chamado "Sermão do Monte". São flores e
frutos maravilhosos, que resumem tudo o que deve praticar o Homem que realmente queira evoluir.
Terminado o ensino da Palavra (Logos), Jesus reentra em Cafarnaum, a fim de prosseguir no ministé-
rio do serviço e no magistério da palavra e ao exemplo.
A distinção assinalada por Mateus é exatamente a diferença existente entre o ensino dado pela personalidade transitória (repetição do que os mestres ensinaram) e o ensino ministrado pela individualidade, que é feito com a autoridade de quem bebe diretamente da Fonte Divina, no Encontro Místico, as Palavras que profere, sublinhando-as com seu exemplo vivo e com sua vida perfeita de amor e de humildade.

VIVER OS ENSINAMENTOS

Mat. 7.21-27
21. Nem todo o que me diz: "Senhor, Senhor",
entrará no reino dos céus, mas aquele que
faz a vontade de meu Pai que está nos céus.
22. Naquele dia muitos hão de dizer-me: "Senhor,
Senhor, não profetizamos em teu
nome e em teu nome não fizemos muitas
coisas notáveis”?
23. Então lhes declararei: “nunca vos conheci:
apartai-vos de mim os que praticais a ilegalidade”.
24. Todo aquele, pois, que ouve estas Palavras,
eu o comparo a um homem prudente, que
edificou sua casa sobre a pedra;
25. e caiu a chuva, vieram os torrentes, sopraram
os ventos e bateram com força contra
aquela casa, e ela não caiu, pois estava edificada
sobre a pedra.
26. Mas todo aquele que ouve estas minhas Palavras
e não as pratica, será comparado a
um homem tolo, que edificou sua casa sobre
a areia;
27. e caiu a chuva, vieram as torrentes, sopraram
os ventos e bateram com força contra
aquela casa, e ela caiu; e foi grande sua ruína.
Luc. 6:46-49
46. Por que me chamais "Senhor, Senhor", e
não fazeis o que vos mando?
47. Todo o que vem a mim e ouve minhas Palavras
e os pratica, eu vos mostrarei a que é
semelhante.
48. É semelhante a um homem que, edificando
sua casa, cavou abriu profunda vala e pôs
os alicerces sobre a pedra; e vindo a enchente,
a torrente bateu com força naquela
casa e não na pode abalar, porque tinha
sido construída sobre a pedra.
49. Mas o que os ouve e não as pratica, é semelhante
a um homem que edificou sua casa
sobre a terra, sem alicerces; a torrente bateu
com força sobre ela, e logo caiu, e foi
grande a ruína daquela casa
Jesus insiste no tema anterior. demonstrando agora com exemplos mais vivos, que não é a religião seguida
que salva ninguém, nem mesmo a devoção, nem a oração, nem o mediunismo, nem qualquer
coisa externa; mas apenas a vivência interior. Enquanto não vivermos integral e intimamente os preceitos,
as obras exteriores serão pura casca, puro verniz que de nada servirão.
Assim a casa solidamente construída, com alicerces profundos, resiste às intempéries; ao passo que as
devoções e obras fundamentadas na vaidade e na esperança de “troca" (do trabalho pelo reino dos
céus), ruirão ao menor sopro da adversidade. A fé, baseada nos homens, esboroa-se quando esses homens
cometem um deslize; mas se alicerçada em Cristo, podem todos os homens falir, que Cristo permanece
inabalável fundamento do bem por toda a eternidade.
A individualidade, o Espírito, sabe que nada valem as preces, as devoções, as ações taumatúrgicas, o
mediunismo curador ou qualquer outro, se não forem baseadas no cumprimento integral da Vontade
do Pai, na obediência espontânea e alegre, natural e Jubilosa a todos os ensinamentos e preceitos, se
não forem fundamentados no Amor e na Humildade.
Quem assim não vive, constrói sua evolução sobre a areia, isto é, sobre os átomos da matéria transitó-
ria, sobre a personalidade passageira, e, em sobrevindo a "morte", tudo está perdido, porque fica na
matéria.
Mas a construção é perene, se for alicerçada na Rocha do coração unido ao Cristo Interno que em
nós habita, que é nosso Eu real.
Só a construção fundamentada no Cristo Interno será sólida e eterna.
Nada a abalará.
Com efeito, tudo o que possa ocorrer-nos de fora, só atinge nossa personalidade, quer no intelecto,
quer nas emoções, quer nas sensações, quer na matéria. Mas o Eu profundo é INATINGÍVEL. Nada
de fora o atinge, nem fere, nem magoa, nem diminui.
Daí a impassibilidade exterior de todos os que conseguiram o Encontro Permanente e Divino: casa
construída sobre a Rocha, que é o Cristo.
Todas as vezes que sofremos quando algo acontece, com isso demonstramos que ainda vivemos na
personalidade. Se alguém nos bate, fere ou mata, é apenas atingido um veículo que nos foi temporariamente emprestado: nosso EU jamais é alcançado; quando nos magoam, ofendem ou caluniam, é apenas alcançado um veículo que nos foi temporariamente emprestado: nosso EU jamais é atingido.
O verdadeiro EU é inatingível por qualquer ação externa, mesmo que a ação provenha de nossa pró-
pria personalidade. Por isso, o Homem que consegue a União é IMPASSÍVEL.

CURA DO SERVO DO CENTURIÃO

Pastorino
Mat. 8:5-13
5. Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, chegou-
se a ele um centurião e, dirigindo-se a
ele, disse:
6. "Senhor, meu criado jaz em casa paralítico
padecendo horrivelmente".
7. Disse-lhe Jesus; "eu irei curá-lo".
8. Mas o centurião respondeu: "Senhor, não
sou digno de que entres em minha casa:
mas fala somente ao Verbo e meu criado há
de sarar;
9. porque também sou homem sujeito à autoridade
e tenho soldados às minhas ordens. E
digo a este: vai lá, e ele vai; e a outro: vem
cá, e ele vem; e a meu servo: fazei isto, e ele
faz".
10. Ouvindo isto, Jesus admirou-se e disse aos
que o acompanhavam: "Em verdade vos
afirmo, que nem mesmo em Israel encontrei
tão grande fé;
11. e digo-vos que muitos virão do oriente e do
ocidente e se sentarão com Abraão, Isaac e
Jacó no reino dos céus;
12. mas os filhos do reino serão lançados nas
trevas exteriores; ali haverá choro e ranger
de dentes".
13. Então disse Jesus ao centurião: "vai e, como
creste, assim te seja feito". E naquela mesma
hora sarou o criado.
Luc. 7:2-10
2. Um servo de um centurião, a quem este
muito estimava, estava doente, quase à morte.
3. Tendo ouvido falar a respeito de Jesus, o
centurião enviou-lhe alguns dos anciãos dos
judeus, pedindo-lhe que viesse curar seu
servo.
4. E estes, chegando-se a Jesus, suplicaram-lhe
com insistência: "ele é digno de que lhe faças
isso,
5. pois ele ama nosso povo, e ele mesmo edificou
a sinagoga para nós".
6. Jesus foi com eles. E quando já estava a
pequena distância da casa, o centurião enviou-
lhe amigos para dizer-lhe: "Senhor,
não te incomodes, porque não sou digno de
que entres em minha casa,
7. por isso, eu mesmo não me julguei digno de
vir a ti; mas fala ao Verbo e meu criado ficará
são;
8. pois também sou homem sujeito à autoridade
e tenho soldados às minhas ordens, e
digo a este: vai lá, e ele vai; a outro: vem cá,
e ele vem; e a meu servo: fazei isso, e ele
faz".
9. Ouvindo isso, Jesus admirou-se e, virandose
para a multidão que o acompanhava, disse:
"Eu vos afirmo que nem mesmo em Israel
encontrei tão grande fé".
10. Regressando a casa, os que haviam sido
enviados encontraram o servo de perfeita
saúde.
Logo após o "Sermão do Monte", reentra Jesus em Cafarnaum, onde estabelecera sua residência há
algum tempo (veja vol. 2.º), talvez como hóspede de Pedro e sua esposa. Na casa morava ainda a sogra
e a filha (ou os filhos) de Pedro (cfr. Clemente de Alexandria, Strom. III, 6, tomo 7 , col. 1156).
Aparece em cena um centurião romano (exatóntarchos). Lembramos que o exército romano era dividido
a essa época em legiões de 6000 infantes e 300 cavaleiros, comandadas por seis tribunos militares.
C. TORRES PASTORINO
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Cada legião constava de dez coortes de 600 homens, e cada coorte tinha três manípulos de 200 homens.
O manípulo constituía-se de duas centúrias, à frente de cada uma se achava um centurião. Por
conseguinte, o centurião era o mais subalterno dos oficiais.
Sendo Cafarnaum importante entroncamento de estradas, naturalmente requeria a presença de uma
centúria para garantir a ordem política e vigiar os movimentos das caravanas.
As narrativas de Mateus e Lucas divergem. Diz-nos o primeiro que o servo estava apenas paralítico,
enquanto o segundo, sem precisar a enfermidade, anota que se achava "em perigo de vida".
Mateus usa o termo país, que pode ser filho ou servo (geralmente jovem), enquanto Lucas esclarece
tratar-se de "servo" (doulos).
Em Mateus o centurião vai pessoalmente a Jesus; em Lucas ele se serve de uma embaixada de anciãos
judeus.
Dadas as características da história, parece-nos que os pormenores de Lucas contribuem para atestar
maior fidelidade, acrescendo que, pelo movimento psicológico da humildade do centurião, há também
mais lógica no andamento narrativo de Lucas.
O centurião, filiado à religião oficial romana, cujo Sumo Pontífice era o próprio Imperador Augusto,
apreciava no entanto o mosaísmo - o que vem provar, de imediato, sua evolução espiritual, já que
compreendera que o Espírito está acima de qualquer divisão de religiões humanas - e por isso havia
feito construir uma sinagoga para a cidade de Cafarnaum. Isso grangeara-lhe a simpatia dos judeus,
sobretudo dos mais idosos que, nesse gesto deviam ter visto a realização de velhas aspirações sempre
insatisfeitas.
No momento de aflição, os anciãos judeus prontificam-se a atender ao desejo manifestado pelo centurião,
de recorrer aos préstimos do novo taumaturgo, cuja fama crescia cada vez mais. Não desejando
apresentar-se pessoalmente (ignorava como o novo profeta, julgado talvez rigoroso ortodoxo, reagiria
diante de um pagão romano), solicita a interferência dos anciãos, que teriam oportunidade de explicar
ao jovem galileu a simpatia do centurião pelos judeus, como um penhor de garantia para obter o favor
impetrado. Eles sabem interceder com insistência, servindo de testemunhas do mérito do romano.
Jesus acede ao pedido, encaminhando-se para a residência do centurião, acompanhado pela pequena
multidão de discípulos e anciãos. Quando o romano se certifica de que foi atendido - talvez por vê-lo
aproximar-se numa esquina próxima ("já estava a pequena distância") - envia outros emissários para
fazê-lo deter-se: sendo pagão em longo contato com judeus, sabia que nenhum israelita podia entrar
em sua casa, nem mesmo falar com ele, sem incidir nas impurezas legais, que requeriam vários ritos
cerimoniais de limpeza posterior. Daí dirigir-se a Jesus por intermediários: "ele mesmo não se julgava
digno de vir a ti".
Cônscio, entretanto, do poder taumatúrgico do Nazareno, o centurião expressa-Lhe, ainda por emissários
(em Mateus, pessoalmente), o conhecimento iniciático profundo da GNOSE e das doutrinas de
Alexandria, numa frase que - ele o sabia - seria compreendida por Jesus: "fala somente ao Verbo (ao
Lagos) e meu servo ficará curado".
As traduções vulgares (porque os tradutores, de modo geral, desconhecem essas doutrinas ou não
aceitam sua veracidade) estão falseadas neste ponto, exceção feita da do Prof. Humberto Rohden (cfr.
"Novo Testamento". 4.ª edição, pag. 11 e 119). Traduzem, pois, como acusativo (objeto direto): dize
uma palavra; mas em grego está em dativo (objeto indireto): eipè lógoi. Note-se que a Vulgata reproduziu
bem o original, conservando o dativo: dic Verbo, isto é, "dize AO Verbo" o nosso desejo, e seremos
satisfeitos: o servo ficará curado.
Com essas palavras, demonstrava o centurião o conhecimento que possuía dos segredos da Vida Espiritual,
difundida, àquela época, entre os gnósticos. E para confirmá-lo, traz o exemplo de sua própria
pessoa, sujeita à autoridade superior (e portanto obrigada a obedecer), mas ao mesmo tempo com autoridade
sobre seus subordinados (e portanto sendo imediatamente obedecido). Ora - depreende-se de
seu raciocínio - sendo Jesus sujeito à Divindade, tinha poder, todavia, por sua evolução elevadíssima,
SABEDORIA DO EVANGELHO
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sobre o Logos, a quem já se unira permanentemente no contato com o Eu Interno ou Consciência
Cósmica. Bastava-lhe, então, expressar seu desejo para vê-lo satisfeito.
Jesus admira-se profundamente, pois nem entre seus compatriotas jamais encontrara um conhecimento
(pistis, fé) tão exato e vasto. Dentre seus apóstolos, com efeito, só João, o Evangelista, revelaria mais
tarde ter adquirido esses conhecimentos gnósticos, sobretudo quando escreve o prólogo de seu Evangelho.
Mas este, ele o escreve cerca de cinquenta anos depois deste episódio. Nessa época nada nos diz
que já o conhecesse. Nem pode saber-se se o aprendeu do próprio Jesus (o que é bem provável) ou se
mais tarde e encontrou pela meditação ou em livros publicados pelos alexandrinos.
Desse fato aproveita-se Jesus para afirmar que não é a raça e a religião que influem na conquista do
"reino dos céus", mas o conhecimento da Verdade adquirido pela elevação pessoal de cada um. E di-lo
com palavras acessíveis a todos: "muitos virão do oriente e do ocidente para sentar-se com Abraão,
Isaac e Jacó no reino dos céus". Não apenas alguns privilegiados de outras religiões, mas MUITOS.
Enquanto isso, os filhos do reino (os israelitas), embora convictos de que são os únicos que possuem a
verdadeira religião, ficarão de fora, sem conseguir a herança de um reino de que se dizem filhos.
Recordemos que a expressão "filhos" significava, entre os israelitas, os participantes da qualidade expressa
pelo genitivo que lhe está ao lado: "filho da paz" (Luc. 10:6), "pacíficos"; filhos da perdição"
(João, 17:12), perdidos; "filhos da geena" (Mat. 23:15), condenados; "filhos do trovão" (Marc. 3:17),
zangados; "filhos deste século e filhos da luz" (Luc. l6:8), mundanos e iluminados ou materialistas e
espiritualistas. Esse modo de expressar-se é também muito encontrado no Talmud.
Figura “JESUS E O CENTURIÃO”
C. TORRES PASTORINO
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Vem a seguir a conclusão: o servo do centurião é curado na mesma hora. Jesus, portanto, confirma a
convicção do centurião, e realiza a cura a distância, fazendo a ligação através do Logos ou Cristo
Cósmico.
Admirável centurião! Conhecedor profundo e sempre seguro da iniciação da Verdade, revela-se homem
de grande evolução, pois vivia as duas qualidades máximas do evoluído: o AMOR e a HUMILDADE.
Diz-nos Lucas que ele AMAVA o empregado; seu amor era tão grande, que ele o estendia não
apenas aos parentes, mas até aos humildes servos. E sua humildade era tão sincera, que acredita não
ser sua casa digna de receber um profeta; e nem ele mesmo se julga digno de entrevistar-se com ele!
...
Com essas amostras, compreendemos bem que Espírito de escol ali se achava encarnado, oculto sob
as modestas roupagens de um centurião, o oficial mais subalterno do exército romano.
Cônscio de sua situação intermediária, reconhecendo haver seres mais evoluídos a quem devia obedi-
ência, e outros seres menos evoluídos sobre quem exercia autoridade, o centurião se colocava na posi
ção exata da HUMIILDADE, que é o reconhecimento natural e sincero de nossa verdadeira situação
perante as demais criaturas. O ser humilde sabe obedecer aos maiores, mas também sabe comandar
aos menores. Quem não sabe obedecer jamais saberá mandar. Mas o não saber mandar aos inferiores
é sinal de fraqueza, e não de humildade. No máximo, seria falsa-humildade.
Compreende-se bem a interpretação mística do fato.
Quando a criatura atinge o grau evolutivo intelectual de saber comportar-se equilibradamente, compreendendo
o valor e a necessidade do Encontro Supremo com o Cristo Interno, a Ele se dirige com
humildade, confessando-se indigno de recebê-Lo em sua personalidade; mas como já sabe comandar
com autoridade a seus veículos inferiores (a seu servos), dominando suas paixões e desvios, reconhece
que um desses seus "servos", a quem ele amava porque o servia e muito bem, está grave e perigosamente
enfermo. Recorre, então, à individualidade para que esta, falando ao Verbo ou Cristo Interno, o
ajude a curar as fraquezas desse seu servo, desse veículo ainda sofredor em sua animalidade, pois se
acha "paralisado" pela inação.
Não requisita de imediato o Encontro porque, em seu conhecimento seguro, reconhece não haver chegado
ainda o momento oportuno; indispensável, antes, que a saúde seja perfeita em todos os planos.
A individualidade (Jesus) tece elogios a essa personalidade lúcida, equilibrada e humilde, declarando
que "nem em Israel", isto é, nem entre os religiosos, encontrou tão preciso e consciente conhecimento
da Verdade.
Não bastam a religiosidade e a devoção (representada pelos judeus: lembremo-nos de que Judéia
quer dizer "louvor a Deus" nos textos evangélicos). E por isso acrescenta que "muitos virão do oriente
e do ocidente", ou seja, muitos chegarão de outros setores de atividade humana e permanecerão no
Contato da Unificação com o Cristo Interno, enquanto os religiosos profissionais (os "filhos do reino")
continuarão nas trevas exteriores (na ignorância) onde há dores e sofrimentos cármicos inevitá-
veis.
A citação tão frequente no Antigo Testamento e na boca de Jesus, dos três primeiros patriarcas
Abraão, Isaac e Jacó, tem sua razão de ser. Os três expoentes máximos e primeiros do povo israelita
representam o ternário superior ou individualidade, primeiro e principal princípio da criatura humana
no atual estágio evolutivo. A individualidade, portanto, pode ser representada por uma só personagem.
JESUS, que engloba as três facetas; ou pode ser simbolizada pelas três separadamente, figurada
pelos três patriarcas.
Com efeito, ARRAÃO exprime a Centelha Divina, que dá origem a tudo (tal Como ele deu origem ao
"povo escolhido") e daí seu nome: AB (pai) RAM (luz), ou seja, LUZ PAI; o segundo, ISAAC, significa
"que ri", à primeira vista sem nenhum sentido especial; no entanto, se refletirmos que só o ser racional
que tem raciocínio abstrato é capaz de rir, podemos entender que Isaac é a Mente no seu estado
SABEDORIA DO EVANGELHO
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de perfeição, que é alegria; o terceiro, JACÓ, significa "o que vence", no sentido de "o que suplanta
os adversários"; representa, pois, o Espírito, que suplantará todos os obstáculos e vencerá na linha
evolutiva.
Observemos, então, que isso constitui a Trindade, a qual, apesar da trina, é una, pois constitui uma
única individualidade. Assim o Ser Absoluto, sem perder sua unidade, também se manifesta sob tríplice
aspecto: o ESPÍRITO, (o Amor); o PAI, Verbo ou Logos (o Amante), e o FILHO (O Amado). Assim
também a individualidade única de cada um pode ser considerada sob três aspectos: a Centelha Divina
(o Eu Verdadeiro, partícula do Cristo cósmico, que é o Amor; sua Mente Criadora pela Palavra ou
Som (Pai, Logos, Verbo que é a palavra que ama) e o Espírito individualizado, que é o resultado da
criação dos dois primeiros, que são o PAI-MÃE (Centelha Divina-Mente), e que constitui o Filho, o
Amado.

A Cura do Criado do Centurião.

Amílcar Del Chiaro Filho

 

Mateus 8: 5 – 13 e Lucas 7: 2 – 10. Esta é uma passagem muito interessante, porque um centurião – portanto soldado romano que comandava uma centúria ou tropa de 100 soldados, procura Jesus e pede para que o Mestre cure o seu criado, que jazia em casa paralítico. Jesus se propõem a ir a sua casa para curá-lo, e o centurião respondeu: Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa, mas fala somente ao verbo e meu criado há de sarar. Porque também sou homem sujeito a autoridade e tenho soldados às minhas ordens. E digo a este, vai lá, e ele vai; e a outro, vem cá, e ele vem; e a meu servo, faze isto, e ele faz. (tradução de Torres Pastorino). Jesus ficou muito admirado e disse: Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel encontrei tão grande fé.
Nossa preocupação não é a de examinar os processos de cura, pois os espíritas conhecem muito bem a atuação dos fluidos para que a cura aconteça. Queremos destacar, sim, a ação benemérita daquele soldado para com o seu criado. Ele era benquisto pela sociedade local, pois até mandou erigir uma Sinagoga na cidade de Cafarnaum.
O cuidado do centurião era, também, por saber que as complicadas leis judaicas de pureza, obrigaria Jesus a se purificar no Templo, após ter estado em sua casa. (Jesus estava acima desses preconceitos religiosos). Contudo, o admirável nesta passagem é o conhecimento superior do Centurião. Pastorino acredita, com certeza, que ele tinha conhecimento da gnose” e das Doutrinas de Alexandria. O soldado romano sabia que no mundo dos espíritos as inteligências superiores estavam a serviço do Cristo. Ele sabia, que mesmo à distância, Jesus poderia movimentar as forças da natureza e curar o homem doente, que estava sofrendo muito.
Nem mesmo em Israel, isto é, entre os judeus, encontrei tamanha fé, admirou-se Jesus. É interessante que um gentio, um goin, deu prova de uma fé tão grande que ficou registrado nos Evangelhos e na história. Sua palavras tem sido repetidas milhões de vezes no mundo cristão.
Malba Tahan, um dos mais extraordinários contistas da nossa literatura, conta uma história muito interessante a respeito desta passagem:
Um homem romano, na cidade dos Césares, havia caído da sua posição de privilegiada e agora morava num populoso bairro pobre, onde era muito amigo de todos e ajudava todos que necessitavam. Ele tinha dois filhos, e um deles era poeta e vivia no palácio imperial. O outro era soldado, e isto dava uma grande tristeza ao seu pai, que não queria um filho soldado. Um dia este filho partiu com um destacamento para uma terra distante.
Um dia este homem viu um soldado agredindo um menino e partiu em defesa do garoto. O soldado deu-lhe um forte golpe com o punho do gládio na cabeça, e o homem caiu semimorto. Os anjos vieram buscá-lo, mas como ele estava muito preocupado com um dos filhos, os anjos disseram a ele que a humanidade cantaria os versos do seu filho nos séculos vindouros. Feliz, ele imaginou a glória do seu filho poeta através dos tempos, e pediu para testemunhar essa glória. Insistiu tanto que uma ordem superior determinou que o levassem ao futuro para ouvir os versos do seu filho.
O tempo avançou quase dois milênios e os dois anjos entraram com o homem numa grande catedral cristã, onde o Coro cantava gloriosamente: Senhor, eu não sou digno que entre em minha casa, mas diga uma só palavra e meu criado será salvo.
As passagens que trata de ressurreição, como a de Lázaro, do filho da viúva de Naim e a menina filha de Jairo, não vamos comentar, porque é de entendimento do Espiritismo, que não aconteceu ressucitação, pois, Se houver o desligamento dos laços que prende o espírito ao corpo, não há como reatá-lo. O que aconteceu foi a morte aparente, através da catalepsia, e que a força magnética de Jesus, despertou.
Em Mateus 13:1 – 9 — Marcos 4: 1-9 e Lucas 8:4-8 vem narrada a Parábola do Semeador. Como ela é simples ao entendimento, por não vamos nos aprofundar nela, mas como Jesus explicou-a separadamente aos discípulos, fica uma confirmação, ao menos aparente, de que Jesus de Nazaré tinha uma doutrina oculta, reservada aos discípulos.
Jesus disse que aos discípulos era dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas aos outros não. Isto não pode ser entendido como preferência, mas como capacidade de entender.
Repetimos o que já falamos outras vezes: se hoje não mais existem os mistérios, as iniciações formais, persiste uma seleção natural pela medida da compreensão de cada um.
A Parábola do tesouro oculto é privativa de Mateus, e está no capítulo 13:44-53. Jesus contou que um homem encontrou um tesouro num campo e vendeu tudo o que possuía para adquirir aquele campo e tomar posse do tesouro. Depois ele conta a parábola do mercador de pérolas e da seleção de peixes. Em cada uma delas o personagem se desfaz de posses ou coisas menores para ficar com algo mais valioso.
Quando descobrimos a verdade, desfazemo-nos das pequenas ou meias verdades para ficar com a verdade inteira. Podemos dizer que desfazemo-nos das nossas crenças, superstições ou religiões, para aceitar uma Doutrina filosófica com conseqüências morais e religiosas, o Espiritismo.
Em Mateus 8:18 e 23 –27 — Marcos 4:35-41 e Lucas 8:22-25 contam que Jesus atravessa o lago de Genezaré, ou Mar de Tiberíades, num barco, juntamente com os discípulos, e provavelmente de propriedade de Pedro. Cansado, o Mestre dormiu, Subitamente se desencadeou um fenômeno comum na região; correntes fortes de ventos provoca agitação violenta nas águas, levantando grandes ondas e enorme sorvedouros no Tiberíades. As correntes de vento se originam do Vale do Jordão e são imprevisíveis.
Os discípulos ficaram muito assustados, porque a tempestade deveria ser muito violenta, pois eles estavam acostumados a enfrentar o mal tempo, e foram acordar Jesus que repreende os ventos e ordena ao mar amordaçar-se e de imediato houve uma grande calmaria, o que também assustou os discípulos.
Para o episódio há duas interpretações. Uma objetiva, embora um tanto fantástica e misteriosa, e a outra subjetiva, interpretativa.
Na primeira, Jesus com a sua extraordinária evolução, ordena à natureza que obedece e se acalma. — No Livro dos Espíritos há a revelação de que os fenômenos da natureza são executados por legiões de espíritos pré-humanos, dirigidos por outros mais adiantados. Isto, de certa forma, facilitaria o entendimento da pronta obediência. Uma inteligência infinitamente superior ordena e as inteligências embrionárias são forçadas a obedecer.
A outra interpretação se passa no íntimo do homem. A tempestade se dá dentro, no mundo interior do homem. São os jogos da paixão, os desejos, os conflitos que ameaçam fazer o homem moral naufragar. Apelamos, então, para um ser superior, ou para o Cristo interno que dormita ainda dentro de nós, e ele acalma nossas paixões, tranqüiliza a nossa mente, faz cessar a tempestade.
Podemos interpretar, também, como o homem superior, cósmico, que atravessa o mar revolto da vida, sem medos ou intranqüilidade e faz com que os ventos e o mar se acalmem. Isto quer dizer que nem as tempestades exteriores, nem as interiores o abalam. É o homem que venceu a morte, porque sabe que é imortal.
Repetimos que a nossa intenção não é a de examinar os Evangelhos passo a passo, e sim, abordar alguns ensinamentos e dar-lhes uma interpretação mais racional pelo prisma do nosso entendimento. Sei que os leitores dessas páginas poderão achar que passagens que ficaram fora são mais importantes do que algumas que colocamos. Em Mateus 10:34-39 e Lucas 12:49-53 Jesus fala energicamente. Temos a impressão que as palavras que se seguem não poderia ser de Jesus, mas se encaixaria perfeitamente em Kardec – O Evangelho Segundo o Espiritismo — Moral Estranha —. Jesus diz claramente que não veio trazer a paz a Terra, mas sim a espada. Afirma, também, que veio por fogo à Terra. Disse que veio colocar o pai contra o filho, a sogra contra a nora.
Mesmo sendo palavras chocantes não é difícil de entender que numa mesma família pode ter um ou dois que aceite o Cristo e outros que não aceitam. Muitos espíritas conhecem essa experiência, pois, não raro, sua família não aceita o Espiritismo. Além do preconceito, quase sempre as coisas ruins que acontecerem com a família é creditado ao fato daquele membro que vai a centros espíritas e traz influências ruins para dentro de casa.
Vamos examinar a interpretação esotérica (fechada) de Torres Pastorino, que é muito bela: ele coloca que os nossos domésticos são partes de nós mesmos. Quanto ao fogo, ele afirma ser o espírito que anima o corpo. Vamos à narrativa de Pastorino:
O pai (espírito) quer se impor ao filho (emoções), mas essa se opõem a ele. A mãe (inteligência), quer superar a filha (a carne), mas essa rebela-se, e vencendo-a com o sono, cansaço e etc. A sogra (ainda inteligência), busca dominar a nora (sensações físicas), mas essas são poderosas.
Pastorino comenta como é difícil para a inteligência desarraigar vícios como bebida, tabaco, gula, preguiça... ou os obstáculos, como o cansaço, ou ainda as emoções violentas, como a cólera, o ciúme...
Em relação ao que Jesus falou que devíamos amá-lo mais que aos nossos pais, Pastorino usa um vocábulo grego que significa afeição respeitosa dirigida a um benfeitor, e não um outro vocábulo com o significado de amor terno e instintivo. Segundo Pastorino era costume entre os Israelitas daquela época, o Mestre ser colocado antes do pai. Ele cita uma frase ensinada por um tratado judeu: o pai nos colocou neste mundo, mas o Mestre, que nos ensina a sabedoria, nos dá a vida do outro mundo.
Huberto Rohden faz uma belíssima dissertação sobre o assunto e começa dizendo que a Doutrina do Cristo é fogo ardente. Fogo é luz, calor, energia. Luz simboliza sabedoria. Calor simboliza amor, simpatia, entusiasmo. Energia é a realização da verdade e do amor.
Rohden explica que tudo o que existe é luz. Os 92 elementos do sistema periódico da química, são 92 manifestações variadas da mesma luz. O autor da Gênese sabia isto intuitivamente quando escreveu: no primeiro dia Deus criou a luz. Desta luz, segundo Moisés e Einsten, nasceram todas as coisas. A matéria é energia congelada e as energias são luz condensada. Quanto mais condensada uma coisa, tanto menos material. A luz possui condensação mínima, e por isto, expansão máxima. A luz tem onipresença. Tudo é feito dela. A luz é a menos material de todas as coisas materiais, por isso é o que melhor simboliza a Divindade.
Quando Jesus diz que veio lançar fogo a Terra, veio lançar luz, isto é, veio permear do espírito de Deus todas as coisas do mundo de Deus. Todos nós temos, potencialmente, este fogo do Cristo, mas não basta tê-lo, é preciso que ele arda, que se atualize, que se torne consciente, que permeie nossa vida.
Uma alma possuidora desse fogo, pode incendiar outras almas que tenham o combustível. As cinco virgens tolas não puderam ter suas lâmpadas acesas porque não tinham o azeite, estavam vazias. (ver parábola).
Del Chiaro faz um pequeno comentário com relação a Doutrina Espírita. Somos potencialmente perfeitos. Somos luz, embora de pouca expansão. Se a Doutrina Espírita acender em nosso íntimo o combustível do amor, da verdade, da justiça, atualizaremos as nossas potencialidades, deixaremos de ser promessa, para ser realidade. Para isso é preciso entusiasmo, que significa Deus dentro de si.

Fé Raciocinada: segundo Jesus, a maior Fé


Alexandre Fontes da Fonseca

Jesus, após ouvir o Centurião (Mt, VIII, 5-13), afirma que jamais viu tamanha fé em toda Israel! Um estudo mostra claramente que a fé do Centurião foi uma fé raciocinada.

            Um dos princípios básicos do Espiritismo é a fé raciocinada. O capítulo XIX do Evangelho Segundo o Espiritismo1 é inteiro dedicado ao estudo da fé. Kardec, primeiro, analisa o poder da fé em remover as mais difíceis montanhas morais que atrapalham o progresso da humanidade. As características da fé são também analisadas. “A fé sincera e verdadeira é sempre calma” diz Kardec no ítem 3 do referido capítulo, mostrando que “a calma na luta é sempre um sinal de força e de confiança” e que a violência apenas denota a fraqueza e insegurança daquele que assim procede para resolver seus problemas.
            Kardec analisa, também, o poder da fé na ação magnética dos fluidos sobre a matéria. Ele diz que “aquele que a um grande poder fluídico normal junta ardente fé, pode, só pela força da vontade dirigida para o bem, operar esses singulares fenômenos de cura e outros, tidos antigamente por prodígios, mas que não passam de efeito de uma lei natural”. É por essa razão que os discípulos de Jesus não puderam curar o moço lunático na passagem de Mateus, cap. XVII, vv. 14 a 20.
            Em seguida, Kardec analisa a fé religiosa e apresenta a condição da fé inabalável. A fé pode ser cega ou raciocinada. No primeiro caso, a fé nada examina e aceita sem controle o falso e o verdadeiro1. Aquela que tem a verdade por base é a única que pode resistir às transformações devido ao progresso do conhecimento. Dessa forma, Kardec apresenta a condição da fé inabalável: “Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade” (Ítem 7, cap. XIX, Evangelho Segundo o Espiritismo1).
            Kardec não fica apenas na análise do assunto. Ele exemplifica o exercício da fé raciocinada ao preparar, por exemplo, o conteúdo do capítulo XXIII do Evangelho Segundo o Espiritismo1Moral Estranha, onde ele analisa algumas passagens em que Jesus faz afirmativas que ao pé da letra são contrárias à mensagem de amor contida no Evangelho. Ao invés de aceitar sem questionar o conteúdo dessas passagens, Kardec as analisa sob a luz da razão e do bom senso, retirando delas lições preciosas para todos nós.
            Uma das passagens evangélicas de grande expressão é aquela conhecida como “Jesus e o Centurião”. Caibar Schutel2 analisa essa passagem retirando valiosíssimos ensinamentos sobre a humildade e a fé. Em resumo, nessa passagem, Jesus é interpelado por um Centurião ao entrar em Cafarnaum: “Senhor, o meu criado jaz em casa paralítico (...)”3. Jesus, então, respondeu-lhe: “eu irei curá-lo”3. O Centurião, demonstrando enormes conquistas no terreno da humildade, exclamou que não se sentia digno de receber Jesus em sua casa mas “dize somente uma palavra e o meu criado há de sarar.”3. O ponto que nos interessa nessa matéria vem das seguintes palavras do Centurião proferidas após a que acabamos de citar: “Porque também sou homem sujeito à autoridade e tenho soldados às minhas ordens, e digo a um: vai ali, e ele vai; a outro: vem cá, e ele vem; ao meu servo: faze isto, e ele o faz.” (destaque em negrito feito por nós). Caibar Schutel sintetiza: “(...) foi esta a Fé, engrandecida pelos conhecimentos, purificada pela humildade, santificada pela prece na pessoa do centurião, que o mestre justificou, dizendo: ‘Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel achei tamanha fé!’ ”.
            Schutel destacou o fato de que a fé do Centurião estava “engrandecida pelos conhecimentos” como um dos fatores para a exclamação de Jesus perante ele. Nós aqui desejamos destacar que isso nada mais significa que o Centurião usou aquilo que chamamos de fé raciocinada.
            Jesus reconhecia que o Centurião era uma pessoa boa e que o servo doente, certamente, merecia a cura de sua moléstia. Por isso afirmou que iria curar o doente. Porém, o Centurião disse que ao invés de ir à sua casa, bastava Jesus dizer uma palavra que o servo estaria curado. E para mostrar que entendia como isso era possível o Centurião expôs um raciocínio, uma analogia. Assim como ele, uma autoridade militar, tinha soldados e servos sob suas ordens, Jesus, uma autoridade moral, também tinha Espíritos que cumpriam suas determinações. O que é isso senão um simples, porém legítimo raciocínio?
            Após o raciocínio do Centurião, Jesus demonstrou enfaticamente sua aprovação e apoiou essa manifestação de fé ao dizer que nunca tinha vistotamanha fé em toda Israel!
            Essa passagem evangélica é muito simples e não tem sentido figurado. Tanto o Centurião em seu raciocínio, quanto Jesus na sua exclamação, foram muito claros. A maior fé de Israel não era a dos discípulos que conviviam com Jesus, mas sim de um homem que soube aliar a pureza de seus sentimentos com a simplicidade da razão e do bom-senso.
            A análise de Caibar Schutel de toda essa passagem evangélica é muito instrutiva e merece ser lida e estudada por todos. E não tenhamos nenhum receio em afirmar que Jesus aprovou a fé raciocinada. Não foi a toa que os Espíritos superiores ensinaram que a verdadeira fé possui a compreensão das coisas e é a única capaz de sobreviver ao progresso da razão em qualquer época.

Referências
1. Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Editora FEB, 112ª Edição, 1996.
2. Caibar Schutel, Parábolas e Ensinos de Jesus, Casa Editora O Clarim, 12ª Edição, 1987.
3. Mateus, VIII, 5-13. (Uma transcrição dessa passagem pode ser lida no livro da referência 2).

Fonte: Revista Internacional de Espiritismo, Janeiro, pp. 627-628, (2006)

Marcus Lucius (O centurião romano)

 
Matéria publicada no Jornal Mundo Espírita - julho/2005

Foi em Cafarnaum, situada nas margens do lago de Genesaré, que tudo aconteceu. O nome Cafarnaum é composto pela palavra caphar, que designa aldeia, o que nos leva a crer que deveria ser um pequeno burgo à moda antiga, diferente das grandes cidades construídas à moda romana, como Tiberíades.

Era uma cidade sem passado, que em nada participara do movimento profano propiciado pela dinastia herodiana.

Foi essa cidade que Jesus elegeu como sua segunda pátria. Dali organizou uma série de missões para as pequenas cidades das imediações.

Estando sob a jurisdição de Herodes Ântipas, filho de Herodes I, o Grande, abrigava, por deliberação dos senhores de Roma, uma guarnição militar. Naturalmente, os hábeis políticos do Império não permitiriam total independência ao idumeu Herodes e, em todos os pontos estratégicos da Palestina, espalhavam-se guarnições militares.

Em Cafarnaum havia, pois, um centurião, designação conferida ao chefe de uma companhia, de uma centúria, ou seja, 100 homens.

Historiadores sugerem um nome a esse chefe enérgico, digno e justo: Marcus Lucius, filho de um oleiro e irmão de um poeta aplaudido em Roma.

Marcus deixara a vida civil e se alistara nas poderosas legiões romanas. Correto, disciplinado, valente, tornou-se estimado por seus superiores. Como soldado, fez carreira, alcançando o posto de centurião.

Nessa condição, fora mandado servir na Judéia e se encontrava em Cafarnaum, como chefe das tropas de ocupação.

Marcus Lucius estava habituado a receber os cumprimentos dos soldados quando passava pelas estradas, com suas insígnias romanas, a passo lento e cadenciado.

Ave Marcus Lucius, o chefe! Sobre ti a proteção dos deuses! - diziam os soldados, perfilando-se e erguendo os seus escudos.

Ali Marcus Lucius representava o poder de Roma, o poder de Tiberius Claudius Nero César.

Porque estava sozinho, distante de casa, da esposa e filho que haviam ficado em Roma, Marcus tomara a seu serviço um escravo. Dizem alguns que era um idumeu que ele encontrara na estrada, certa vez.

Entre os romanos, valor nenhum tinha um escravo. Se morresse, era logo substituído por outro. Afinal, Roma dominava e fácil lhe era tomar outro homem ou outros homens a seu serviço.

No entanto, o centurião era um homem diferente. E, quando adoeceu seu escravo, tomou-se de compaixão e preocupação por ele. Levantava-se pela madrugada e o ia ver. Ao perceber que a febre o devorava, mais se inquietava.

Mandou vir à sua casa os manipuladores de filtros, os mágicos e os curandeiros daquela terra para auxiliarem o seu serviçal, mas nenhum deles conseguiu sequer lhe diminuir as dores, ou amenizar-lhe a elevada temperatura.

Uma noite, percebendo o servo a delirar, parecendo viver as derradeiras horas da vida, o bom centurião recordou-se que ouvira falar a respeito de um Rabi que andava pela Judéia. Era um Rabi poderoso. Dizia-se que Ele curara dez leprosos, fizera andar paralíticos e até dera novo sopro de vida a uma jovem.

Assim, enviou uma embaixada composta de judeus para que rogassem a Jesus lhe curasse o servo.

No entanto, os emissários em vez de simplesmente pedir a cura a Jesus, rogam-lhe que vá à casa do centurião.

Ele é um oficial romano, dizem-Lhe, mas amigo de Israel, benemérito do povo. Por sinal, a expensas próprias lhes edificara uma sinagoga.

Jesus se põe a caminho. Os emissários vão à frente, a fim de dar a auspiciosa notícia ao centurião que, sensibilizado com tamanha bondade do Mestre, apressa-se em Lhe ir ao encontro.

Senhor, diz-lhe, não te incomodes, porque não sou digno que entres sob o meu teto. Mandei emissários ao Teu encontro, porque também não me julgava digno de ir ter Contigo. Mas se trata de meu servo. Dize uma só palavra, Senhor, e meu servo será curado.

Não é preciso que estejas em sua presença. Eu sou um oficial, tenho sob meu comando muitos soldados e estou habituado a dar ordens e ser obedecido.

Os meus soldados me respeitam mesmo quando não estou presente. Se sabem que é uma ordem minha, a executam. Creio em Teu poder, profeta de Nazaré.

Tu és o Senhor das leis orgânicas que regem o corpo humano. Não se faz mister que entres em minha casa. Basta que dês uma ordem e a moléstia abandonará o corpo de meu servo, retornando-lhe a saúde.

Voltando-se para os que O seguiam, Jesus afirma: Em verdade vos digo que jamais encontrei tamanha fé em Israel!

E ao centurião romano:

Vai-te, retorna para tua casa. Faça-se contigo assim como crestes.

E, a caminho, Marcus Lucius encontrou mensageiros de sua casa que lhe vieram informar que o servo doente já estava curado.

Dobraram-se os anos, e onde quer que o Evangelho de Jesus seja pregado, as palavras do centurião romano são lembradas como inconteste atestado de fé: Basta que ordenes, Senhor! Tu és o Senhor e serás obedecido!

Bibliografia:
01. RENAN, Ernest. Jesus em Cafarnaum. In:___. Vida de Jesus. São Paulo: Martin Claret, 1995. cap. 8.
02. ROHDEN, Huberto. O centurião de Cafarnaum. In:___. Jesus nazareno. 6. ed. São Paulo: UNIÃO CULTURAL. v. I, nº 48.
03. VAN DER OSTEN, A . Cafarnaum. In:___. Dicionário enciclopédico da bíblia. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1985.

Só entrarão no reino dos céus

"Nem todos os que dizem: Senhor! Senhor! entrarão no reino dos céus; apenas entrarão aqueles que fazem a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E eu então direi em voz muito inteligível: nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que obrais a iniquidade". (Mateus, 7:21-23)
O texto em epígrafe, vazado em linguagem clara e precisa, não deixa a menor dúvida que a entrada no reino dos céus é uma questão de observância das leis divinas e não de filiação a esta ou àquela organização eclesiástica, de nada valendo as cerimônias ritualísticas, os exercícios religiosos, ou as confissões de fé que não se façam acompanhar de boa obras.
Os que dizem: "crede, e sereis salvos"; ou: "crede, e não precisareis guardar a a lei", coitados! - são cegos condutores de cegos.
Jesus sempre condenou com veemência as práticas meramente formalistas de religiosidade, e jamais acoroçoou a idéia de que seja suficiente a aceitação deste ou daquele "credo", para que alguém tenha assegurada sua entrada nas mansões celestiais.
É a obediência aos mandamentos que prova a sinceridade de nossas convicções e a excelência da doutrina que aceitamos.
Quando essa doutrina é de molde a transformar-nos, erradicando de nós características do "homem-velho", referto de imperfeições, vícios e mazelas, para substituí-las pelas do "homem novo" fazendo que em nossa vida se manifestem a honestidade, a brandura, a tolerância e a alegria de fazer o bem, então podemos saber que estamos trilhando o caminho certo, pois "é pelos frutos que se conhece a qualidade da árvore".
Serão dignos do nome de cristão, os que se limitam a pregar os ensinamentos do Cristo (profetizar em seu nome), mas cujo caráter não se modifica para melhor, e não se mostram nem mais solícitos nem mais fraternos para comos outros? Não!
Os que, segundo os processos kardecistas ou umbandistas, doutrinam Espíritos obsessores, afastando-os daqueles que lhes sofriam o assédio, mas não se doutrinam a si mesmos, continuando com as mesmas fraquezas morais e a mesma falta de caridade no trato com seus semelhantes? Tampouco!
Os que fazem promessas, impondo-se penosas macerações, em demonstrações prodigiosas de fanatismo religioso (que a ninguém beneficiam), mas só cuidam da própria salvação, indiferentes à miséria e ao sofrimento do próximo? Também não!
À semelhança dos fariseus, os quais o Mestre comparou a sepulcros branqueados estão cheios de asquerosidade, esses tais têm piedade apenas nos lábios, pois em seus corações o que há, realmente, é só frieza e hipocrisia.
Batendo na mesma tecla, disse Jesus de outra feita:
-"Todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai que está nos céus; mas, ao que me negar diante dos homens, eu também o negarei diante de meu Pai que está nos céus." (Mateus, 10:32-33)
Portanto, chamar a Jesus-Cristo de Nosso Senhor ou Nosso Salvador, entoar-lhe hinos e louvores, será de todo inútil se lhe não seguirmos os preceitos.
Sim, porque "confessar o Cristo diante dos homens" tem o sentido de proceder de conformidade com sua doutrina; significa devotar-se ao auxílio da Humanidade, sem exceção de espécie nenhuma, amparando, ensinando e servindo sempre, tornando-se um veículo da manifestação do Amor e da Verdade no mundo.
Enquanto formos movidos pelo egoísmo e pela vaidade, vivendo tão-somente para a exaltação do próprio "EU"; enquanto nos mantivermos insensíveis à má sorte de nossos irmãos, conquanto nos proclamemos seguidores do Cristo, estaremos negando-o diante dos homens, pois "amando-nos uns aos outros" é que nos daremos a conhecer como verdadeiros discípulos seus.
E como "o amor é o cumprimento da Lei", só quando soubermos amar é que faremos jus ao galardão celestial.

Rodolfo Calligaris

Nem todo o que diz Senhor, Senhor...

"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas sim o que faz a vontade de meu Pai, este entrará no Reino dos Céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não é assim que profetizamos em teu nome, e em teu nome expelimos os demônios, e em teu nome obramos muitos prodígios? E eu então lhes direi, em voz bem inteligível: apartai-vos de mim, os que obrais a iniqüidade. Ali haverá choro e ranger de dentes"(Mateus, VII: 21 a 23).

Jesus demonstrou nesta passagem que não há preferência religiosa no mundo espiritual. Novamente, de que nada adianta colocarmo-nos como religiosos, se no dia-a-dia somos impacientes, orgulhosos, egoístas, avarentos, abusamos da sensualidade e da violência. Enfim, se praticamos a iniqüidade.
O conhecimento das Leis de Deus, ao contrário de nos proteger, poderá nos trazer mais condições para sofrermos na vida. Isto porque Jesus sempre disse que a quem muito foi dado, muito será pedido. Portanto, se somos adeptos de uma religião, falamos em nome dela, e a estudamos constantemente, Deus esperará de nós atos melhores em comparação com os que não tiveram esta oportunidade de aprendizado.
Mostre ao público que a vinda deles no centro, na igreja ou em qualquer templo estará lhes dando uma enorme responsabilidade perante a vida, e que a partir de então precisarão medir suas atitudes e buscar fazer ao próximo o que desejam para si mesmos.
Interaja com os presentes. Diga-lhes que, frente a tudo o que expôs, seria mais fácil e tranqüilo se não tivéssemos o conhecimento da Lei. Assim, não seríamos tão cobrados, não é?
Não, não é!, diga-lhes. Isso porque se o conhecimento nos traz responsabilidade, a falta dele nos deixará na ignorância. E a ignorância é a prisão do ser, que vive escravo de suas próprias imperfeições.
Explique a razão de vivermos encarnados. Que quanto mais agirmos contra a Lei, mais sofreremos. É a Lei de Ação e Reação, Plantio e Colheita. Se plantarmos o erro, colheremos angústia e desilusão.
Somente este conhecimento, que nos traz a responsabilidade, evita com que nos equivoquemos e conseqüentemente, iremos conseguir a verdadeira liberdade e a felicidade almejadas. Não passageiras, mas eternas.
Daí, lembre que o mundo material prega exatamente o contrário, dando ao homem os prazeres efêmeros, e então leia a passagem seguinte.

Viver os ensinamentos

ESE


 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas sim o que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse entrará no Reino dos Céus. Muitos me dirão, naquele dia: Senhor, Senhor, não é assim que profetizamos em teu nome, e em teu nome expelimos os demônios, e em teu nome obramos muitos prodígios? E eu então lhes direi, em voz bem inteligível: Pois eu nunca vos conheci; apartai-vos de mim, os que obrais a iniqüidade. (Mateus, VII: 21-23)




Todos os que confessam a missão de Jesus, dizem: Senhor, Senhor! Mas de que vale chamá-lo Mestre ou Senhor, quando não se seguem os seus preceitos? São cristãos esses que o honram através de atos exteriores de devoção, e ao mesmo tempo sacrificam no altar do egoísmo, do orgulho, da cupidez e de todas as suas paixões? São seus discípulos esses que passam os dias a rezar, e não se tornam melhores, nem mais caridosos, nem mais indulgentes para com os seus semelhantes? Não, porque, à semelhança dos fariseus, têm a prece nos lábios e não no coração. Servindo-se apenas das formas, podem impor-se aos homens, mas não a Deus. É em vão que dirão a Jesus: “Senhor, nós profetizamos, ou seja, ensinamos em vosso nome; expulsamos os demônios em vosso nome; comemos e bebemos convosco!” Ele lhes responderá: “Não sei quem sois. Retirai-vos de mim, vós que cometeis iniqüidade, que desmentis as vossas palavras pelas ações, que caluniais o próximo, que espoliais as viúvas e cometeis adultério! Retirai-vos de mim, vós, cujo coração destila ódio e fel, vós que derramais o sangue de vossos irmãos em meu nome, que fazeis correrem as lágrimas em vez de secá-las! Para vós, haverá choro e ranger de dentes, pois o Reino de Deus é para os que são mansos, humildes e caridosos. Não espereis dobrar a justiça do Senhor pela multiplicidade de vossas palavras e de vossas genuflexões. A única via que está aberta, para alcançardes a graça em sua presença, é a da prática sincera da lei do amor e da caridade.”
            As palavras de Jesus são eternas, porque são as verdades. Não são somente as salvaguardas da vida celeste, mas também o penhor da paz, da tranqüilidade e da estabilidade do homem entre as coisas da vida terrena. Eis porque todas as instruções humanas, políticas, sociais e religiosas, que se apoiarem nas suas palavras, serão estáveis como a casa construída sobre a pedra. Os homens as conservarão, porque nelas encontrarão a sua felicidade. Mas aquelas que se apoiarem na sua violação, serão como a casa construída sobre a areia: o vento das revoluções e o rio do progresso as levarão de roldão.



Nem todo o que diz;- SENHOR! SENHOR! Entrará no Reino dos Céus, mas sim o que faz a vontade de meu Pai.
          Não basta vestir a libre do Senhor para ser seu servo fiel. Não basta dizer:- Sou Cristão.
          Todos serão reconhecidos pelas suas obras.
          Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar bons frutos.
          Toda árvore que não dá bons frutos, será cortada, e jogada ao fogo.
          Que frutos deve produzir a árvore do Cristianismo? Deve produzir frutos de Vida, de Esperança e de Fé e de Caridade.
          A árvore é sempre boa, mas os jardineiros são maus. Estes quiseram afeiçoa-la ás suas idéias e as cortaram, podaram-na, e a mutilaram. Seus ramos estéreis não produzem mais frutos.
          O viajante sedento de sombra e paz, se detém ao seu lado, para procurar o fruto da esperança que lhe deve restituir a força e a coragem, mas não distingue senão ramos infecundos, fazendo pressentir a tempestade.
          Abri bem os ouvidos, meus bem amados! Cultivai esta árvore de vida eterna. Deixai-a tal qual o CRISTO vo-la deu, não a mutileis. Sua sombra imensa deve estender-se sobre todo o UNIVERSO. Seus frutos, magníficos alimentam o viajor faminto.
          Há os açambarcadores do Pão da Vida, enquanto os há do pão material. Não vos coloqueis entre eles. Antes, partilhai com os sedentos e os famintos o abrigo que esta árvore oferece a todos, e que Deus vos ABENÇOE. (SIMEÃO)

A cura do servo do Centurião

Richard Simonetti


▬ Mateus, 8:5-13
▬ Lucas, 7:1-10


Jesus retornavam a Cafarnaum, após o inesquecível Sermão da Montanha, nas proximidades da cidade, quando Jesus traçara as diretrizes básicas do comportamento cristão para edificação do Reino de Deus. Centurião era o oficial romano que comandava a centúria, destacamento militar composto de cem soldados.

O militar falou, respeitosamente:

▬  Senhor tenho em casa um servo que está de cama, com paralisia, sofrendo horrivelmente.

Como sempre, Jesus respondeu com brandura, ainda que diante de um inimigo da raça:

▬  Irei vê-lo.

O centurião adiantou:

▬  Senhor, eu não sou digno de que entres na minha casa; mas, dize uma só palavra e meu servo será curado, pois também eu, apesar de sujeito a outrem, digo a um dos meus soldados que tenho às minhas ordens: vai ali, e ele vai; e a outro: vem cá, e ele vem; e a meu servo: faze isso, e ele faz.

Singular o comportamento daquele preposto de César. Demonstrou invulgar interesse por simples servo e se dispôs a pedir auxílio a um judeu, embora sabendo da aversão que aquele povo altivo nutria pelos romanos. Podendo ordenar que seus soldados conduzissem Jesus à sua presença, preferiu ir ao seu encontro e, renunciando às prerrogativas do cargo, falou-lhe com  humildade. Suas ponderações revelam um espírito sensível, dotado de fé, fato digno de admiração, principalmente por tratar-se de um pagão. E libera Jesus do constrangimento de ir à sua casa.

Observando tão grande convicção, proclamou Jesus:

▬  Em verdade, em verdade, vos afirmo que nem mesmo em Israel encontrei semelhante fé. Também vos digo que muitos virão do Oriente e do Ocidente, e sentar-se-ão no Reino dos Céus com Abraão, Isaac e Jacó, enquanto que os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores. E ali haverá choro e ranger de dentes.

Abraão, Isaac e Jacó foram os patriarcas mais importantes do povo judeu. A proclamação de que os filhos de outras terras estariam com eles, enquanto muitos judeus enfrentariam estágios de sofrimento, é significativa. Com desassombro, Jesus empenhava-se em modificar arraigadas concepções da raça. Exclusivistas, os judeus julgavam-se detentores das preferências divinas, situando por desprezíveis as convicções alheias. A intolerância religiosa é absurdo inconcebível. 

▬  Se a finalidade da religião é nos conduzir a Deus; se o Criador é o pai de todos nós, por que cultivar desentendimentos em nome da crença?

Deus não tem preferências! Somos todos seus filhos.

Infelizmente, o Cristianismo, após três séculos de pureza, seguiu idêntico caminho, embora Jesus deixasse claro, nesta passagem, que seus discípulos viriam do Oriente e do Ocidente, isto é, seriam sempre e unicamente aqueles que vivenciassem seus ensinamentos, não importando nacionalidade, raça ou crença.

Encerrando o diálogo, Jesus disse ao centurião:

▬  Vai, e como creste, assim seja feito.

Mateus informa:

Naquela mesma tarde o servo do centurião foi curado. Usando de seus prodigiosos poderes Jesus surpreendia seus seguidores com uma cura à distância. O episódio evoca tema fascinante – a intercessão, a possibilidade de intervir por alguém em suas limitações, dores e dificuldades. Aparentemente contraria a Lei de Causa e Efeito, segundo a qual colhemos de conformidade com a semeadura.